nov 302011
 

Vimos no último post de nossa seção de textos clássicos o vagido da alma pagã em busca de Deus desconhecido. Após degustarmos o Hino a Vênus pelo qual Lucrécio inicia seu poema epicurista De Rerum Natura, veremos neste post o hino ao fundador da escola filosófica que Lucrécio havia aderido. Trata-se de seu Hino de Epicuro, no qual o poeta latino exalta o gênio do filosófo que teria desvendado a verdade acerca da natureza das coisas. Mais uma vez vê-se o desejo do povo romano em busca do conhecimento e da verdade, e um pouco da sede do Deus até então desconhecido.

Mosel 50

Quid enim contendat hirundo cycnis?

Lucretius, De rerum natura III.1-30 – Hino de Epicuro

E tenebris tantis tam clarum extollere lumenqui primus potuisti inlustrans commoda vitae, te sequor, o Graiae gentis decus, inque tuis nunc ficta pedum pono pressis vestigia signis, non ita certandi cupidus quam propter amorem quod te imitari aveo; quid enim contendat hirundo cycnis, aut quid nam tremulis facere artubus haedicon simile in cursu possint et fortis equi vis? tu, pater, es rerum inventor, tu patria nobis suppeditas praecepta, tuisque ex, inclute, chartis, floriferis ut apes in saltibus omnia libant, omnia nos itidem depascimur aurea dicta, aurea, perpetua semper dignissima vita.

Ó tu que primeiro pudeste, de tão grandes trevas, fazer sair um tão claro esplendor, esclarecendo-nos sobre os bens da vida, a ti eu sigo, ó glória do povo grego, e ponho agora meus pés sobre os sinais deixados pelos teus, não por qualquer desejo de rivalizar contigo, mas porque por amor me lanço a imitar-te. De fato, como poderia a andorinha bater-se com o cisne, que poderiam fazer de semelhante em carreira os cabritos de trêmulos membros e os fortes, vigorosos cavalos? Tu, ó pai, és o descobridor da verdade, tu me ofereces lições paternais, e é nos teus livros que nós, semelhantes às abelhas que nos prados floridos tudo libam, vamos de igual modo recolhendo as palavras de ouro, de ouro mesmo, as mais dignas que houve desde que o tempo é tempo.

Nam simul ac ratio tua coepit vociferari naturam rerum divina mente coorta diffugiunt animi terrores, moenia mundi discedunt. totum video per inane geri res. apparet divum numen sedesque quietae, quas neque concutiunt venti nec nubila nimbis aspergunt neque nix acri concreta pruina cana cadens violat semper<que> innubilus aether integit et large diffuso lumine ridet: omnia suppeditat porro natura neque ulla res animi pacem delibat tempore in ullo. at contra nusquam apparent Acherusia templa, nec tellus obstat quin omnia dispiciantur, sub pedibus quae cumque infra per inane geruntur. his ibi me rebus quaedam divina voluptas percipit atque horror, quod sic natura tua vi tam manifesta patens ex omni parte retecta est.

Logo que a tua doutrina, obra de um gênio divino, começa a proclamar a natureza das coisas, dispersam-se os terrores do ânimo, apartam-se as muralhas do mundo, e vejo como tudo se faz pelo espaço inteiro. Aparece o poder divino e as mansões tranquilas que nem os ventos abalam, nem as nuvens regam com suas chuvas, nem a branca neve, reunida pelo frio agudo, profana, caindo, e que um límpido céu sempre protege e que sempre riem na luz largamente difundida. Tudo lhes fornece a natureza, nada lhes toca em tempo algum a paz da alma. E, pelo contrário, jamais aparecem as regiões do Aqueronte, e a Terra não impede que se veja tudo o que, sob nossos pés, sucede nos espaços vazios; perante tudo isto me tomam divina volúpia e temeroso respeito, pelo fato de a natureza, descoberta pelo teu gênio, assim se ter manifestado abertamente em completa nudez (Tradução de Agostinho da Silva).

Lucretius, De rerum natura III.1-30 – Inno di Epicuro

E tenebris tantis tam clarum extollere lumenqui primus potuisti inlustrans commoda vitae,te sequor, o Graiae gentis decus, inque tuis nuncficta pedum pono pressis vestigia signis,non ita certandi cupidus quam propter amoremquod te imitari aveo; quid enim contendat hirundocycnis, aut quid nam tremulis facere artubus haediconsimile in cursu possint et fortis equi vis? tu, pater, es rerum inventor, tu patria nobissuppeditas praecepta, tuisque ex, inclute, chartis,floriferis ut apes in saltibus omnia libant,omnia nos itidem depascimur aurea dicta,aurea, perpetua semper dignissima vita.

Ó tu que primeiro pudeste, de tão grandes trevas, fazer sair um tão claro esplendor, esclarecendo-nos sobre os bens da vida, a ti eu sigo, ó glória do povo grego, e ponho agora meus pés sobre os sinais deixados pelos teus, não por qualquer desejo de rivalizar contigo, mas porque por amor me lanço a imitar-te. De fato, como poderia a andorinha bater-se com o cisne, que poderiam fazer de semelhante em carreira os cabritos de trêmulos membros e os fortes, vigorosos cavalos? Tu, ó pai, és o descobridor da verdade, tu me ofereces lições paternais, e é nos teus livros que nós, semelhantes às abelhas que nos prados floridos tudo libam, vamos de igual modo recolhendo as palavras de ouro, de ouro mesmo, as mais dignas que houve desde que o tempo é tempo.

Nam simul ac ratio tua coepit vociferarinaturam rerum divina mente coorta diffugiunt animi terrores, moenia mundi ndiscedunt. totum video per inane geri res. apparet divum numen sedesque quietae, quas neque concutiunt venti nec nubila nimbis aspergunt neque nix acri concreta pruina cana cadens violat semper<que> innubilus aether integit et large diffuso lumine ridet:omnia suppeditat porro natura neque ulla res animi pacem delibat tempore in ullo. at contra nusquam apparent Acherusia templa, nec tellus obstat quin omnia dispiciantur, sub pedibus quae cumque infra per inane geruntur. his ibi me rebus quaedam divina voluptas percipit atque horror, quod sic natura tua vi tam manifesta patens ex omni parte retecta est.

Logo que a tua doutrina, obra de um gênio divino, começa a proclamar a natureza das coisas, dispersam-se os terrores do ânimo, apartam-se as muralhas do mundo, e vejo como tudo se faz pelo espaço inteiro. Aparece o poder divino e as mansões tranqüilas que nem os ventos abalam, nem as nuvens regam com suas chuvas, nem a branca neve, reunida pelo frio agudo, profana, caindo, e que um límpido céu sempre protege e que sempre riem na luz largamente difundida. Tudo lhes fornece a natureza, nada lhes toca em tempo algum a p

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