set 302011
 

Leve ao menos esta lembrança…

Agradecida ao mendigo que salvou a vida de seu filho, a boa mãe lhe deu uma Medalha Milagrosa como lembrança. O andarilho pouco tinha de piedoso, mas ficou comovido com a fé daquela mulher.
Carlos Tonelli

Para ler a versão latina (in latine)

Alegres e despreocupados, Pedro e Maurício, dois meninos de sete anos, voltam da escola pelos caminhos de uma aldeia do interior da Bélgica em fins do século XIX. Passando por uma ponte sobre o rio Meuse que circunda o vilarejo, olham para suas imagens refletidas nas águas e atiram algumas pedras para ver quem conseguia “acertar” o outro. Seguindo adiante, continuam sua brincadeira. De repente, Pedro se aproxima demais do barranco, resvala e cai no rio.

— Socorro! Socorro! — gritava, na margem, Maurício.

— Socorro! — bradava Pedro, que a custo conseguia manter a cabeça fora da água.

naufragoafogadoriosalvavidasnadadorresgaterioriverbombeiro

Entretanto, o povoado estava um pouco distante, seus gritos infantis não chegavam até lá. O socorro lhes veio de onde ninguém esperava: um mendigo que descansava embaixo da ponte atirou-se ao rio sem perda de tempo e logo retornou trazendo o menino são e salvo. Depois de acalmar as duas crianças, decidiu acompanhá-las até a aldeia.

Imagine-se o susto da mãe ao ver chegar seu filho, todo molhado, nos braços de um desconhecido maltrapilho. Posta a par do que havia acontecido, agasalhou com todo carinho o filho e logo se voltou para seu benfeitor:

— Como poderei agradecer-lhe, senhor? Sou pobre também, mas quero mostrar-lhe minha gratidão.

— Não se preocupe, senhora. Dê graças ao bom Deus, como dizia minha mãe, por neste dia eu estar descansando debaixo daquela ponte.

— Por favor, gostaria tanto de dar-lhe alguma coisa!

— Bom, já que insiste tanto, um prato de comida não me faria mal, pois há muito tempo não como algo quente.

Transbordante de gratidão, preparou ela para o mendigo o melhor almoço que pôde. Quando este, depois de larga conversa, estava por sair, ela tirou do pescoço do filho uma corrente prateada com a Medalha Milagrosa e lhe disse:

— Meu senhor, leve ao menos esta lembrança. Certa estou de que foi Nossa Senhora quem dispôs tudo, pois todos os dias peço a Ela que proteja meu filho. Tenha sempre esta medalha no pescoço, eu lhe peço. Este é o maior bem que lhe posso fazer.

O andarilho pouco tinha de piedoso, mas ficou comovido com a fé e o zelo maternal daquela mulher, pois esta lhe trouxe à lembrança a doce fisionomia de outra senhora, que há muitos anos ele não via, e que o carregou nos braços quando criança e também o recomendava diariamente à Mãezinha do Céu… Tomou, pois, a medalha, pôs no pescoço, despediu-se e nunca mais foi visto naquela aldeia.

Pedro cresceu e, sendo já um jovem vigoroso, ouviu o chamado de Jesus para abandonar todos os bens desta terra e decidiu ser missionário. Cerca de 20 anos depois do episódio narrado acima, ei-lo sacerdote, designado pelos superiores para atender os doentes pobres num hospital das Irmãs de Caridade, no interior da França.

Cruzou ele pela primeira vez os amenos jardins daquela casa religiosa e foi apresentar-se à Madre Superiora. Esta o cumprimentou com respeito e lhe disse:

— Padre, como é providencial sua chegada! Estamos com um enfermo em estado terminal e em sério risco de morrer impenitente. Por favor, veja logo o que é possível fazer por ele!

O jovem padre dirigiu-se à capela, rogando a Jesus Eucarístico que lhe inspirasse palavras adequadas para tocar aquele coração endurecido. Voltou os olhos para uma imagem da Virgem e implorou-lhe com toda confiança: “Refúgio dos Pecadores, rogai por ele!”

medalhamilagrosaarautosmiraculousmedailnossasenhoradasgracasbrasilmariamaedejesusCom passo sereno, entrou na enfermaria, onde o doente lhe deu a pior acolhida possível:

— Fora daqui! Não quero nada com padres. Fique do lado de fora, você com seus santos!

Disposto a tudo fazer para salvar aquela alma, Pe. Pedro não se deixou abalar por esse rugido de impiedade. Notando que o ímpio falava com um sotaque pouco comum na região, aproveitou-se do fato para entabular uma conversa.

— Ora veja! Você não é francês, não é verdade? Você parece ser… belga. Acertei?

— Sim, e como sabe?

