set 262011
 

Jesu Decus Angélicum

Iesu Decus Angelicum (Gregoriano) Para ouvir ou baixar.

1) Jesu decus angélicum, In aure dulce cánticum,

In ore mel miríficum, In corde néctar caélicum.

2) Qui te gustant esúriunt, Qui bibunt adhuc sítiunt:

Desideráre nésciunt, Nisi Jesum, quem díligunt.

3) O Jesu mi dulcíssime, Spes suspirántes ánimae,

Te quaérunt pie lácrimae, Te clamor mentis íntimae.

4) Mane nobíscum, Dómine, Et nos illústra lúmine,

Pulsa mentis calígine, Mundum reple dulcédine.

5) Jesu, flos Matris Vírginis, Amor nostrae dulcédinis,

Tibi laus, honor nóminis, Regnum beatitúdinis.  Amen.

.oOo.

Tradução portuguesa: Jesus, Glória dos Anjos

1) Jesus, glória dos Anjos, harmonia doce a nossos ouvidos,

mel admirável em nossos lábios, néctar celeste para nosso coração.

2) Aqueles que Vos saboreiam têm ainda mais fome,

os que Vos bebem ainda mais sêde têm;eles não sabem desejar a senão Jesus, a quem amam.

3) Ó meu dulcíssimo Jesus, esperança da alma que suspira,

nossas lágrimas piedosas imploram por Vós, o clamor íntimo de nosso coração vos chama.

4) Ficai conosco, Senhor!  Com Vossa luz, iluminai-nos;

expulsai de nossa alma as trevas; enchei com Vossa doçura o mundo.

5) Jesus, flor da Virgem Maria, doçura de nosso amor,

a Vós o louvor, a honra de um glorioso nome, o reino da beatitude.  Amém.

Senhor Santo Cristo dos Milagres, Canadá (Foto: Gustavo Kralj)

Senhor Santo Cristo dos Milagres, Canadá (Foto: Gustavo Kralj)

set 222011
 

Compartilhamos a sequência de orações do Rosário de Nossa Senhora com os mistérios em latim e português. A fim de que o leitor de Praecones Latine esteja mais ciente dos benefícios da recitação do terço segue abaixo um artigo da Revista Arautos do Evangelho.

Rosário em latim e português

São Domingos recebe o Rosário de Nossa Senhora, Catedral de Belém do Pará, Brasil

São Domingos recebe o Rosário de Nossa Senhora, Catedral de Belém do Pará, Brasil

Em Português (lusitane) Em Latim (latine)
Início Initium
Sinal da Cruz

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amén

Signum Crucis

In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti. Amen.

Símbolo dos Apóstolos

Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;  padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

Symbolum Apostolorum

Credo in Deum Patrem omnipotentem, Creatorem caeli et terrae. Et in Iesum Christum, Filium eius unicum, Dominum nostrum, qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria  Virgine, passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus, et sepultus, descendit ad inferos, tertia die resurrexit a mortuis, ascendit ad caelos, sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis, inde venturus est iudicare vivos et mortuos. Credo in Spiritum Sanctum, sanctam Ecclesiam catholicam, sanctorum communionem, remissionem peccatorum, carnis resurrectionem, vitam aeternam. Amen.

Nas contas maiores:

Oração dominical

Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, vem a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, não nos deixei cair em tentação as livrai-nos do mal. Amém.

Ad grana maiora:

Oratio Dominica

Pater noster, qui es in caelis, sanctificetur nomen tuum. Adveniat regnum tuum. Fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra. Panem nostrum quotidianum da nobis hodie, et dimitte nobis debita nostra sicut et nos dimittimus debitoribus nostris. Et ne nos inducas in tentationem, sed libera nos a malo. Amen.

Nas contas menores:

Ave Maria

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

Ad grana minora:

Ave Maria

Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum. Benedicta tu in mulieribus, et benedictus fructus ventris tui, Iesus. Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus, nunc, et in hora mortis nostrae. Amen.

Ao final de cada dezena:

Glória ao Pai

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre, Amém.

Ad finem decadum:

Doxologia Minor

GLORIA Patri, et Filio, et Spiritui Sancto. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

Ó meu Jesus

Ó, Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém

Oratio Fatima

O Iesu mi, dimitte nobis debita nostra, libera nos ab igne in- ferni, conduc in caelum omnes animas, praesertim illas quae maxime indigent misericordia tua.

Meditações do Rosário

Nas segundas e sábados

I. Mistérios gozosos

1o. Mistério – A anunciação do Anjo a Maria

2o. Mistério – A visita de Maria a sua prima Isabel

3o. Mistério – O Nascimento de Jesus

4o. Mistério – A apresentação de Jesus no Templo

5o. Mistério – A perda e o reencontro do menino Jesus em Jerusalém

Meditationes Rosarii

In feria secunda et sabbato

I. Mysteria Gaudiosa

1. Quem, Virgo, concepisti. [Mt

1:18, Lc 1:26-38]

2. Quem visitando Elisabeth

portasti. [Lc 1:39-45]

3. Quem, Virgo, genuisti. [Lc

2:6-12]

4. Quem in templo praesentasti.

[Lc 2:25-32]

5. Quem in templo invenisti. [Lc

2:41-50]

Quintas-feiras

II. Mistérios Luminosos

1o. Mistério – O Batismo no rio Jordão

2o. Mistério – A auto-revelação nas Bodas de Caná

3o. Mistério – O anúncio do Reino com o convite à conversão

4o. Mistério – A transfiguração no Monte Tabor

5o. Mistério – A instituição da Eucaristia

In feria quinta

II. Mysteria Luminosa

1. Qui apud Iordanem baptiza-

tus est. [Mt 3:13, Mc 1:9, Jn 1:29]

2. Qui ipsum revelavit apud Ca-

nense matrimonium. [In 2:1-11]

3. Qui Regnum Dei annuntiavit.

[Mc 1:15, Lc 10:8-11]

4. Qui transfiguratus est. [Mt

17:1-8, Mc 9:2-9]

5. Qui Eucharistiam instituit.[In

6:27-59, Mt 26:26-29, Mc 14:22-

24, Lc 22:15-20]

Terças e Sextas-feiras

III. Mistérios Dolorosos

1o. Mistério – A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras

2o. Mistério – A flagelação de Jesus atado à coluna

3o. Mistério – A coroação de espinhos

4o. Mistério – Jesus carrega a Cruz para o Calvário

5o. Mistério – Crucificação, sofrimento e morte de Jesus

In feria tertia et feria sexta

III. Mysteria dolorosa

1. Qui pro nobis sanguinem su-

davit. [Lc 22:39-46]

2. Qui pro nobis flagellatus est.

[Mt 27:26, Mc 15:6-15, In 19:1]

3. Qui pro nobis spinis corona-

tus est. [In 19:1-8]

4. Qui pro nobis crucem baiula-

vit. [In 19:16-22]

5. Qui pro nobis crucifixus est.

[In 19:25-30]

Quartas e Domingos

IV. Mistérios Gloriosos

1o. Mistério – A Ressurreição de Jesus

2o. Mistério – A Ascensão de Jesus ao Céu

3o. Mistério – A descida do Espírito Santo sobre os apóstolos

4o. Mistério – A assunção de Maria ao Céu

5o. Mistério – A coroação de Maria como Rainha do Céu

In feria quarta et Dominica

IV. Mysteria gloriosa

1. Qui resurrexit a mortuis. [Mc

16:1-7]

2. Qui in caelum ascendit. [Lc

24:46-53]

3. Qui Spiritum Sanctum misit.

[Acta 2:1-7]

4. Qui te assumpsit. [Ps 16:10]

5. Qui te in caelis coronavit.

[Apoc 12:1]

Orações para dizer no fim do rosário:

Salve, Rainha, Mãe misericordiosa, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva.  A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre,  ó clemente, ó piedosa,  ó doce sempre Virgem Maria. Amém.

V. Rogais por nós Santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Orationes ad Finem Rosarii Dicendae:

Salve, Regina, matermisericordiae, vita, dulcedo, et spes nostra, salve. Ad te clamamus exsules filii Hevae. Ad te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle. Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos  misericordes oculos ad nos converte. Et Iesum,  benedictum fructum ventris tui, nobis post hoc exsilium ostende. O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria. Amen.

V. Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix.

R. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Ao fim do rosário reza-se a Ladainha de Nossa Senhora:

Ladainha de Nossa Senhora

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai Celeste que sois Deus, tende piedade de nós.

Filho Redentor do mundo que sois Deus, tende piedade de nós.

Espírito Santo que sois Deus, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós

Santa Maria, rogai por nós.

Santa Mãe de Deus,

Santa Virgem das virgens,

Mãe de Jesus Cristo,

Mãe da Igreja,

Mãe da divina graça,

Mãe puríssima,

Mãe castíssima,

Mãe Imaculada,

Mãe intemerata,

Mãe amável,

Mãe admirável,

Mãe do bom conselho,

Mãe do Criador,

Mãe do Salvador,

Virgem prudentíssima,

Virgem venerável,

Virgem louvável,

Virgem poderosa,

Virgem clemente,

Virgem fiel,

Espelho de justiça,

Sede da sabedoria,

Causa da nossa alegria,

Vaso espiritual,

Vaso digno de honra,

Vaso insigne de devoção,

Rosa mística,

Torre de David,

Torre de marfim,

Casa de ouro,

Arca da aliança,

Porta do Céu,

Estrela da manhã,

Saúde dos enfermos,

Refúgio dos pecadores,

Consoladora dos aflitos,

Auxílio dos cristãos,

Rainha dos Anjos,

Rainha dos Patriarcas,

Rainha dos Profetas,

Rainha dos Apóstolos,

Rainha dos Mártires,

Rainha dos Confessores,

Rainha das Virgens,

Rainha de todos os santos,

Rainha concebida sem pecado original,

Rainha assunta ao Céu,

Rainha do sacratíssimo Rosário,

Rainha da família,

Rainha da Paz,

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V/ Rogai por nós, santa Mãe de Deus.

R/ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos. Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos Vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da tristeza do século e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

In finem Rosarii dicitur Litaniae Laurtanae:

Litaniae Lauretanae

Kyrie, eleison.

Christe, eleison.

Kyrie, eleison.

Christe, audi nos.

Christe, exaudi nos.

Pater de caelis, Deus, miserere nobis.

Fili, Redemptor mundi, Deus,  miserere nobis.

Spiritus Sancte Deus, miserere nobis.

Sancta Trinitas, unus Deus, miserere nobis.

