maio 122012
 

 

Ivanaldo Santos[1]

De acordo com a Constituição Apostólica Veterum Sapientia, que trata do uso do latim pela Igreja, essa língua:

 

Nascida nos confins do Lácio, ela auxiliou de modo admirável a difusão do nome cristão nas regiões ocidentais. Não sem disposição divina aconteceu que aquele  idioma que reuniu por muitos séculos numa amplíssima sociedade de povos sob a autoridade do Império Romano foi assumido como língua própria da Sé Apostólica e, guardada pela posteridade, uniu uns com os outros os povos cristãos da Europa num alto vínculo.

Pela sua própria natureza a língua latina é apta a promover junto a qualquer povo toda cultura humana; e como não suscita a inveja e se apresenta com equidade diante de todos os povos, sem favorecer qualquer parte, é para todos aceitável e agradável. E não se deve negligenciar que na oração latina há uma nobreza de forma e estrutura, possibilitando um estilo conciso, rico, variegado, cheio de majestade e de dignidade, que contribui de maneira singular à clareza e à perspicácia.[2]

Além disso, acrescenta o documento pontifício:

A ninguém é lícito duvidar que não exista nos discursos dos romanos ou em suas veneráveis cartas uma força intrínseca para instruir as mentes informes dos adolescentes. Através dela, de fato, formam-se, amadurecem, se aperfeiçoam as melhores capacidades da alma; aguçam-se a acuidade da mente e a capacidade do juízo; além disso, a inteligência pueril é mais convenientemente preparada para compreender e julgar no justo sentido de cada coisa; enfim, aprende-se a pensar e a falar com suma ordem [razão].[3]

 

São Tomás de Aquino com São Pedro e São Paulo, Catedral de Dijon, França

São Tomás de Aquino com São Pedro e São Paulo, Catedral de Dijon, França

Apesar da alta contribuição para a sociedade, atestada pela Veterum Sapientia, atualmente o latim passa por um momento bastante peculiar. De um lado, há um renascimento do interesse e dos estudos sobre o latim e, de outro lado, esse idioma é constantemente acusado de ser uma língua morta e de estar ligado à cultura e à liturgia cristã. Em um mundo marcado pelo secularismo, pelo preconceito e até mesmo pelo desprezo pelo sagrado, a identificação do latim com o Cristianismo torna seu estudo um elemento problemático.

Entretanto, como bem salienta Haroldo Bruno o latim é “uma língua viva (do passado)”,[4] ou seja, não se pode negar que o latim atualmente seja uma língua que não desfruta do status de idioma oficial de alguma grande nação. O único governo que mantém o latim como língua oficial é a Cidade do Vaticano, a Sé Apostólica da Igreja, menor Estado do mundo. Com isso, atualmente o latim não tem o prestígio político que desfrutou até o século XVIII.

No entanto, o latim é uma língua viva. Muitas comunidades, ao redor do mundo, ainda preservam o latim. Sem contar que ele é fundamental para o estudo e a compreensão da rica cultura ocidental. É preciso ter consciência que a produção cultural do Ocidente (literatura, filosofia, teologia, etc) foi realizada, durante mais de 1500 anos, com a língua latina. Sem ela não teríamos, por exemplo, a eloquência de Cícero, o grande orador romano, a mística e a arte monástica e o gênio humanístico de Tomás de Aquino. Por causa desses e outros fatores que não foram mencionados é preciso, mais do que nunca, superar o “preconceito de que o latim é uma língua morta”[5] e mergulhar na investigação dessa importante e clássica língua ocidental.

Apenas para se ter uma pequena ideia do interesse crescente em torno do latim, recentemente um grupo de estudantes universitários criaram um site inteiramente em latim.[6] Movidos pela beleza e precisão da língua latina, alguns estudantes do Instituto Teológico São Tomás de Aquino (ITTA), em São Paulo, realizaram uma iniciativa inédita no Brasil: criaram um site escrito em latim. Trata-se do Praecones Latine (http://latine.blog.arautos.org/), que reúne textos, artigos, orações e notícias.

O latim “singularmente contribui à clareza e à seriedade”[7] da reflexão e do pensamento. Muitos literatos e pensadores jamais teriam composto suas obras se não fosse por meio do auxílio, direto ou indireto, do latim. Por causa disso ele muito contribuiu e contribui “para o progresso do gênero humano”,[8] permitindo, ao mesmo tempo, que a “comunicação seja universal”,[9] mas “também imutável”.[10]

Em nossos dias são inúmeros os exemplos que podem ser dados sobre o uso do latim. Entre esses exemplos cita-se: a importância do latim para o ensino de português,[11] o uso do latim na liturgia católica,[12] a discussão sobre a estética barroca,[13] a atualidade da configuracionalidade em latim clássico e em latim vulgar[14] e até mesmo a realização das propostas para padronização da terminologia empregada em sistemas agroflorestais.[15]

Não é intensão desse pequeno artigo apresentar toda a rica atualidade da língua latina. A intensão é bem mais modesta. O objetivo desse artigo é apresentar a importância do latim para os estudos tomistas.

É preciso realizar dois importantes esclarecimentos. O primeiro é que ao longo da discussão não serão abordadas ou definidas expressões, como, por exemplo, tomismo e tomista. Essa discussão foi realizada por estudiosos como Paulo Faitanin,[16] Francisco Elias de Tejada[17] e João Clá Dias.[18] O segundo é que temas de suma importância para a compreensão do latim em Tomás de Aquino não serão tratados. Entre esses temas cita-se: fonologia, morfologia e os aspectos sintáticos. Em grande medida eles foram pesquisados por Nestor Dockhorn.[19]

De posse desses dois esclarecimentos passa-se a se apresentar um conjunto de sete explicações que demostram a importância do latim para os estudos tomistas.

A primeira explicação é o fato de Tomás de Aquino ser um dos maiores pensadores e humanistas de toda a história. Sem a rica obra produzida pelo Aquinate dificilmente a humanidade teria conseguindo avançar em muitos campos do conhecimento, como, por exemplo, a teologia, a filosofia e o direito. Como bem observa Paulo Faitanin a obra de Tomás de Aquino está aberta a dialogar com as “verdades de qualquer época”.[20] Sem contar que o Aquinate é uma influência marcante dentro do pensamento contemporâneo,[21] conseguido provocar um raro e frutífero diálogo, por exemplo, com Martin Heidegger (tomismo heideggeriano), com a fenomenologia (tomismo fenomenológico), com o existencialismo (tomismo existencial), com a lógica (tomismo lógico) e mais recentemente com a filosofia analítica (tomismo analítico).

A questão central é que, como bem salienta Nestor Dockhorn,[22] Tomás escreveu uma vasta obra, desde pequenas produções poéticas litúrgicas até obras de grande fôlego. Os hinos eucarísticos Lauda Sion e Pange lingua (no qual se insere o conhecido Tantum ergo) são dignos de estudo, por seu conteúdo e por sua métrica. Além disso, escreveu obras filosóficas, tais como: De ente et essentia, De aeternitate mundi, De veritate, De malo e outras. Trabalhou com vários textos de Aristóteles. Suas obras mais importantes foram a Summa contra gentiles (que é uma exposição do Cristianismo dirigida a não crentes) e a Summa theologiae, também chamada Summa theologica. Esta última se apresenta como uma obra didática destinada a ajudar aos estudantes iniciais de teologia e filosofia. Na verdade, é uma das obras mais profundas e extensas que foram escritas no campo da teologia filosófica. Sua lógica, sua divisão em partes, seu raciocínio são admiráveis.

No entanto, todo o chamado corpus tomista, ou seja, o conjunto da obra produzida pelo Aquinate, é em latim. Para a produção de sua obra intelectual Tomás utilizou o latim medieval. Como ressalta Jean Lauand[23] o latim medieval alimenta-se não só do latim da antiguidade clássica, mas também da vida litúrgica; não era uma língua morta — como muitos defendem contemporaneamente —, mas estava continuamente desenvolvendo-se vivamente. Por sua vez, Tomás de Aquino, mergulhado na cultura medieval e clássica, cuida de não empregar essa língua com caráter técnico, artificial, terminológico, mas mantê-la com a viveza de uma linguagem corrente, natural.

