out 242011
 

Homo quidam

Homo quidam fecit cœnam magnam, et misit servum suum hora cœnæ dícere invitátis, ut venírent. Quia paráta sunt ómnia.

Veníte, comédite panem meum, et bíbite vinum quod míscui vobis.

Glória Patri, et Fílio, et Spirítui Sancto.

Carl Bloch (1834–1890)_SermonOnTheMount

Tradução

Certo homem fez um dia um grande banquete, e enviou à hora da ceia o seu servo a dizer aos convidados: Vinde, já está tudo preparado.

Vinde, comei de meu pão e bebei o vinho que para vós preparei.

Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

Partitura gregoriana

homoquidampartiturapdf

Ouça a música

Homo quidam (Gregoriano)

out 122011
 

Gnosticismo

O maior perigo para a Igreja nos primeiros séculos de sua História, de fato, consistiu numa subtil e venenosa heresia chamada Gnosticismo. Gnose é uma palavra grega que significa conhecimento, este pretende negar a Revelação divina que é o fato de Deus se dar a conhecer às criaturas humanas e lhes revelar seus eternos desígnios de salvação. A Igreja, como guardiã da Revelação, é também a guardiã e mestra do verdadeiro conhecimento a respeito de Deus. Santo Irineu ensinava que a verdadeira gnose é a doutrina dos Apóstolos (Santo Irineu, Contra as heresias, IV, 33,8). A Religião Cristã, por outro lado, é religião de mistério, e nela há uma dimensão infinita da verdade divina que não é alcançável pela inteligência humana, mas ante à qual, a razão deve se inclinar reverente e submissa. Entretanto, em todos os tempos, houve espíritos insatisfeitos ante essa contingência humana nos quais fervia o desejo de perscrutar, com seus meros recursos de inteligência, horizontes que só a Revelação nos pode descortinar.

Santo Irineu de Lyon

Santo Irineu de Lyon

Deste modo também em todos os tempos, a posse de pretensos conhecimentos secretos, a respeito da origem do mundo e da vida, do bem e do mal, revelados apenas a iniciados, cativou certos espíritos. O gnosticismo tem nisso sua origem.

Com existência muita antiga — há quem diga que ela se perde na noite dos tempos — o gnosticismo permanece, ele mesmo, um mistério. Pode-se, em todo caso, distinguir uma gnose pagã, manifestada no Egito, na Índia, na Grécia na Pérsia, e em muitos outros lugares, de uma gnose judaica e de outra “cristã”, ou seja, impregnações do gnosticismo, no judaísmo e no cristianismo.

O Gnosticismo é uma doutrina extremamente complexa, imprecisa, confusa, e nem sequer se pode dizer que é uma corrente doutrinária. São, na verdade, muitas correntes, adaptadas aos mais diversos tipos de psicologias, com diferentes graus de segredo. Pode-se, entretanto, discernir nelas algumas linhas gerais.

O que sobretudo move os gnósticos é a preocupação de explicar a origem do mal. Se Deus é bom e só pode criar coisas boas, como explicar o aparecimento de seres  imperfeitos e do mal, sobretudo do mal moral? Recusando eles os divinos ensinamentos sobre a criação e o pecado, engendram fantasiosas e contraditórias explicações: O Deus único e perfeito é na origem um Pan (tudo), posto num estado de perfeita harmonia e felicidade. Em determinado momento, deste tudo, destacou-se uma partícula, que tomando consciência de sua individualidade, se afirmou como um princípio do mal, e determinou uma explosão, neste tudo divino, provindo daí o que nós chamamos Criação. Tal explosão propiciou a existência de seres diferenciados e desiguais, resultando a concepção de que, não só a criação é um mal, mas sobretudo é má a existência de seres individuais e desiguais. E a desigualdade, por ser a mais expressiva manifestação da diferenciação, se afigura aos gnósticos como um mal sumamente rejeitável. Os seres individuais, que teriam resultado desta fragmentação do “deus”, são denominados eons, e foram aprisionados à matéria, produto do “deus mau”. Razão pela qual os gnósticos tem a matéria —  e portanto o corpo humano —,  em oposição ao espírito, como essencialmente má.