Sancta Maria,

Sancta Dei Genetrix,

Sancta Virgo virginum,

Mater Christi,

Mater Ecclesiae,

Mater Divinae gratiae,

Mater purissima,

Mater castissima,

Mater inviolata,

Mater intemerata,

Mater amabilis,

Mater admirabilis,

Mater boni Consilii,

Mater Creatoris,

Mater Salvatoris,

Virgo prudentissima,

Virgo veneranda,

Virgo praedicanda,

Virgo potens,

Virgo clemens,

Virgo fidelis,

Speculum iustitiae,

Sedes sapientiae,

Causa nostrae laetitiae,

Vas spirituale,

Vas honorabile,

Vas insigne devotionis,

Rosa mystica,

Turris Davidica,

Turris eburnea,

Domus aurea,

Foederis arca,

Ianua caeli,

Stella matutina,

Salus infirmorum,

Refugium peccatorum,

Consolatrix afflictorum,

Auxilium Christianorum,

Regina Angelorum,

Regina Patriarcharum,

Regina Prophetarum,

Regina Apostolorum,

Regina Martyrum,

Regina Confessorum,

Regina Virginum,

Regina Sanctorum omnium,

Regina sine labe originali concepta,

Regina in caelum assumpta,

Regina Sanctissimi Rosarii,

Regina familiae,

Regina pacis,

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis, Domine.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,  exaudi nobis, Domine.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,  miserere nobis.

V. Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix,

R. Ut digni efficiamur  promissionibus Christi.

Oremus. Concede nos famulos tuos, quaesumus, Domine Deus, perpetua mentis et corporis sanitate gaudere: et gloriosa beatae Mariae semper Virginis intercessione, a praesenti liberari tristitia, et aeterna perfrui laetitia. Per Christum Dominum nostrum. Amen.

Origem e benefícios do Rosário

O Rosário, meio fácil e seguro de salvação

“Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus (…) Não te deixaremos nunca mais!” Esta exclamação do Papa João Paulo II constitui o fecho de ouro de uma esplendorosa cerimônia em homenagem ao santo Rosário, realizada pelos Arautos do Evangelho na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em São Paulo, no dia 15 de agosto último. O texto abaixo foi proclamado ao longo da cerimônia, entremeado por peças musicais executadas pelo Coro e Orquestra Internacional dos Arautos.

Por especial desígnio da infinita misericórdia de Deus, Maria Santíssima revelou ao grande São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos, um meio fácil e seguro de salvação: o santo Rosário.

Sempre que os homens o utilizam, tudo floresce na Igreja, na terra passa a reinar a paz, as famílias vivem em concórdia e os corações são abrasados de amor a Deus e ao próximo.

Quando dele se esquecem, as desgraças se multiplicam, implanta-se a discórdia nos lares, o caos se estabelece no mundo…

A Ave-Maria, base do Novo Testamento

São Domingos viveu numa época de grandes tribulações para a Igreja. A terrível heresia dos albigenses se espalhara no sul da França e ameaçava toda a Europa. A profunda corrupção moral dela decorrente abalava os fundamentos da própria sociedade temporal.

Por meio de ardorosas pregações, durante anos tentou ele reconduzir ao seio da Igreja aqueles infelizes que se tinham desviado da verdade. Mas suas eloqüentes e inflamadas palavras não conseguiam penetrar aqueles corações empedernidos e entregues aos vícios.

O Santo intensificou suas orações… Aumentou suas penitências… Fundou um instituto religioso para acolher os convertidos… De pouco ou nada adiantaram seus esforços. As conversões eram poucas e de efêmera duração.

O que fazer?

Certo dia, decidido a arrancar de Deus graças superabundantes para mover à conversão aquelas almas, Frei Domingos entrou numa floresta perto de Toulouse e entregou-se à oração e à penitência, disposto a não sair dali sem obter do Céu uma resposta favorável.

Após três dias e três noites de incessantes súplicas, quando as forças físicas já quase o abandonavam, apareceu-lhe a Virgem Maria, dizendo com inefável suavidade:

— Meu querido Domingos, sabes de que meio se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?

— Senhora, sabeis melhor do que eu, porque, depois de vosso Filho Jesus Cristo, fostes Vós o principal instrumento de nossa salvação.

— Eu te digo, então, que o instrumento mais importante foi a Saudação Angélica, a Ave-Maria, que é o fundamento do Novo Testamento. E, portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu Rosário.

Raios e trovões para reforçar a pregação

Com novo ânimo, o zeloso Dominicano dirigiu-se imediatamente à Catedral de Toulouse, para fazer uma pregação. Mal ele transpôs a porta do templo, os sinos começaram a repicar, por obra dos anjos, para reunir os habitantes da cidade.

Assim que ele começou a falar, nuvens espessas cobriram o céu e desabou uma terrível tempestade, com raios e trovões, agravada por um apavorante tremor de terra.

O pavor dos assistentes aumentou quando uma imagem de Nossa Senhora, situada em local bem visível, levantou os braços três vezes para pedir a Deus vingança contra eles, se não se convertessem e pedissem a proteção de sua Santíssima Mãe.

O santo Pregador implorou a misericórdia de Deus, e a tempestade cessou, permitindo-lhe falar com toda calma sobre as maravilhas do Rosário.

Os habitantes de Toulouse arrependeram-se de seus pecados, abandonaram o erro, e começaram a rezar o Rosário. Em conseqüência, grande foi a mudança dos costumes nessa cidade.

A partir de então, São Domingos, em seus sermões, passou a pregar a devoção ao Rosário, convidando seus ouvintes a rezá-lo com fervor todos os dias. Assim, obteve que a misericórdia de Nossa Senhora envolvesse as almas e as transformasse profundamente.

Maria foi a verdadeira vencedora dos erros dos albigenses.

Um sermão escrito pela Santíssima Virgem

Relata o Beato Alano uma aparição de São Domingos, na qual este lhe narrou o seguinte episódio:

Rezando o Rosário, estava ele preparando-se para fazer na Catedral de Notre Dame de Paris um sermão sobre São João Evangelista. Apareceu-lhe então Nossa Senhora e lhe entregou um pergaminho, dizendo: “Domingos, por melhor que seja o sermão que decidiste pregar, trago aqui outro melhor”.

Muito contente, leu o pergaminho, agradeceu de todo coração a Maria e se dirigiu ao púlpito para começar a pregação. Diante dele estavam os professores e alunos da Universidade de Paris, além de grande número de pessoas de importância.

Sobre o Apóstolo São João, apenas afirmou o quanto este merecera ter sido escolhido para guardião da Rainha do Céu. Em seguida, acrescentou: “Senhores e mestres ilustres, estais acostumados a ouvir sermões elegantes e sábios, porém, eu não quero dirigir-vos as doutas palavras da sabedoria humana, mas mostrar-vos o Espírito de Deus e sua virtude”.

E então São Domingos passou a explicar a Ave-Maria, como lhe tinha ensinado Nossa Senhora, comovendo assim, profundamente, aquele auditório de homens cultos.

O Beato Alano de la Roche

As próprias graças e milagres concedidos por Deus através da recitação do Rosário encarregaram-se de propagá-lo por toda parte, tornando-se esta a devoção mais querida dos fiéis cristãos.

Enquanto ela foi praticada, a piedade florescia nas Ordens religiosas e no mundo católico.

Mas, cem anos depois de ter sido divulgada por São Domingos, já ela havia caído quase no esquecimento. Como conseqüência, multiplicaram-se os males sobre a Cristandade: a peste negra devastou a Europa, dizimando um terço da população, surgiram novas heresias, a Guerra dos Cem Anos espalhou desordens por toda parte, e o Grande Cisma do Ocidente dividiu a Igreja durante longo período.

Para atalhar o mal e, sobretudo, preparar a Igreja para enfrentar os embates futuros, suscitou Deus o Beato Alano de la Roche, da Ordem Dominicana, com a missão de restaurar o antigo fervor pelo Rosário.

Um dia em que ele celebrava Missa, em 1460, perguntou-lhe Nosso Senhor: “Por que me crucificas tu de novo? E me crucificas, não só por teus pecados, mas ainda porque sabes quanto é necessário pregar o Rosário e assim desviar muitas almas do pecado. Se não o fazes, és culpado dos pecados que elas cometem”.

A partir de então, o Beato Alano tornou-se um incansável divulgador desta devoção, e assim converteu grande número de almas.

Fator decisivo de grandes vitórias

Foi, sobretudo, nos momentos de grandes perigos e provações para a Igreja, que o Rosário teve um papel decisivo, propiciou a perseverança dos católicos na Fé e levantou uma barreira contra o mal.

Ao ver a Europa ameaçada pelos exércitos do império otomano, que avançavam por mar e por terra, devastando tudo e perseguindo os cristãos, o Papa São Pio V mandou rezar o Rosário em toda a Cristandade, implorando a proteção de Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, com o auxílio da Espanha e de Veneza, reuniu uma esquadra no Mar Mediterrâneo para defender os países católicos.

A sete de outubro de 1571, a frota católica encontrou a poderosa esquadra otomana no golfo de Lepanto. E apesar da superioridade numérica do adversário, os cristãos saíram triunfantes, afastando definitivamente o risco de uma invasão.

Antes de travar-se o combate, todos os soldados e marinheiros católicos rezaram o Rosário com grande devoção. A vitória, que parecia quase impossível, deveu-se à proteção da Virgem Santíssima, a qual — segundo testemunho dado pelos próprios muçulmanos — apareceu durante a batalha, infundindo-lhes grande terror.

No século XVIII, para comemorar a vitória do Príncipe Eugênio de Saboya sobre o exército otomano, devida também à eficácia do Rosário, o Papa Clemente XI ordenou que a festa de Nossa Senhora do Rosário fosse celebrada universalmente.

São Luís Grignion de Montfort

A Igreja seria ainda sacudida por muitas tempestades.

Visando fortalecer seus filhos e prepará-los para suportar as grandes provações futuras, suscitou Deus uma alma de fogo com a missão de reacender a chama da devoção ao Rosário, o qual mais uma vez tinha caído no esquecimento.

São Luís Maria Grignion de Montfort, o grande doutor da devoção à Mãe de Deus, exerceu sua missão profética um século antes da Revolução Francesa. As regiões nas quais se deram ouvidos à sua pregação foram as que melhor resistiram aos erros de sua época e conservaram íntegra a Fé.

Fátima, 1917:
“Sou a Senhora do Rosário”

Já no século XX, quando a Primeira Guerra Mundial estava em seu auge, Nossa Senhora veio, Ela mesma, em pessoa, lembrar aos homens que a solução para seus males estava ao alcance das mãos, nas contas do Rosário: “Rezai o Terço todos os dias para alcançar a paz e o fim da guerra”, repetiu Ela maternalmente aos três pastorzinhos, em Fátima.

Na última aparição, em outubro de 1917, a Virgem Maria disse quem era: “Sou a Senhora do Rosário”. E para atestar a autenticidade das aparições e a importância do Rosário, operou um milagre de grandeza nunca vista, presenciado pela multidão de 70.000 pessoas que estavam no local: o sol girou no céu, ao meio-dia, parecendo precipitar-se sobre a terra, retomando depois sua posição habitual no firmamento.