Para um estudioso ou um iniciante nas reflexões contidas no corpus tomista é de suma importância o conhecimento do latim. Mesmo que o pesquisador não tenha um domínio pleno do latim — em grande parte devido a todas as sutilezas e exceções contidas na língua latina — é preciso conhecer um pouco dessa língua para poder realizar uma leitura e uma investigação mais apropriadas.

São Tomás de Aquino, Catedral de Notre Dame de Paris, França

São Tomás de Aquino, Catedral de Notre Dame de Paris, França

A segunda explicação é que apesar de em muitas partes do mundo, especialmente na Europa e nos EUA, haver boas traduções de algumas obras do Aquinate, especialmente da Summa contra gentiles e da Summa theologiae, o fato é que são poucos os países que possuem a tradução completa do corpus tomista. A grande maioria dos países e, por conseguinte, das línguas, possuem uma tradução limitada do corpus tomista. Sem contar que existe um grande número de línguas e ambientes — especialmente os confins tribais, isolados e de difícil comunicação tecno-cultural — que simplesmente não possuem a tradução de nenhuma obra do Aquinate.

Por esses fatores torna-se fundamental o conhecimento do latim. Sem o conhecimento dessa língua é praticamente impossível uma boa discussão do corpus tomista.

A terceira explicação é a intima relação entre Tomás de Aquino e a escolástica medieval e a escolástica moderna — que nasce no final do século XVIII e chega até o século XXI — também conhecida como neoescolástica. Para se apresentar essa explicação serão desenvolvidos dois argumentos.

O primeiro é que a escolástica medieval deve seu ponto áureo e seu apogeu com a obra produzida por Tomás de Aquino.[24] E como visto anteriormente, essa obra foi produzida em língua latina. Para se conhecer e pesquisar, com profundidade, a escolástica e o seu maior vulto, o Aquinate, é preciso ter certo domínio do latim.

O segundo é que apesar das pesquisas realizadas pela neoescolástica, em grande medida, serem em língua vernácula, o latim é fundamental para a compreensão dessas pesquisas. Sem o latim é difícil ou quase impossível haver um entendimento sobre os conceitos e a discussão intelectual que está sendo desenvolvida. O domínio do latim é fundamental para o domínio do conteúdo presente nos debates travados pelos neoescolásticos.

A quarta explicação é a necessidade de se compreender, de forma clara e precisa, os conceitos desenvolvidos por Tomás de Aquino. Ele pensou, escreveu e produziu sua obra em latim. Muitas vezes redefini antigos conceitos, oriundos da antiguidade, ou elabora novos. Um bom exemplo é dado por Renato Cancian.[25] Segundo ele, Tomás elabora uma sofisticada discussão em torno do conceito de intelecto. Para ele, o Aquinate partiu do princípio de que os seres humanos, ao contrário dos animais, têm a capacidade do intelecto ou entendimento (em latim intellectus). A palavra latina intellectus deriva do verbo intelligire e se traduz, vulgarmente, por entender, mas, no latim de Tomás de Aquino, é um verbo de uso muito mais geral que corresponde, aproximadamente, ao nosso pensar. A partir dessa discussão Tomás fez considerações a respeito da divisão e do método ou modo de proceder das ciências teóricas. Trata-se de reflexões que permanecem atuais. Essas e outras reflexões que foram realizadas pelo Aquinate só podem ser totalmente compreendidas se houver certo domínio da língua latina. É muito difícil entender a ampla complexidade dos conceitos tomistas se não houve domínio do latim. Por isso, o latim torna-se fundamental.

A quinta explicação é toda a rica tradição de pesquisas do neotomismo. Uma tradição que remonta ao final do século XVIII[F1]  e chega, com grande vigor, ao século XXI. O neotomismo é profundamente orientado pelo princípio de que a obra de Tomás de Aquino é perene, ou seja, constante. Por isso, ao contrário do que muitos críticos afirmam, ela não está presa a Idade Média. Trata-se de uma obra capaz de orientar, ao longo dos séculos, todos os pensadores que, livres dos preconceitos ideológicos que regem a modernidade, estudarem os problemas que angustiam o ser humano, sendo, para tanto, “inteiramente sustentados por Tomás”.[26]

Graças a essa sustentação foi possível surgir importantes pensadores contemporâneos, como, por exemplo, Étienne Gilson, Jacques Maritain, Cornelio Fabro, Anthony Kenny, Peter Thomas Geach e John Haldane. Esses pensadores só conseguiram realizar suas reflexões — cada uma tendo seu próprio objeto de estudo — graças à influência de Tomás de Aquino.

No entanto, o neotomismo e qualquer outra corrente que estude Tomás no século XXI tem que ter certo domínio do latim. Só é possível compreender profundamente o corpus tomista e, por conseguinte, aplicá-lo a pesquisas contemporâneas, se houver um amparo na língua latina. O estudo dessa língua torna-se quase obrigatório a todos que desejam realizar uma séria pesquisa de corte neotomista.

A sexta explicação é a recomendação, dada pela Santa Sé,[27] que a obra de Tomás de Aquino, especialmente a Summa theologiae, deve ser ensinada, refletida e compreendida nas universidades, escolas, seminários, mosteiros, conventos e demais centros de estudos católicos. Além disso, dentro dos limites previstos pela legislação de cada país, essa obra também deve ser ensinada dentro dos centros de ensinos (universidades, escolas, institutos tecnológicos, etc) seculares e civis.

O ensino da obra do Aquinate nos diversos ambientes de estudos e pesquisas só trará o enriquecimento e o aprimoramento da cultura humanística. No entanto, deve-se ensinar e, ao mesmo tempo, refletir a obra do Aquinate dentro da dinâmica interna de cada cultura e de cada língua vernácula, sem jamais descuidar das “lições da língua latina”.[28] O estudo de Tomás de Aquino deve-se sempre levar em conta a língua latina como uma das fontes de inspiração e de compreensão de Tomás de Aquino.

A sétima e última explicação é o fato da obra de Tomás de Aquino estar sendo utilizada, por pensadores neotomistas e de outras correntes do pensamento, para refletir e combater os erros “filosóficos da modernidade”.[29] Como bem salientou o Papa Leão XIII a “sociedade civil se encontra em grave perigo”.[30] E esse perigo é oriundo de um grande número de doutrinas “cheias de erros e falácias”,[31] as quais caem no “absurdo de afirmar que a distinção do verdadeiro e do falso não conduz à perfeição da inteligência”.[32] Entre essas doutrinas é possível citar, por exemplo, o positivismo científico, o marxismo, o anarquismo e o relativismo cultural. Para combater esses erros e restaurar a saudável diferença entre a verdade e a falsidade é preciso ter em mente que o corpus tomista é uma grande fonte “para a refutação dos erros dominantes”[33] na sociedade.

Como visto anteriormente, o corpus tomista foi composto em latim. Por isso, para haver uma autêntica leitura de Tomás e, posteriormente, uma aplicação dessa leitura ao processo de crítica e refutação dos erros doutrinários da modernidade, é preciso haver domínio, pelo menos parcial, do latim. Em grande medida, um pesquisador que deseje realizar uma séria crítica — alicerçado em Tomás de Aquino — as ideologias que povoam o imaginário moderno, deverá ter certa compreensão da língua latina.

É preciso ter em mente que as sete explicações que foram apresentadas não esgotam o debate em torno da importância do latim para os estudos tomistas. Em certa medida, ser tomista ou pelo menos simples leitor de Tomás de Aquino implica em também ser um estudioso do latim.

Por fim, afirma-se que há uma relação de mão dupla em torno do debate entre Tomás de Aquino e o latim. De um lado, Tomás de Aquino, com sua vasta obra, permitiu um reavivamento do latim, tanto no século XIII, época em que viveu, como também ao longo de toda a história das ideias. Do outro lado, a preocupação que os estudos tomistas devem sempre ter com o latim, contribui para que essa língua sempre esteja no centro das preocupações investigativas e, com isso, não seja uma língua morta.

