ago 062012
 

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1. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos”.

“Maiorem hac dilectionem nemo habet, ut animam suam quis ponat pro amicis suis”

(Jo 15,13).  

 

 2. “Em todas essas coisas, somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou”.

“In his omnibus supervincimus per eum, qui dilexit nos”.

(Rm 8,37)

 

 3. “O temor a Deus é o começo de seu amor, e a ele é preciso acrescentar um princípio de fé”.

“Timor Dei initium dilectionis eius; fides autem initium adhaesionis ei”.

(Eclo 25,16)

 

 4. “Que o sábio escute, e aumentará seu saber, e o homem inteligente adquirirá prudência”.

“Audiat sapiens et addet doctrinam, et intellegens dispositiones possidebit”.

 (Pr 1,5)

 

 5. “O amigo ama em todo o tempo: na desgraça, ele se torna um irmão”. 

“Omni tempore diligit, qui amicus est, et frater ad angustiam natus est”.

(Prov 17,17)

 

 6. “Pois há amigos em certas horas que deixarão de o ser no dia da aflição. […] há amigo que só o é para a mesa, e que deixará de o ser no dia da desgraça. […] Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo. Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois seu amigo lhe será semelhante”

“Est enim amicus secundum opportunitatem suam et non permanebit in die tribulationis […] Est autem amicus socius mensae et non permanebit in die necessitatis […] Amicus fidelis protectio fortis; qui autem invenit illum, invenit thesaurum. Amico fideli nulla est comparatio, et non est ponderatio contra bonitatem illius. Amicus fidelis medicamentum vitae, et, qui metuunt Dominum, invenient illum. Qui timet Deum, aeque habebit amicitiam eius, quoniam secundum illum erit amicus illius”.

(Eclo 6,8.10.14-17)

 

7. “A graça é falaz e a beleza é vã; a mulher que teme o Senhor é a que se deve louvar”.

“Fallax gratia et vana est pulchritudo; mulier timens Dominum ipsa laudabitur”.

(Prov 31,10)

 

8. “Não imitarei aquele a quem a inveja consome, porque esse tal não tem nada a ver com a Sabedoria”.

“Neque cum invidia tabescente iter habebo, quoniam ista non erit particeps sapientiae”.

(Sb 6,23)

 

9. “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. […] Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade. Porém, a maior delas é a caridade”.

 “Si linguis hominum loquar et angelorum, caritatem autem non habeam, factus sum velut aes sonans aut cymbalum tinniens. Et si habuero prophetiam et noverim mysteria omnia et omnem scientiam, et si habuero omnem fidem, ita ut montes transferam, caritatem autem non habuero, nihil sum. Et si distribuero in cibos omnes facultates meas et si tradidero corpus meum, ut glorier, caritatem autem non habuero, nihil mihi prodest. Caritas patiens est, benigna est caritas, non aemulatur, non agit superbe, non inflatur, non est ambitiosa, non quaerit, quae sua sunt, non irritatur, non cogitat malum, non gaudet super iniquitatem, congaudet autem veritati; omnia suffert, omnia credit, omnia sperat, omnia sustinet. […] Nunc autem manet fides, spes, caritas, tria haec; maior autem ex his est caritas”.

(1Cor 13,1-7.13)

 

10.  “De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demônios crêem e tremem. Queres ver, ó homem vão, como a fé sem obras é estéril? Abraão, nosso pai, não foi justificado pelas obras, oferecendo o seu filho Isaac sobre o altar? Vês como a fé cooperava com as suas obras e era completada por elas. Assim se cumpriu a Escritura, que diz: Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus. Vedes como o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé? Do mesmo modo Raab, a meretriz, não foi ela justificada pelas obras, por ter recebido os mensageiros e os ter feito sair por outro caminho? Assim como o corpo sem a alma é morto, assim também a fé sem obras é morta”.

