out 282011
 

No transcorrer dos seis primeiros séculos muitas outras heresias investiram contra a Santa Igreja, ora negando verdades sobre a Santíssima Trindade — como o Monarquianismo que negavam a distinção de pessoas em Deus. Ora  sobre Jesus Cristo, recusando, por vezes atribui-lhe verdadeira natureza divina— como o arianismo — outras vezes lhe negando a condição de verdadeiro homem — como o Monofisismo e o Monotelismo, que negavam, respectivamente duas naturezas e duas vontades em Jesus Cristo. Foram as chamadas heresias trinitárias e as segundas cristológicas. Não faltaram também as heresias que visavam o Divino Espírito Santo e a doutrina da graça como por exemplo o Pelagianismo. Entretanto, de todas elas a Igreja saiu gloriosamente vencedora, e nesta vitória foi assistida pela santidade, ortodoxia, cultura sabedoria e notáveis qualidades de escritores e polemistas, dos Santos Padres. A alguns destes — Santo Atanásio, São Jerônimo, Santo Agostinho entre outros — que se destacaram por sua excepcional ciência aliada à piedade. Entre os mais notáveis Padres, a Tradição coloca São Basílio, São Gregório de Nazianzo, São João Crisóstomo e Santo Atanásio, no que diz respeito ao Oriente, e Santo Ambrósio, São Jerônimo, Santo Agostinho e São Gregório I, o Grande, quanto ao Ocidente.

Detalhe da Saint Chapelle, Paris

Detalhe da Saint Chapelle, Paris

No período patrístico que estamos considerando, a Igreja foi também enriquecida pela realização de diversos sínodos e concílios, tanto regionais quanto universais, e a estes últimos se dá o nome de “ecumênicos”. Era, muitas vezes, por ocasião desses encontros, principalmente os que se realizavam sob a a autoridade do Papa —  condição para serem considerados ecumênicos, pois o papa é o Pastor universal — que a Igreja definia e formulava verdades de fé contidas na Revelação, e as propunha como tais para todos os fiéis: os dogmas.

Muitos sínodos e concílios se realizaram neste período, por vezes até mais de um por ano, o que torna muito laboriosa a enumeração de todos. Limitemo-nos aos ecumênicos: Nicéia (355) no qual foi definido que Jesus Cristo é verdadeiro Deus consubstancial (homousios) com o Pai; o  1º de Constantinopla (381) que como o anterior estabeleceu as verdades de fé que constam do Símbolo Niceno-Constantinopolitano (o Creio grande); Éfeso (431) que definiu, entre outras coisas, a maternidade divina de Nossa Senhora: Maria é Teotókos (Mãe de Deus);  Calcedônia (451) que condenou o Monofisismo de Eutiques, e estabeleceu o Cânon das Sagradas Escrituras (lista completa dos livros que constituem a Bíblia) e, por fim, o 2º de Constantinopla (553) que, entre outras coisas, reafirmou as decisões de Caledônia.

Nesta rápida passagem pela história dos Padres da Igreja e de suas lutas contra as heresias, chegamos ao fim do sexto século e  com ele o que se convencionou chamar em sentido estrito, o período dos Santos Padres. Admite-se, num sentido amplo, Santos Padres até o fim do século VIII. Também com esta historia encerramos nosso primeiro capítulo, para retomar no próximo a caminhada da Igreja onde a deixamos: ornada com a glória dos mártires e prestes a enfrentar os desafios da liberdade.