 

Publicado em:

(Revista Lumen Veritatis. Vol. 5. Nº 18. Janeiro-Março de 2012. p. 107-114).

 


[1] Doutor em estudos da linguagem pela UFRN, professor do Departamento de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERN. E-mail: ivanaldosantos@yahoo.com.br.

[2] PAPA JOÃO XXIII. Constituição Apostólica Veterum Sapientia. Sobre o uso do Latim, n. 3. AAS … (Tradução minha) Quarum in varietate linguarum ea profecto eminet, quae primum in Latii finibus exorta, deinde postea mirum quantum ad christianum nomen in occidentis regiones disseminandum profecit. Siquidem non sine divino consilio illud evenit, ut qui sermo amplissimam gentium consortionem sub Romani Imperii auctoritate saecula plurima sociavisset, is et proprius Apostolicae Sedis evaderet et, posteritati servatus, christianos Europae populos alios cum aliis arto unitatis vinculo coniungeret.

Suae enim sponte naturae lingua Latina ad provehendum apud populos quoslibet omnem humanitatis cultum est peraccommodata: cum invidiam non commoveat, singulis gentibus se aequabilem praestet, nullius partibus faveat, omnibus postremo sit grata et amica. Neque hoc neglegatur oportet, in sermone Latino nobilem inesse conformationem et proprietatem; siquidem loquendi genus pressum, locuples, numerosum, maiestatis plenum et dignitatis  habet, quod unice et perspicuitati conducit et gravitati.

[3] PAPA JOÃO XXIII. Constituição Apostólica Veterum Sapientia. Sobre o uso do Latim, n. 9. Neque vero cuique in dubio esse potest, quin sive Romanorum sermoni sive honestis litteris ea vis insit, quae ad tenera adulescentium ingenia erudienda et conformanda perquam apposita ducatur, quippe qua tum praecipuae mentis animique facultates exerceantur, maturescant, perficiantur ; tum mentis sollertia acuatur iudicandisque potestas; tum puerilis intellegentia aptius constituatur ad omnia recte complectenda et aestimanda; tum postremo summa ratione sive cogitare sive loqui discatur.

[4] BRUNO, H. Latim e formação linguística. In: Alfa, Revista de Linguística, São Paulo, n. 34, 1990, p. 70.

[5] BRUNO, H. Latim e formação linguística. op., cit, p. 69.

[6] ESTUDANTES BRASILEIROS CONSTROEM UM SITE ESCRITO EM LATIM. In: ITTA Notícias. Disponível em http://ittanoticias.arautos.org/?p=1416. Acessado em 15/08/2011.

[7] PAPA JOÃO XXIII. Constituição Apostólica Veterum Sapientia. Sobre o uso do Latim, n. 5.

[8] PAPA JOÃO XXIII. Constituição Apostólica Veterum Sapientia. Sobre o uso do Latim, n. 2.

[9] PAPA JOÃO XXIII. Constituição Apostólica Veterum Sapientia. Sobre o uso do Latim, n. 5.

[10] PAPA JOÃO XXIII. Constituição Apostólica Veterum Sapientia. Sobre o uso do Latim, n. 6.

[11] BORTOLANZA, J. O latim e o ensino de português. In: Revista Philologus, Rio de Janeiro: set./dez. 2000, n. 18, p. 77-85.

[12] PAPA PIO XII. Mediator Dei. Sobre a sagrada liturgia, n. 173-174; 177. AAS [citar a Acta Apostolicae Sedis] ; PAPA BENTO XVI. Carta Apostólica em forma de Motu Próprio Summorum Pontificum, n. 1 e 3. Tradução portuguesa pela CNBB. São Paulo: Paulinas, 2011.

[13] SANTO, A. E. A estética barroca do latim da Clavis Prophetarum do P. António Vieira. In: Ágora, Estudos Clássicos em Debate, n. 1, 1999, p. 105-131.

[14] MARTINS, M. C. S. Configuracionalidade em latim clássico e latim vulgar. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem, 2002.

[15] DANIEL, O. [et al]. Propostas para padronização da terminologia empregada em sistemas agroflorestais no Brasil. In: Revista Árvore, Viçosa, v. 23, n. 3, p. 367-370, 1999.

[16] FAITANIN, P. A Filosofia Tomista. In: Aquinate, Niterói, n. 3, 2006, p. 133-146; FAITANIN, P. O que é tomismo? In: Instituto Aquinate, 2010. Disponível em http://www.aquinate.net/portal/Tomismo/Tomismo-significado/tomismo-significado3edicao.htm. Acessado em 16/03/2010.

[17] ELÍAS DE TEJADA, F. Porque somos tomistas: da Teologia à Política. Comunicação apresentada ao Convegno di Studi per la celebrazione di San Tommaso d’Aquino nel VII Centenario, realizado em Gênova em 1974. In: Hora Presente, ano VI, n. 16, São Paulo, setembro de 1974, p. 93-103.

[18] DIAS, J. C. Por que ser tomista? In: Lumen Veritatis, Revista de Inspiração Tomista, n. 1, outubro/dezembro 2007.

[19] DOCKHORN, N. O latim de Tomás de Aquino, 2011, p. 3-7. Disponível em http://www.filologia.org.br/ixcnlf/13/10.htm. Acessado em 15/08/2011.

[20] FAITANIN, P. A Sabedoria do Amor. Iniciação à Filosofia de Santo Tomás de Aquino. Niterói: Instituto Aquinate, 2008, p. 20.

[21] VAN ACKER, L. O tomismo e o pensamento contemporâneo. São Paulo: EDUSP, 1983; FABRO, C. Santo Tomás de Aquino: ontem, hoje e amanhã. Entrevista concedida à revista Palabra, n. 103, Madri, março de 1974. In: Hora Presente, ano VI, n. 16, São Paulo, setembro de 1974, p. 246-254.

[22] DOCKHORN, N. O latim de Tomás de Aquino. op., cit, p. 3.

[23] LAUAND, J. Razão, natureza e graça: Tomás de Aquino em Sentenças, 2010, p. 12. Disponível em http://www.hottopos.com/mp3/sentom.htm. Acessado em 15/08/2011.

[24] HIRCHBERGER, J. História da filosofia na Idade Média. São Paulo: Herder, 1966; ADRIANO, J. A razoabilidade da fé: São Tomás e a Escolástica. In: Lumen Veritatis, Revista de Inspiração Tomista, n. 1, outubro/dezembro 2007, passim.

[25] CANCIAN, R. Tomás de Aquino: ciências práticas e especulativas. In: Uol Educação, 2011. Disponível em http://educacao.uol.com.br/filosofia/tomas-de-aquino-ciencias-praticas-e-especulativas.jhtm. Acessado em 15/08/2011.

[26] PAPA LEÃO XIII. Aeterni Patris. Da instauração da filosofia cristã nas Escolas Católicas, segundo a mente de Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico, n. 36. In: Aquinate, Niterói, n. 12, 2010, p. 117-151.

[27] PAPA LEÃO XIII. Aeterni Patris. Da instauração da filosofia cristã nas Escolas Católicas, segundo a mente de Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. op., cit, n. 51.

[28] PAPA PIO X. Moto Próprio Doutor Angélico. Sobre a promoção da doutrina de S. Tomás de Aquino nas escolas católicas, n. 7. In: Aquinate, Niterói, n. 11, 2010, p. 111-120.

[29] ROVIGHI, S. V. História da filosofia contemporânea. São Paulo: Loyola, 2001, p. 649.

[30] PAPA LEÃO XIII. Aeterni Patris. Da instauração da filosofia cristã nas Escolas Católicas, segundo a mente de Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. op., cit, n. 51.

[31] PAPA LEÃO XIII. Aeterni Patris. Da instauração da filosofia cristã nas Escolas Católicas, segundo a mente de Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. op., cit, n. 16.

[32] PAPA LEÃO XIII. Aeterni Patris. Da instauração da filosofia cristã nas Escolas Católicas, segundo a mente de Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. op., cit, n. 17.

