abr 272012
 

Pronomes demonstrativos

TigrisetagnuscordeiroetigrelambandtigerAntes de estudarmos a tabela dos pronomes demonstrativos, é interessante notar que um dos poucos reflexos do gênero neutro latino na língua portuguesa é a terceira forma de demonstrativo: isto, isso, aquilo. Esta forma indefinida pode ser aplicada para qualquer objeto independentemente de seu gênero, ou seja, não é nem masculino, nem feminino; nem um, nem outro; o que originou o gênero: neutrum (Ne utrum…). Passemos à tabela dos demonstrativos, a qual per se dispensa comentários prolixos.

Hic, haec, hoc – este, esta, isto

Singular

Plural

Gênero

M.

F.

N.

M.

F.

N.

N.

Hic

Haec

Hoc

Hi

Haec

Haec

Ac.

Hunc

Hanc

Hoc

Hos

Has

Haec

G.

Huius

Huius

Huius

Horum

Harum

Horum

D.

Huic

Huic

Huic

His

His

His

Ab.

Hoc

Hac

Hoc

His

His

His

Iste, ista, istud – esse, essa, isso

N.

Iste

Ista

Istud

Isti

Istae

Ista

Ac.

Istum

Istam

Istud

Istos

Istas

Ista

G.

Istius

Istius

Istius

Istorum

Istarum

Istarum

D.

Isti

Isti

Isti

Istis

Istis

Istis

Ab.

Isto

Ista

Isto

Istis

Istis

Istis

Ille, Illa, Illud – aquele, aquela, aquilo

N.

Ille

Illa

Illud

Illi

Illae

Illa

Ac.

Illum

Illam

Illud

Illos

Illas

Illa

G.

Illius

Illius

Illius

Illorum

Illarum

Illorum

D.

Illi

Illi

Illi

Illis

Illis

Illis

Ab.

Illo

Illa

Illo

Illis

Illis

Illis

Ipse, ipsa, ipsum – o próprio, a prória

N.

Ipse

Ipsa

Ipsum

Ipsi

Ipae

Ipsa

Ac.

Ipsum

Ipsam

Ipsum

Ipsos

Ipsas

Ipsa

G.

Ipsius

Ipsius

Ipsius

Ipsorum

Ipsarum

Ipsorum

D.

Ipsi

Ipsi

Ipsi

Ipsis

Ipsis

Ipsis

Ab.

Ipso

Ipsa

Ipso

Ipsis

Ipsis

Ipsis

Is, ea, id – ele, ela, aquele, aquela, o que

N.

Is

Ea

Id

Ii

Eae

Ea

Ac.

Eum

Eam

Id

Eos

Eas

Ea

G.

Eius

Eius

Ieus

Eorum

Earum

Eorum

D.

Ei

Ei

Ei

Eis ou iis

Eis ou iis

Eis ou iis

Ab.

Eo

Ea

Eo

Eis ou iis

Eis ou iis

Eis ou iis

Idem, eadem, idem – o mesmo, a mesma

N.

Idem

Eadem

Idem

Iidem

Eaedem

Eadem

Ac.

Eundem

Eandem

Idem

Eosdem

Eaedem

Eadem

G.

Eiusdem

Eiusdem

Eiusdem

Eorundem

Earudem

Eorumdem

D.

Eidem

Eidem

Eidem

Eisdem ou Iidem

Ab.

Eodem

Eadem

Eodem

Eisdem ou Iisdem

 “Hic” equivale ao demonstrativo luso “este”, ou seja, à ideia de proximidade imediata de quem fala e de quem ouve.

“Iste” equivale ao demonstrativo luso “esse”, ou seja, à ideia de proximidade imediata de quem fala, mas não de quem ouve.

“Ille” equivale ao demonstrativo luso “aquele”, ou seja, à ideia de distância tanto por parte de quem fala quanto da parte que ouve.

O conjunto “Ipse, ipsa, ipsum” equivale aos pronomes pessoais “ele, ela”. São usados para evitar repetições na frase de um nome mencionado anteriormente. É questão de estilo. Assim é de fato um “pro-nome”, ou seja, uma palavra que substitui o nome. Por outro lado, o Ipse é mais enfático que o pronome pessoal “is”, visto nas lições anteriores, e pode ser traduzido por “ele próprio”, ou “ele mesmo”.