— Pelo seu sotaque. Há quanto tempo está aqui?

Com isso foi se aproximando da cama do enfermo. Mostrando-lhe um sorriso nos lábios e um rosto radiante de bondade, prosseguiu:

— Sabe, sou belga também, da região do vale do rio Meuse, e brinquei muito às suas margens. E você, de onde é?

O doente mostrava-se aliviado em poder conversar um pouco com um conterrâneo. Procurando ser amável ao máximo, o sacerdote conduziu aos poucos a conversa para assuntos religiosos e, discretamente, tirou a estola da maleta.

Vendo isso, o intratável enfermo descarregou sobre ele um novo surto de imprecações, enquanto procurava erguer-se em seu leito. Ao fazer esse movimento, deixou aparecer sobre seu peito desnudo uma corrente prateada da qual pendia uma Medalha Milagrosa.

O Pe. Pedro reconheceu-a imediatamente! Ocultando a forte emoção que sentia, perguntou:

— Diga-me, quem lhe deu essa medalha?

Como resposta, ouviu do infeliz ateu a história de como ele, cerca de 20 anos antes, a ganhara de presente da mãe de um menino que ele havia salvado das águas do rio.

Sem conter alguns soluços, disse-lhe o sacerdote:

— Sou eu esse menino! Estive sempre à procura daquele mendigo. Por ele rezei todos os dias. Desde que sou padre, lembro-me dele em todas as minhas Missas. E agora o encontro aqui! Veja bem, meu amigo e benfeitor, isto é uma prova de quanto Nossa Senhora lhe quer bem. Assim como Ela, há 20 anos, encaminhou você para aquela ponte a fim de me salvar a vida, agora Ela mesma me traz aqui, como sacerdote de Cristo, para salvar sua alma.

Tocado pela graça, o mendigo derramou muitas lágrimas de arrependimento. Depois de uma sincera confissão de toda a sua longa vida de pecados, recebeu a Unção dos Enfermos, depois o Santo Viático, e expirou serenamente na paz do Senhor.

set 292011
 

Ut recorderis

Tradução portuguesa, in lusitane

Petrus et Mauritius in agro Belga saeculo XIX exeunte habitabant,  hilares et inopinantes, quippe qui septem annorum pueri erant.

Ab schola agrestibus viis olim revertebant cum ad pontem super Mosam, qui pagum eorum natalem circumibat, ambulantes pervenissent, imagines suae in undis sese reddebant;  tunc lapides eicere coeperunt ut alterius imaginem diluerent;  dum ambulare postea pergunt, lapidibus eodem modo ludunt et Petrus qui ad fluminis oram appropinquavit repente in fluenta cecidit.

‘Auxilium! Auxilium!’ Mauritius ab ora fluminis clamabat.

‘Auxilium!’ et clamabat Petrus, cui undae caput paene obruebant.

naufragoafogadoriosalvavidasnadadorresgaterioriverbombeiro

Oppidum adeo procul erat ut pueriles voces non audirentur;  auxilium vero ex eo loco, unde minime exspectabatur, cito pervenit: mendicus errans, qui sub ponte quiescebat, in undas subito se eiecit et in oram cum puero sospite tranavit; postquam ambos sedavit in pagum eosdem comitavit.

Mater valde tremuit cum natum in pannosi erronis manibus madidum videret;  cum vero veritatem audivisset, filium amplexa est et ignoto salvificatori dixit:

‘Qui possim, domine, gratias tibi agere ego quae sum pauper? sed nolim me tui beneficii immemorem videri’.

‘Beneficium, respondit,  domina neglege:  Deo gratias age -ut mea mater dicebat- quod hodie sub ponte forte quiescerem’.

‘At tibi velim aliquod offerre’.

‘Si tibi videtur, inquit, et velles, pulmentum non mihi nocebit, nam calidam escam iamdiu non accepi’.

Tum mulier gratissima pulmentum coxit quam optimum, et  post multam sermocinationem, ex filii collo catellam cum Virginis nomismate sumpsit, mendicoque exituro, dixit:

‘Bone vir, mei hanc ut recorderis imaginem accipe,  neque dubito quin ipsa Virgo tibi, ubicumque eris, auxilium datura sit, nam ipsa quottidie pro meo filio tuendo precor;  te rogo ut hoc nomisma a collo pendens semper geras;  id est maximum bonum quod tibi dare possum’.

Erroni fides ac pietas omnino deerat; sed cum videret mulieris fiduciam et maternam curam, commotus est;  atque alterius mulieris faciem, quam memoria tenebat, sub oculis habere credidit; illa ipsum brachiis puerum olim sustinebat Matrique Caelesti quottidie quoque commendabat;  hanc tamen multos annos iam amiserat; itaque nomisma sumpsit, ad collum alligavit, omnes valedixit;  et in terras longinquas profectus adeo est ut a pueris reliquisque oppidanis nunquam postea videretur.