Temos, deste modo, a concepção gnóstica chamada dualismo, ou seja a existência de dois deuses: um “mau” outro “bom”. Esses dois deuses estariam em oposição, e a vitória do “bom” consistiria em alcançar — pelo desprezo crescente das coisas inferiores, especialmente das ligadas à matéria — a aniquilação dos condicionamentos materiais, das características pessoais e até das próprias individualidades, para restabelecer o “Pleroma” (a unidade inicial). Isso se faria levando os seres “hilicos” (dominados pela matéria), a ascenderem à condição de “psíquicos” (que estão em luta com os seres inferiores e com a matéria); e estes últimos chegarem à condição de “gnósticos” perfeitos” ou “puros”, (que teriam aniquilado em si tudo o que é inferior e que os diferencia dos outros) alcançando assim a condição de “salvos”, prontos para se reintegrarem no “tudo” primitivo, ou seja, reconstituírem o Pleroma. O “Tudo” o “Pleroma”, para o qual se caminharia por uma ascese de aniquilação da própria individualidade, vem a ser também, logicamente, um “nada”, um abismo eterno, contradição na qual não se pode deixar de discernir o sinal “digital” do “pai da mentira”. 

Como foi dito acima, na ordem concreta, a gnose dissolvia essa “tintura mãe” em muitos coloridos e muitos matizes diversos, e se beneficiava da atração natural que o espírito humano tem pelos conhecimentos secretos, para comunicá-la gradualmente a seus neófitos.

O contato de tais doutrinas com o Evangelho suscitou o gnosticismo “cristão”, ou seja uma concepção gnóstica do cristianismo. Assim, o deus mau vem a ser o Deus do Antigo Testamento, criador e justiceiro, que diferencia, discrimina,  premiando uns e punindo outros, e que subjugou o “deus” bom. Em revide uma emanação deste “deus” bom, o demiurgo, se impôs, e veio pregar o perdão, a união, a igualdade , a fraternidade, etc. Este demiurgo seria, para eles, Nosso Senhor Jesus Cristo, que teria vindo realizar obra oposta ao Deus do Antigo Testamento.

As sutilezas e camuflagens com que tais doutrinas eram apresentadas fizeram com que elas se transformassem, como foi dito, no maior perigo para a Igreja de Deus naqueles tempos.

Marcionismo e Maniqueísmo

Em contato com gnósticos sírios, um armeiro de nome Marcião, a quem São Policarpo qualificava de primogênito de Satanás — excomungado pelo próprio pai que era bispo — pôs-se a difundir uma doutrina impregnada de ideias gnósticas, que veio a chamar-se Marcionismo. Recusava todo o Antigo Testamento e do novo aceitava apenas alguns livros nos quais julgava encontrar apoio para suas doutrinas. Foi esta, precisamente, a mais perigosa heresia que o Cristianismo enfrentou naqueles primeiros tempos. Contra ela se levantou a invicta pena de São Justino, e mais tarde a brilhante ciência e erudição de Santo Irineu e Tertuliano, grande autor latino. Contido mas não morto, o marcionismo renasce no IV século com Manés, tomando por isso o nome de Maniqueísmo, chegando a colher em suas malhas, por algum tempo, aquele que veio a ser seu brilhante vencedor: Santo Agostinho. Mesmo vencido pela lógica e pela dialética desses grandes doutores, o gnosticismo marcionita, ressurgirá  peçonhento, no século XIII, com os cátaros (puros), como veremos mais adiante.

ago 232011
 

A Igreja deixa o ninho

Pe. José Glavan, EP

Na Palestina como vimos, onde de suas raízes judaicas nasceu o cristianismo, o desenvolvimento das comunidades foi muito dificultado pela oposição e perseguição que a estrutura oficial do judaismo movia contra os cristãos. Mas mesmo assim não deixaram de crescer, e São Tiago Maior foi, provavelmente, o primeiro apóstolo a morrer por Cristo, na perseguição movida por Herodes Agripa (cf. At 12, 1-2), tornado rei por beneplácito do imperador Calígula. Vinte anos depois a violência  desatou-se contra Tiago Menor o “irmão” do senhor, bispo de Jerusalém. Acusado injustamente pelo sumo sacerdote Anás, foi condenado à morte. Atirado do alto da torre do Templo, conservava ainda um resto de vida que lhe foi, em seguida, arrancada pelo apedrejamento e por golpes de massa, o que lhe valeu, por volta do ano 62, a coroa do martírio.

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Os imperadores romanos perseguiam os primeiros cristãos

A perseguição aos cristãos de Jerusalém acabou por favorecer a expansão do cristianismo, levando os Apóstolos e seus discípulos a pregar em terras distantes.

