ago 052011
 

Guy de Ridder

O Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, criado em 1970, tem como principal missão revelar e aprimorar novos talentos no campo musical.

Com esse objetivo, convida todos os anos renomados expoentes da música clássica para, além de fazerem apresentações, atuarem como professores junto às centenas de jovens alunos que dele participam.

A boa nova é que em 2004 a direção do evento decidiu fazer apresentações também para o grande público, ao ar livre e em algumas igrejas.

A este propósito, declarou o diretor artístico do Festival, maestro Roberto Minczuk, regente associado da Orquestra Filarmônica de Nova York: “Montamos uma programação dos concertos ao ar livre, tão boa quanto a do auditório. Se você quer, realmente, divulgar a boa música, tem de levá-la aos espaços públicos. (…) Música clássica fala direto à alma, é tão acessível quanto qualquer outra música, desde que tenha qualidade.”

Igreja Nossa Senhora do Rosário, Seminário São Tomás de Aquino em São Paulo, Brasil

Igreja Nossa Senhora do Rosário, Seminário São Tomás de Aquino em São Paulo, Brasil

Propor a execução de música clássica de boa qualidade nas praças públicas para milhares de ouvintes, eis uma proposta realmente alvissareira, não só para os apreciadores da arte musical, mas também para todos quantos sabem ver em qualquer manifestação de beleza um progresso da alma humana rumo ao Criador de todas as formosuras.

De outra cidade de nosso país-continente, Curitiba, chega a notícia de que acaba de ser aberto o “Espaço Perfume – Arte & História”, um museu inteiramente dedicado à história da perfumaria.

Essa singular instituição cultural apresenta a seus visitantes uma ampla gama de conhecimentos, desde os primeiros registros da utilização de fragrâncias no Egito antigo, até a relação entre o uso de essências e a religião, a música, a literatura e as artes.

Desde tempos imemoriais, nas civilizações antigas já se usavam defumadores e incensos para perfumar os ambientes, notadamente para a realização de rituais, o que ocasionou a palavra perfume, do latim “per fumum”, que quer dizer “por meio de fumaça”.

No Antigo Testamento, o próprio Deus ordena a Moisés tomar aromas e resinas para fazer perfumes com vistas a incensar a Tenda da Reunião, junto à Arca da Aliança.

Narram os Evangelhos que os reis magos demonstraram sua adoração ao Menino Jesus recém-nascido ofertando-Lhe perfumes e essências de suas terras orientais, a mirra e o incenso.

Também Maria Madalena achou que derramar um frasco de preciosíssimo ungüento sobre o Divino Redentor, aos pés do qual estava para implorar perdão, seria forma condigna de Lhe manifestar seu amor e veneração.

Perfumes — ou o belo em essências — obviamente também fazem parte das belezas através das quais a mente humana se eleva à consideração de Deus. Não deixa, pois, de ser um fato auspicioso a inauguração de um museu dedicado a esse campo específico da cultura.

O Conselho Lingüístico Alemão realizou um concurso para decidir qual é a mais bela palavra da língua teuta. O júri, encabeçado pela presidente do Instituto Goethe, Jutta Limbach, teve de fazer a seleção entre perto de 23 mil sugestões, provenientes de 111 países.

A escolha recaiu sobre o vocábulo Habseligkeit, que em português significa “pertences”, mas é carregado de matizes no idioma de Goethe, a julgar pela justificativa da vencedora do concurso. Segundo ela, Habseligkeit indica os haveres de uma pessoa “com um toque amigável e compassivo, tornando o proprietário simpático e amável aos nossos olhos”.

Essa palavra significa a posse de algo, mas com felicidade, uma espécie de bem-aventurança natural de possuir, independentemente de qual seja seu valor ou importância.

A procura do belo da linguagem é uma iniciativa que também só pode ser objeto de elogios. E não deixa de ser altamente promissor o enorme interesse despertado pelo concurso no mundo inteiro.