Petrus creverat et cum iuvenis factus esset, se a Deo sic vocatum sensit, ut, bonis terrenis neglectis,  evangelii praeconius sive missionarius fieret.

medalhamilagrosaarautosmiraculousmedailnossasenhoradasgracasbrasilmariamaedejesusAnnis fere viginti transactis, Petrus sacerdos factus est, cui ab antistite commissum est pauperum aegrotantium animas curare in nosocomio, quod monachae, quae Sorores Charitatis vocantur, in media Francogallia regebant.

Postquam per monachalium aedium hortum transiit, apud praepositam matrem se praebuit; haec reverenter eum salutavit et dixit:

‘Quam oportune, pater, advenisti:  aegrotus quidam mox est moriturus neque ullam paenitentiam agere velit;  cura, quaeso, ut ei auxilium feras’.

Iuvenis sacerdos capellam adiit ut Iesum Eucharisticum rogaret verba opportuna duro aegroti cordi idonea;  deinde oculos ad Virginis imaginem levavit et precatus est: Refugium Peccatorum ora pro eo’.

Tranquillo gradu in valetudinarium ingressus, ab aegrotante acceptus est pessime.

‘Abi sane; procul a me! tu tuique sancti foras!’.

Pater Petrus, ut animam istam sospitem haberet, omnia patienda esse statuit; neque se ab impietate vinci sivit; et cum aegroti loquellam in ea regione inassuetam esse comperisset, ansam sumpsit ad colloquendum.

‘Francogallicus non, amice, videris, potius te forsitan esse Belgam credo, nonne?’.

“Ita est, inquit aegrotus;  quomodo novisti?’.

‘A tua nempe loquella;  quamdiu hic manes?’.

Et paulatim ad aegroti lectum appropinquavit et subridens benigneque agens pergit dicere:

‘Fit ut ego et Belga sum; me puero, in Mosae valle habitabam,  in fluminis oris valde ludebam;  et tu unde venis?’.

Aegrotus leniri videbatur, quod cum concive sermocinaretur;  tum sacerdos comiter agens in res sacras sermonem adduxit, et stolam ex sacculo caute extraxit. Quam cum aegrotus vidisset, aspera duraque iterum verba dicere coepit, dum in lecto assidere intendit;  cum id contendisset,  argentea catella super nudum pectus cum numismate patuit.

Pater Petrus id statim agnovit et commotionem, qua afficiebatur, continens rogavit:

‘Dic mihi quis tibi hoc nomisma dedit’.

Pro responso audivit ab infelici atheo historiam de nomismate viginti annis abhinc accepto de cuiusdam matris manibus, quod filium a Mosae aquis ipse servaverit.

Valde commotus sacerdos dixit:

‘Ego sum ille puer; mendicumque illum continenter diuturno tempore quaesivi ut gratias referrem; pro eo cottidie precatus sum ex eo die quo sacerdos sum factus;  illius memini cum sacram dixi missam,  et nunc te hic invenio;  nonne intellegis quantum amoris tibi Sancta Virgo hodie ostenderit? Ipsa te sub pontem annis viginti abhinc impulit  itaque nunc me Cristi sacerdotem ad te adduxit, ut concivis et salvificatoris animam fierem salvam’.

A Dei gratia tactus, mendicus lacrimas paenitens effudit; postquam singula diuturnae vitae peccata confessus est, Unctionem Infirmorum et Sanctum Viaticum accepit, atque animo quieto diem supremum obiit.

HERALDOS DEL EVANGELIO, Nº22, Mayo de 2005

Scripsit Carolus Tonelli

Latine interpretatus est Paulus Kangiser

set 192011
 
Canis,is (m)
Canis,is (m)
Latine (em latim) Francogalice (em francês) Lusitane (em português)
Agnus, i (m) L’agneau Cordeiro
Aper, apri (m.) Le sanglier Javali
Apis,is (f.) L’abeille Abelha
Aquila, ae (f.) L’aigle Águia
Asinus, i (m.) L’âne Asno (burro)
Avis,is (m., f.) L’oiseau Ave
Bos, bovis (m) Le boeuf Boi
Camelus,i (m.) Le chameau Camelo
Capella, ae (f.) La chèvre Cabra
Columba,ae (f.) Le colombe Pomba
Curvus,I (m.) Le corbeau Corvo
Elepha,antis (m.) l‘éléphant Elefante
Equus,i (m.) Le cheval Cavalo
Gallina, ae (f.) La poule Galinha
Leo,onis (m.) Le lion Leão
Lepus, oris (m.) Le lièvre Lebre
Ovis, is (f) La brebis Ovelha
Piscis, is (m.) Le poisson Peixe
Rana,ae (f.) Le grenouille
Serpens,entis (f.) Le serpent Serpent
Simius, ii (m.) Le singe Macaco
Taurus,i (m) Le Taureau Touro
Tigris,is (idis) (m., f.) Le tigre Tigre
Ursus,I (m.) L’ours Urso
Vulpes,is (f.) Le renard Raposa
Sciurus,i (m.)
Sciurus,i (m.)
set 152011
 