Milagres dessa magnitude, só no Antigo Testamento encontramos. Mas nem assim o mundo deu ouvidos à Mãe de Deus. E nunca se abateram sobre a Terra tantas desgraças, nunca houve tantas guerras, nunca a desagregação moral chegou tão baixo.

Entretanto, o meio de obter a paz para o mundo, para as famílias, para os corações, continua ao alcance de nossas mãos, nas contas benditas do Rosário, que Maria Santíssima trazia suspenso de seu braço quando apareceu em Fátima.

Salvou-se porque levava o Terço à cintura

Não é possível expressar quanto a Santíssima Virgem estima o Rosário sobre todas as demais devoções, e como é generosa em recompensar os que trabalham para divulgá-lo.

Conta São Luís de Montfort o caso de Afonso IX, Rei de León, a quem Nossa Senhora protegeu particularmente, pelo simples fato de portar o Rosário à cintura.

Desejando que os seus súditos honrassem a Santíssima Virgem, e para animá-los com seu exemplo, ocorreu a esse monarca portar ostensivamente um grande Rosário, ainda que não o rezasse.

Isto bastou para incentivar os seus cortesãos a rezá-lo devotamente.

Algum tempo depois, o rei ficou às portas da morte, acometido por uma grave enfermidade. Foi então transportado em espírito ao tribunal de Deus, onde os demônios o acusaram de todos os seus crimes. E quando ia ser condenado às penas eternas, apresentou-se em sua defesa a Santíssima Virgem diante de Jesus.

Num prato da balança, foram colocados os pecados do Rei. No outro, a Virgem Maria colocou o grande Rosário que ele portara em honra d’Ela, juntamente com os Rosários que, devido ao seu exemplo, haviam rezado outras pessoas, e estes pesavam mais que todos os pecados por ele cometidos.

Depois, Maria Santíssima, olhando com misericórdia para o Rei, disse: “Consegui de meu Filho, como recompensa pelo pequeno serviço que Me fizeste, levando à cintura o Rosário, o prolongamento de tua vida por mais uns anos. Emprega-os bem, e faz penitência”.

Voltando a si, o rei exclamou: “Oh! Bendito Rosário da Santíssima Virgem, por ele é que fui livre da condenação eterna!” E, recuperando a saúde, passou a rezar o Rosário todos os dias até o fim da vida.

A palavra do Papa, porta-voz de Jesus

“O Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria (…) para que Ela nos eduque e nos plasme até que Cristo esteja formado em nós plenamente” — ensina o Papa João Paulo II. E acrescenta: “Nunca, como no Rosário, o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo”.

Recordemos suas inspiradas palavras na Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariæ”:

“O Rosário acompanhou-me nos momentos de alegria e nas provações. A ele confiei tantas preocupações; nele encontrei sempre conforto. O Rosário é minha oração predileta. Oração maravilhosa!

“Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral!

“Não te deixaremos nunca mais!

“Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último ósculo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em toda parte, hoje e sempre, na terra e no Céu. Amém.”

Nunca deixe de rezá-lo!

Sim, acatando fielmente essa exortação do Papa, nunca deixe de rezar o Rosário, sob pretexto de ter muitas distrações involuntárias, falta de gosto em rezá-lo, muito cansaço, insuficiência de tempo, ou qualquer outro. Para rezar bem o Rosário, não é necessário sentir gosto, ter consolações, nem conseguir uma aplicação contínua da imaginação. Bastam a fé pura e a boa intenção.

E veja quantos benefícios nos proporciona a recitação do Rosário!

• Eleva-nos ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo.

• Purifica nossas almas do pecado.

• Faz-nos vitoriosos contra todos os nossos inimigos.

• Torna-nos fácil a prática das virtudes.

• Abrasa-nos no amor de Jesus Cristo.

• Enriquece-nos de graças e méritos.

• Fornece-nos os meios de pagar todas as nossas dívidas com Deus e com os homens.

A tudo isso, acrescenta São Luís Maria Grignion de Montfort:

— “Ainda que te encontres à beira do abismo ou já com um pé no inferno, ainda que estejas endurecido e obstinado como um demônio, cedo ou tarde te converterás e salvarás, contanto que rezes devotamente todos os dias o santo Rosário, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de teus pecados”.

(Revista Arautos do Evangelho, n. 34, outubro de 2004)

ago 222011
 

Uma imagem que não tem preço…

Sabia_pintainhos_ave_passaro_filhote_femea_mae_pai_cria

Apesar de não serem dotados de razão e, portanto, incapazes de entender uma doutrina, os animais aprendem como se tivessem uma escola de ensino. Há entre eles um forte relacionamento instintivo, pelo qual uns transferem aos outros as experiências adquiridas.
Por exemplo, num determinado momento, a águia começa treinar seus filhotes a lançarem-se nas primeiras tentativas de vôo; a leoa transmite à sua cria lições práticas de caça; e os insetos são alvo do instinto materno da galinha, quando estimula seus pintainhos a encontrar alimentos.
Num plano superior, isto ocorre também com o homem, ser inteligente e possuidor de um nobre instinto de sociabilidade. No colo da mãe, a criança recebe as primeiras lições: no modo de ser abraçada, beijada, acariciada… ela vai adquirindo as primeiras noções sobre o convívio social. Depois, no trato com os irmãos e parentes mais próximos, observando seus modos e costumes, ela assimilará o estilo próprio à sua família. E só muito mais tarde chegará a ocasião propícia para uma formação doutrinária e metódica.
Assim também procedeu Jesus com seus Apóstolos e com seu povo. Ele mesmo se comparou às aves para nos mostrar todo o seu amor: “quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas” (Mt 23, 37).

(Mons. João Scognamiglio Clá Dias. O Sermão da Montanha. Comentário ao Evangelho do 6º domingo do tempo comum. Revista Arautos do Evangelho. n. 25. fev. 2004. p. 7).

ago 172011
 

O canto gregoriano está intimamente ligado à língua da antiga ­Roma, e não apenas pela sua origem histórica. Muitos estudiosos defendem que suas melodias provêm da extensão do acento das palavras latinas. Daí a grande dificuldade em vertê-lo para outros idiomas, pois nem sempre se consegue fazer coincidir os acentos melódicos com os idiomáticos.

Mont Saint-Michael_France_França

François-René de Chateaubriand, famoso escritor francês do século XIX, mostra, em uma de suas obras mais conhecidas, a riqueza ­expressiva do latim e sua perfeita adaptação ao culto divino: “Cremos que uma língua anciã e misteriosa, uma língua que os séculos não alteram, assaz convinha ao culto do Ser eterno, incompreensível, imutável. E, pois que o pungir de nossas dores nos força a erguer ao Rei dos reis suplicante voz, não é natural que se Lhe fale no mais gentil idioma da Terra, naquele mesmo de que usavam as nações prostradas quando elevavam aos Césares as suas deprecações? Além disso — e notável coisa é! — as orações em latim parecem duplicar o sentimento religioso das multidões” (CHATEAUBRIAND. François-René de. Génie du christianisme, Quatrième Partie – Culte, l. 1, c. 3.)

Daí que, entre outras razões, o Concílio Vaticano II recomende, na Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia: “Zele-se, todavia, para que os fiéis cristãos possam ao mesmo tempo recitar ou cantar também em língua latina as partes do Ordinário da Missa que lhes dizem respeito” (Sacrosanctum Concilium, n. 54).

(Revista Arautos do Evangelho)

ago 152011
 

Provérbios Latinos (Parte I, A-E)

A sabedoria popular soube cunhar breves ditados que exprimem grandes realidades. Todas as línguas e culturas possuem os seus adágios que refletem a riqueza e as peculiaridades do povo, mas o latim em especial, possui provérbios sintéticos e profundos cujo uso atravessa os séculos. Conforme o pedido de alguns leitores de Praecones Latine oferecemos aos leitores uma seleção dos 60 mais famosos provérbios latinos com uma singela explicação de seu uso e significado.

Aquila non capit muscas

Aquila non capit muscas

1. Abusus non tollit usum: O abuso não impede o uso. Princípio segundo o qual se pode usar de uma coisa boa em si, mesmo quando outros usam dela abusivamente.
2. Ad maiorem Dei gloriam: Para maior glória de Deus. Lema da Companhia de Jesus, usado pelos jesuítas pelas iniciais A. M. D. G.
3. Age quod agis: Faze o que fazes. Presta atenção no que fazes; concentra-te no teu trabalho.
4. Alea iacta est: A sorte foi lançada. Palavras atribuídas a César, quando passou o Rio Rubicão, contrariando as ordens do Senado Romano.
5. Amicus certus in re incerta cernitur: O amigo certo se manifesta na ocasião incerta.
6. Aquila non capit muscas: A águia não apanha moscas. Uma pessoa de espírito superior não se preocupa com ninharias.
7. Arcus nimis intensus rumpitur: O arco muito retesado parte-se. O rigor excessivo conduz a resultados desastrosos.
8. Asinus asinum fricat: Um burro coça outro burro. Diz-se de pessoas sem merecimento que se elogiam mutuamente e com exagero.
9. Audaces fortuna iuvat: A fortuna ajuda os audazes. O bom êxito depende de deliberações arriscadas.
10. Carpe diem: Aproveita o dia. (Aviso para que não desperdicemos o tempo). Horácio dirigia este conselho aos epicuristas e gozadores.
11. Consuetudo consuetudine vincitur: Um costume é vencido por outro costume. Princípio de Tomás de Kempis segundo o qual os maus hábitos podem ser eficazmente combatidos por outros que lhes sejam contrários.
12. Consuetudo est altera natura: O hábito é uma segunda natureza. Aforismo de Aristóteles.
13. Credo quia absurdum: Creio por ser absurdo. Expressão de Santo Agostinho para determinar o objeto material da fé constituído pelas verdades reveladas, que a razão humana não compreende.
14. Dare nemo potest quod non habet, neque plus quam habet: Ninguém pode dar o que não possui, nem mais do que possui.
15. De gustibus et coloribus non est disputandum: Não se deve discutir sobre gostos e cores. Cada qual tem suas preferências. (Provérbio medieval).
16. Dominus dedit, Dominus abstulit, sit nomen Domini benedictum: O Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor. Palavras de Jó, quando atingido pela perda de todos os seus bens. São citadas para lembrar, nos infortúnios, a resignação cristã.
17. Do ut des: Dir Dou para que tu dês. Norma de contrato oneroso bilateral.
18. Dura lex sed lex: A lei é dura, mas é a lei. Apesar de exigir sacrifícios, a lei deve ser cumprida.
19. Ecce iterum Crispinus: Eis aqui novamente o Crispim. Frase de Juvenal, falando de um importuno.
20. Errare humanum est: Errar é humano. Desculpa que se apresenta a fim de atenuar um erro ou engano.
21. Esto brevis et placebis: Sê breve e agradarás. Conselho escolástico aplicado à eloqüência.
22. Ex ore parvulorum veritas: A verdade (está) na boca das crianças. As crianças não mentem.

