Pe. Arnóbio José Glavan, EP
De diversos modos, hoje em dia, se divide e classifica a História da Humanidade. Há inclusive quem adote uma divisão própria para a História da Igreja, diversa da divisão adotada para a História Universal. Com efeito, o fato de se adotar esta dupla classificação pode levar a se considerar a História da Igreja como apenas correndo paralela à História da Humanidade e não intimamente unida a ela como o fermento na massa. De fato a Igreja é uma instituição com a missão de entrar na História, e agir nela operando a Salvação. Neste sentido ela só pode ser compreendida em toda a sua dimensão quando vista como um fator de transformação da História rumo ao Reino escatológico de Deus. A História da Salvação é, pois, uma História dentro da História.
Deste modo preferimos adotar para a História da Igreja a mesma divisão da História Universal, e fiquemos com a tradicional, que a classifica em quatro idades: Antiga, Média, Moderna e Contemporânea.
Na antiga distinguimos a antiguidade clássica, que vai das origens até o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo; e a cristã que se estende, segundo a convenção, até queda do império romano do Ocidente, em 476.

Igreja construída na chamada "Idade das trevas", Sainte Chapelle, Paris.
Temos depois a chamada Idade Média e a convenção estabelece para seu início a queda do Império Romano do Ocidente e para fim a queda do Império do Oriente, em 1453. Como se vê, à Idade Média se atribui um período de cerca de mil anos de duração. A designação de “Média” — época intermediária entre a Antiga e a Moderna — vem de um descabido preconceito que modernamente dominou certos defensores do Humanismo e da Renascença. Votavam estes uma incondicional admiração pela antiguidade clássica: suas filosofias, artes, e até mesmo para efeitos literários e artísticos, seus deuses. Tudo com evidente intuito de desmerecer e menosprezar a obra santificadora e civilizadora da Igreja.
Chegou-se mesmo a apelidar a Idade Média de “noite dos mil anos“, ou “período das Trevas“, mas com o advento das pesquisas históricas e dos estudos especializados tais concepções acabaram por cair no mais completo ridículo e ficaram como testemunhas de estreiteza de horizontes, de obscuridade de espírito — de “noite” nas mentes — de certas correntes de pensamento modernas.
Segue-se a Idade dita Moderna, à qual nos referimos acima, e que se estenderia do fim da Idade Média até a data simbólica da deflagração da Revolução Francesa: 1789. Vem por fim a Idade Contemporânea que se estende até nossos dias.