jun 222011
 

Quem foi o autor do hino gregoriano Adoro te devote?

O mundo viu nascer Tomás de Aquino no ano de 1225, no castelo de Roccasecca, próximo a Nápoles, na Itália. Dos sete filhos do conde Landolfo d’Aquino, Tomás era o mais novo. Aos cinco anos, foi enviado ao famoso Convento de Monte Cassino, para lá ser educado. Seu tio, Sunibaldo, era abade e encarregou-se de sua formação. Tudo indica que sua família também ansiava que ele viesse a ser o superior daquele prestigioso mosteiro.
Pouco se sabe deste período de sua vida, a não ser que o “pequeno monge”, ao percorrer o majestoso claustro daquela abadia, inquiria os religiosos sobre um tema que não saía da sua mente: “Que é Deus?”. Não passaram para a história as respostas proferidas. Contudo, parece certo dizer que ninguém lhe respondeu satisfatoriamente, pois, desde criança, ele fez dessa primeira indagação a força motriz que o impulsionaria a produzir a maior obra teológica de todos os tempos.
Ao ingressar na vida acadêmica, rapidamente destacou-se pela prodigiosa fecundidade de pensamento. Esse doutor que mereceu ser chamado “Angélico”, foi um grande luzeiro posto por Deus no meio de sua Igreja, a fim de esclarecer, confortar e animar as almas pelos séculos futuros. Viveu apenas 49 anos, dedicando a metade de sua vida à nobre e árdua tarefa de ensinar nos mais importantes centros universitários da França, Itália e Alemanha.
Guilherme de Tocco, seu primeiro e principal biógrafo, afirmou que “nas aulas o seu gênio começou a brilhar de tal forma e a sua inteligência a revelar-se tão perspicaz, que repetia aos outros estudantes as lições dos mestres de maneira mais elevada, mais clara e mais profunda do que as tinha ouvido” (1).
São Tomás soube unir harmoniosamente a santidade com a genialidade, e a erudição com a virtude, a fim de produzir a maior obra teológica de todos os tempos. Durante os quase oito séculos que separam sua existência da nossa, foi ele sempre exaltado com eloquentes louvores pelos Papas, em termos não comuns em documentos pontifícios.
O Papa João XXII, em 1318, afirmou: “Ele sozinho iluminava a Igreja mais que os outros doutores. Lendo seus livros um homem aproveita mais em um ano do que durante toda a sua vida”(2). São Pio V, em 1567, não foi menos categórico: “A Igreja fez dela a sua doutrina teológica, por ser a mais certa e a mais segura de todas”. E o Papa Leão XIII, em 1892, disse que “se se encontram doutores em desacordo com São Tomás, qualquer que seja o seu mérito, a hesitação não é permitida; sejam os primeiros sacrificados ao segundo”. Por sua vez, o Concílio Vaticano II aconselha que São Tomás seja seguido nos Seminários e nas Universidades católicas. O Papa Paulo VI, comentando esse fato, disse: “é a primeira vez que um Concílio Ecumênico recomenda um teólogo, e este é precisamente São Tomás de Aquino”.

São Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino

Festa de Corpus Christi e o Adoro te Devote

Como vimos no post anterior História da solenidade de Corpus Christi e a sequência Lauda Sion (letra em português e latim), São Tomás compôs o ofício litúrgico para a Festa de Corpus Christi. Além da sequência Lauda Sion, o Doutor Angélico compôs o Adoro te devote, o qual disponibilizamos aos leitores de Praecones Latine em sua versão original latina e tradução portuguesa.

Letra do Adoro te Devote em português

1. Devotamente Vos adoro, ó Divindade escondida,
velada realmente nesta figuras:
Meu coração a Vós se submete plenamente,
que desfalece inteiro, Vos contemplando.

2. A vista, o tato, o paladar aqui se enganam,
só o que ouço sustenta a minha Fé.
Pois creio no que disse o Filho do Deus vivo;
E nada há mais verdadeiro que a palavra da Verdade.

3. Na Cruz estava oculta só a divindade;
Aqui também se oculta a humanidade;
Contudo numa e outra creio e confesso,
o que pedia o ladrão arrependido, peço.

4. Como Tomé não vejo as chagas,
por meu Deus, contudo, Vos proclamo.
Que eu creia sempre mais e mais,
em Vós espere, que eu Vos ame.

5. Ó lembrança da morte do Senhor!
Pão vivo que ao homem dais a vida.
Concedei à minha alma em Vós viver,
que a ela seja doce Vos pertencer.

6. Senhor Jesus, pelicano cheio de ternura,
purificai-me por Vosso Sangue, eu imundo.
Deste Sangue pelo qual uma só gota,
basta para limpar os crimes ao mundo.

7. Ó Deus, que agora velado vejo,
concedei ao ardor de meus desejos,
que vendo-Vos um dia face a face,
em gáudio contemple Vossa glória eternamente. Amém.

Letra do Adoro te devote em latim

Para ouvir o cântico gregoriano executado pelos Arautos do Evangelho, clique aqui.

1. Adóro te devóte, látens Déitas,
quae sub his figúris vere látitas:
Tíbi se cor méum tótum súbjicit,
quia te contémplans tótum déficit.

2. Vísus, táctus, gústus in te fállitur,
sed audítu sólo tuto créditur:
Crédo quídquid dixit Déi Fílius:
Nil hoc Vérbo veritátis vérius.

3. In crúce latébat sóla Déitas,
at hic látet simul et humánitas:
Ambo tamen crédens atque cónfitens,
péto quod petívit látro páenitens.

4. Plágas, sicut Thóma, non intúeor:
Déum tamen méum te confíteor:
Fac me tíbi semper magis crédere,
in te spem habére, te dilígere.