Parte II

Parte III

ago 142011
 

Via Pulchritudinis una respuesta evangelizadora ante la crisis del hombre contemporáneo

Autor: Pe. Leonardo Barraza, EP

La Iglesia católica, a lo largo de los siglos,  en cumplimiento del divino mandato de su fundador: Ite et docete omnes gentes (Mt.28-19), siempre encontró obstáculos y oposiciones.

Ella, en respuesta, entre otras, siempre cultivó la belleza como medio de abrir caminos para la cristianización del mundo. Los clérigos junto a los bárbaros en la Europa del siglo V;  los misioneros en el “Nuevo Mundo” del XVI, y posteriormente en África, Asia u Oceanía, con audacia y tesón, predicando, sufriendo el martirio o hablando extrañas lenguas,  siempre recurrieron a la eficacia de la via pulchritudinis – expresión latina que significa vía de la belleza para la evangelización.  Cuando en el siglo V el cristianismo comenzó a difundirse por Europa creando una nueva civilización, fue la belleza, expresada en símbolos, tanto en  la liturgia, en los ornamentos, en la música, en la arquitectura, en los trajes, en las costumbres, en los gestos y modales,  lo que constituyó uno de los principales pilares para su expansión.

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, São Paulo Capital

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, São Paulo Capital

Sobre esta genialidad  del alma medieval  Maceiras (2002) dirá:

La mentalidad simbólica es una de las más notables características del pensamiento medieval, suscitada por una doble motivación: la natural, que invita a ver en las cosas un sentido más rico y amplio que el de su realidad física, y la textual que ve en los libros y relatos de las Escrituras la expresión simbólica de la acción de Dios. (p. 42)

Existe en consecuencia un lenguaje basado en la belleza que tiene el poder de mover los corazones. La experiencia demuestra que para tocar el alma humana en lo que tiene de más profundo, no son suficientes los raciocinios abstractos y la mera teoría. Es necesario tocar las fibras del corazón.  La belleza a través de los símbolos y otras formas de expresión  tiene ese poder evocativo para impulsar al ser humano al bien, a la verdad, en síntesis, a la virtud.  A este respecto así se expresa Maceiras (2002):

Análogas al lenguaje, otras muchas formas de expresión- el gesto, el juego, la danza, el disfraz, el arte o el rito- se multiplican y articulan como representaciones que llamamos simbólicas por la capacidad de prefigurar realidades (experiencias, cosas, sentimientos, etc.) sólo asequibles a su trasluz. En el poder de evocar una ausencia por la provocación de una presencia radica la esencia del símbolo y del simbolismo. (p.284)

Esta es una de las llaves maestras. Si en la Edad Media, si en el siglo XVI y en otras épocas, la belleza a través del simbolismo, tuvo esa eficacia para tocar los corazones, en nuestros días, como vimos en la primera parte de este trabajo, ella, tiene un importante papel a desempeñar. Así lo vio Juan Pablo II, (6)  lo sustenta en la actualidad Benedicto XVI (7) y el Pontificio Consejo para la Cultura  representado por su máxima autoridad, el Cardenal Paul Poupard  (8) quien en numerosas alocuciones han mencionado la Via Pulchritudinis, y el cultivo de la belleza como uno de los caminos apropiados de evangelización y de diálogo con la humanidad en los tiempos actuales.

 

Mucho se podría decir sobre este aspecto que constituye una larga tradición y un valioso acervo en la Iglesia. Dejemos consignado apenas que Maceiras (2002) lo aborda cuando analiza: “La experiencia estética” en el punto 4.6.1. de su obra.

No pudiendo abarcar todas las materias, digamos que nuestro autor en el capítulo 6, punto 6.3.3. — al describir la utilización del simbolismo, en el contexto de los asuntos asociados a la significación lingüística– aporta luces y antecedentes para quien desee  fundamentar la perspectiva de la vía pulchritudinis,  no tanto en los aspectos bíblicos o teológicos, si no más bien en lo que respecta a lo filosófico, con vistas a proponer estratégicas y  proyectos para  hacer de esta vía, un camino eficaz de evangelización en beneficio de la cultura y al mismo tiempo dándole oportunidad para confrontarla, en un sano debate, con todos los hombres preocupados por el futuro y el bien de la humanidad, sean o no creyentes.

Con el subtítulo “Funciones pragmáticas del simbolismo” Maceiras (2002) entrando en materia dirá:

El concepto “pragmático” quiere expresar la eficacia operativa del simbolismo sobre la experiencia social de individuos y comunidades en las que ejerce influjos de indudable y duradera trascendencia. Por su fuerza simbolizadora el ser humano ha ido conquistando y transfigurando el mundo natural y fundando la diversidad y riqueza cultural. Pero, a su vez, cada hombre nace ya en medios simbólicos (artísticos, sociales, religiosos, morales) que, en reciprocidad, lo configuran y, en cierto modo, lo constituyen en no pocas de sus manifestaciones existenciales. Por diversos caminos, el simbolismo prefigura la identidad, tanto individual como colectiva, precisamente por su condición de mediador universal entre el yo y el mundo. (p.321)

Nuestro autor, en una aproximación a este “haz de virtualidades” que el simbolismo posee, enunciará tres categorías: las psicogenéticas, axiológicas y las de legitimación comunitaria institucional.

Categorías psicogenéticas

Sobre éstas, (Maceiras, 2002) dirá que los símbolos más lexicalizados y textualizados, como son el mito, el cuento, la leyenda, la representación, el poema etc., han contribuido a hacer más objetivos los ámbitos subjetivos pues han colaborado a una vertebración de hechos y experiencias. La lengua y la literatura, con otros complejos simbólicos tales como el arte, la ritualidad, el dibujo, la danza, el jugo, el baile, la música, etc., han establecido relaciones y dependencias entre las categorías subjetivas (antropológicas) y categorías objetivas (la cultura sedimentada). “De ahí  que estos complejos simbólicos sean estímulo esencial para el progreso de la conciencia individual y para la promoción cultural de la especie.”(p.323)

Y renglones más adelante concluye su pensamiento:

Tales supuestos alcanzan su máxima vigencia cuando se trata de los lenguajes simbólicos propios de textos sapienciales o que recogen las tradiciones religiosas y espirituales de un grupo o comunidad. Son éstos los que, en virtud de su propia eficacia reflexiva sobre los hablantes (o creyentes) modelan los pensamientos más íntimos, regulan la utilización y comprensión del medio, prejuzgan las relaciones comunicativas y determinan la percepción utilitaria o no de los seres naturales y objetos artificiales… (p.323)

Estas observaciones, en la perspectiva de la via pulchritudinis muestran la necesidad de una predicación viva, la proclamación verbal de un mensaje con capacidad fascinadora pues se sabe que el hombre moderno, está hastiado de discursos, se muestra con frecuencia cansado de escuchar y, lo que es peor, reticente a  la palabra. En este sentido, los medios audiovisuales, a pesar de los efectos deletéreos que causan en el mundo de la cultura,  pueden ofrecer estímulos  de gran eficacia comunicativa.  Maceiras (2002) también se refiere a ellos, cuando habla de la “galaxia de la imagen” 8.5.2. Del cual destacamos este pensamiento:

La imagen y la transmisión de mensajes por canales audiovisuales, han suscitado la exuberancia imaginativa contrariando el estancamiento y balanceando el intelectualismo con la sugestiva fuerza y vigor que sólo las imágenes son capaces de promover. (p.431)

Categorías Axiológicas

A este respecto dirá que los complejos simbólicos actúan como esquemas previos de evaluación, no solo en el campo espiritual, cosmológico o moral sino que en lo que concierne a valores de uso. El simbolismo posee una eficacia en relación con las conductas individuales y colectivas. (Maceiras 2002, pp.323-324)

En la perspectiva que analizamos, las nociones escatológicas de la muerte, de un juicio particular, de un juicio final, de un  premio o un castigo post-mortem, adquieren una perspectiva de alto valor  memorativo y axiológico,  plausibles de ser comunicadas por las incontables variantes artísticas “encarnadoras” o concretizadoras del símbolo. Pocos aspectos cautivan tanto al hombre como la necesidad de responder: …y después de esta vida ¿qué…?

Categorías de legitimación comunitaria institucional

El simbolismo ejerce una función prefiguradora de roles, funciones e incluso identidades que el individuo va adquiriendo en la comunidad o sociedad en la que convive. (Maceiras 2002 p.326)

Legitimación Institucional.

Maceiras (2002)  nos dirá que:

… la incorporación de relatos, mitos y acontecimientos fundadores rescatados por el simbolismo narrado o escrito, se erigen en legitimadores de las instituciones comunitarias que perviven al amparo de tales símbolos originarios, sacrales o ya secularizados, pero no por eso menos eficientes. Por una parte, este efecto de concurrencia simbólica, puede contribuir a la cohesión social y a la vinculación ética para movilizar proyectos comunes. (pp.326-327)

Este fenómeno es notable en el género literario de las epopeyas y de modo especial en las  medievales. La poética utilizada por los juglares o cronistas otorga un sabor peculiar a sus narraciones, Análogo papel cumplen los relatos heroicos en los cuales están incumbidos hombres y mujeres grandes por la fe, su entrega y su heroísmo.

Sintetizando, podemos afirmar que los fenómenos vinculados a la religión y los hechos gloriosos narrados o cantados épicamente, son las fuentes de simbolismo más imperecederos por causa de esa “legitimación institucional” que llevan en su  esencia, (Maceiras, 2002, pp.326-327),  portadores  de un halo de misterio, campo fertilísimo para continuas explicitaciones.

Estos aspectos metafísicos pueden ser utilizados para el bien y la verdad  siendo  una fuente de  inspiración para la cultura y un polo de pensamiento para la difusión de  una filosofía del Evangelio que provoque esa chispa salvadora y liberadora de la despersonalización, irresponsabilidad y pérdida de identidad, a la cual se refiere Maceiras (2002, p.429).

Legitimación de las mediaciones sociales

En segundo lugar, nos dirá Maceiras (2008), que “las costumbres populares, formas de concebir la familia, roles y comportamientos, funciones sociales, etc., son, en gran medida, reflejo del simbolismo tradicional muy ligado a la literatura” (p.327) Que pueden actuar como un “impulso creativo, o pueden ejercer de reactivo para el anquilosamiento retrógrado. En ambos casos se muestra la eficacia subconsciente de los sistemas simbólicos, que legitiman unas formas y deslegitiman otras, dando lugar a lo culturalmente “normal” o “anormal”. (p.327)

Y concluye su pensamiento: “Si esto es más perceptible en el ámbito de las creencias, consideradas en su dimensión social, no lo es menos en el terreno de lo artístico y de lo puramente costumbrista.” (p.327)

Esta categoría descrita por nuestro académico, enmarcada en el ámbito de una pastoral eclesial, encuentra en la promoción de la hagiografía de hombres y mujeres virtuosos,  modelos de vida,  paradigmas perfectos. Quienes  practicaron la virtud en grado heroico siempre fueron propuestos por la Iglesia como síntesis ideal de perfección moral, dignos de ser imitados. En función del modelo por excelencia: Nuestro Señor Jesucristo.