“Quid proderit, fratres mei, si fidem quis dicat se habere, opera autem non habeat? Numquid poterit fides salvare eum? Si frater aut soror nudi sunt et indigent victu cotidiano, dicat autem aliquis de vobis illis: ” Ite in pace, calefacimini et saturamini “, non dederitis autem eis, quae necessaria sunt corporis, quid proderit? Sic et fides, si non habeat opera, mortua est in semetipsa. Sed dicet quis: ” Tu fidem habes, et ego opera habeo “. Ostende mihi fidem tuam sine operibus, et ego tibi ostendam ex operibus meis fidem. Tu credis quoniam unus est Deus? Bene facis; et daemones credunt et contremiscunt! Vis autem scire, o homo inanis, quoniam fides sine operibus otiosa est? Abraham, pater noster, nonne ex operibus iustificatus est offerens Isaac filium suum super altare? Vides quoniam fides cooperabatur operibus illius, et ex operibus fides consummata est; et suppleta est Scriptura dicens: ” Credidit Abraham Deo, et reputatum est illi ad iustitiam “, et amicus Dei appellatus est. Videtis quoniam ex operibus iustificatur homo et non ex fide tantum. Similiter autem et Rahab, meretrix nonne ex operibus iustificata est suscipiens nuntios et alia via eiciens? Sicut enim corpus sine spiritu emortuum est, ita et fides sine operibus mortua est”.

(Tg 2,14-26)

 

E para você? Quais são as mais belas frases da Bíblia?

set 302011
 

Leve ao menos esta lembrança…

Agradecida ao mendigo que salvou a vida de seu filho, a boa mãe lhe deu uma Medalha Milagrosa como lembrança. O andarilho pouco tinha de piedoso, mas ficou comovido com a fé daquela mulher.
Carlos Tonelli

Para ler a versão latina (in latine)

Alegres e despreocupados, Pedro e Maurício, dois meninos de sete anos, voltam da escola pelos caminhos de uma aldeia do interior da Bélgica em fins do século XIX. Passando por uma ponte sobre o rio Meuse que circunda o vilarejo, olham para suas imagens refletidas nas águas e atiram algumas pedras para ver quem conseguia “acertar” o outro. Seguindo adiante, continuam sua brincadeira. De repente, Pedro se aproxima demais do barranco, resvala e cai no rio.

— Socorro! Socorro! — gritava, na margem, Maurício.

— Socorro! — bradava Pedro, que a custo conseguia manter a cabeça fora da água.

naufragoafogadoriosalvavidasnadadorresgaterioriverbombeiro

Entretanto, o povoado estava um pouco distante, seus gritos infantis não chegavam até lá. O socorro lhes veio de onde ninguém esperava: um mendigo que descansava embaixo da ponte atirou-se ao rio sem perda de tempo e logo retornou trazendo o menino são e salvo. Depois de acalmar as duas crianças, decidiu acompanhá-las até a aldeia.

Imagine-se o susto da mãe ao ver chegar seu filho, todo molhado, nos braços de um desconhecido maltrapilho. Posta a par do que havia acontecido, agasalhou com todo carinho o filho e logo se voltou para seu benfeitor:

— Como poderei agradecer-lhe, senhor? Sou pobre também, mas quero mostrar-lhe minha gratidão.

— Não se preocupe, senhora. Dê graças ao bom Deus, como dizia minha mãe, por neste dia eu estar descansando debaixo daquela ponte.

— Por favor, gostaria tanto de dar-lhe alguma coisa!

— Bom, já que insiste tanto, um prato de comida não me faria mal, pois há muito tempo não como algo quente.

Transbordante de gratidão, preparou ela para o mendigo o melhor almoço que pôde. Quando este, depois de larga conversa, estava por sair, ela tirou do pescoço do filho uma corrente prateada com a Medalha Milagrosa e lhe disse:

— Meu senhor, leve ao menos esta lembrança. Certa estou de que foi Nossa Senhora quem dispôs tudo, pois todos os dias peço a Ela que proteja meu filho. Tenha sempre esta medalha no pescoço, eu lhe peço. Este é o maior bem que lhe posso fazer.

O andarilho pouco tinha de piedoso, mas ficou comovido com a fé e o zelo maternal daquela mulher, pois esta lhe trouxe à lembrança a doce fisionomia de outra senhora, que há muitos anos ele não via, e que o carregou nos braços quando criança e também o recomendava diariamente à Mãezinha do Céu… Tomou, pois, a medalha, pôs no pescoço, despediu-se e nunca mais foi visto naquela aldeia.