[33] PAPA LEÃO XIII. Aeterni Patris. Da instauração da filosofia cristã nas Escolas Católicas, segundo a mente de Santo Tomás de Aquino, o Doutor Angélico. op., cit, n. 56.


 [F1]Parece não ser no final do séc. XVIII

mar 152012
 

Curso de latim: tabela dos pronomes pessoais

Curiosidade: o que é um pronome?

Pronome é a palavra que vem em lugar do nome. Concorda com este em gênero e número. Os pronomes pessoais correspondem às pessoas gramaticais e por meio deles devemos orientar o tratamento. Uma tabela dispensa longas e minuciosas explicações. Oferecemos hoje uma tabela com os pronomes pessoais do latim. Veja a semelhança com nossa língua portuguesa!

Primeira pessoa

Segunda pessoa

Singular

Caso

Em latim

Tradução

Em latim

Tradução

N Ego Eu Tu Tu
Ac. Me Me Tu Tu
G. Mei De mim Tui De ti
D. Mihi A mim, me Tibi A ti, te
Ab. Me Por mim Te Por ti

Plural

N. Nos Nós Vos Vós
Ac. Nos Nos Vos Vos
G. Nostrum De nós Vestrum De vós
D. Nobis A nós, nos Vobis A vós, vos
Ab Nobis Por nós Vobis Por vós

Terceira pessoa ou pronome reflexivo

N Não existe porque sempre é complemento
Ac. Se Se
G. Sui De si, dele, dela, deles, delas
D. Sibi A si, se, lhe, lhes
Ab. Se Por si, por ele, por ela, por eles, por elas

Note que o Mihi é pronunciado mirri na pronúncia clássica ou reconstituída, ou miqui na pronúncia eclesiástica.

O caso vocativo não se diferencia do nominativo. Eis a razão pela qual achamos conveniente não inserí-lo na tabela.

Para exercitar, oferecemos a Ave Maria em latim com os pronomes pessoais marcados em negrito:

Maria_Nossa_Senhora_Santa_Fotos_Jose_Ribeiro_da_Silva_Arautos_BrasilAve Maria, gratia plena
Dominus tecum
Benedicta tu in mulieribus
Et benedictus fructus ventris tui Jesus.
Sancta Maria, Mater Dei,
Ora pro nobis peccatoribus
Nunc et in hora mortis nostrae
Amen.

fev 272012
 

Roma (Quinta-feira, 23-02-2012, Gaudium Press) O latim é de vital importância para a formação e a vida do clero do século XXI. Esta é a ideia central da intervenção que secretário da Congregação para o Clero, Dom Celso Morga, preparou para uma jornada de estudos que terá lugar nesta quinta-feira, 23, na Universidade Pontifícia Salesiana, em Roma. O evento comemorará os 50 anos da Constituição Apostólica “Veterum Sapientia” de João XXIII, que descreve a importância do latim nos seminários e na vida dos sacerdote, e será presidido pelo Cardeal Zenon Grocholewski.

Dom Celso Morga.jpg
Dom Celso Morga, secretário da
Congregação para o Clero

Em entrevista à Rádio Vaticano, Dom Celso adiantou algumas ideias que serão expostas em sua reflexão de hoje. “Não podemos perder esta grande riqueza que nos vem nesta língua, nelas temos muito da literatura patrística, sobretudo dos padres ocidentais”, afirmou inicialmente o prelado, que citou como exemplo os escritos de Santo Agostinho e Santo Ambrósio, recordando também as obras dos doutores medievais, como São Tomás de Aquino e São Alberto Magno, referências fundamentais da teologia, e a produção teológica dos séculos posteriores, que foi escrita quase exclusivamente em latim até o século passado.”Portanto, se queremos ir às fontes de nosso saber filosófico e teológico, sem intermediário, sem necessitar de traduções, temos que saber latim. Não podemos depreciar esta língua”, asseverou.

Perante os desafios da globalização e a relação com as línguas e culturas dominantes, Dom Morga descreveu a possibilidade de mútuo enriquecimento. “Entrar em diálogo com estas culturas diferentes da nossa não quer dizer perder nossa própria identidade, quer dizer entrar de igual a igual e saber expôr nossa riqueza para também reconhecer a riqueza das outras culturas”, explicou o secretário.

Segundo Dom Morga, este intercambio de riquezas foi precisamente o que construiu a cultura e a identidade ocidentais, nas quais a influência cristã está presente não só na filosofia e na teologia, como também nas artes plásticas, na literatura e na música, impregnados de língua e do sentir da Igreja.

Nossa identidade “é de uma riqueza extraordinária e tem uma carga de valores humanos autênticos, como a liberdade, a dignidade da pessoa humana e o valor do trabalho. Tudo isto, que nos vem da latinidade clássica e da Doutrina da Igreja, não se pode perder”, afirmou o prelado.

O secretário da Congregação para o Clero manifestou ainda seu desejo de que esta língua tivera uma presença de vários momentos das celebrações. “Esse era o desejo do Concílio, não que tudo fosse traduzido nas línguas vernáculas, mas sim que se deixasse partes em latim, para que nosso fiéis na esqueçam de todo esta língua”, recordou.

Ademais, com sua ampla experiência em Roma como secretário da Congregação para o Clero, Dom Morga ressaltou a utilidade de contar com uma língua comum nas celebrações internacionais. “Agora mesmo em São Pedro, quando o Papa celebra, a missa é em latim quando se encontram fiéis de distintas línguas. Nossa língua comum é o latim e se reza em latim. Encontrarmos nesta língua comum nos faz bem a todos e nos ajuda a rezar por todos”, concluiu.

fev 272012
 

Roma (Quinta-feira, 23-02-2012, Gaudium Press) O latim é de vital importância para a formação e a vida do clero do século XXI. Esta é a ideia central da intervenção que secretário da Congregação para o Clero, Dom Celso Morga, preparou para uma jornada de estudos que terá lugar nesta quinta-feira, 23, na Universidade Pontifícia Salesiana, em Roma. O evento comemorará os 50 anos da Constituição Apostólica “Veterum Sapientia” de João XXIII, que descreve a importância do latim nos seminários e na vida dos sacerdote, e será presidido pelo Cardeal Zenon Grocholewski.

Dom Celso Morga.jpg
Dom Celso Morga, secretário da
Congregação para o Clero

Em entrevista à Rádio Vaticano, Dom Celso adiantou algumas ideias que serão expostas em sua reflexão de hoje. “Não podemos perder esta grande riqueza que nos vem nesta língua, nelas temos muito da literatura patrística, sobretudo dos padres ocidentais”, afirmou inicialmente o prelado, que citou como exemplo os escritos de Santo Agostinho e Santo Ambrósio, recordando também as obras dos doutores medievais, como São Tomás de Aquino e São Alberto Magno, referências fundamentais da teologia, e a produção teológica dos séculos posteriores, que foi escrita quase exclusivamente em latim até o século passado.”Portanto, se queremos ir às fontes de nosso saber filosófico e teológico, sem intermediário, sem necessitar de traduções, temos que saber latim. Não podemos depreciar esta língua”, asseverou.

Perante os desafios da globalização e a relação com as línguas e culturas dominantes, Dom Morga descreveu a possibilidade de mútuo enriquecimento. “Entrar em diálogo com estas culturas diferentes da nossa não quer dizer perder nossa própria identidade, quer dizer entrar de igual a igual e saber expôr nossa riqueza para também reconhecer a riqueza das outras culturas”, explicou o secretário.

Segundo Dom Morga, este intercambio de riquezas foi precisamente o que construiu a cultura e a identidade ocidentais, nas quais a influência cristã está presente não só na filosofia e na teologia, como também nas artes plásticas, na literatura e na música, impregnados de língua e do sentir da Igreja.

Nossa identidade “é de uma riqueza extraordinária e tem uma carga de valores humanos autênticos, como a liberdade, a dignidade da pessoa humana e o valor do trabalho. Tudo isto, que nos vem da latinidade clássica e da Doutrina da Igreja, não se pode perder”, afirmou o prelado.