Ave maris Stella

fotosantaMariasaintmarymarieourladynossasenhorafloresflowersfatimasenhoradefatima

Partitura e audio em MP3 para baixar o tom simples, clique aqui. Ave Maris Stella (Gregoriano)

Avemarisstellagregorianopartituradownloadbaixar

Versão em latim e tradução literal para o português:

1. Ave, estrela do Mar,

1. Ave, maris Stella

Santa mãe de Deus

Dei Mater Alma,

e sempre Virgem,

Atque semper Virgo,

feliz porta do céu.

felix caeli porta

2. Recebendo aquele Ave,

2. Sumens illud Ave,

pela boca de Gabriel,

Gabriélis ore,

funda-nos na paz,

funda nos in pace,

mudando o nome de Eva.

mutans Evæ nomen.

3. Solvei as algemas dos réus,

3. Solve vincla reis,

provei a luz aos cegos,

profer lumen cæcis,

afastai nossos males[1],

mala nostra pelle,

rogai todos os bens[2].

bona cuncta posce.

4. Provai-nos ser [verdadeira][3] Mãe,

4. Monstra te esse Matrem,

Receba por ti a prece

sumat per te precem

Aquele que por nós nasceu,

qui pro nobis natus,

e quis ser [Filho][4] teu.

tulit esse tuus.

5. Ó Virgem singular,

5. Virgo singuláris,

Entre todas mansa (doce)[5],

inter omnes mitis,

Solvei-nos das culpas,

nos culpis solútos,

faz-nos mansos e castos,

mites fac et castos.

6. Concedei-nos uma vida pura,

6. Vitam præsta puram,

Preparai um caminho seguro,

iter para tutum,

Para que, a Jesus contemplando,

ut, vidéntes Iesum,

Sempre nos alegremos.

semper collætémur.

7. Seja o louvor a Deus Pai,

7. Sit laus Deo Patri,

Honra suma ao Cristo

summo Christo decus,

e ao Espírito Santo,

Spirítui Sancto,

aos três um só louvor. Amém.

tribus honor unus. Amen.


[1] Verbo no imperativo. No Brasil, não estamos acostumados a pedir assim…

[2] Verbo no imperativo. Idem.

[3] Verdadeira não está na versão latina, mas o sentido seria este.

[4] Filho não está na versão latina.

[5] Sentido: entre todas [as virgens] “a mais doce”.

(Tradução: Marcos Eduardo Melo dos Santos)

set 132011
 

Palavras úteis: Casa e suas partes em latim

Domus, us (f) A casa La maison
Aedes, ium (f.) A casa La maison
Paries, etis (m.) A parede Le mur d’appartement
Limen, -iminis (n.) O solo ou chão Le seuil
Porta, ae Porta principal La grande porte
Janua, ae Porta comum La petite porte
Fores, ium (f.) Porta com duas folhas La porte à deux battants
Ostium, ii (n.) Entrada L’entrée
Gradus, us (m.) Degrau La marche
Cardo, -dinis (m.) Gonzo Le gond
Columna, ae (f.) Coluna La colonne
Murus, i Muro Le mur de Maison
Cubile, is (n.) Quarto La chambre à coucher
Focus, i (m.) Vestíbulo Le foyer
Penates, um ou ium (m) Penates Le pénates
Lares, um ou ium Lar Les dieux lares
Horreum, i (n.) Granja La grange
Tectum, i (n.) Teto Le toit
Fastigium, ii (n.) Topo Le faîte

Obs: Os três gêneros latinos estão denominados com as siglas (m.), (f.) e (n.)

FotoCasadaPrincesa IsabelBrasilPetropolisRiodeJaneiroBrazil

set 132011
 

Palavras úteis: Casa e suas partes em latim

Domus, us (f) A casa La maison
Aedes, ium (f.) A casa La maison
Paries, etis (m.) A parede Le mur d’appartement
Limen, -iminis (n.) O solo ou chão Le seuil
Porta, ae Porta principal La grande porte
Janua, ae Porta comum La petite porte
Fores, ium (f.) Porta com duas folhas La porte à deux battants
Ostium, ii (n.) Entrada L’entrée
Gradus, us (m.) Degrau La marche
Cardo, -dinis (m.) Gonzo Le gond
Columna, ae (f.) Coluna La colonne
Murus, i Muro Le mur de Maison
Cubile, is (n.) Quarto La chambre à coucher
Focus, i (m.) Vestíbulo Le foyer
Penates, um ou ium (m) Penates Le pénates
Lares, um ou ium Lar Les dieux lares
Horreum, i (n.) Granja La grange
Tectum, i (n.) Teto Le toit
Fastigium, ii (n.) Topo Le faîte

Obs: Os três gêneros latinos estão denominados com as siglas (m.), (f.) e (n.)