Por outro lado, a presença de alguns grupos nacionalistas radicais dentro do Judaísmo, como os zelotas, ou os sicários, sempre prontos a promover sangrentas rebeliões, exasperava continuamente os romanos provocando violentas reações com sucessivas guerras. No ano 70dC, o general Tito, move uma última guerra contra Jerusalém e inicia um cruel cerco de seis meses, ao fim do qual os soldados romanos transpõem as altas muralhas da cidade, tomam-na e passam os sobreviventes a fio de espada. Estima-se  em um milhão e oitocentos mil as vítimas do cerco e da tomada da cidade.

Um historiador israelita, contemporâneo desses acontecimentos, Flávio Josefo, narra cenas atrozes do acontecimento: durante o cerco, a fome assolou Jerusalém de maneira que os habitantes passaram a cozer o couro dos calçados para com eles se alimentarem, depois de consumidos todos os animais disponíveis, mesmo cavalos cães ratos, e até mesmo o que de mais repugnante encontravam. Não faltaram cenas horríveis de canibalismo: os que sucumbiam pela fome tinham suas carnes objeto de uma sinistra disputa pelos sobreviventes. Josefo conta o caso de uma mãe que sacrificou seu filho recém nascido para alimentar-se de suas carnes, fato que horrorizou até mesmo os mais ferozes bandidos (1). Entre os infelizes que buscavam a fuga, alguns engoliam moedas de ouro para lograrem escapar com suas riquezas. Um deles, porém, foi descoberto, a notícia correu célere, e o resultado foi uma horrível matança de fugitivos, que tinham seus ventres abertos pela espada. O historiador israelita diz que numa só noite dois mil fugitivos encontraram este triste fim.

Tito havia dado ordem para poupar o Templo, pois conhecia bem o que ele representava para os judeus, e não queria levar a vindita além de certo limite. Entretanto, no delírio da matança e da embriaguez, um soldado atirou uma tocha acesa no interior do Templo, provocando um imenso incêndio que destruiu aquele majestoso edifício, onde tantas vezes ressoara a voz do Divino Mestre, e de onde, ao sair, Jesus profetizara seu triste fim (2).

Pouco depois, nova incursão dos romanos leva à completa destruição da cidade. Seus habitantes que alcançaram escapar à sanha sanguinária dos romanos, dispersam-se pelo mundo, principalmente em Alexandria, no Egito, em Roma e no norte da África. No ano 130 o imperador Adriano reconstroe a cidade dando-lhe o nome pagão de Aelia Capitolina, e nos lugares santos, erige templos em honra a Júpiter e Afrodite.

Conta ainda, Josefo, um curioso e trágico episódio: quatro anos antes do cerco de Jerusalém, viu-se um camponês, junto às muralhas da cidade, a bradar: “voz sai do Oriente, voz sai do Ocidente, uma voz vem dos quatro ventos: voz contra Jerusalém e contra o Templo; voz contra os recém nascidos e contra os recém casados; voz contra todo o povo” A partir daí, dia e noite percorria a cidade a repetir as mesmas palavras, e redobrava os brados nos dias de festa. Preso, interrogado e açoitado, a cada pergunta ou açoite respondia sem se queixar: “desgraça para Jerusalém!” Considerado louco inofensivo foi posto em liberdade. Continuou assim por sete anos e meio repetindo, com sempre maior insistência, seus misteriosos vaticínios.

Certo dia, por ocasião do último cerco de Jerusalém enquanto repetia seus habituais brados acrescentou: “desgraça para mim também!” Neste instante cai morto atingido por uma pedra arremessada por uma máquina de guerra dos romanos. Curiosamente, este homem levava o mesmo nome de nosso Divino Redentor: chamava-se Jesus. (3)

Cinqüenta anos após a tomada de Jerusalém, aparece um aventureiro judeu ladrão e celerado, Barcochébas, cujo nome significa “filho da estrela”, dizendo-se a estrela de Jacob (cf. Nm 24, 17) e unicamente por seu nome se apresenta como o verdadeiro Messias (4). Encontra logo uma multidão de crédulos que o seguem, desencadeando assim nova sedição. Uma vez mais os romanos intervêm, sufocam a rebelião e Adriano, depois de executar horrível matança, os deporta para sempre da Judéia. Aliás o levante de Barcochébas não foi o único. Numerosos foram os falsos messias que nesse período se apresentaram, entretanto o que mais impressiona é a facilidade com que conseguiam crédulos adeptos.