Os pronomes demonstrativos também se declinam. Um exercício muito interessante é traduzir cada pronome em cada gênero da tabela acima segundo o caso. Veja o modelo abaixo:

Caso

Latim

Português

Singular

Nominativo

Hic

Este (Sujeito da frase)

Acusativo

Hunc

Este (Objeto Direto)

Genitivo

Huius

Deste

Dativo

Huic

Para este

Ablativo

Hac

Por este, com este

Plural

Nominativo

Hi

Estes (Sujeito da frase)

Acusativo

Hos

Estes (Objeto Direto)

Genitivo

Horum

Destes

Dativo

His

Para estes

Ablativo

His

Por estes, com estes

 Mãos à obra!

Uma curiosidade interessante é que alguns latinistas vêem no “Ille, Illa, Illud” a origem remota do pronome pessoal português “Ele e Ela”.

Em alguns textos, o leitor poderá encontrar a forma “hujus”, mas tanto o latim clássico como o eclesiástico desconhecem a letra “j”, de maneira que em nosso curso, jamais usamos o “j”, que é usado em alguns meios jurídicos nacionais ou estrangeiros.

Uma consolação: não há o caso vocativo nos pronomes demonstrativos…

mar 152012
 

Curso de latim: tabela dos pronomes pessoais

Curiosidade: o que é um pronome?

Pronome é a palavra que vem em lugar do nome. Concorda com este em gênero e número. Os pronomes pessoais correspondem às pessoas gramaticais e por meio deles devemos orientar o tratamento. Uma tabela dispensa longas e minuciosas explicações. Oferecemos hoje uma tabela com os pronomes pessoais do latim. Veja a semelhança com nossa língua portuguesa!

Primeira pessoa

Segunda pessoa

Singular

Caso

Em latim

Tradução

Em latim

Tradução

N Ego Eu Tu Tu
Ac. Me Me Tu Tu
G. Mei De mim Tui De ti
D. Mihi A mim, me Tibi A ti, te
Ab. Me Por mim Te Por ti

Plural

N. Nos Nós Vos Vós
Ac. Nos Nos Vos Vos
G. Nostrum De nós Vestrum De vós
D. Nobis A nós, nos Vobis A vós, vos
Ab Nobis Por nós Vobis Por vós

Terceira pessoa ou pronome reflexivo

N Não existe porque sempre é complemento
Ac. Se Se
G. Sui De si, dele, dela, deles, delas
D. Sibi A si, se, lhe, lhes
Ab. Se Por si, por ele, por ela, por eles, por elas

Note que o Mihi é pronunciado mirri na pronúncia clássica ou reconstituída, ou miqui na pronúncia eclesiástica.

O caso vocativo não se diferencia do nominativo. Eis a razão pela qual achamos conveniente não inserí-lo na tabela.

Para exercitar, oferecemos a Ave Maria em latim com os pronomes pessoais marcados em negrito:

Maria_Nossa_Senhora_Santa_Fotos_Jose_Ribeiro_da_Silva_Arautos_BrasilAve Maria, gratia plena
Dominus tecum
Benedicta tu in mulieribus
Et benedictus fructus ventris tui Jesus.
Sancta Maria, Mater Dei,
Ora pro nobis peccatoribus
Nunc et in hora mortis nostrae
Amen.

nov 272011
 

Lilia
Lilia

Partes da árvore

Arbor, -oris (f.) Árvore
Radix, icis (f.) Raiz
Stirps, -rpis (f.) Galho
Truncus, i (m.) Tronco
Lignum, i (n.) Lenho ou madeira
Cortex, icis (m.,f.) Súber, casca de árvore
Ramus, i (m.) Ramo
Frons, -dis (f.) Folhagem
Folium, ii (n.) Folha
Fructus, us (m.)

Pomum, i (n.)

Fruta
Dumus, i (m.) Arbusto ou moita

Espécies de árvores

Quercus, us (f.) Carvalho
Glans, glandis (f.)
Robus, -boris (n.)
Fagus, i (f.) Faia
Pinus, i (f.) Pinho
Abies, etis (f.) Pinheiro ou conífera
Salix, icis (f.) Salgueiro
Populus, i (f.) Álamo, choupo
Ulmus, i (f.) Olmo ou olmeiro
Cupressus, i (f.) Cipreste
Malus, i (f.) Macieira
Malum, i (n.) Maçã
Nux, nucis (f.) Nozes
Ficus, i ou us (f.) Fícus
Olea, ae (f.) Oliveira
Arbores
Arbores

A vinha

Vitism is (f.)

Vinea, ae (f.)