FotoCasadaPrincesa IsabelBrasilPetropolisRiodeJaneiroBrazil

set 112011
 
História para crianças… ou para adultos cheios de fé

Você morreu por mim…

O fanfarrão levantou a cabeça, e os olhos do Cristo pareciam estar cravados nos seus. Esforçou-se, mas não conseguiu escapar desse olhar.
Elizabeth MacDonald

Para visualizar a tradução para o latim por Pablo Kangiser, clique aqui.

fielajoelhadodiantedacruzjesusmorreucatedralpiedadefeamororacaorezaEm meio ao ruído, à fuligem e ao intenso movimento da Quinta Avenida, em Nova York, conversavam diversos rapazes, alguns sentados no chão, outros nos degraus de um dos famosos pontos dessa enorme cidade: a Catedral de São Patrício. Pouco educados, roupas mal cuidadas e atitude frívola, eles eram simplesmente um grupo a mais de jovens que, nos tristes anos da década de 1930, passavam a melhor parte da vida a vagabundear pelas ruas das grandes metrópoles.
Naquela tarde de verão, eles pareciam estar de ânimo mais exaltado que de costume. Um deles — alto, sardento, ruivo e com ares de valentão — era o centro da agitada conversa, melhor dizendo, algazarra. Com muitos gestos, jactava-se de suas brigas e proezas. Na verdade, ele tinha algumas qualidades importantes para quem decidiu passar a maior parte da vida na rua: era ágil, atrevido e desafiante.
Inesperadamente, um de seus companheiros, talvez já farto de tantas fanfarronadas, lançou-lhe um desafio:
— Olha, brigar contra dois ou três, atravessar à noite o rio a nado… muita gente faz. Se você é mesmo corajoso como diz, entre agora nesta igreja “grandona”, vá ao confessionário e faça uma confissão em regra! Vá… Vá, e venha nos contar depois como o padre ouviu seus pecados e que resposta lhe deu…
Essa proposta foi acolhida com uma estrondosa gargalhada. Fazer uma falsa confissão e depois divertir-se à custa do ministro de Deus, nunca ninguém tinha pensado numa tão boa idéia! Todos os olhos estavam fixos no fanfarrão, observando como reagiria.
Este decidiu-se logo. Com ares de bravura, caminhou com passos largos em direção ao imponente portal de bronze da igreja, enquanto seus comparsas o estimulavam com risos, palmas e assobios.

Não obstante, uma vez ultrapassada a maciça porta, viu que de nada lhe adiantava continuar simulando valentia, pois a catedral estava vazia. Os poucos ruídos da cidade que ali penetravam, amainavam-se nas grossas paredes, pareciam transformados e até mesmo em algo enobrecidos. A luz do sol, filtrando através dos vitrais, resplandecia em tons de rubi, safira e esmeralda. Em meio à penumbra, grandes colunas erguiam-se majestosamente do piso de pedra e perdiam-se num céu de ogivas.
Sem perceber, o “herói” da rua ia-se deixando impressionar por esse ambiente de sacralidade totalmente desconhecido para ele, mas logo lembrou-se do objetivo com o qual ali entrara, e reagiu: “Ora bolas! Eu nunca fui de prestar atenção nessas coisas! Vamos terminar com isso!”
Afundou as mãos nos bolsos e caminhou apressado até o confessionário. Percebendo através da grade o vulto de um padre, ajoelhou-se de modo grosseiro e ruidoso, e sem cerimônia lançou uma verdadeira torrente de abominações. Ele não deixou nenhum detalhe oculto; pelo contrário, ressaltou os aspectos que, na sua opinião, deveriam causar maior choque e repulsa. Descreveu tudo num tom de deboche que por certo teria causado surpresa até mesmo a seus camaradas. Após alguns minutos dessa violência verbal, na qual não faltaram injúrias e insultos ao sacerdote, encerrou a “confissão” tão abruptamente como havia começado.
No entanto, recebeu como única resposta um grave silêncio. Meio perplexo, estava já a ponto de levantar-se e sair, quando foi detido pela voz serena e segura do ministro de Deus, o qual tudo ouvira impassível:
— Bem, meu filho, já que você teve a coragem de “confessar” seus pecados, vejamos se é capaz também de cumprir a penitência que vou lhe impor. Na nave lateral da igreja você encontrará um grande crucifixo; pondo-se diante dele, diga em voz alta a seguinte frase, apenas dez vezes: “Você morreu por mim e eu não me importo com isso!”
Por essa o meliante não esperava! Imaginava que o padre ficaria intimidado ou, melhor ainda, furioso. Seu plano era representar a comédia da confissão e retirar-se logo em seguida, para contar à gangue sua espetacular “proeza”, mas pensou um pouco e decidiu prolongar a farsa: “Vou cumprir a penitência, pois isso vai tornar ainda mais divertida a brincadeira!”