Tales son de modo, escueto las profundas observaciones filosóficas de Manuel Maceiras Fabián. Sólo nos resta, concluir las presentes consideraciones.

Conclusión

A la manera de quien gira un caleidoscopio, hemos abordado en este trabajo tan sólo una de las tantas, variadas, ricas y sustanciosas facetas analizadas por el autor de Metamorfosis del Lenguaje. Indiscutiblemente  una obra de gran erudición y de alto quilate intelectual.

Como quedó consignado,  ante las brumosas perspectivas descritas por el autor, en uno de sus acápites (8.5.1),  la via pulchritudinis  se impone como una respuesta, entre otras posibles, ante la emergencia cultural de occidente.

El uso de un apropiado lenguaje simbólico acompañado de la belleza, tiene la fuerza de impacto capaz de provocar en el corazón del hombre un deseo de verum y de bonum. La Palabra, escrita u oral, a manera de un  código simbólico, cargada de brillo, rutilancia y esplendor posee la fascinación de despertar anhelos y sueños en el ser humano, sacándolo de su inmanencia egoísta y trivial, para abrirlo en una actitud de admiración al Ser Trascendente por excelencia, el Alfa y Omega de todas las cosas. Además, el encuentro con la belleza, como decía el entonces Cardenal Ratzinger, puede ser el dardo salvífico que alcanzando el alma, la hiere  y por la  herida  abierta, pueda encontrar  criterios de juicio y capacidad para valorar correctamente los argumentos en su encuentro con la verdad. (9)

La lectura de Metamorfosis del Lenguaje de Manuel Maceiras Fafián, parafraseando al Beato Juan Pablo II,  nos dio la oportunidad de internarnos desde una óptica filosófica, en el mundo de quienes con apasionada entrega buscan nuevas epifanías de la belleza en el ámbito literario y figurativo, sirviéndose de las infinitas posibilidades de las imágenes y de sus connotaciones simbólicas  para ofrecerlas al mundo a través de la creación artística.

Los hombres del siglo XXI necesitan urgentemente de la belleza para afrontar y superar los desafíos cruciales en los que se debate. Gracias a ella, en el pasado,  la humanidad  supo ponerse en pie y reanudar su camino después de cada extravío. Hoy, a casi diez años de haber iniciado el siglo XXI, no será diferente. Precisamente en este sentido se ha dicho, con profunda intuición, que “la belleza salvará al mundo”. (10)

Referencias

Benedicto XVI.  La secularizacion en la Iglesia desvitúa la fe cristiana y el estilo de vida de los creyentes, 5 de marzo de 2008. Obtenida el 5 de mayo de 2008 desde   http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/cultr/documents/rc_pc_cultr_doc_20000126_jp-ii_addresses-pccultr_sp.html#13

Cunha Pizzatto, T. La crisis de la enseñanza jurídica- La necesidad de una gran revolución. Obtenido el 4 de mayo de 2008 desde http://www.direitoempresarial.com.br/modules/artigos_rss/imprime_um_artigo.php?cod_artigo=51

Maceiras, M. Metamorfosis del Lenguaje. Madrid: Editorial Síntesis.

Notas

1. Cf. El protestantismo encarnación religiosa de la cosmovisión de la Edad Moderna, en Derisi O. Filosofía de la Cultura y de los Valores. Buenos Aires: Emecé Editores, 1962.

2. Solamente restringiéndonos al ámbito de la cultura, numerosos en este sentido y de alto vuelo intelectual son los discursos de S.S Juan Pablo II y más recientemente de su predecesor el Papa Bendicto XVI a los miembros del Consejo Pontificio de la Cultura disponibles en http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/cultr/documents/rc_pc_cultr_doc_20000126_jp-ii_addresses-pccultr_sp.html .

3. Ver el ilustrativo artículo: Euclides Guzmán, arquitecto y académico: “La docencia está en crisis”disponible en http://www.revistaca.cl/2006/04/euclides-guzman-arquitecto-y-academico-%E2%80%9Cla-docencia-esta-en-crisis%E2%80%9D/

4. Ver a este propósito el ensayo de Nancy Rosado Camacho:  Destrezas de pensamiento crítico. Disponible en http://ponce.inter.edu/cai/reserva/nrosado/pensamiento.htm La mencionada académica  describe desde su experiencia académica la carencia de sus alumnos en el ámbito que comentamos.

5. Ver el interesante trabajo de Kênia Aparecida dos Santos quien describe tal terminología comentando los resultados del mencionado examen de la OAB.  Disponible  en  http://www.unilavras.edu.br/cursos/graduacao/pedagogia/artigos/analfabetismo_funcional.pdf

6. Cf. Carta del santo Padre Juan Pablo II a los artistas- A los que con apasionada entrega

buscan nuevas “epifanías” de la belleza para ofrecerlas al mundo a través de la creación artística. 4 de abril de 1999. Disponible en  http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/letters/1999/documents/hf_jp-ii_let_23041999_artists_sp.html

Sobre la via pulchritudinis ver el discurso de S.S. Juan Pablo II a los Miembros de las Academias Pontificias, Martes 9 de noviembre de 2004. Disponible en http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/speeches/2004/november/documents/hf_jp-ii_spe_20041109_pontifical-academies_sp.html Y la Audiencia General del 29 de septiembre de 2004. Disponible en: http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/audiences/2004/documents/hf_jp-ii_aud_20040929_sp.html

7. Cf. Presentación del Compendio del Catecismo de la Iglesia Católica. Discurso de S.S. Benedicto XVI   Martes 28 de junio 2005. Disponible en http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2005/june/documents/hf_ben-xvi_spe_20050628_compendium_sp.htmlb

Ver además el discurso del entonces cardenal Joseph Ratzinger a los participantes en el «Meeting» de Rímini (Italia) celebrado del 24 al 30 de agosto de 2002 por iniciativa del movimiento eclesial Comunión y Liberación sobre el tema «La contemplación de la belleza».Disponible en http://sintesis.wordpress.com/2007/03/11/ratzinger-la-contemplacion-de-la-belleza/

8. Cf. La identidad católica de los centros culturales y los jóvenes en busca de la belleza que cautiva .Conferencia Inaugural del cardenal Paul Poupard, en el II Encuentro de responsable de centros culturales católicos del Cono Sur  (Salta, Argentina 14 de junio de 2005) disponible en http://aica.org/aica/documentos_files/Otros_Documentos/Varios/2005_06_14_Poupard.htm

Ver además,  La Via pulchritudinis, camino de evangelización y de diálogo. Documento final de la Asamblea Plenaria, 2006. Disponible en   http://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/cultr/documents/rc_pc_cultr_doc_06121999_documents_sp.html

9.  Palabras pronunciadas en el ya citado  discurso (nota 7 arriba)  a los participantes en el «Meeting» de Rímini (Italia) celebrado del 24 al 30 de agosto de 2002 por iniciativa del movimiento eclesial Comunión y Liberación sobre el tema «La contemplación de la belleza».

10. Paráfrasis de los inspirados conceptos que S.S. Juan Pablo II vertió en su célebre  Carta  a los artistas- Ya referida en la nota 6. arriba. La feliz expresión “La Belleza salvará al Mundo” según lo cita el documento papal es de F. Dostoievski.

ago 132011
 

Fruto de milhares de súplicas

“Pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.

Em 1º de novembro de 1950 — época em que as viagens eram muito mais lentas e penosas do que hoje — a Praça de São Pedro encheu-se de fiéis para assistir à proclamação do dogma da gloriosa Assunção de Maria em corpo e alma aos Céus.

Correspondia esse ato a um clamor da Igreja inteira, relatado e analisado de forma excelente na Constituição Apostólica Munificentíssimus Deus, instrumento usado por Pio XII para declarar essa verdade de Fé.

Decorridas seis décadas dessa histórica data, transcrevemos abaixo alguns tópicos desse documento pontifício, nos quais parece ouvir-se ainda o pedido uníssono de pastores e fiéis, implorando ao Santo Padre a proclamação do quarto dogma mariano.

Nossa Senhora do Brasil (São Paulo Capital)

Nossa Senhora do Brasil (São Paulo Capital)

Eis as palavras de Pio XII:

Quando se definiu solenemente que a Virgem Maria, Mãe de Deus, foi imune desde a sua concepção de toda a mancha, logo os corações dos fiéis conceberam uma mais viva esperança de que em breve o Supremo Magistério da Igreja definiria também o dogma da assunção corpórea da Virgem Maria ao Céu.

De fato, sucedeu que não só os simples fiéis, mas até aqueles que, em certo modo, personificam as nações ou as províncias eclesiásticas, e mesmo não poucos Padres do Concílio Vaticano, pediram instantemente à Sé Apostólica esta definição.

Com o decurso do tempo essas petições e votos não diminuíram, antes foram aumentando de dia para dia em número e insistência. Com esse fim fizeram-se cruzadas de orações; muitos e exímios teólogos intensificaram com ardor os seus estudos sobre este ponto, quer em privado, quer nas universidades eclesiásticas ou nas outras escolas de disciplinas sagradas; celebraram-se em muitas partes congressos marianos nacionais e internacionais. Todos esses estudos e investigações mostraram com maior realce que no depósito da fé cristã, confiado à Igreja, também se encontrava a assunção da Virgem Maria ao Céu. E de ordinário a consequência foi enviarem súplicas em que se pedia instantemente a definição solene desta verdade.

Acompanhavam os fiéis nessa piedosa insistência os seus sagrados pastores, os quais dirigiram a esta cadeira de São Pedro semelhantes petições em número muito considerável. Quando fomos elevado ao Sumo Pontificado, já tinham sido apresentadas a esta Sé Apostólica muitos milhares dessas súplicas, vindas de todas as partes do mundo e de todas as classes de pessoas: dos nossos amados filhos Cardeais do Sacro Colégio, dos nossos veneráveis irmãos Arcebispos e Bispos, das dioceses e das paróquias. […]

Inequívocas demonstrações da fé na Assunção

Patenteiam inequivocamente esta mesma fé os inumeráveis templos consagrados a Deus em honra da Assunção de Nossa Senhora, e as imagens neles expostas à veneração dos fiéis, que mostram aos olhos de todos este singular triunfo da Santíssima Virgem. Muitas cidades, dioceses e regiões foram consagradas ao especial patrocínio e proteção da Assunção da Mãe de Deus. Do mesmo modo, com aprovação da Igreja, fundaram-se Institutos religiosos com o nome deste privilégio. Nem se deve passar em silêncio que no rosário de Nossa Senhora, cuja reza tanto recomenda esta Sé Apostólica, há um mistério proposto à nossa meditação, que, como todos sabem, é consagrado à Assunção da Santíssima Virgem ao Céu.