Vinha ou videira
Vinetum, i (n.) Vinhedo
Pampinus, I (m., f.) Folhagem de videira
Uva, ae (f.) Uva
Racemus, I (m.) Uva passa
Videmia, ae (f.) Vindima
Prelum, I (n.) Prensa

Os arbustos e flores

Flos, floris (m.) Flor
Laurus, I (f.) Louro
Myrtus, I (f.) Murta
Apium, ii (n.) Aipo
Hedera, ae (f.) Hera
Rosa, ae (f.) Rosa
Lilium, ii (n.) Lílio
Viola, ae (f.) Violeta
Serta, orum (n.) Guirlanda, buquê, grinalda
nov 252011
 

Paulus Kangiser

Vir Togatus

Vir togatus, Museum Vaticanum

Stanley F. Bonner, professor Anglus, de Romanorum institutione sive educatione indagationem, quae annos ad 300 amplectitur (a Catone maiore ad Plinium iuniorem), iampridem fecit Liverpulae, ubi Latinitatem docebat, et fere triginta annis abhinc edidit (Education in Ancient Rome, London, 1977).

Auctor in indagationis conclusione admiratur quod Romani adeo sint progressi, illis temporibus consideratis, ut reliquos populos multis rebus superarent; praeterea miratur quod, edoctis plurimis, in eum prosperitatis locum pervenerint sine institutis statalibus, sicut hodiernis pro educatione ministeriis, neve publicis sumptibus ac subsidiis, nisi in novissimis Imperii temporibus ubi perpauca atque rarissima fuerunt.

Alteram vero conclusionem de Romanis, ab egregio Bonneris opere, colligere possumus, scilicet: eximiae indolis educationem adeptos esse, eo demum quod nulla scriptocratia statali usi sunt, quam vero scriptocratiam valde pandere videmus in postremis Imperii diebus atque dilapsionis ruinaeque partim culpandam.

In temporis spatio a Bonnere indagato comperimus nullas fuisse aedes scholares et praeceptores dictata doctrinasque dixisse ubi commode potuissent, sive domi sive in cella domestica conducta vel etiam sub umbraculo in area plateave;  querebantur quoque praeceptores quod parentes pactam mercedem nonnumquam sero dedissent, quippe qui nullam aliunde pecuniam acciperent; cum autem cuiusvis praeceptoris educatio satis bona non esset, parentes alio liberos deducebant.

Pueros primo litteras lectionemque docebat ludimagister; deinde grammaticus ad intellegendum quod legerant discipulos inducebat; postremo apud rhetorem de rebus lectis, quam intellegerant, argute erat iudicandum declamationis causa, ita ut argumenta pro una parte aut contra alteram omnis discipulus excogitare deberet; ex hac studiorum diuturna ratione patricii necnon plebeii ad rempublicam, militiam, commercium apti fiebant, adeo ut per millenium historiam suam prae ceteris populis optime degerent; hic Romanorum prospectus differri potest vel a quadam ficta imagine quam cinema Hollywoodiense nobis quondam praebuit, vel a prava opinione quam prisci Christiani, ex ipsorum martyribus, de paganis non immerito vulgaverunt.

Certum est historiam remedia pro malis hodiernis nobis non proferre; immo: non quia ad usum cottidianum sit utilis sed quod animi culturae prodest eam iudicamus colendam; ab ea enim adducimur ad difficultates meditandas ac superandas non secundum novas aut dubias ideologias sed praesertim ad principia quae, saeculis transactis, etiam nunc aptiora et potiora esse videantur.


nov 212011
 

Pe. José Arnóbio Glavan, EP

As Catacumbas

Ao longo dos dois séculos e meio em que a Igreja sofreu sucessivas perseguições sangrentas, sentiu ela a necessidade de se esconder — sobretudo em Roma onde era mais diretamente visada — para poder continuar sua vida: celebrar os Santos Mistérios, conservar sua unidade, sepultar seus mortos —  especialmente os mártires cujos corpos se lograva resgatar — e acolher os novos cristãos.

aguia romana_aquila_eagle_arend_Adler_Aigle_romain_Romanische_RomaHabitualmente o fazia nas famosas catacumbas, locais subterrâneos  usados como cemitérios pelos antigos romanos, e que consistiam em amplas galerias com vários andares, interligados por verdadeiros labirintos, fato que vinha dificultar as perseguições. Entre elas destacam-se a famosa catacumba de São Calixto,  e as de Santa Priscila e de  Santa Domitila. As catacumbas são hoje em dia — juntamente com o Circo Máximo onde os cristãos eram martirizados — , locais de vivo interesse dos peregrinos que vão a Roma, e permanecem testemunhas eloquentes daqueles atribulados, heróicos e gloriosos tempos.