Saindo do confessionário, a igreja parecia-lhe ainda mais magnífica que antes… Dirigiu-se para a nave lateral, mas sentiu-se perturbado ao ouvir os sons de seus próprios passos, pois naquele ambiente sacral até as menores coisas eram carregadas de gravidade e significado.
Foi fácil achar o crucifixo. Olhou em volta atentamente e percebeu com alívio que, além dele, só havia ali a silenciosa imagem do Crucificado. Com as mãos enterradas nos bolsos, parou bem em frente e disse em alta voz:
“Você morreu por mim e eu não me importo com isso!”
Sua voz reboou pelos arcos da catedral. Ele não se lembrava de jamais ter estado nalgum lugar tão silencioso como aquela igreja. Inquieto, segurou durante alguns instantes a própria respiração, para ouvir melhor o que acontecia…
Depois de uma pausa, com os olhos fixos no crucifixo, repetiu a frase. Mas já não ousou falar alto, seu tom era quase sussurrado:
“Você morreu por mim e eu não me importo com isso!”
A imagem do crucifixo parecia absorvê-lo… Como explicar isso? Não era senão uma escultura pendurada em um pedaço de madeira. O que havia naquilo capaz de atrair tanto a atenção de alguém? Oh! era a expressividade de toda a figura, especialmente da fisionomia. Como alguém tão cheio de ferimentos poderia estar tão calmo? Era uma calma cheia de paz, e sem ressentimentos, a despeito das provas evidentes de ter sido vítima dos mais violentos maus-tratos.
O rapaz parou, hesitante, e esfregou os olhos. “Droga, estou ficando impressionado…” Após uma pausa maior que a anterior, repetiu a terrível frase:
“Você morreu por mim e… eu… eu… não me importo com isso!”
Dessa vez, porém, disse olhando para o chão. “Como é isso? Então não tenho coragem de fitar uma estátua?” Levantou a cabeça, e os olhos do Cristo pareciam estar cravados nos seus. Esforçou-se, mas não conseguiu escapar desse olhar. Começou a sentir um suor na testa. Tentou mais uma vez:
“Você morreu por mim e… eu… eu… não…”
Não terminou a frase. Sua voz ressoava em seus próprios ouvidos como um carrilhão. Parecia-lhe que já nada mais havia em torno de si. Somente aquele olhar, fincado no seu. As palavras latejavam em sua cabeça: “Morreu por mim… Morreu por mim… Morreu por mim…”

Quando se deu conta, estava ajoe­lhado, ou melhor, sentado sobre as próprias pernas, e tinha o rosto coberto de lágrimas. Quanto tempo teria ficado ali? Com dificuldade, levantou-se, e parecia mudado. Em algum lugar de seu coração, acendera-se uma luz. Agora ele via claramente que existe um Deus, e este Deus é bom. Não, não podia mais rir d’Ele, não podia mais ofendê-Lo. Não podia mais pecar!
Saiu correndo, de volta ao confessionário. Lá continuava pacientemente o mesmo sacerdote, ao qual fez uma autêntica e sincera confissão. Algumas semanas depois, os franciscanos recebiam mais um noviço. Milagres como esse, só os faz Aquele manso e silencioso mártir pendente do madeiro. Aquele cujos divinos olhos possuem mais eloqüência do que todas as palavras que já foram ou serão ditas…

set 112011
 

Pro me mortuus es

Pueris et plenis fide adultibus
In lusitane, hic.

Adulescentulorum coetus in Novi Eboraci Via Quinta, anno fere 1930º, in praestantissimo urbis loco blatterandi causa factus erat; alii in solo alii in scalis Sancti Patricii Ecclesiae Cathedralis sedebant; ubique crepitus pollutio transitus; litterarum ignari, vestibus incompositi, habitu frivoli, similiter ac multi eo tempore iuvenes vitam primaevam in magnis urbibus vulgivagi degebant.