O secretário da Congregação para o Clero manifestou ainda seu desejo de que esta língua tivera uma presença de vários momentos das celebrações. “Esse era o desejo do Concílio, não que tudo fosse traduzido nas línguas vernáculas, mas sim que se deixasse partes em latim, para que nosso fiéis na esqueçam de todo esta língua”, recordou.

Ademais, com sua ampla experiência em Roma como secretário da Congregação para o Clero, Dom Morga ressaltou a utilidade de contar com uma língua comum nas celebrações internacionais. “Agora mesmo em São Pedro, quando o Papa celebra, a missa é em latim quando se encontram fiéis de distintas línguas. Nossa língua comum é o latim e se reza em latim. Encontrarmos nesta língua comum nos faz bem a todos e nos ajuda a rezar por todos”, concluiu.

fev 232012
 

8 motivos para estudar latim

037_20071016_gk51. A língua latina passou para a História como o idioma no qual a maioria dos autores clássicos, medievais e modernos escreveram suas obras. Desde os antigos (Sêneca, Cícero, Terêncio e Júlio César) passando pelos medievais (Santo Agostinho, Santo Isidoro, São Tomás de Aquino e São Anselmo) até os modernos (Isaac Newton, Descartes, Erasmo, Copérnico, Francis Bacon e Thomas Morus) legaram à humanidade obras em latim. Inclusive Nietzsche tem livros e frases famosas em latim.

2. Essa língua é considerada uma das maiores fontes do conhecimento ocidental em diversas disciplinas como teologia, história, direito, filosofia, poesia e ciências biológicas, físicas e químicas. O conhecimento do latim dá acesso à fonte original do pensamento contemporâneo. Sem o conhecimento ainda que básico desse idioma não pode haver pesquisa e pensamento profundo.

3. O latim é a língua da qual derivou as línguas romances, isto é, o português, o espanhol, o francês, o italiano e o romeno. A aprendizagem do latim facilita a compreensão e o aprofundamento das línguas românicas. É a origem do português, a língua de nossa pátria.

4. Segundo diversos pesquisadores que com seus estudos confirmaram o senso comum dos nossos antepassados, a língua latina desenvolve o raciocínio abstrato e analítico por causa do uso das declinações. Cria o hábito da análise sintética durante a leitura e a fala, tornando gradualmente o pensamento mais organizado ao disciplinar a mente.  Segundo alguns confere maior clareza de julgamento.

5. Aumenta a capacidade de concentração e proporciona maior agilidade mental. De tal forma o latim é benéfico para a vida intelectual que ainda hoje em países de fala alemã, se estuda o latim.

6. O Direito Romano é o fundamento dos princípios que regem a legislação atual. Não é preciso explicar a importância do latim para o jargão de um estudante ou docente de direito.

7. Para um católico, o latim se torna ainda mais necessário, pois com exceção da Bíblia, as fontes teológicas, ou seja, os documentos pontifícios e a maioria dos escritos patrísticos, foram escritos em seu original na língua latina.

8.  A liturgia do Rito Latino assim como o cântico gregoriano foram escritos originalmente em latim.

ago 142011
 

Via Pulchritudinis una respuesta evangelizadora ante la crisis del hombre contemporáneo

Autor: Pe. Leonardo Barraza, EP

La Iglesia católica, a lo largo de los siglos,  en cumplimiento del divino mandato de su fundador: Ite et docete omnes gentes (Mt.28-19), siempre encontró obstáculos y oposiciones.

Ella, en respuesta, entre otras, siempre cultivó la belleza como medio de abrir caminos para la cristianización del mundo. Los clérigos junto a los bárbaros en la Europa del siglo V;  los misioneros en el “Nuevo Mundo” del XVI, y posteriormente en África, Asia u Oceanía, con audacia y tesón, predicando, sufriendo el martirio o hablando extrañas lenguas,  siempre recurrieron a la eficacia de la via pulchritudinis – expresión latina que significa vía de la belleza para la evangelización.  Cuando en el siglo V el cristianismo comenzó a difundirse por Europa creando una nueva civilización, fue la belleza, expresada en símbolos, tanto en  la liturgia, en los ornamentos, en la música, en la arquitectura, en los trajes, en las costumbres, en los gestos y modales,  lo que constituyó uno de los principales pilares para su expansión.

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, São Paulo Capital

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, São Paulo Capital

Sobre esta genialidad  del alma medieval  Maceiras (2002) dirá:

La mentalidad simbólica es una de las más notables características del pensamiento medieval, suscitada por una doble motivación: la natural, que invita a ver en las cosas un sentido más rico y amplio que el de su realidad física, y la textual que ve en los libros y relatos de las Escrituras la expresión simbólica de la acción de Dios. (p. 42)

Existe en consecuencia un lenguaje basado en la belleza que tiene el poder de mover los corazones. La experiencia demuestra que para tocar el alma humana en lo que tiene de más profundo, no son suficientes los raciocinios abstractos y la mera teoría. Es necesario tocar las fibras del corazón.  La belleza a través de los símbolos y otras formas de expresión  tiene ese poder evocativo para impulsar al ser humano al bien, a la verdad, en síntesis, a la virtud.  A este respecto así se expresa Maceiras (2002):

Análogas al lenguaje, otras muchas formas de expresión- el gesto, el juego, la danza, el disfraz, el arte o el rito- se multiplican y articulan como representaciones que llamamos simbólicas por la capacidad de prefigurar realidades (experiencias, cosas, sentimientos, etc.) sólo asequibles a su trasluz. En el poder de evocar una ausencia por la provocación de una presencia radica la esencia del símbolo y del simbolismo. (p.284)

Esta es una de las llaves maestras. Si en la Edad Media, si en el siglo XVI y en otras épocas, la belleza a través del simbolismo, tuvo esa eficacia para tocar los corazones, en nuestros días, como vimos en la primera parte de este trabajo, ella, tiene un importante papel a desempeñar. Así lo vio Juan Pablo II, (6)  lo sustenta en la actualidad Benedicto XVI (7) y el Pontificio Consejo para la Cultura  representado por su máxima autoridad, el Cardenal Paul Poupard  (8) quien en numerosas alocuciones han mencionado la Via Pulchritudinis, y el cultivo de la belleza como uno de los caminos apropiados de evangelización y de diálogo con la humanidad en los tiempos actuales.

 

Mucho se podría decir sobre este aspecto que constituye una larga tradición y un valioso acervo en la Iglesia. Dejemos consignado apenas que Maceiras (2002) lo aborda cuando analiza: “La experiencia estética” en el punto 4.6.1. de su obra.

No pudiendo abarcar todas las materias, digamos que nuestro autor en el capítulo 6, punto 6.3.3. — al describir la utilización del simbolismo, en el contexto de los asuntos asociados a la significación lingüística– aporta luces y antecedentes para quien desee  fundamentar la perspectiva de la vía pulchritudinis,  no tanto en los aspectos bíblicos o teológicos, si no más bien en lo que respecta a lo filosófico, con vistas a proponer estratégicas y  proyectos para  hacer de esta vía, un camino eficaz de evangelización en beneficio de la cultura y al mismo tiempo dándole oportunidad para confrontarla, en un sano debate, con todos los hombres preocupados por el futuro y el bien de la humanidad, sean o no creyentes.

Con el subtítulo “Funciones pragmáticas del simbolismo” Maceiras (2002) entrando en materia dirá:

El concepto “pragmático” quiere expresar la eficacia operativa del simbolismo sobre la experiencia social de individuos y comunidades en las que ejerce influjos de indudable y duradera trascendencia. Por su fuerza simbolizadora el ser humano ha ido conquistando y transfigurando el mundo natural y fundando la diversidad y riqueza cultural. Pero, a su vez, cada hombre nace ya en medios simbólicos (artísticos, sociales, religiosos, morales) que, en reciprocidad, lo configuran y, en cierto modo, lo constituyen en no pocas de sus manifestaciones existenciales. Por diversos caminos, el simbolismo prefigura la identidad, tanto individual como colectiva, precisamente por su condición de mediador universal entre el yo y el mundo. (p.321)

Nuestro autor, en una aproximación a este “haz de virtualidades” que el simbolismo posee, enunciará tres categorías: las psicogenéticas, axiológicas y las de legitimación comunitaria institucional.