Premidos por todas essas catástrofes, e submetidos a diáspora (dispersão) os judeus, representados por rabinos fariseus, se reúnem num sínodo, na cidade de Jâmnia (5), por volta do ano 90dC, onde definiram posições relacionadas à versão hebraica das Sagradas Escrituras, e à disciplina judaica. Alguns anos depois, no início do segundo século, esses mesmos rabinos fariseus vinham a fechar seu cânon das Escrituras, resultando, mais tarde, no chamado Texto Massorético, ou a Bíblia hebraica como hoje se conhece. Naquela época, entretanto, a Igreja já se tinha desligado definitivamente das estruturas do judaismo onde tinha nascido, e se desenvolvia em suas próprias bases institucionais e com sua vida própria, movidas ambas pelo Divino Espírito Santo. Deixava assim seu “ninho” para voar livre, nos horizontes da História da Salvação.

Chegamos assim ao fim do primeiro século e início do segundo, com o que se  encerra o chamado período apostólico — que conhecera a Cristo Nosso Senhor e no qual vivera e atuara os apóstolos e as testemunhas oculares da vida e dos ensinamentos de Jesus —  e se abre o período denominado subapostólico. Abre-se também a era dos Padres da Igreja, e apologetas, como veremos mais adiante.

Bibliografia

(1) Flavio Josefo, “História dos Hebreus”, II, Liv. VI, cap. XXXI, 476, Edit. Da Américas São Paulo, 1963. (2) cf. Mt 1-2; (3) Flavio Josefo op. cit. Liv. V, cap. XXXVI, 429. (4) cf. Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, IV, 6,8; (5) Antiga cidade filistéia na costa mediterrânea a 20 km ao sul de Jafa. Nela se instalou uma escola rabínica célebre, depois de 70 dC foi sede do Sinédrio, e centro espiritual do judaismo até 135dC.

ago 222011
 

Uma imagem que não tem preço…

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Apesar de não serem dotados de razão e, portanto, incapazes de entender uma doutrina, os animais aprendem como se tivessem uma escola de ensino. Há entre eles um forte relacionamento instintivo, pelo qual uns transferem aos outros as experiências adquiridas.
Por exemplo, num determinado momento, a águia começa treinar seus filhotes a lançarem-se nas primeiras tentativas de vôo; a leoa transmite à sua cria lições práticas de caça; e os insetos são alvo do instinto materno da galinha, quando estimula seus pintainhos a encontrar alimentos.
Num plano superior, isto ocorre também com o homem, ser inteligente e possuidor de um nobre instinto de sociabilidade. No colo da mãe, a criança recebe as primeiras lições: no modo de ser abraçada, beijada, acariciada… ela vai adquirindo as primeiras noções sobre o convívio social. Depois, no trato com os irmãos e parentes mais próximos, observando seus modos e costumes, ela assimilará o estilo próprio à sua família. E só muito mais tarde chegará a ocasião propícia para uma formação doutrinária e metódica.
Assim também procedeu Jesus com seus Apóstolos e com seu povo. Ele mesmo se comparou às aves para nos mostrar todo o seu amor: “quantas vezes eu quis reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas” (Mt 23, 37).

(Mons. João Scognamiglio Clá Dias. O Sermão da Montanha. Comentário ao Evangelho do 6º domingo do tempo comum. Revista Arautos do Evangelho. n. 25. fev. 2004. p. 7).

ago 172011
 

O canto gregoriano está intimamente ligado à língua da antiga ­Roma, e não apenas pela sua origem histórica. Muitos estudiosos defendem que suas melodias provêm da extensão do acento das palavras latinas. Daí a grande dificuldade em vertê-lo para outros idiomas, pois nem sempre se consegue fazer coincidir os acentos melódicos com os idiomáticos.