Pedro cresceu e, sendo já um jovem vigoroso, ouviu o chamado de Jesus para abandonar todos os bens desta terra e decidiu ser missionário. Cerca de 20 anos depois do episódio narrado acima, ei-lo sacerdote, designado pelos superiores para atender os doentes pobres num hospital das Irmãs de Caridade, no interior da França.

Cruzou ele pela primeira vez os amenos jardins daquela casa religiosa e foi apresentar-se à Madre Superiora. Esta o cumprimentou com respeito e lhe disse:

— Padre, como é providencial sua chegada! Estamos com um enfermo em estado terminal e em sério risco de morrer impenitente. Por favor, veja logo o que é possível fazer por ele!

O jovem padre dirigiu-se à capela, rogando a Jesus Eucarístico que lhe inspirasse palavras adequadas para tocar aquele coração endurecido. Voltou os olhos para uma imagem da Virgem e implorou-lhe com toda confiança: “Refúgio dos Pecadores, rogai por ele!”

medalhamilagrosaarautosmiraculousmedailnossasenhoradasgracasbrasilmariamaedejesusCom passo sereno, entrou na enfermaria, onde o doente lhe deu a pior acolhida possível:

— Fora daqui! Não quero nada com padres. Fique do lado de fora, você com seus santos!

Disposto a tudo fazer para salvar aquela alma, Pe. Pedro não se deixou abalar por esse rugido de impiedade. Notando que o ímpio falava com um sotaque pouco comum na região, aproveitou-se do fato para entabular uma conversa.

— Ora veja! Você não é francês, não é verdade? Você parece ser… belga. Acertei?

— Sim, e como sabe?

— Pelo seu sotaque. Há quanto tempo está aqui?

Com isso foi se aproximando da cama do enfermo. Mostrando-lhe um sorriso nos lábios e um rosto radiante de bondade, prosseguiu:

— Sabe, sou belga também, da região do vale do rio Meuse, e brinquei muito às suas margens. E você, de onde é?

O doente mostrava-se aliviado em poder conversar um pouco com um conterrâneo. Procurando ser amável ao máximo, o sacerdote conduziu aos poucos a conversa para assuntos religiosos e, discretamente, tirou a estola da maleta.

Vendo isso, o intratável enfermo descarregou sobre ele um novo surto de imprecações, enquanto procurava erguer-se em seu leito. Ao fazer esse movimento, deixou aparecer sobre seu peito desnudo uma corrente prateada da qual pendia uma Medalha Milagrosa.

O Pe. Pedro reconheceu-a imediatamente! Ocultando a forte emoção que sentia, perguntou:

— Diga-me, quem lhe deu essa medalha?

Como resposta, ouviu do infeliz ateu a história de como ele, cerca de 20 anos antes, a ganhara de presente da mãe de um menino que ele havia salvado das águas do rio.

Sem conter alguns soluços, disse-lhe o sacerdote:

— Sou eu esse menino! Estive sempre à procura daquele mendigo. Por ele rezei todos os dias. Desde que sou padre, lembro-me dele em todas as minhas Missas. E agora o encontro aqui! Veja bem, meu amigo e benfeitor, isto é uma prova de quanto Nossa Senhora lhe quer bem. Assim como Ela, há 20 anos, encaminhou você para aquela ponte a fim de me salvar a vida, agora Ela mesma me traz aqui, como sacerdote de Cristo, para salvar sua alma.

Tocado pela graça, o mendigo derramou muitas lágrimas de arrependimento. Depois de uma sincera confissão de toda a sua longa vida de pecados, recebeu a Unção dos Enfermos, depois o Santo Viático, e expirou serenamente na paz do Senhor.

ago 072011
 
Guy de Ridder
Georges Charles Huysmans despontou como escritor de destaque na culta Paris de fins do século XIX. Sua conversão ao Catolicismo, quando passava já dos 40 anos de idade, deveu-se, em grande parte, à sua facilidade de perceber e degustar o esplendor da Liturgia católica.