Categorías psicogenéticas

Sobre éstas, (Maceiras, 2002) dirá que los símbolos más lexicalizados y textualizados, como son el mito, el cuento, la leyenda, la representación, el poema etc., han contribuido a hacer más objetivos los ámbitos subjetivos pues han colaborado a una vertebración de hechos y experiencias. La lengua y la literatura, con otros complejos simbólicos tales como el arte, la ritualidad, el dibujo, la danza, el jugo, el baile, la música, etc., han establecido relaciones y dependencias entre las categorías subjetivas (antropológicas) y categorías objetivas (la cultura sedimentada). “De ahí  que estos complejos simbólicos sean estímulo esencial para el progreso de la conciencia individual y para la promoción cultural de la especie.”(p.323)

Y renglones más adelante concluye su pensamiento:

Tales supuestos alcanzan su máxima vigencia cuando se trata de los lenguajes simbólicos propios de textos sapienciales o que recogen las tradiciones religiosas y espirituales de un grupo o comunidad. Son éstos los que, en virtud de su propia eficacia reflexiva sobre los hablantes (o creyentes) modelan los pensamientos más íntimos, regulan la utilización y comprensión del medio, prejuzgan las relaciones comunicativas y determinan la percepción utilitaria o no de los seres naturales y objetos artificiales… (p.323)

Estas observaciones, en la perspectiva de la via pulchritudinis muestran la necesidad de una predicación viva, la proclamación verbal de un mensaje con capacidad fascinadora pues se sabe que el hombre moderno, está hastiado de discursos, se muestra con frecuencia cansado de escuchar y, lo que es peor, reticente a  la palabra. En este sentido, los medios audiovisuales, a pesar de los efectos deletéreos que causan en el mundo de la cultura,  pueden ofrecer estímulos  de gran eficacia comunicativa.  Maceiras (2002) también se refiere a ellos, cuando habla de la “galaxia de la imagen” 8.5.2. Del cual destacamos este pensamiento:

La imagen y la transmisión de mensajes por canales audiovisuales, han suscitado la exuberancia imaginativa contrariando el estancamiento y balanceando el intelectualismo con la sugestiva fuerza y vigor que sólo las imágenes son capaces de promover. (p.431)

Categorías Axiológicas

A este respecto dirá que los complejos simbólicos actúan como esquemas previos de evaluación, no solo en el campo espiritual, cosmológico o moral sino que en lo que concierne a valores de uso. El simbolismo posee una eficacia en relación con las conductas individuales y colectivas. (Maceiras 2002, pp.323-324)

En la perspectiva que analizamos, las nociones escatológicas de la muerte, de un juicio particular, de un juicio final, de un  premio o un castigo post-mortem, adquieren una perspectiva de alto valor  memorativo y axiológico,  plausibles de ser comunicadas por las incontables variantes artísticas “encarnadoras” o concretizadoras del símbolo. Pocos aspectos cautivan tanto al hombre como la necesidad de responder: …y después de esta vida ¿qué…?

Categorías de legitimación comunitaria institucional

El simbolismo ejerce una función prefiguradora de roles, funciones e incluso identidades que el individuo va adquiriendo en la comunidad o sociedad en la que convive. (Maceiras 2002 p.326)

Legitimación Institucional.

Maceiras (2002)  nos dirá que:

… la incorporación de relatos, mitos y acontecimientos fundadores rescatados por el simbolismo narrado o escrito, se erigen en legitimadores de las instituciones comunitarias que perviven al amparo de tales símbolos originarios, sacrales o ya secularizados, pero no por eso menos eficientes. Por una parte, este efecto de concurrencia simbólica, puede contribuir a la cohesión social y a la vinculación ética para movilizar proyectos comunes. (pp.326-327)

Este fenómeno es notable en el género literario de las epopeyas y de modo especial en las  medievales. La poética utilizada por los juglares o cronistas otorga un sabor peculiar a sus narraciones, Análogo papel cumplen los relatos heroicos en los cuales están incumbidos hombres y mujeres grandes por la fe, su entrega y su heroísmo.

Sintetizando, podemos afirmar que los fenómenos vinculados a la religión y los hechos gloriosos narrados o cantados épicamente, son las fuentes de simbolismo más imperecederos por causa de esa “legitimación institucional” que llevan en su  esencia, (Maceiras, 2002, pp.326-327),  portadores  de un halo de misterio, campo fertilísimo para continuas explicitaciones.

Estos aspectos metafísicos pueden ser utilizados para el bien y la verdad  siendo  una fuente de  inspiración para la cultura y un polo de pensamiento para la difusión de  una filosofía del Evangelio que provoque esa chispa salvadora y liberadora de la despersonalización, irresponsabilidad y pérdida de identidad, a la cual se refiere Maceiras (2002, p.429).

Legitimación de las mediaciones sociales

En segundo lugar, nos dirá Maceiras (2008), que “las costumbres populares, formas de concebir la familia, roles y comportamientos, funciones sociales, etc., son, en gran medida, reflejo del simbolismo tradicional muy ligado a la literatura” (p.327) Que pueden actuar como un “impulso creativo, o pueden ejercer de reactivo para el anquilosamiento retrógrado. En ambos casos se muestra la eficacia subconsciente de los sistemas simbólicos, que legitiman unas formas y deslegitiman otras, dando lugar a lo culturalmente “normal” o “anormal”. (p.327)

Y concluye su pensamiento: “Si esto es más perceptible en el ámbito de las creencias, consideradas en su dimensión social, no lo es menos en el terreno de lo artístico y de lo puramente costumbrista.” (p.327)

Esta categoría descrita por nuestro académico, enmarcada en el ámbito de una pastoral eclesial, encuentra en la promoción de la hagiografía de hombres y mujeres virtuosos,  modelos de vida,  paradigmas perfectos. Quienes  practicaron la virtud en grado heroico siempre fueron propuestos por la Iglesia como síntesis ideal de perfección moral, dignos de ser imitados. En función del modelo por excelencia: Nuestro Señor Jesucristo.

Tales son de modo, escueto las profundas observaciones filosóficas de Manuel Maceiras Fabián. Sólo nos resta, concluir las presentes consideraciones.

Conclusión

A la manera de quien gira un caleidoscopio, hemos abordado en este trabajo tan sólo una de las tantas, variadas, ricas y sustanciosas facetas analizadas por el autor de Metamorfosis del Lenguaje. Indiscutiblemente  una obra de gran erudición y de alto quilate intelectual.

Como quedó consignado,  ante las brumosas perspectivas descritas por el autor, en uno de sus acápites (8.5.1),  la via pulchritudinis  se impone como una respuesta, entre otras posibles, ante la emergencia cultural de occidente.

El uso de un apropiado lenguaje simbólico acompañado de la belleza, tiene la fuerza de impacto capaz de provocar en el corazón del hombre un deseo de verum y de bonum. La Palabra, escrita u oral, a manera de un  código simbólico, cargada de brillo, rutilancia y esplendor posee la fascinación de despertar anhelos y sueños en el ser humano, sacándolo de su inmanencia egoísta y trivial, para abrirlo en una actitud de admiración al Ser Trascendente por excelencia, el Alfa y Omega de todas las cosas. Además, el encuentro con la belleza, como decía el entonces Cardenal Ratzinger, puede ser el dardo salvífico que alcanzando el alma, la hiere  y por la  herida  abierta, pueda encontrar  criterios de juicio y capacidad para valorar correctamente los argumentos en su encuentro con la verdad. (9)

La lectura de Metamorfosis del Lenguaje de Manuel Maceiras Fafián, parafraseando al Beato Juan Pablo II,  nos dio la oportunidad de internarnos desde una óptica filosófica, en el mundo de quienes con apasionada entrega buscan nuevas epifanías de la belleza en el ámbito literario y figurativo, sirviéndose de las infinitas posibilidades de las imágenes y de sus connotaciones simbólicas  para ofrecerlas al mundo a través de la creación artística.