A unidade do Império sob Constantino

Em nossa trajetória histórica chegamos aos tempos de Diocleciano e de Constantino. O primeiro, como vimos, realizou uma reforma política e administrativa no Império, estabelecendo quatro imperadores: dois Augustos e dois Césares. Entretanto tal disposição não perdurou.

Com Constantino, seu sucessor, depois de muitos entrechoques políticos e militares, o Império viu-se governado por dois imperadores simplesmente: Constantino no Ocidente e Licínio no Oriente. Este último, entretanto, assumiu uma conduta contrária a de Constantino, hostilizando os cristãos, e ambos entraram em guerra. Constantino saiu vitorioso deste embate e tornou-se o único imperador: Totius orbis Imperator (Imperador de toda a Terra), foi o título que então levou.

Estava assim o Império Romano novamente unificado, e uma das principais medidas de Constantino foi, para se proteger das turbulências políticas de Roma,  transferir a capital do Império para Bizanço cujo nome mudou para Constantinopla, que em grego significa, cidade de Constantino.

Tal unidade porém também não se manteve. A necessidade da divisão se impunha pela vastidão do território sob poder dos Césares, e veio ela novamente a se restabelecer após o governo de Teodósio, permanecendo, como veremos a seguir, até a queda do Império Romano do Ocidente. O do Oriente, porém, perdurou por mais mil anos aproximadamente, vindo a cair somente com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453.

O batismo de Constantino

Imperador Constantino e Santa Helena sua mãe, França

Após a famosa batalha da Ponte Mílvia, Constantino parece ter-se mantido sob influência da Igreja mas, surpreendentemente, não se fez batizar. Recebeu o santo batismo somente na hora da morte. O fato, que causa perplexidade e estranheza aos historiadores, se explica  pelo seguinte motivo: naqueles primeiros tempos da vida da Igreja, em que a exegese (ciência da interpretação da Sagrada Escritura) e a teologia (ciência da doutrina cristã), estavam apenas começando — impulsionadas sábia e corajosamente pelos Padres, e orientadas pelo Magistério da Igreja assistido pelo Espírito Santo — havia aspectos desta doutrina que ainda não estavam inteiramente claros. Um deles era justamente a respeito do sacramento da Penitência e das condições e amplitude do perdão concedido por Deus aos pecados graves atuais, após o batismo. Com efeito, era concepção corrente nesta época que os pecados graves cometidos após o batismo muito dificilmente seriam perdoados. E quando a Igreja concedia o perdão o fazia somente após anos de penitência.

Havia inclusive quem entendesse que tais pecados não tinham perdão a não ser, em certas condições, na hora da morte. Pelo contrário a convicção de que o batismo, recebido com as devidas disposições, apaga completamente todos os pecados, era uma verdade de fé compreendida e aceita em todos os tempos.

No quadro dessas concepções, pareceu mais prudente a Constantino — que tinha muito medo de recair em pecado e assim pôr em risco sua eterna salvação — postergar seu batismo para o fim de sua vida.

.oOo.

Artigos precedentes e continuação do curso pelo link: Curso Básico de História da Igreja

nov 172011
 

Salve Rainha (Gregoriano Audio Mp3)

Para ouvir, clique aqui.

Partitura

Salve Regina

História da Salve Rainha

A Salve Rainha é uma oração dirigida a Nossa Senhora surgida no século XI. Narra a História que um monge chamado Hermano Contracto compôs a oração cerca do ano de 1050 na cidade de Reichenau, Alemanha. Quando São Bernardo de Claraval tomou contato com a oração cantada pelos monges ficou tomado de tal enlevo a ponto de improvisar a última parte do cântico. Daí surgiu o verso “O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria”, que em português significa, “Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria”.

Domina Nostra a Fatima

Domina Nostra a Fatima

Historia Salve Regina

Salve Regina oratio ad Dominam Nostram scripta in XI saeculo. Monachus benedictinus Hermanus Contractus circa anno 1050 factus est eam in oppido Reichenau, Germania. Cum Sanctus Bernardus Claraevallensis cognoscit eam cantatam a monachis, admiratione afflante, postremam precis partem componit: “O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria”.