De modo ainda mais universal e esplendoroso se manifesta esta fé dos pastores e dos fiéis, com a festa litúrgica da Assunção, celebrada desde tempos antiquíssimos no Oriente e no Ocidente. Nunca os santos padres e doutores da Igreja deixaram de haurir luz nesta solenidade, pois, como todos sabem, a sagrada liturgia, “sendo também profissão das verdades católicas, e estando sujeita ao Supremo Magistério da Igreja, pode fornecer argumentos e testemunhos de não pequeno valor para determinar algum ponto da doutrina cristã”. […]

Definição solene do dogma

Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a luz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à Virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta Mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos São Pedro e São Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial.

(Excertos da Carta Apostólica Munificentissimus Deus, 1/11/1950)

Dormição de Maria, Museu do Prado (Espanha)

Dormição de Maria, Museu do Prado (Espanha)

ago 132011
 

Autor: Pe. Leonardo Barraza, EP

Introducción

Dentro de las valiosas  reflexiones filosóficas donde se abordan aspectos antropológicos, psicológicos y filológicos en la obra Metamorfosis del Lenguaje del  pensador y académico, Manuel Maceiras Fafián, señalaremos algunas, que desde nuestra perspectiva,  consideramos dignas de ser mencionadas  por la actualidad de la temática  y la erudición del autor.

I.-   El hombre contemporáneo y el lenguaje

Considerando el  desarrollo  histórico de la humanidad,  para nadie es novedad que en nuestros tiempos,  existe una profunda crisis que perturba al mundo,  abarcando todas las actividades del ser humano. Ciertos autores  hablarán de un auténtico y verdadero proceso de decadencia instalado en la civilización occidental cristiana desde el Humanismo y el Renacimiento, el cual alcanzó su auge en el siglo XX. (1) Otros se referirán a amenazas insidiosas que en virtud de corrientes hedonistas exasperan en el hombre sus instintos y lo deslumbran con ilusiones de consumo indiscriminado. Muchos, casi como lugar común apuntan para una crisis cultural que afecta todos los dominios de la actividad del hombre, como son, la cultura, el arte, las leyes, las costumbres y las instituciones. (2)

Una vez que para Gadamer, “la esfera lingüística – según comenta Maceiras (2002)- es el horizonte de la hermenéutica propiamente filosófica, y remite a una ontología del lenguaje, que ve en él, no un instrumento, sino una de las manifestaciones más significativas del ser humano”, (pp.222-223)  no podía dejar de ser que la mencionada crisis, aflorase de modo particular en el hombre en cuanto sujeto hablante.

Dentro de esta perspectiva, nuestro autor, dedicará las últimas páginas de su obra para abordar un tema que incide profundamente en la temática de la Metamorfosis del Lenguaje: La comunicación en la sociedad tecnificada.

São Paulo, la ciudad mas populosa de América

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Una faceta  de esta crisis en la óptica de Manuel Maceiras Fafian

Maceiras en el capítulo 8.5. plantea los desafíos que impone la comunicación cibernética globalizadora del siglo XXI que “es hoy producto de consumo que prolifera con abrumadora y prodigiosa efectividad sobre individuos y sociedades, alcanzando sus efectos a la humanidad en su dimensión planetaria”. (p.428)

Para afirmar apoyado en reconocidos pensadores que:

En nuestra modernidad es una evidencia que los medios de comunicación, a través de una imponderable emisión de señales, sobre todo los que usan canales audiovisuales e informáticos, contribuyen a generar y sustentar prácticas, formas de vida, de pensamiento, de interacción social e intercambio, dando razón a Peirce, Lévi Strauss, Mc Luhan y Shannon. (p.429)

Tal fenómeno termina ejerciendo procesos adversos, los cuales con profundidad  intelectual Maceiras describirá:

Victoriosos sobre el espíritu, la innegable eficacia práctica de los medios en el dominio psíquico y en el ámbito familiar y social, ha inducido la rápida conclusión de endosar a su influencia los procesos de despersonalización, irresponsabilidad y pérdida de identidad, males crónicos del “hombre unidimensional” descrito por Marcuse ya en 1966…

…Este hombre sin fondo, exiliado de la Galaxia Gutemberg, de lectura, del libro y del reposo reflexivo, se topa con un yo vaciado incluso de pulsionalidad inconsciente, con un cerebro sometido a la fugacidad sustitutiva de informaciones e imágenes que, a juicio de la neurología actual, acelera el funcionamiento de sus capas y circuitos superficiales y ralentiza los más profundos, fomentando un tipo de pensamiento discontinuo, débil, discursivamente inconexo. (p.429)

Es una realidad. El fenómeno arriba descrito, ha terminado afectado al lenguaje tanto en su esfera de lo escrito como en su interlocución, de modo que éste viene sufriendo un progresivo y sostenido deterioro.

Desde diferentes disciplinas propias del quehacer cultural,  se denuncia una decadencia tanto en los aspectos lingüísticos, fonéticos,  gramaticales, ortográficos etc. Dicha decadencia, tal vez no sea exagerado afirmarlo,  asume características de catástrofe cultural si se considera el ámbito de las altas casas de estudio como son las universidades.

Constituyen legión en el mundo académico quienes  no dudan en calificar la actual situación de la educación superior como una grave crisis,  la cual, afirman,  es muy difícil  revertir. (3)

La experiencia demuestra  que los jóvenes más que nadie son poco propensos (para decir solo eso…)  a las exposiciones orales o escritas sobre temas de cualquier naturaleza: religiosos, filosóficos, científicos, literarios u  otros, por más atrayentes,  metódicos o claros que sean.

Cuando los exámenes  son manuscritos y no se puede copiar de Internet, el tema se vuelve candente. Es la hora de la verdad. Ahí el está el papel en blanco, el bolígrafo y en la mente, se supone, el tema a desarrollar. Muchas veces, las ideas cuando quedan estampadas, son  luego de un “parto con dolor” – para usar la gráfica expresión de Nancy Rosado Camacho (4). Los problemas más graves se dan en redacción y estilo. Así,  no es de extrañar que las innumerables, y a veces garrafales faltas ortográficas, constituyan, a la larga, una nimiedad.

Ilustrativo es el hecho que sucede año a año en la Orden de los Abogados de Brasil (OAB). La entidad, la  máxima representante de tales profesionales en el país con más habitantes de Latinoamérica, exige a los alumnos recién egresados,  un examen de redacción y ortografía para autorizar el ejercicio de la profesión. Según el artículo que disponemos, con el sugestivo título: “La crisis de la enseñanza jurídica- La necesidad de una gran revolución,” de Cunha Pizzatto, (s.f), el porcentaje de reprobación es alto: 70% en todo el país. El Presidente de la OAB, Roberto Busato, afirma:

El bajo índice de aprobación en el examen de la OAB se debe al hecho no sólo de la falta de conocimiento técnico al respecto del Derecho, sino también a un problema aún más preocupante: la mala formación del joven profesional. Errores graves de concordancia verbal y nominal, acentuación, ortografía, dificultades de expresión y falta de organización de ideas, son algunos de los problemas más comunes de los licenciados en Derecho.

Surge así  y se proyecta en el mundo universitario el término  “analfabetos funcionales” para referirse a tal tipo de alumnado. (5)

Por otra parte, a la par de esta decadencia en el lenguaje escrito, no se exige más decoro en la pronunciación y el uso de vocabulario queda restringido a unas pocas palabras. Muchas veces imponiéndose expresiones guturales u onomatopéyicas.

Maceiras (2002), siguiendo su juiciosa exposición será taxativo:

La proliferación informativa  se desarrolla en forma de “video clip” y dosifica en  “migajas”, cultivo de la atención a lo momentáneo e inconsistente y fomento de personalidades incoherentes, incluso esquizofrénicas, tan prolíficas en nuestra actualidad. (p.429)

Para concluir de modo lapidario:

En fin, los seres humanos somos súbditos de una cultura de masas cosmopolita que despersonaliza, elimina las diferencias y las creencias, genera permanente inestabilidad en el saber e introduce la confusión entre conocimiento, ciencia e información. (pp. 429-430)

Es interesante constatar como esta faceta de la crisis apuntada por nuestro autor,   se armoniza plenamente con la óptica del actual Papa Benedicto XVI. En efecto, las nuevas tecnologías, la concreción de una cultura cosmopolita, que despersonaliza, llevando a una irresponsabilidad y pérdida de identidad de “este ser en el mundo… [que] es sapiens o inteligente porque habla, o habla porque es inteligente” (Macerias, 2002, p.15), desde una perspectiva eclesial, valórica o ética,  lleva a tomar actitudes de atento discernimiento pues, lejos de enriquecer al hombre poco a poco lo van empobreciendo espiritualmente. La consecuencia capital de este fenómeno,  ha sido que el hombre del siglo XXI, según Benedicto XVI (2008): “Tiene la impresión de que no necesita a nadie para comprender, explicar y dominar el universo; se siente el centro de todo, la medida de todo.” (párrafo 7).

Y sobre la misma temática abordada por Maceiras, pero no ya desde una perspectiva antropológica cultural  sino más bien filosófica y teológica, el Santo Padre, en el documento arriba citado,  acrecentará:

Más recientemente, la globalización, por medio de las nuevas tecnologías de la información, con frecuencia ha tenido también como resultado la difusión de muchos componentes materialistas e individualistas de Occidente en todas las culturas. Cada vez más la fórmula etsi Deus non daretur se convierte en un modo de vivir, cuyo origen es una especie de «soberbia» de la razón —realidad también creada y amada por Dios— la cual se considera a sí misma suficiente y se cierra a la contemplación y a la búsqueda de una Verdad que la supera.  La luz de la razón, exaltada, pero en realidad empobrecida por la Ilustración, sustituye radicalmente a la luz de la fe, la luz de Dios (cf. Discurso preparado para el encuentro con la Universidad de Roma “La Sapienza”, 17 de enero de 2008: L´ Osservatore Romano, edición en lengua española, 25 de enero de 2008, p.4)  (párrafos 8-9)

En esta enmarañada problemática, Maceiras (2002) tiene el mérito de señalar un aspecto poco observado y raramente enunciado por el común de los intelectuales:

Constreñido a ocupar un lugar en este contexto, el peor agravio que el consumo y los medios han infligido al ser humano no es hacerle esclavo de tan creciente tecnificación, sino haberle sustraído la conciencia de serlo, convirtiendo en insuperable tan inexorable alineación, despojada de espacio para la ruptura psíquica, espiritual o revolucionaria (p.430)

No cabe duda. La actual situación de esclavitud-técnico-dependiente, valga la redundancia, del hombre contemporáneo, sin conciencia de serlo, constituye un gran desafío para la Iglesia en este inicio de siglo XXI. El Santo Padre en el discurso arriba citado lo dirá con estas palabras:

Grandes son, por tanto, los desafíos que debe afrontar en este ámbito la misión de la Iglesia. Así, resulta sumamente importante el compromiso del Consejo Pontificio de la Cultura con vistas a un diálogo fecundo entre ciencia y fe. La Iglesia espera mucho de este confrontarse recíprocamente, pero también la comunidad científica, y os animo a proseguirlo. (párrafo 9)

Maceiras (2002), por su parte, finalizará su exposición con palabras que asumen un tono profético, para nada triviales:

La historia humana, si no toca a su fin, sólo puede esperar un futuro saturado de incertidumbres, añadidas a las expectativas no exentas  de ambigüedad que pueden derivarse de la profunda ambivalencia de la propia tecnociencia que introdujo en el mundo poderes que pueden concurrir tanto a fomentar la libertad y la sensibilidad, cuanto a trastocar la propia vida humana y comprometer su futuro. (p.430)

(Continua no próximo post)

jul 152011
 

Em nosso curso básico de Latim o leitor aprenderá noções de conversação e gramática latina.