Los hombres del siglo XXI necesitan urgentemente de la belleza para afrontar y superar los desafíos cruciales en los que se debate. Gracias a ella, en el pasado,  la humanidad  supo ponerse en pie y reanudar su camino después de cada extravío. Hoy, a casi diez años de haber iniciado el siglo XXI, no será diferente. Precisamente en este sentido se ha dicho, con profunda intuición, que “la belleza salvará al mundo”. (10)

Referencias

Benedicto XVI.  La secularizacion en la Iglesia desvitúa la fe cristiana y el estilo de vida de los creyentes, 5 de marzo de 2008. Obtenida el 5 de mayo de 2008 desde   http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/cultr/documents/rc_pc_cultr_doc_20000126_jp-ii_addresses-pccultr_sp.html#13

Cunha Pizzatto, T. La crisis de la enseñanza jurídica- La necesidad de una gran revolución. Obtenido el 4 de mayo de 2008 desde http://www.direitoempresarial.com.br/modules/artigos_rss/imprime_um_artigo.php?cod_artigo=51

Maceiras, M. Metamorfosis del Lenguaje. Madrid: Editorial Síntesis.

Notas

1. Cf. El protestantismo encarnación religiosa de la cosmovisión de la Edad Moderna, en Derisi O. Filosofía de la Cultura y de los Valores. Buenos Aires: Emecé Editores, 1962.

2. Solamente restringiéndonos al ámbito de la cultura, numerosos en este sentido y de alto vuelo intelectual son los discursos de S.S Juan Pablo II y más recientemente de su predecesor el Papa Bendicto XVI a los miembros del Consejo Pontificio de la Cultura disponibles en http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/cultr/documents/rc_pc_cultr_doc_20000126_jp-ii_addresses-pccultr_sp.html .

3. Ver el ilustrativo artículo: Euclides Guzmán, arquitecto y académico: “La docencia está en crisis”disponible en http://www.revistaca.cl/2006/04/euclides-guzman-arquitecto-y-academico-%E2%80%9Cla-docencia-esta-en-crisis%E2%80%9D/

4. Ver a este propósito el ensayo de Nancy Rosado Camacho:  Destrezas de pensamiento crítico. Disponible en http://ponce.inter.edu/cai/reserva/nrosado/pensamiento.htm La mencionada académica  describe desde su experiencia académica la carencia de sus alumnos en el ámbito que comentamos.

5. Ver el interesante trabajo de Kênia Aparecida dos Santos quien describe tal terminología comentando los resultados del mencionado examen de la OAB.  Disponible  en  http://www.unilavras.edu.br/cursos/graduacao/pedagogia/artigos/analfabetismo_funcional.pdf

6. Cf. Carta del santo Padre Juan Pablo II a los artistas- A los que con apasionada entrega

buscan nuevas “epifanías” de la belleza para ofrecerlas al mundo a través de la creación artística. 4 de abril de 1999. Disponible en  http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/1999/documents/hf_jp-ii_let_23041999_artists_sp.html

Sobre la via pulchritudinis ver el discurso de S.S. Juan Pablo II a los Miembros de las Academias Pontificias, Martes 9 de noviembre de 2004. Disponible en http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/2004/november/documents/hf_jp-ii_spe_20041109_pontifical-academies_sp.html Y la Audiencia General del 29 de septiembre de 2004. Disponible en: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/audiences/2004/documents/hf_jp-ii_aud_20040929_sp.html

7. Cf. Presentación del Compendio del Catecismo de la Iglesia Católica. Discurso de S.S. Benedicto XVI   Martes 28 de junio 2005. Disponible en http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2005/june/documents/hf_ben-xvi_spe_20050628_compendium_sp.htmlb

Ver además el discurso del entonces cardenal Joseph Ratzinger a los participantes en el «Meeting» de Rímini (Italia) celebrado del 24 al 30 de agosto de 2002 por iniciativa del movimiento eclesial Comunión y Liberación sobre el tema «La contemplación de la belleza».Disponible en http://sintesis.wordpress.com/2007/03/11/ratzinger-la-contemplacion-de-la-belleza/

8. Cf. La identidad católica de los centros culturales y los jóvenes en busca de la belleza que cautiva .Conferencia Inaugural del cardenal Paul Poupard, en el II Encuentro de responsable de centros culturales católicos del Cono Sur  (Salta, Argentina 14 de junio de 2005) disponible en http://aica.org/aica/documentos_files/Otros_Documentos/Varios/2005_06_14_Poupard.htm

Ver además,  La Via pulchritudinis, camino de evangelización y de diálogo. Documento final de la Asamblea Plenaria, 2006. Disponible en   http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/cultr/documents/rc_pc_cultr_doc_06121999_documents_sp.html

9.  Palabras pronunciadas en el ya citado  discurso (nota 7 arriba)  a los participantes en el «Meeting» de Rímini (Italia) celebrado del 24 al 30 de agosto de 2002 por iniciativa del movimiento eclesial Comunión y Liberación sobre el tema «La contemplación de la belleza».

10. Paráfrasis de los inspirados conceptos que S.S. Juan Pablo II vertió en su célebre  Carta  a los artistas- Ya referida en la nota 6. arriba. La feliz expresión “La Belleza salvará al Mundo” según lo cita el documento papal es de F. Dostoievski.

ago 132011
 

Autor: Pe. Leonardo Barraza, EP

Introducción

Dentro de las valiosas  reflexiones filosóficas donde se abordan aspectos antropológicos, psicológicos y filológicos en la obra Metamorfosis del Lenguaje del  pensador y académico, Manuel Maceiras Fafián, señalaremos algunas, que desde nuestra perspectiva,  consideramos dignas de ser mencionadas  por la actualidad de la temática  y la erudición del autor.

I.-   El hombre contemporáneo y el lenguaje

Considerando el  desarrollo  histórico de la humanidad,  para nadie es novedad que en nuestros tiempos,  existe una profunda crisis que perturba al mundo,  abarcando todas las actividades del ser humano. Ciertos autores  hablarán de un auténtico y verdadero proceso de decadencia instalado en la civilización occidental cristiana desde el Humanismo y el Renacimiento, el cual alcanzó su auge en el siglo XX. (1) Otros se referirán a amenazas insidiosas que en virtud de corrientes hedonistas exasperan en el hombre sus instintos y lo deslumbran con ilusiones de consumo indiscriminado. Muchos, casi como lugar común apuntan para una crisis cultural que afecta todos los dominios de la actividad del hombre, como son, la cultura, el arte, las leyes, las costumbres y las instituciones. (2)

Una vez que para Gadamer, “la esfera lingüística – según comenta Maceiras (2002)- es el horizonte de la hermenéutica propiamente filosófica, y remite a una ontología del lenguaje, que ve en él, no un instrumento, sino una de las manifestaciones más significativas del ser humano”, (pp.222-223)  no podía dejar de ser que la mencionada crisis, aflorase de modo particular en el hombre en cuanto sujeto hablante.

Dentro de esta perspectiva, nuestro autor, dedicará las últimas páginas de su obra para abordar un tema que incide profundamente en la temática de la Metamorfosis del Lenguaje: La comunicación en la sociedad tecnificada.