Mont Saint-Michael_France_França

François-René de Chateaubriand, famoso escritor francês do século XIX, mostra, em uma de suas obras mais conhecidas, a riqueza ­expressiva do latim e sua perfeita adaptação ao culto divino: “Cremos que uma língua anciã e misteriosa, uma língua que os séculos não alteram, assaz convinha ao culto do Ser eterno, incompreensível, imutável. E, pois que o pungir de nossas dores nos força a erguer ao Rei dos reis suplicante voz, não é natural que se Lhe fale no mais gentil idioma da Terra, naquele mesmo de que usavam as nações prostradas quando elevavam aos Césares as suas deprecações? Além disso — e notável coisa é! — as orações em latim parecem duplicar o sentimento religioso das multidões” (CHATEAUBRIAND. François-René de. Génie du christianisme, Quatrième Partie – Culte, l. 1, c. 3.)

Daí que, entre outras razões, o Concílio Vaticano II recomende, na Constituição Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia: “Zele-se, todavia, para que os fiéis cristãos possam ao mesmo tempo recitar ou cantar também em língua latina as partes do Ordinário da Missa que lhes dizem respeito” (Sacrosanctum Concilium, n. 54).

(Revista Arautos do Evangelho)

ago 152011
 

Provérbios Latinos (Parte I, A-E)

A sabedoria popular soube cunhar breves ditados que exprimem grandes realidades. Todas as línguas e culturas possuem os seus adágios que refletem a riqueza e as peculiaridades do povo, mas o latim em especial, possui provérbios sintéticos e profundos cujo uso atravessa os séculos. Conforme o pedido de alguns leitores de Praecones Latine oferecemos aos leitores uma seleção dos 60 mais famosos provérbios latinos com uma singela explicação de seu uso e significado.

Aquila non capit muscas

Aquila non capit muscas

1. Abusus non tollit usum: O abuso não impede o uso. Princípio segundo o qual se pode usar de uma coisa boa em si, mesmo quando outros usam dela abusivamente.
2. Ad maiorem Dei gloriam: Para maior glória de Deus. Lema da Companhia de Jesus, usado pelos jesuítas pelas iniciais A. M. D. G.
3. Age quod agis: Faze o que fazes. Presta atenção no que fazes; concentra-te no teu trabalho.
4. Alea iacta est: A sorte foi lançada. Palavras atribuídas a César, quando passou o Rio Rubicão, contrariando as ordens do Senado Romano.
5. Amicus certus in re incerta cernitur: O amigo certo se manifesta na ocasião incerta.
6. Aquila non capit muscas: A águia não apanha moscas. Uma pessoa de espírito superior não se preocupa com ninharias.
7. Arcus nimis intensus rumpitur: O arco muito retesado parte-se. O rigor excessivo conduz a resultados desastrosos.
8. Asinus asinum fricat: Um burro coça outro burro. Diz-se de pessoas sem merecimento que se elogiam mutuamente e com exagero.
9. Audaces fortuna iuvat: A fortuna ajuda os audazes. O bom êxito depende de deliberações arriscadas.
10. Carpe diem: Aproveita o dia. (Aviso para que não desperdicemos o tempo). Horácio dirigia este conselho aos epicuristas e gozadores.
11. Consuetudo consuetudine vincitur: Um costume é vencido por outro costume. Princípio de Tomás de Kempis segundo o qual os maus hábitos podem ser eficazmente combatidos por outros que lhes sejam contrários.
12. Consuetudo est altera natura: O hábito é uma segunda natureza. Aforismo de Aristóteles.
13. Credo quia absurdum: Creio por ser absurdo. Expressão de Santo Agostinho para determinar o objeto material da fé constituído pelas verdades reveladas, que a razão humana não compreende.
14. Dare nemo potest quod non habet, neque plus quam habet: Ninguém pode dar o que não possui, nem mais do que possui.
15. De gustibus et coloribus non est disputandum: Não se deve discutir sobre gostos e cores. Cada qual tem suas preferências. (Provérbio medieval).
16. Dominus dedit, Dominus abstulit, sit nomen Domini benedictum: O Senhor deu, o Senhor tirou, bendito seja o nome do Senhor. Palavras de Jó, quando atingido pela perda de todos os seus bens. São citadas para lembrar, nos infortúnios, a resignação cristã.
17. Do ut des: Dir Dou para que tu dês. Norma de contrato oneroso bilateral.
18. Dura lex sed lex: A lei é dura, mas é a lei. Apesar de exigir sacrifícios, a lei deve ser cumprida.
19. Ecce iterum Crispinus: Eis aqui novamente o Crispim. Frase de Juvenal, falando de um importuno.
20. Errare humanum est: Errar é humano. Desculpa que se apresenta a fim de atenuar um erro ou engano.
21. Esto brevis et placebis: Sê breve e agradarás. Conselho escolástico aplicado à eloqüência.
22. Ex ore parvulorum veritas: A verdade (está) na boca das crianças. As crianças não mentem.