Tempore postmeridiano et aestivo, plus solito excitati erant; unus ex iis procer, sparso ore, rubicundus, vaniloquus, sibi spiritus adeo sumebat ut in media disputatoria sermocinatione versaretur; rixas facinoraque sua gesticulans magnis vocibus praedicabat; excellebant in eo illae virtutes, quibus ii utuntur, qui vitam fere totam in plateis viisque degunt: erat agilis, audax semperque minitans.

fielajoelhadodiantedacruzjesusmorreucatedralpiedadefeamororacaorezaUnus ex eius amicis, de vaniloquentia forte defessus, in hoc certamen provocavit:

“Heus, –inquit- multi sunt qui adversus duos tresque pugnaverunt vel qui nocte flumen tranarunt; sed si fortis es validusque in hanc grandem ecclesiam nunc intra, confessionarium adi et parocho peccata tua dices; deinde ad nos reverte ut quomodo auditus sis et quid tibi dixerit narres”.

Magno cachinno ista provocatio approbata est; nemo antea ausus erat falsam confessionem dicere et postea sacerdotem ludificare; lepidissimum consilium iudicarunt; in vaniloquum omnium oculi se converterunt ut responsum audirent.

Sine mora, maximis passibus, habitu gravis in aeneas templi valvas incessit; contubernales rissu, plausu, sibilis eius animum exitabant.

Cum in templum intravisset, audaciam simulare inutile esse iudicavit; Ecclesia Cathedralis vacua erat; urbani crepitus, qui magnas parietes transibant vix audiebantur nec molestiam afferebant; lux solaris per vitreas fenestras rubea et caerula et viridis splendebat; altae columnae ex solo petreo usque ad obscura tecti fastigia firmissimae pertinebant.

Noster egregius erro ex altaribus rebusque sacris, quas adhuc ignorabat, quandam divinam animationem paulatim capiebat; sed statim consilii iam capti meminit et sibi dixit: “nugae! istae res curae mihi numquam fuerunt; iocum perficiamus”.

Manibus in sacculis ad confessionarium incedit; sacerdotis imago trans velamentum videbatur; genua rustice flexit et sine mora verba sacrilega impiaque vomuit; facinora non solum singillatim narravit sed etiam ea, quae peiora et vitperanda iudicavit, latius descripsit, adeo ut eius contubernales quoque obstipuissent; postea quam aliqua verba canina protulit, quae et sacerdotem laedebant, finem confitendi subito fecit, eiusdem igitur modi atque inceperat.

Attamen pro responso id unum accepit scilicet grave silentium; tum haesitavit et cum dein erat foras profecturus, vocen impavidi sacerdotis tranquillam audivit:

“Fili mi, quoniam ut peccata confiterere valuisti, nunc videamus utrum paenitentialem poenam, quam imponam, sis soluturus necne;  ito in laterale pronaos ubi est magna crux cui Iesu imago est affixa; apud Eum genua flecte et decies hanc orationem orabis: Tu pro me mortuus es et id mea minime interest”.

Protervus ille nihil simile exspectabat; putabat sacerdotem formidaturum vel potius iraturum esse, nam sibi proposuerat confessionis fabulam agere et ad contubernales revertere ut audacias nararet; attamen parumper excogitavit et fabulam totam agere decrevit: “poenam poenitentialem solvam et ludibrium magis laudandum habebimus”.

Facile Christi Crucem invenit; cum attente circumspexisset, se unum Cruci adesse comperit curaque se liberavit, nam sub alterius oculis esse nolebat; tunc superbus et arrogans, limpida voce dixit: “Tu pro me mortuus es et id mea minime interest”.

Sub ecclesiae arcibus et loco silentissimo vox resonavit; nunquam antea in tali loco fuerat; spiritum tenuit quo distinctius sonitus audiret.

Parumper tacuit et deinde Crucem intuens orationem iteravit, at nunc vix mussavit Tu pro me mortuus es et minime id mea interest.

A Christi imagine teneri videbatur; quid tandem? nonne agebatur de statua ligneae cruci affixa? qua de causa sui oculi sic intuebantur ut aliorsum vertere nequirent? imagine sane, quae pacem vultu praesertim significabat; quoquo modo, tantis vulneribus acceptis, pacatum se praebebat? erat enim in quiete plenus pacis et sine odio, quamquam cruciatum omnem passus erat.

Adulescentulus haesitavit et oculos suos fricavit: “Heus -sibi dixit- num commoveri sinam? denuo diutiusque tacuit et gravem orationem iteravit: “Tu pro me mortuus es et id… id mea minime interest”.

Nunc tamen, oculis in solum conversis, oravit; sed ipse se interrogabat: quid mihi accidit? statuam nonne intueri valeo? caput erexit et Cristi oculi videbantur in suos defixi, et quamvis cupiret vultum vitare, omnino nequit; incepit sudare; iterum ausus est dicere: “Tu pro me mortuus es et… et id… id minime…”.