São Paulo, la ciudad mas populosa de América

São Paulo, la ciudad mas populosa de América

Una faceta  de esta crisis en la óptica de Manuel Maceiras Fafian

Maceiras en el capítulo 8.5. plantea los desafíos que impone la comunicación cibernética globalizadora del siglo XXI que “es hoy producto de consumo que prolifera con abrumadora y prodigiosa efectividad sobre individuos y sociedades, alcanzando sus efectos a la humanidad en su dimensión planetaria”. (p.428)

Para afirmar apoyado en reconocidos pensadores que:

En nuestra modernidad es una evidencia que los medios de comunicación, a través de una imponderable emisión de señales, sobre todo los que usan canales audiovisuales e informáticos, contribuyen a generar y sustentar prácticas, formas de vida, de pensamiento, de interacción social e intercambio, dando razón a Peirce, Lévi Strauss, Mc Luhan y Shannon. (p.429)

Tal fenómeno termina ejerciendo procesos adversos, los cuales con profundidad  intelectual Maceiras describirá:

Victoriosos sobre el espíritu, la innegable eficacia práctica de los medios en el dominio psíquico y en el ámbito familiar y social, ha inducido la rápida conclusión de endosar a su influencia los procesos de despersonalización, irresponsabilidad y pérdida de identidad, males crónicos del “hombre unidimensional” descrito por Marcuse ya en 1966…

…Este hombre sin fondo, exiliado de la Galaxia Gutemberg, de lectura, del libro y del reposo reflexivo, se topa con un yo vaciado incluso de pulsionalidad inconsciente, con un cerebro sometido a la fugacidad sustitutiva de informaciones e imágenes que, a juicio de la neurología actual, acelera el funcionamiento de sus capas y circuitos superficiales y ralentiza los más profundos, fomentando un tipo de pensamiento discontinuo, débil, discursivamente inconexo. (p.429)

Es una realidad. El fenómeno arriba descrito, ha terminado afectado al lenguaje tanto en su esfera de lo escrito como en su interlocución, de modo que éste viene sufriendo un progresivo y sostenido deterioro.

Desde diferentes disciplinas propias del quehacer cultural,  se denuncia una decadencia tanto en los aspectos lingüísticos, fonéticos,  gramaticales, ortográficos etc. Dicha decadencia, tal vez no sea exagerado afirmarlo,  asume características de catástrofe cultural si se considera el ámbito de las altas casas de estudio como son las universidades.

Constituyen legión en el mundo académico quienes  no dudan en calificar la actual situación de la educación superior como una grave crisis,  la cual, afirman,  es muy difícil  revertir. (3)

La experiencia demuestra  que los jóvenes más que nadie son poco propensos (para decir solo eso…)  a las exposiciones orales o escritas sobre temas de cualquier naturaleza: religiosos, filosóficos, científicos, literarios u  otros, por más atrayentes,  metódicos o claros que sean.

Cuando los exámenes  son manuscritos y no se puede copiar de Internet, el tema se vuelve candente. Es la hora de la verdad. Ahí el está el papel en blanco, el bolígrafo y en la mente, se supone, el tema a desarrollar. Muchas veces, las ideas cuando quedan estampadas, son  luego de un “parto con dolor” – para usar la gráfica expresión de Nancy Rosado Camacho (4). Los problemas más graves se dan en redacción y estilo. Así,  no es de extrañar que las innumerables, y a veces garrafales faltas ortográficas, constituyan, a la larga, una nimiedad.

Ilustrativo es el hecho que sucede año a año en la Orden de los Abogados de Brasil (OAB). La entidad, la  máxima representante de tales profesionales en el país con más habitantes de Latinoamérica, exige a los alumnos recién egresados,  un examen de redacción y ortografía para autorizar el ejercicio de la profesión. Según el artículo que disponemos, con el sugestivo título: “La crisis de la enseñanza jurídica- La necesidad de una gran revolución,” de Cunha Pizzatto, (s.f), el porcentaje de reprobación es alto: 70% en todo el país. El Presidente de la OAB, Roberto Busato, afirma:

El bajo índice de aprobación en el examen de la OAB se debe al hecho no sólo de la falta de conocimiento técnico al respecto del Derecho, sino también a un problema aún más preocupante: la mala formación del joven profesional. Errores graves de concordancia verbal y nominal, acentuación, ortografía, dificultades de expresión y falta de organización de ideas, son algunos de los problemas más comunes de los licenciados en Derecho.

Surge así  y se proyecta en el mundo universitario el término  “analfabetos funcionales” para referirse a tal tipo de alumnado. (5)

Por otra parte, a la par de esta decadencia en el lenguaje escrito, no se exige más decoro en la pronunciación y el uso de vocabulario queda restringido a unas pocas palabras. Muchas veces imponiéndose expresiones guturales u onomatopéyicas.

Maceiras (2002), siguiendo su juiciosa exposición será taxativo:

La proliferación informativa  se desarrolla en forma de “video clip” y dosifica en  “migajas”, cultivo de la atención a lo momentáneo e inconsistente y fomento de personalidades incoherentes, incluso esquizofrénicas, tan prolíficas en nuestra actualidad. (p.429)

Para concluir de modo lapidario:

En fin, los seres humanos somos súbditos de una cultura de masas cosmopolita que despersonaliza, elimina las diferencias y las creencias, genera permanente inestabilidad en el saber e introduce la confusión entre conocimiento, ciencia e información. (pp. 429-430)

Es interesante constatar como esta faceta de la crisis apuntada por nuestro autor,   se armoniza plenamente con la óptica del actual Papa Benedicto XVI. En efecto, las nuevas tecnologías, la concreción de una cultura cosmopolita, que despersonaliza, llevando a una irresponsabilidad y pérdida de identidad de “este ser en el mundo… [que] es sapiens o inteligente porque habla, o habla porque es inteligente” (Macerias, 2002, p.15), desde una perspectiva eclesial, valórica o ética,  lleva a tomar actitudes de atento discernimiento pues, lejos de enriquecer al hombre poco a poco lo van empobreciendo espiritualmente. La consecuencia capital de este fenómeno,  ha sido que el hombre del siglo XXI, según Benedicto XVI (2008): “Tiene la impresión de que no necesita a nadie para comprender, explicar y dominar el universo; se siente el centro de todo, la medida de todo.” (párrafo 7).

Y sobre la misma temática abordada por Maceiras, pero no ya desde una perspectiva antropológica cultural  sino más bien filosófica y teológica, el Santo Padre, en el documento arriba citado,  acrecentará:

Más recientemente, la globalización, por medio de las nuevas tecnologías de la información, con frecuencia ha tenido también como resultado la difusión de muchos componentes materialistas e individualistas de Occidente en todas las culturas. Cada vez más la fórmula etsi Deus non daretur se convierte en un modo de vivir, cuyo origen es una especie de «soberbia» de la razón —realidad también creada y amada por Dios— la cual se considera a sí misma suficiente y se cierra a la contemplación y a la búsqueda de una Verdad que la supera.  La luz de la razón, exaltada, pero en realidad empobrecida por la Ilustración, sustituye radicalmente a la luz de la fe, la luz de Dios (cf. Discurso preparado para el encuentro con la Universidad de Roma “La Sapienza”, 17 de enero de 2008: L´ Osservatore Romano, edición en lengua española, 25 de enero de 2008, p.4)  (párrafos 8-9)

En esta enmarañada problemática, Maceiras (2002) tiene el mérito de señalar un aspecto poco observado y raramente enunciado por el común de los intelectuales:

Constreñido a ocupar un lugar en este contexto, el peor agravio que el consumo y los medios han infligido al ser humano no es hacerle esclavo de tan creciente tecnificación, sino haberle sustraído la conciencia de serlo, convirtiendo en insuperable tan inexorable alineación, despojada de espacio para la ruptura psíquica, espiritual o revolucionaria (p.430)

No cabe duda. La actual situación de esclavitud-técnico-dependiente, valga la redundancia, del hombre contemporáneo, sin conciencia de serlo, constituye un gran desafío para la Iglesia en este inicio de siglo XXI. El Santo Padre en el discurso arriba citado lo dirá con estas palabras:

Grandes son, por tanto, los desafíos que debe afrontar en este ámbito la misión de la Iglesia. Así, resulta sumamente importante el compromiso del Consejo Pontificio de la Cultura con vistas a un diálogo fecundo entre ciencia y fe. La Iglesia espera mucho de este confrontarse recíprocamente, pero también la comunidad científica, y os animo a proseguirlo. (párrafo 9)

Maceiras (2002), por su parte, finalizará su exposición con palabras que asumen un tono profético, para nada triviales:

La historia humana, si no toca a su fin, sólo puede esperar un futuro saturado de incertidumbres, añadidas a las expectativas no exentas  de ambigüedad que pueden derivarse de la profunda ambivalencia de la propia tecnociencia que introdujo en el mundo poderes que pueden concurrir tanto a fomentar la libertad y la sensibilidad, cuanto a trastocar la propia vida humana y comprometer su futuro. (p.430)

(Continua no próximo post)