Tradução da Salve Regina

Salve, Rainha, mãe de misericórdia,
Salve, Regina, Mater misericordiae,
vida, doçura, esperança nossa, salve!
vita, dulcedo, et spes nostra, salve.
A vós bradamos os degredados filhos de Eva.
Ad te clamamus, exsules filii Hevae,
A vós suspiramos, gemendo e chorando
ad te suspiramus, gementes et flentes
neste vale de lágrimas.
in hac lacrimarum valle.
Eia, pois, advogada nossa,
Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos
esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei,
misericordes oculos ad nos converte;
e depois deste desterro mostrai-nos Jesus,
et Jesum, benedictum fructum ventris tui,
bendito fruto do vosso ventre,
nobis post hoc exilium ostende.
Ó clemente, ó piedosa,
O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.
ó doce sempre Virgem Maria
V.: Ora pro nobis sancta Dei Genetrix.
V.: Rogai por nós santa Mãe de Deus
R.: Ut digni efficiamur promissionibus Christi.
R.: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Textus in latine

Salve, Regina, Mater misericordiae,

vita, dulcedo, et spes nostra, salve.

Ad te clamamus, exsules filii Hevae,

ad te suspiramus, gementes et flentes

in hac lacrimarum valle.

Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos

misericordes oculos ad nos converte;

et Jesum, benedictum fructum ventris tui,

nobis post hoc exilium ostende.

O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.

Em alguns ainda é adicionado:

V.: Ora pro nobis sancta Dei Genetrix.

R.: Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria

O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria

nov 172011
 

Salve Rainha (Gregoriano Audio Mp3)

Para ouvir, clique aqui.

Partitura

Salve Regina

História da Salve Rainha

A Salve Rainha é uma oração dirigida a Nossa Senhora surgida no século XI. Narra a História que um monge chamado Hermano Contracto compôs a oração cerca do ano de 1050 na cidade de Reichenau, Alemanha. Quando São Bernardo de Claraval tomou contato com a oração cantada pelos monges ficou tomado de tal enlevo a ponto de improvisar a última parte do cântico. Daí surgiu o verso “O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria”, que em português significa, “Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria”.

Domina Nostra a Fatima

Domina Nostra a Fatima

Historia Salve Regina

Salve Regina oratio ad Dominam Nostram scripta in XI saeculo. Monachus benedictinus Hermanus Contractus circa anno 1050 factus est eam in oppido Reichenau, Germania. Cum Sanctus Bernardus Claraevallensis cognoscit eam cantatam a monachis, admiratione afflante, postremam precis partem componit: “O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria”.

Tradução da Salve Regina

Salve, Rainha, mãe de misericórdia,
Salve, Regina, Mater misericordiae,
vida, doçura, esperança nossa, salve!
vita, dulcedo, et spes nostra, salve.
A vós bradamos os degredados filhos de Eva.
Ad te clamamus, exsules filii Hevae,
A vós suspiramos, gemendo e chorando
ad te suspiramus, gementes et flentes
neste vale de lágrimas.
in hac lacrimarum valle.
Eia, pois, advogada nossa,
Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos
esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei,
misericordes oculos ad nos converte;
e depois deste desterro mostrai-nos Jesus,
et Jesum, benedictum fructum ventris tui,
bendito fruto do vosso ventre,
nobis post hoc exilium ostende.
Ó clemente, ó piedosa,
O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.
ó doce sempre Virgem Maria
V.: Ora pro nobis sancta Dei Genetrix.
V.: Rogai por nós santa Mãe de Deus
R.: Ut digni efficiamur promissionibus Christi.
R.: Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Textus in latine

Salve, Regina, Mater misericordiae,

vita, dulcedo, et spes nostra, salve.

Ad te clamamus, exsules filii Hevae,

ad te suspiramus, gementes et flentes

in hac lacrimarum valle.

Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos

misericordes oculos ad nos converte;

et Jesum, benedictum fructum ventris tui,

nobis post hoc exilium ostende.

O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.

Em alguns ainda é adicionado:

V.: Ora pro nobis sancta Dei Genetrix.