Forum romano, Itália

Forum romano, Itália

O Praecones Latine correspondendo ao manifesto pedido de alguns leitores disponibilizará lições básicas de latim com explicações em português. A gramática latina será estudada passo a passo em posts periódicos.

O método de estudo será o assimilativo, ou seja, o mesmo usado por todas as crianças de todos os tempos. Os meninos não recebem aulas de gramática, mas sim tomam contato direto com a língua. As explicações da gramática são dadas posteriormente após adquirirem certo vocabulário.

Em nosso curso a gramática latina será dada no decorrer das lições de forma que ao final de alguns posts o leitor possa ter noções básicas da gramática latina de forma esquemática.

Na primeira fase do estudo serão apresentados aos leitores assíduos do Praecones Latine um breve histórico da língua como introdução ao latim; em seguida noções básicas da evolução das línguas a fim de constatar como nosso idioma luso é muito semelhante à língua latina; e por fim a utilidade prática de aprender latim tanto para a formação do raciocínio quanto para a formação cultural do ser humano.

Após esta breve introdução, entraremos nas considerações sobre a pronúncia e a gramática sempre reportando ao já estudado nos posts anteriores ou introduzindo o leitor em outras fórmulas ou textos latinos clássicos tanto de autores pagãos como de autores católicos.

Os redatores do Praecones Latine esperam que os leitores possam beneficiar-se ao máximo do conhecimento da “língua da cultura e da Igreja”. Perguntas e sugestões certamente serão de muita valia.

Sumário dos posts já publicados

1. Introdução ao Latim – História e semelhanças com o português

2. O alfabeto Latino (Capitais e estados do Brasil em Latim)

3. Como apresentar-se e conhecer alguém falando em latim?

4. Nacionalidade e nomes de países em latim

5. Pronúncia das vogais latinas

6. Pronúncia latina clássica e eclesiástica das consoantes

7. Quantidade e acento tônico (partes do corpo e os cinco sentidos em latim)

8. Diferenças e semelhanças com o português

Gramática do Latim

9. O que são os casos latinos?

10. Caso nominativo

11. Caso acusativo (as cores em latim)

12. Caso Genitivo do Latim

13. Latim Básico: O caso dativo

14. Tabela das declinações (Com dicas para ajudar a decorar)

15. Pronomes possessivos 15_Arautos_Vida_cotidiana_15_IMG_0513

16. Curiosidade: 8 razões para aprender latim na atualidade

17. Pronomes pessoais

18. Pronomes demonstrativos

Os posts serão acrescentados aqui paulatinamente.

Bom proveito!

jul 042011
 

História de Santa Maria Goretti

A verdadeira felicidade exige coragem e espírito de sacrifício, rejeição de todo compromisso com o mal e disposição para pagar com a própria vida a fidelidade a Deus e aos seus Mandamentos.

O século XX se iniciou sob a égide do progresso nas comunicações. Com o aperfeiçoamento da fotografia e da imprensa, jornais, folhetos e revistas pululavam por toda parte, noticiando acontecimentos ocorridos nos mais distantes rincões da Terra.

Foi este um fator preponderante para que, em 1902, o mundo cristão pudesse tomar conhecimento da trágica história de uma camponesa italiana de apenas onze anos de idade, brutalmente assassinada com 14 punhaladas, enquanto defendia até o martírio a virtude angélica. Seu nome — Maria Goretti — “se nos apresenta como um incitamento ao zelo da Igreja pela pureza, ao valor dessa virtude que ela sempre inculcou. De tal maneira que mais vale a pena à pessoa sacrificar sua vida do que perder a castidade”.1

Entretanto, a firmeza dessa pequena mártir não nasceu de um momento para outro, mas foi fruto de uma intensa vida espiritual, fortalecida pelo Pão Eucarístico nas suas últimas semanas de vida. Este fato, quiçá, tenha contribuído de modo decisivo para, oito anos depois, o Papa São Pio X facultar a Primeira Comunhão às crianças tão logo lhes desponte o uso da razão, pressentindo os maravilhosos efeitos que a presença de Cristo iria produzir nos corações infantis. “Haverá santos entre as crianças”2, afirmou ele.

Muito se escreveu já a respeito do martírio dessa santa, tão bem cognominada como um “Anjo da Pureza”. Contudo, pouco se comenta de sua breve e piedosa vida, cujo desfecho não foi senão uma decorrência da fé e do amor a Jesus, levados às últimas consequências. É o que teremos oportunidade de contemplar nestas linhas.

Lar pobre, profundamente cristão

Nascida em 16 de outubro de 1890, na aldeia de Corinaldo, próxima do mar Adriático, a segunda filha de Luigi Goretti e Assunta Carlini foi batizada logo no dia seguinte, com o nome de Maria Teresa. A família era pobre, mas profundamente católica, e, seguindo o costume vigente naquele tempo, os pais fizeram com que Marietta — como passou a ser carinhosamente chamada — recebera o Sacramento da Crisma com apenas seis anos de idade.

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Casa de Santa Maria Goretti

Além de rezar o Rosário em família, todos os dias, os Goretti frequentavam a Igreja da Dolorosa, onde se venerava uma expressiva imagem da Virgem Santíssima com o Filho morto no colo e os olhos fixos no Céu. Diante dela, Assunta explicava aos pequenos a causa dos sofrimentos de Jesus e Maria: o pecado. Inculcava-lhes, assim, o amor à virtude e a rejeição das próprias faltas. O casal era também exemplo de devoção à Sagrada Eucaristia para os filhos.

Mudança de casa e de vida

Quando Marietta tinha tão só sete anos, o pequeno campo de Luigi Goretti tornou-se insuficiente para manter a família, e ele decidiu emigrar para Colle Gianturco, nos arredores de Paliano, distante a uns 50 quilômetros de Roma, em busca de melhores oportunidades. Todavia, ali também não tiveram êxito: apesar da dura labuta sob o sol abrasador, mal conseguiam o necessário para alimentar-se.

Dois anos depois, nova mudança se fez necessária, desta vez para Ferrieri di Conca, triste e pantanosa localidade agrícola, onde Luigi faleceu um ano depois de haverem ali chegado, com apenas 41 anos de idade, vítima da malária que grassava naqueles úmidos campos.

Marietta manifestava um caráter bondoso, dócil e humilde, e se revelou de uma maturidade precoce impressionante, diante da necessidade da mudança de vida que se lhe apresentou. Ajudou nos cuidados do pai enfermo como uma pessoa adulta e, após sua morte, assumiu os encargos do lar, para a mãe poder substituir o marido nos trabalhos do campo. Limpava a casa, buscava água na fonte, rachava lenha, cozinhava e cuidava dos quatro irmãos pequenos como uma pequena mãezinha. Quando lhes faltava o alimento, conseguia algo a custa de pequenos trabalhos, como a venda de pombos e ovos no mercado da cidade próxima, Nettuno.

Não se esquecia da educação dos irmãozinhos: repreendia-os pelas travessuras, ensinava-lhes as boas maneiras, as orações e os rudimentos do Catecismo. Apaixonada pelo Santo Rosário, rezava-o todas as noites em companhia da mãe e dos irmãos, com uma piedade edificante. E depois de todos se recolherem, recitava mais um terço em sufrágio da alma de seu falecido pai.

Mais de uma vez viu a mãe sem um centavo na bolsa e sem uma fatia de pão no armário, chorando e lamentando-se pela falta do esposo. Nessas ocasiões, com o coração compungido, a menina a abraçava e beijava, esforçando-se para não chorar também, e dizia-lhe: “Coragem, mãezinha! Coragem! Dentro em pouco estamos crescidos, depressa nos faremos todos grandes… De que tem medo? Nós a sustentaremos!… Nós a manteremos!… Deus providenciará!…”.3

Estes são alguns lampejos de sua alma angelical. Sua mãe, depois de falecida a filha, não deixava de dar testemunho de sua virtude: “Sempre, sempre, sempre obediente a minha filhinha! Nunca me deu o mais pequenino desgosto. Mesmo quando recebia alguma repreensão imerecida, por faltazinhas involuntárias, nunca se mostrou rebelde, nunca se desculpou, mas mantinha-se calma, respeitosa, sem nunca ficar amuada”.4

Malfadada sociedade com os Serenelli

Em Ferrieri, Luigi trabalhava numa propriedade do conde Lorenzo Mazzoleni, em sociedade com Giovanni Serenelli e seu filho Alessandro. Viúvo, muito dado ao vinho e sem discrição nas palavras, Giovanni não se preocupara com a educação do filho. Este, com 19 anos de idade, era um rapaz de caráter introvertido, sem qualquer formação religiosa. Nunca ia à Missa e apenas vez por outra acompanhava os Goretti na recitação do rosário, num canto da sala.

Sendo o único daquela casa que sabia ler, seu pai lhe trazia jornais com artigos de cunho anticlerical, além de novelas inconvenientes, contendo ilustrações que despertavam sua imaginação e exacerbavam-lhe os maus desejos. Ele as utilizava como decoração para as paredes de seu quarto.

Entretanto, devido à malfadada sociedade de trabalho estabelecida entre Luigi e Giovanni, as duas famílias residiam no mesmo imóvel. E Alessandro, como ele próprio confessou mais tarde, mesmo reconhecendo a candura daquela menina que o tratava como a um irmão mais velho, passou a fitá-la com olhares mal-intencionados, alimentando uma paixão que pouco tempo depois culminaria na conhecida tragédia.