5. O memoriále mórtis Dómini,
pánis vívus vítam praestans hómini,
praésta méae ménti de te vívere,
et te ílli semper dúlce sápere.

6. Píe péllicáne Jésu Dómine,
me immúndum múnda túo sánguine,
cújus úna stílla sálvum fácere
tótum múndum quit ab ómni scélere.

7. Jesu, quem velátum nunc aspício,
oro, fiat illud quod tam sítio,
ut te reveláta cernes fácie,
visu sim beátus tuae glóriae. Amen.

Bibliografia
(1) Guillelmus de Tocco: Storia Sancti Thome de Aquino, ed. C. Le Brun Gouanvic, Pontifical Institute of Medieval Studies, Toronto, 1996.
(2) As citações mencionadas neste parágrafo encontram-se na obra: Odilão, Moura. Prefácio a Exposição Sobre o Credo. In: Tomás De Aquino. Exposição Sobre o Credo. 4ª ed. São Paulo: Loyola, 1981. pp. 11-16.

jun 052011
 

História do Credo apostólico

Segundo uma antiga tradição da Igreja, os doze apóstolos reunidos ainda em Jerusalém, estabeleceram em comum as verdades fundamentais da fé cristã. Inspirados pelo Espírito Santo cada Apóstolo dizia um dos artigos da fé resumidos em doze proposições. Como hoje, essa versão era recitada pelos cristãos no ritual do batismo e nas missas dominicais, e ficou conhecida como credo apostólico.

Oração do “Creio”

Em Português Latine
Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Credo in Deum Patrem omnipotentem,
Criador do céu e da terra. creatorem coeli et terrae,
E em Jesus Cristo, et in Iesum Christum,
seu único Filho Filium eius unicum,
nosso Senhor. Dominum nostrum,
Que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, qui conceptus est de Spiritu Sancto,
nasceu da Virgem Maria, natus ex Maria Virgine,
padeceu sob Pôncio Pilatos, passus sub Pontio Pilato,
foi crucificado, morto e sepultado, cruxifixus, mortuus et sepultus,
desceu à mansão dos mortos, descendit ad inferos,
ressuscitou ao terceiro dia, tertia die resurrexit a mortuis,
subiu aos Céus ascendit ad coelos,
está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, sedet ad dextram Dei Patris omnipotentis,
donde há de vir julgar os vivos e mortos. inde venturus est iudicare vivos et mortuos,
Creio no Espírito Santo, Credo in Spiritum Sanctum,
na Santa Igreja Católica, sanctam Ecclesian catholicam,
na comunhão dos santos, sanctorum communionem,
na remissão dos pecados, remissionem peccatorum,
na ressurreição da carne, carnis resurrectionem,
na vida eterna. et vitam aeternam.

O Credo Niceno-Constantinopolitano

Há ainda outra versão do creio rezada em certas solenidades da Igreja Católica, o Credo Niceno-Constantinopolitano ou Símbolo da Fé, que é uma declaração de fé aceita pela maioria das denominações cristãs. O nome deriva de dois concílios ecumênicos nos primeiros tempos da Igreja: do primeiro Concílio de Niceia (ano 325) e do Primeiro Concílio de Constantinopla (381). Como esta versão do Credo contem proposições de Niceia e de Constantinopla herdou em seu nome a referência das duas cidades.

Em português Em Latim
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis. Credo in unum Deum, Patrem omnipoténtem, Factórem cæli et terræ, Visibílium ómnium et invisibílium.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Et in unum Dóminum Iesum Christum,
Filho Unigénito de Deus, Fílium Dei Unigénitum,
gerado do Pai desde toda a eternidade, Et ex Patre natum ante ómnia sæcula.
Deus de Deus, Luz da Luz, Deum de Deo, lumen de lúmine,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, Deum verum de Deo vero,
gerado, não criado, consubstancial ao Pai; Génitum, non factum, consubstantiálem Patri:
por Ele todas as coisas foram feitas. Per quem ómnia facta sunt.
Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; Qui propter nos hómines et propter nostram salútem Descéndit de cælis.
encarnou por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Et incarnátus est de Spíritu Sancto Ex María Vírgine, et homo factus est. Passus, et sepúltus est,
Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; Crucifíxus étiam pro nobis sub Póntio Piláto;
sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; Et resurréxit tértia die, secúndum Scriptúras,
subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. Et ascéndit in cælum, sedet ad déxteram Patris.
De novo há-de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim. Et íterum ventúrus est cum glória, Iudicáre vivos et mórtuos, Cuius regni non erit finis.
Creio no Espírito Santo, o Senhor, a fonte da vida que procede do Pai; Et in Spíritum Sanctum, Dóminum et vivificántem: Qui ex Patre Filióque procédit.
com o Pai e o Filho é adorado e glorificado. Ele falou pelos profetas. Qui cum Patre et Fílio simul adorátur et conglorificátur: Qui locútus est per prophétas.
Creio na Igreja uma, santa, católica e apostólica. Et unam, sanctam, cathólicam et apostólicam Ecclésiam.
Professamos um só baptismo para remissão dos pecados. Confíteor unum baptísma in remissiónem peccatorum.
Esperamos a ressurreição dos mortos, Et exspecto resurrectionem mortuorum,
e a vida do mundo que há-de vir. Amém. Et vitam ventúri sæculi. Amen.

Oferecemos ao leitor degustar da letra latina do Credo Niceno-Constatinopolitano em melodia gregoriana executada pelo Coro dos Arautos do Evangelho.

Clique aqui para executar Credo I

Clique aqui para executar Credo III

Evangelii Praecones in Ecclesia Domina Nostra a Sanctissimo Rosario de Monte Tabor cotidie adsunt in Eucharistia atque in oratione Liturgiae Horarum

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