R.: Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria

O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria

nov 142011
 

Curso Básico de Latim: Tabela das declinações

Mosaico romano paleo cristianismo

 

Declinação

Primeira[1]

Segunda[2]

Terceira[3]

Quarta[4]

Quinta[5]

Singular

Nominativo

a

er, us, ir ou um

diversas terminações

us

es

Vocativo[6]

igual ao nominativo

Igual ao nominativo ou e ou ainda i

igual ao nominativo

igual ao nominativo

igual ao nominativo

Genitivo

ae

i

is

us

ei

Dativo

ae

o

i

ui

ei

Ablativo

a

o

e ou i

u

e

Acusativo

Am

um

em

um

em

Plural

Nominativo

ae

i ou a

es

us ou ua

es

Vocativo[7]

ae

i ou a

es

us ou ua

es

Genitivo

Arum

orum

um ou ium

uum

erum

Dativo

is

is

ibus

ibus

ebus

Ablativo

is

is

ibus

ibus

ebus

Acusativo

as

os ou a

es

us ou ua

um

 


[1] Nomes geralmente femininos.

[2] Nomes terminados em er, us, ir e um. Nomes geralmente masculinos e neutros. É a única declinação em que há diferença na desinência entre os casos vocativo e nominativo.

[3] Nomes dos três gêneros. Esta declinação é a mais importante, pois abrange cerca de 75% das palavras latinas. Se somarmos esta classe de substantivos com os nomes da primeira e da segunda declinação teremos 99% das palavras latinas. Daí, a importância fundamental das três primeiras declinações.

[4] Nomes femininos e neutros. A quarta declinação quase não é usada em latim, mas no entanto é necessário retê-la devido a importância que estas palavras possuem.

[5] Nomes dos três gêneros. Pode-se dizer que somente os substantivos dies e res pertencem a esta declinação com alguns nomes declinados de forma incompleta.

[6] O caso vocativo só é perceptível em alguns nomes da segunda declinação terminados em us que se tornam e.

[7] O caso vocativo só é perceptível no singular.

nov 112011
 

Lucretius, De rerum natura I.1-28 – Hino à Vênus

Marcos Eduardo Melo dos Santos

O texto do autor romano Lucrécio com que abrimos a seção de clássicos no Praecones Latine é cheio de surpresas. Com genialidade ou incoerência este texto engana o leitor inexperiente. Segundo os estudiosos que analisam este trecho da obra De Rerum Natura do filósofo latino Titus Lucretius Caro (94 a. C. a 50 a. C.), o poema sobre a natureza das coisas expõe a filosofia epicurista como a chave que poderia desvendar os segredos do universo e garantir a felicidade humana. O poema propõe libertar os romanos da crença em deuses através do conhecimento da filosofia epicurista. É um poema que defende o ateísmo. Embora o poema contenha hinos a deuses pagãos, Lucrécio tenta justamente negar a existência de deus atribuindo a criação do Universo e a harmonia do cosmos a uma espécie de força espiritual superior que se identifica  com a própria ordem natural das coisas. Por este lado o poema poderia ser chamado de naturalista. Por que Lucrécio uso deste artifício literário? Queira ele fugir das perseguições daqueles que defendiam a religião de estado do Império? Queria ele mostrar sua genialidade? Hesitam na resposta os especialista. Deixemos que o leitor conclua.

ArvoresOutono_Frace_Franca_Grand Canyon du VerdonMundovegetalplantasUm esclarecimento que me parece importante. Ele usa a imagem de Vênus não para evocar a presença da deusa ou fazer alusão ao instinto procriativo do homem, mas apenas para mostrar que a natureza é a mãe do universo e geradora da vida, e Vênus bem poderia representar para Lucrécio este papel: o da “mãe natureza”.

Claro que para nós católicos a doutrina epicurista se distancia da Fé Cristã pela qual acreditamos que a origem e a manunteção do cosmos se deve a Deus. Por mais que o poema seja pagão e epicurista, nele encontramos alguns atributos divinos que os antigos latinos chegaram a ver através da razão natural. O hino à Venus bem poderia louvar, com poucas adaptações, a Deus e a Nossa Senhora. Nestes versos vemos como Deus se revela aos pagãos através de suas obras como outrora o Apóstolo São Paulo explicou no primeiro capítulo de sua carta dirigida aos romanos. Neste hino se vê o desejo de Deus, do conhecimento do Criador, numa alma que não tem a Revelação; que não conheceu a Jesus e nem o ensinamento dos Patriarcas e Profetas do Antigo Testamento. É um poema contraditório, mas genial, que revela a profunda incoerência da alma pagã. É um poema ateu que fala de Deus, de alguém que tenta negar a existência da divindade, mas que relega à humanidade, querendo ou não,  belos versos sobre a grandeza divina. É o grito da alma pagã em busca do Deus desconhecido. Acompanhemos os versos latinos com a tradução de Agostinho da Silva.