Antes de morrer, Luigi — movido talvez por um mau pressentimento — havia aconselhado a esposa a voltar para Corinaldo. Ela, porém, presa pelo contrato e pelas dívidas, não tinha meios para sair da casa dividida com os Serenelli. Apesar de os quartos serem separados, a cozinha era comum e a pequena Marietta, embora com tão pouca idade, atendia às duas famílias nos afazeres domésticos.

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Primeira Comunhão

Naquela época era necessário ter doze anos para receber a Sagrada Eucaristia, e Marietta sofria por não poder alimentar-se do “Pão dos Anjos” e do “Vinho que engendra virgens”. Seu desejo aumentava a cada domingo, quando ia à Missa com a mãe e a madrinha, enfrentando quatro horas de caminhada num caminho polvorento, até a igreja mais próxima.

Às suas insistentes súplicas de poder preparar-se para fazer a Primeira Comunhão, sua pobre mãe lhe respondia que, não sabendo ler, ela não tinha como aprender a doutrina. Além disso, na situação de penúria em que se encontravam, onde conseguir dinheiro para o vestido e as outras prendas? Determinada, a menina não se deixava abater. Por fim, obteve autorização para ir certos dias à residência dos Mazzoleni, a fim de receber ensinamentos de sua piedosa governanta, e participar do Catecismo dos domingos, ministrado pelo senhor Alfredo Paliani para um grupo de jovenzinhos.

Sem prejuízo de seus afazeres domésticos, estudou e rezou durante onze meses, dando belos exemplos de virtude. Para assegurar-se da boa preparação da filha, Assunta fê-la submeter-se a um exame com o Arcipreste de Nettuno, o qual garantiu estar ela apta para receber Jesus em seu coração.

Após fazer os exercícios espirituais preparatórios, pregados por um sacerdote passionista, Marietta voltou para casa muito compenetrada e disse, em tom de voz sério: “Sabes, mamãe, o padre narrou-nos a Paixão de Jesus. E depois disse-nos que quando nós cometemos um pecado, renovamos a Paixão do Senhor”.5 Manifestava, com esta grave afirmação, o propósito de evitar a todo custo o pecado.

No dia da Primeira Comunhão, antes de sair para a igreja, estando já pronta, com o vestidinho branco que sua mãe lhe obtivera com muito esforço e um singelo véu que recebera de presente, pediu perdão de suas faltas à mãe, aos irmãos, aos Serenelli e aos vizinhos.

Era a festa de Corpus Christi de 1902, quando, não tendo ainda completado 12 anos, Maria Goretti recebia Nosso Senhor em seu coração. Quais terão sido as impressões e os colóquios divinos, nesse primeiro encontro entre Jesus Eucarístico e aquela alma inocente, disposta a nunca ofendê-Lo pelo pecado, mesmo à custa da própria vida? Só se saberá na eternidade…

A alegria e disposição de alma consequentes com o grande passo dado na vida espiritual manifestaram-se logo que Marietta chegou a casa. Abraçando a mãe, prometeu-lhe: “Mãezinha, ó minha mãezinha, serei sempre e cada vez melhor!”.6

É melhor morrer do que pecar

Os frutos da Primeira Comunhão logo se fizeram sentir. Um dia, regressou ao lar contando haver visto uma companheira da catequese conversando maliciosamente com um jovem libertino. Imediatamente fugira do local e, ainda horrorizada, afirmou: “É melhor morrer, mamãe, do que dizer palavras feias”.7

Poucas semanas se passaram e a pequena não comungara mais que duas ou três vezes, sempre aos domingos. No sábado, 5 de julho, manifestou o desejo de ir, no dia seguinte, acompanhada de uma amiga, receber novamente a Sagrada Comunhão. Estava disposta a caminhar dez quilômetros até Nettuno ou Campomorto, sob o sol inclemente e em jejum, para receber seu amado Jesus.

Seus planos foram, porém, modificados pela sanha de Alessandro. Este já a havia assediado por duas vezes e fora energicamente repelido. Ameaçou então matá-la, e não só ela, mas também a Assunta, caso falasse a alguém sobre isso. Marieta nada dissera à mãe, para não afligi-la ainda mais, mas pedia-lhe para não deixá-la sozinha em casa, e procurava estar sempre na companhia de algum dos irmãos.

Naquela tarde, todavia, a jovem ficara cosendo na sacada exterior, tendo apenas junto a si a irmã mais nova, que dormia placidamente. Alessandro arranjara um jeito de escapar-se do trabalho e, retornando para a residência, arrastou Marietta à força para dentro. Percebendo suas infames intenções, ela exprobrava-lhe a ação pecaminosa: “Não, não! Deus não quer isso! Se o fazes, irás para o inferno!…”.8

Tomado de fúria, o criminoso desferiu-lhe então 14 cruéis punhaladas. Em seguida, jogou fora a arma e foi trancar-se no seu quarto. A menina, porém, depois de um curto desmaio, conseguiu caminhar até o terraço e pedir socorro. A notícia do acontecido logo se espalhou pela vizinhança e o assassino foi preso.

Últimas horas no hospital

Marietta foi conduzida de ambulância ao hospital de Nettuno, onde a submeteram a uma dolorosa laparotomia. Foram duas horas de operação, sem anestesia! Aliás, a tentativa de salvá-la era vã, pois tinha perfurados o pericárdio, o coração, o pulmão esquerdo, o diafragma e o intestino. Os médicos não compreendiam como ainda estava viva.

Voltando da sala de cirurgias para junto de sua mãe, mostrava-se preocupada em tranquilizá-la; dizia-lhe que estava bem e perguntava pelos irmãos. A desidratação causada pela perda de sangue a fazia sofrer terrivelmente, mas a gravidade das feridas impedia-lhe de sorver uma gota d’água sequer. Nessa situação, recordar a sede padecida por Jesus no alto da Cruz tranquilizava-a e trazia-lhe consolo.

No dia seguinte teve a graça de receber a almejada Comunhão, mas em circunstâncias quão diversas das que ela imaginara! O Arcipreste de Nettuno, Dom Signori, levara-lhe o Santo Viático ao hospital, e quando lhe perguntou se sabia Quem iria receber, ela respondeu: “Sim, é aquele mesmo Jesus que dentro em pouco irei ver face a face”.9

O sacerdote recordou-lhe ter Nosso Senhor perdoado a todos no alto da Cruz e prometido ao bom ladrão que ainda naquele dia estaria com Ele no Paraíso. Perguntou-lhe, então, se perdoava seu assassino: “Sim, por amor a Jesus, perdoo-lhe. E também quero que esteja comigo no Paraíso!… Lá do Céu, rogarei pelo seu arrependimento!”.10

Com este estado de espírito recebeu os Sacramentos. Algumas horas depois, entrou no delírio da morte. Instintivamente osculava o crucifixo e a medalha de Nossa Senhora, insígnia da Associação das Filhas de Maria, na qual fora admitida já no leito de morte. Invocou muitas vezes a Virgem Maria, e por volta das três horas da tarde expirou.

Catorze lírios cintilantes

A morte de Maria Goretti foi chorada por todos os que a conheceram. Logo se espalhou a fama de sua santidade e, apenas dois anos depois, seus restos mortais foram depositados no grandioso monumento erigido em sua honra, no Santuário Pontifício de Nossa Senhora das Graças, em Nettuno.

Um dos fatos prodigiosos que contribuíram para sua canonização foi a conversão de Alessandro. Em 1910, depois de haver passado por um período de frieza e rebeldia, tendo inclusive pensado em se suicidar, o infeliz assassino foi visitado por sua vítima no cárcere de Noto. Marietta lhe apareceu vestida de branco, oferecendo-lhe lírios que, ao serem tocados por ele, se transformavam em chamas cintilantes. Eram ao todo 14… o mesmo número das punhaladas recebidas!

Assistido pelos padres passionistas, Alessandro se converteu. Cumpridos 27 anos de prisão, foi libertado e dirigiu-se a Corinaldo, onde então morava a mãe de Marietta, para pedir-lhe perdão. Imitando a atitude da filha, ela o perdoou e comungaram lado a lado, na Missa de Natal. Depois, o assassino arrependido fez-se terciário franciscano e terminou seus dias, já ancião, como servente e jardineiro num convento capuchinho.

Mensagem para a juventude do terceiro milênio

Santa Maria Goretti foi canonizada pelo Papa Pio XII, em 24 de junho de 1950. A cerimônia, da qual participou sua mãe, junto com os filhos e netos, teve de ser realizada na Praça de São Pedro, por não haver espaço suficiente para a multidão no interior da Basílica.

Em 6 de julho de 2003, concluindo as comemorações do centenário de sua morte, o Beato João Paulo II perguntava, em seu pronunciamento do Angelus: “O que diz aos jovens de hoje esta jovem frágil, mas cristãmente madura, com a sua vida e, sobretudo, com a sua morte heroica?”.

E continuava: “Marietta, assim era chamada familiarmente, recorda à juventude do terceiro milênio que a verdadeira felicidade exige coragem e espírito de sacrifício, rejeição de todo compromisso com o mal e disposição para pagar com a própria vida, mesmo com a morte, a fidelidade a Deus e aos seus Mandamentos.

“Como é atual esta mensagem! Hoje exaltam-se, muitas vezes, o prazer, o egoísmo ou até a imoralidade, em nome de falsos ideais de liberdade e de felicidade. É preciso reafirmar com clareza que a pureza do coração e do corpo deve ser defendida, porque a castidade ‘guarda’ o amor autêntico.

“Santa Maria Goretti ajude todos os jovens a experimentar a beleza e a alegria da bem-aventurança evangélica: ‘Felizes os puros de coração, porque verão a Deus’ (Mt 5, 8). A pureza de coração, como qualquer virtude, exige um treino quotidiano da vontade e uma constante disciplina interior. Pede, acima de tudo, o recurso assíduo a Deus, na oração”.11 ²

1 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Santa Maria Goretti, um exemplo para a Igreja e para o mundo. In: Dr. Plinio. São Paulo. Ano XII. N.136 (Jul., 2009); p.18.

2 SÃO PIO X, apud PAIXÃO, CP, Aurélio. Santa Maria Goretti. 10.ed. Porto: Salesianas, 1970, p.101.

3 Idem, p.29.

4 Idem, p.17.

5 NOVARESE, Luís. Santa Maria Goretti. (A sua vida anedótica contada pela mãe). 3.ed. Lisboa: União Gráfica, 1957, p.51.

6 PAIXÃO, op. cit., p.35.

7 NOVARESE, op. cit., p.69.

8 GARCÍA, CP, Pablo. Santa María Goretti. In: MARTÍNEZ PUCHE, OP, José A. Nuevo Año Cristiano. Madrid: Edibesa, 2002, v.VII, p.134.

9 PAIXÃO, op. cit., p.75.

10 Idem, p.71.

11 JOÃO PAULO II. Angelus, em Castel Gandolfo, 6/7/2003, n.1-2.