Tinha ele uma genial capacidade de descrever o que via e sentia, bem como de mostrar as correlações das belezas da Liturgia com as da arquitetura, da escultura, da pintura, etc. E pôs esse precioso dom natural inteiramente a serviço da Fé, como o leitor pode constatar no texto abaixo, de sua autoria.

Catedral da Idade Média em León, Espanha

Catedral da Idade Média em León, Espanha

O que me parecia superior às mais elogiadas obras da música teatral ou mundana era o velho canto-chão, esta melodia plana e despida, ao mesmo tempo sublime e grave. Era este grito solene das tristezas e ufano das alegrias, eram estes hinos grandiosos da fé humana, os quais parecem jorrar nas catedrais, dos pés das colunas românicas, como gêiseres irresistíveis.

Qual música — por mais ampla, terna ou dolorosa que seja — vale um De Profundis cantado em falso-bordão, as solenidades do Magnificat, as verves augustas do Lauda Sion, os entusiasmos da Salve Regina, as soledades do Miserere e do Stabat Mater, as onipotentes majestades do Te Deum?

Artistas geniais haviam já se esforçado para exprimir em música os textos sagrados: Victoria, Josquim De Près, Palestrina, Orlando de Lassus, Haendel, Bach, Haydn — todos estes compuseram páginas maravilhosas. Contudo, suas obras contêm uma certa ostentação, mostram-se, apesar de tudo, orgulhosas, em comparação com a humilde magnificência e o sóbrio esplendor do canto gregoriano. (…)

Já o canto litúrgico, quase sempre composto anonimamente no fundo dos claustros, era uma fonte extraterrestre, sem marcas de pecado, sem pretensões artísticas. Era um surto de almas já liberadas da servidão da carne, uma explosão de ternuras sobrenaturalizadas e de alegrias puras. Era o idioma da Igreja, o Evangelho musical acessível, como o próprio Evangelho escrito, não só aos mais requintados, mas também aos mais humildes.

Ah! a verdadeira prova do Catolicismo é esta arte por ele fundada, esta arte que nada ainda foi capaz de superar! Na pintura e na escultura, os primitivos; os místicos, na poesia e na prosa; na música, o canto-chão; na arquitetura, o românico e o gótico. Tudo isto se conciliava num único tufo de pensamentos: reverenciar, adorar, servir o Divino Dispensador, mostrando-Lhe — refletido na alma de sua criatura, como num fiel espelho — o préstimo ainda imaculado de seus dons.

Quanto ao canto-chão, é patente a consonância de sua melodia com a arquitetura. Às vezes ele se inclina como os sombrios arcos românicos; outras, surge tenebroso e pensativo como o semi-círculo dos arcos. O De Profundis, por exemplo, curva-se para dentro, semelhante a esses grandes arcos que formam a ossatura escurecida das abóbadas. Ele é lento e noturno como elas, só se desdobra como elas, não se move senão na penumbra entristecida das criptas.

Às vezes, ao contrário, o canto gregoriano parece tomar emprestado do gótico suas nervuras floridas, suas flechas recortadas, suas rodas de gaze, seus triângulos de rendas leves e finas como vozes infantis. Ele passa, então, dum extremo ao outro, da amplidão das aflições ao infinito das alegrias.

Outras vezes, ele, como a escultura, dobra-se para o júbilo do povo, associando-se às alegrias inocentes, aos risos esculpidos nos velhos frontispícios. Ele toma — tanto no cântico natalino Adeste Fideles quanto no hino pascoal O Filii et Filiae — o ritmo popular das multidões. Tal como os Evangelhos, ele se torna pequeno e familiar, submete-se aos humildes desejos dos pobres e lhes proporciona uma melodia de festa fácil de reter na memória, que os eleva às puras regiões onde suas almas cândidas se prostram aos pés indulgentes de Cristo.

Criado pela Igreja, aprimorado por ela nos corais da Idade Média, o canto gregoriano é a paráfrase flutuante e movente da imóvel estrutura das catedrais. Ele é a interpretação imaterial e fluida das telas dos pintores primitivos. Ele é a tradução alada das prosas latinas compostas outrora pelos monges elevados, em seus claustros, fora do tempo.