Aeneadum genetrix, hominum divomque voluptas, alma Venus, caeli subter labentia signa quae mare navigerum, quae terras frugiferentis concelebras, per te quoniam genus omne animantum concipitur visitque exortum lumina solis: te, dea, te fugiunt venti, te nubila caeli adventumque tuum, tibi suavis daedala tellus summittit flores, tibi rident aequora ponti placatumque nitet diffuso lumine caelum. Ó mãe dos Enéadas, prazer dos homens e dos deuses, ó Vênus criadora, que por sob os astros errantes povoas o navegado mar e as terras férteis em searas, por teu intermédio se concebe todo o gênero de seres vivos e, nascendo, contempla a luz do sol: por isso de ti fogem os ventos, ó deusa; de ti, mal tu chegas, se afastam as nuvens do céu; e a ti oferece a terra diligente as suaves flores, para ti sorriem os plainos do mar e o céu em paz resplandece inundado de luz.
Nam simul ac species patefactast verna diei et reserata viget genitabilis aura favoni, aëriae primum volucris te, diva, tuumque significant initum perculsae corda tua vi.  Inde ferae pecudes persultant pabula laeta et rapidos tranant amnis: Ita capta lepore te sequitur cupide quo quamque inducere pergis. Denique per maria ac montis fluviosque rapacis frondiferasque domos avium camposque virentis omnibus incutiens blandum per pectora amorem efficis ut cupide generatim saecla propagent. Apenas reaparece o aspecto primaveril dos dias e o sopro criador do Favônio, já livre, ganha forças, primeiro te celebram e à tua vinda, ó deusa, as aves do ar, pela tua força abaladas no mais íntimo do peito; depois, os animais bravios e os rebanhos saltam pelos ledos pastos e atravessam a nado as rápidas correntes: todos, possessos do teu encanto e desejo, te seguem, aonde tu os queiras levar. Finalmente, pelos mares e pelos montes e pelos rios impetuosos, e pelos frondosos lares das aves, e pelos campos virentes, a todos incutindo no peito o brando amor, tu consegues que desejem propagar-se no tempo, por meio da geração.
Quae quoniam rerum naturam sola gubernas nec sine te quicquam dias in luminis oras exoritur neque fit laetum neque amabile quicquam, te sociam studeo scribendis versibus esse, quos ego de rerum natura pangere conor Memmiadae nostro, quem tu, dea, tempore in omni omnibus ornatum voluisti excellere rebus.  quo magis aeternum da dictis, diva, leporem. Visto que sozinha vais governando a natureza e que, sem ti, nada surge nas divinas margens da luz e nada se faz de amável e alegre, eu te procuro, ó deusa, para que me ajudes a escrever o poema que, sobre a natureza das coisas, tento compor para o nosso Mêmio, a quem tu, ó deusa, sempre quiseste conceder todas as qualidades, para que excedesse aos outros. Dá pois a meus versos, ó Vênus divina, teu perpétuo encanto.
nov 112011
 

Lucretius, De rerum natura I.1-28 – Hino à Vênus

Marcos Eduardo Melo dos Santos

O texto do autor romano Lucrécio com que abrimos a seção de clássicos no Praecones Latine é cheio de surpresas. Com genialidade ou incoerência este texto engana o leitor inexperiente. Segundo os estudiosos que analisam este trecho da obra De Rerum Natura do filósofo latino Titus Lucretius Caro (94 a. C. a 50 a. C.), o poema sobre a natureza das coisas expõe a filosofia epicurista como a chave que poderia desvendar os segredos do universo e garantir a felicidade humana. O poema propõe libertar os romanos da crença em deuses através do conhecimento da filosofia epicurista. É um poema que defende o ateísmo. Embora o poema contenha hinos a deuses pagãos, Lucrécio tenta justamente negar a existência de deus atribuindo a criação do Universo e a harmonia do cosmos a uma espécie de força espiritual superior que se identifica  com a própria ordem natural das coisas. Por este lado o poema poderia ser chamado de naturalista. Por que Lucrécio uso deste artifício literário? Queira ele fugir das perseguições daqueles que defendiam a religião de estado do Império? Queria ele mostrar sua genialidade? Hesitam na resposta os especialista. Deixemos que o leitor conclua.