Neque orationis finem fecit; vocem suam velut si inter campanas sonantem audiebat, dum omnia circunstantia evanescere videt; id unum aspiciebat: caput spinis coronatum, quod oculos in suos defixerat, verbaque in pectore ab se ipsa iterabantur: Tu pro me mortuus es… mortuus es…”.

Cum expergiscitur, super talos, genibus flexis, sedebat, vultu lacrimis madido; nesciebat quamdiu ibi fuisset.

Vix surrexit; homo alter esse diceres; lux in cordis sui particula elucere incipiebat; nunc Deum esse penitus perspiciebat et Deum esse bonum; iam Eum illudere nequibat, nec  facinoribus iterum vexare; a peccatis erat discedendum.

Ad confessionarium cucurrit; ibi sacerdos patienter exspectabat; nunc veram sinceramque confessionem fecit; paucis hebdomadibus interiectis, illum monachi Fransciscani fratrem novicium receperunt.

Eiusmodi miracula a quieto et tacito Martyre qui de ligno pendet tantum aguntur; oculorum Eius acies multis verbis eloquentior est.

Ex ephemeride c.t. HERALDOS DEL EVANGELIO, Nº38, Sept. 2006

Scripsit Elisabetha MacDonald

Aliquot verba dempta sunt quo facilius lectio fieret cursoria.

Latine aptavit et transtulit  Paulus Kangiser

set 092011
 

Conspectus Alphabeticus

Ab ore ad aurem

Aquam funibus!

Ave Maria in latine

Codex Iuris Canonici

De veterum Romanorum institutione

Fabula pueris et plenis fide adultibus: ut recorderis

Fabula pueris et plenis fide adultibus: pro me mortuus es…

Hymnus Brasiliensis

Pater Noster in latine

Quare Beatus Ioannes Paulus II novum Codicem Iuris Canonici promulgavit?

Quid est Evangelii Praecones?

Quis simus?

Quommodo dicere Salve Regina in latine?

Societas Clericalis Vitae Apostolicae Iuris Pontificii Virgo Flos Carmeli

(Altera articula in hoc loco inserentur)

Museo Gregoriano Profano_Coliseu_Colosseum_Kolosseum_Coliseo_Roma_Italia_Italy_City_Urbs

ago 282011
 

O caso genitivo em latim

O genitivo é um caso latino que indica que um nome é um complemento nominal de outro. Normalmente estabelece a relação “(o) X de Y”. Para identificar o complemento restritivo em português é só notar a presença de dois substantivos ligados pela preposição “de”:

Exemplo: Álbum de Maria.

O latim, em vez de usar a preposição “de”, diferencia a palavra com uma mudança em sua terminação. Usa portanto o caso genitivo.

O genitivo é mais precisamente o caso do complemento restritivo. Este complemento limita a significação do nome. O genitivo é um caso comum na declinação das línguas flexivas, como o latim e o grego, que exprime o complemento adnominal restritivo, possessivo, partitivo, etc.

Ao dizermos “Porta da casa”, restringimos o significado da palavra “porta”, porque, nem toda porta é da casa, pode ser do colégio, da empresa, etc.

Exemplos:

O carro de Pedro. Currus Petri. (Petrus, Pedro, no caso nominativo, e Petri, de Pedro no genitivo).

O rio de ouro. Fluvius auri. (Aurus, ouro no caso nominativo, Auri, de ouro no caso genitivo).

A água da fonte. Aqua fontis. (Fons, fonte no caso nominativo, Fontis, da fonte, no genitivo).

Gota_agua_dagua_trevo_vegetal_planta_flor_Deus_Orvalho_dew_tau_dauw_rocioCuriosidade: Os dicionário latinos, assim como este método, apresentam as palavras em nominativo e após uma vírgula a terminação do caso genitivo.

Exemplo: Aqua,ae. Ou seja. Aqua no nominativo, Aquae no genitivo.

Tabela das declinações

Nem todas as palavras latinas têm o genitivo da mesma forma. De modo geral, as palavras neutras e masculinas terminadas em us e um transformam-se em genitivo com o i. As palavras femininas terminadas em a, passam para o genitivo com a terminação em ae. Outras palavras no caso genitivo podem terminar com is, ou ei, ou ainda u.

Calma! Não se desespere. Isto será aprendido naturalmente. Eis a tabela para ajudar.

Declinações



Nominativo singular Aqua (Água) Servus (Servo) Pater (Pai) Manu (Mão) Dies (Dia)
Genitivo singular Aquae Servi Patris Manus Diei
Nominativo plural Aquae Servi Patres Manua Dies
Genitivo plural Aquarum Servorum Patrum Manuum Dierum