ArvoresOutono_Frace_Franca_Grand Canyon du VerdonMundovegetalplantasUm esclarecimento que me parece importante. Ele usa a imagem de Vênus não para evocar a presença da deusa ou fazer alusão ao instinto procriativo do homem, mas apenas para mostrar que a natureza é a mãe do universo e geradora da vida, e Vênus bem poderia representar para Lucrécio este papel: o da “mãe natureza”.

Claro que para nós católicos a doutrina epicurista se distancia da Fé Cristã pela qual acreditamos que a origem e a manunteção do cosmos se deve a Deus. Por mais que o poema seja pagão e epicurista, nele encontramos alguns atributos divinos que os antigos latinos chegaram a ver através da razão natural. O hino à Venus bem poderia louvar, com poucas adaptações, a Deus e a Nossa Senhora. Nestes versos vemos como Deus se revela aos pagãos através de suas obras como outrora o Apóstolo São Paulo explicou no primeiro capítulo de sua carta dirigida aos romanos. Neste hino se vê o desejo de Deus, do conhecimento do Criador, numa alma que não tem a Revelação; que não conheceu a Jesus e nem o ensinamento dos Patriarcas e Profetas do Antigo Testamento. É um poema contraditório, mas genial, que revela a profunda incoerência da alma pagã. É um poema ateu que fala de Deus, de alguém que tenta negar a existência da divindade, mas que relega à humanidade, querendo ou não,  belos versos sobre a grandeza divina. É o grito da alma pagã em busca do Deus desconhecido. Acompanhemos os versos latinos com a tradução de Agostinho da Silva.

Aeneadum genetrix, hominum divomque voluptas, alma Venus, caeli subter labentia signa quae mare navigerum, quae terras frugiferentis concelebras, per te quoniam genus omne animantum concipitur visitque exortum lumina solis: te, dea, te fugiunt venti, te nubila caeli adventumque tuum, tibi suavis daedala tellus summittit flores, tibi rident aequora ponti placatumque nitet diffuso lumine caelum. Ó mãe dos Enéadas, prazer dos homens e dos deuses, ó Vênus criadora, que por sob os astros errantes povoas o navegado mar e as terras férteis em searas, por teu intermédio se concebe todo o gênero de seres vivos e, nascendo, contempla a luz do sol: por isso de ti fogem os ventos, ó deusa; de ti, mal tu chegas, se afastam as nuvens do céu; e a ti oferece a terra diligente as suaves flores, para ti sorriem os plainos do mar e o céu em paz resplandece inundado de luz.
Nam simul ac species patefactast verna diei et reserata viget genitabilis aura favoni, aëriae primum volucris te, diva, tuumque significant initum perculsae corda tua vi.  Inde ferae pecudes persultant pabula laeta et rapidos tranant amnis: Ita capta lepore te sequitur cupide quo quamque inducere pergis. Denique per maria ac montis fluviosque rapacis frondiferasque domos avium camposque virentis omnibus incutiens blandum per pectora amorem efficis ut cupide generatim saecla propagent. Apenas reaparece o aspecto primaveril dos dias e o sopro criador do Favônio, já livre, ganha forças, primeiro te celebram e à tua vinda, ó deusa, as aves do ar, pela tua força abaladas no mais íntimo do peito; depois, os animais bravios e os rebanhos saltam pelos ledos pastos e atravessam a nado as rápidas correntes: todos, possessos do teu encanto e desejo, te seguem, aonde tu os queiras levar. Finalmente, pelos mares e pelos montes e pelos rios impetuosos, e pelos frondosos lares das aves, e pelos campos virentes, a todos incutindo no peito o brando amor, tu consegues que desejem propagar-se no tempo, por meio da geração.
Quae quoniam rerum naturam sola gubernas nec sine te quicquam dias in luminis oras exoritur neque fit laetum neque amabile quicquam, te sociam studeo scribendis versibus esse, quos ego de rerum natura pangere conor Memmiadae nostro, quem tu, dea, tempore in omni omnibus ornatum voluisti excellere rebus.  quo magis aeternum da dictis, diva, leporem. Visto que sozinha vais governando a natureza e que, sem ti, nada surge nas divinas margens da luz e nada se faz de amável e alegre, eu te procuro, ó deusa, para que me ajudes a escrever o poema que, sobre a natureza das coisas, tento compor para o nosso Mêmio, a quem tu, ó deusa, sempre quiseste conceder todas as qualidades, para que excedesse aos outros. Dá pois a meus versos, ó Vênus divina, teu perpétuo encanto.