Parte II

Parte III

jul 152011
 

Em nosso curso básico de Latim o leitor aprenderá noções de conversação e gramática latina.

Forum romano, Itália

Forum romano, Itália

O Praecones Latine correspondendo ao manifesto pedido de alguns leitores disponibilizará lições básicas de latim com explicações em português. A gramática latina será estudada passo a passo em posts periódicos.

O método de estudo será o assimilativo, ou seja, o mesmo usado por todas as crianças de todos os tempos. Os meninos não recebem aulas de gramática, mas sim tomam contato direto com a língua. As explicações da gramática são dadas posteriormente após adquirirem certo vocabulário.

Em nosso curso a gramática latina será dada no decorrer das lições de forma que ao final de alguns posts o leitor possa ter noções básicas da gramática latina de forma esquemática.

Na primeira fase do estudo serão apresentados aos leitores assíduos do Praecones Latine um breve histórico da língua como introdução ao latim; em seguida noções básicas da evolução das línguas a fim de constatar como nosso idioma luso é muito semelhante à língua latina; e por fim a utilidade prática de aprender latim tanto para a formação do raciocínio quanto para a formação cultural do ser humano.

Após esta breve introdução, entraremos nas considerações sobre a pronúncia e a gramática sempre reportando ao já estudado nos posts anteriores ou introduzindo o leitor em outras fórmulas ou textos latinos clássicos tanto de autores pagãos como de autores católicos.

Os redatores do Praecones Latine esperam que os leitores possam beneficiar-se ao máximo do conhecimento da “língua da cultura e da Igreja”. Perguntas e sugestões certamente serão de muita valia.

Sumário dos posts já publicados

1. Introdução ao Latim – História e semelhanças com o português

2. O alfabeto Latino (Capitais e estados do Brasil em Latim)

3. Como apresentar-se e conhecer alguém falando em latim?

4. Nacionalidade e nomes de países em latim

5. Pronúncia das vogais latinas

6. Pronúncia latina clássica e eclesiástica das consoantes

7. Quantidade e acento tônico (partes do corpo e os cinco sentidos em latim)

8. Diferenças e semelhanças com o português

Gramática do Latim

9. O que são os casos latinos?

10. Caso nominativo

11. Caso acusativo (as cores em latim)

12. Caso Genitivo do Latim

13. Latim Básico: O caso dativo

14. Tabela das declinações (Com dicas para ajudar a decorar)

15. Pronomes possessivos 15_Arautos_Vida_cotidiana_15_IMG_0513

16. Curiosidade: 8 razões para aprender latim na atualidade

17. Pronomes pessoais

18. Pronomes demonstrativos

Os posts serão acrescentados aqui paulatinamente.

Bom proveito!

jun 272011
 

Conforme o pedido de alguns leitores de Praecones Latine, oferecemos a nacionalidade em latim correspondente a alguns países do mundo. Assim se poderá responder ao ser questionado sobre o nome do país de residência ou nacionalidade.

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Clique aqui para ampliar o mapa.

Países da América

País em português

País em latim

Nacionalidade

Capital

Argentina

Argentina

Argentinus,a,um

Bonaëropolis

Bolívia

Bolivia

Bolivianus,a,um

Sucre

Brasil

Brasilia

Brasiliensis,e

Brasiliapolis

Canadá

Canada

Canadensis,e

Torontum

Chile

Chilia

Chilensis,e

Sanctiacobi

Colômbia

Columbia

Columbianus,a,um

Bogota

Costa Rica

Ora Opulenta

Orarius,a,um, Opulentanus,a,um

Sanctus Ioseph

Cuba

Cuba

Cubanus,a,um

Avana

Equador

Aequatoria

Aequatorianus,a,um

Quitum

Estados Unidos

Civitates Foederatae Americae

Americanus,a,um

Vasingtonia

México

Mexicum

Mexicanus,a,um

Mexicopolis

Paraguai

Paraquaria

Paraquaius,a,um

Urbs Assumptionis

Peru

Peruvia

Peruvianus,a,um sive Peruanus,a,um

Lima

República Dominicana

Respublica Dominicana

Dominicanus,a,um

Dominicopolis

Uruguai

Uraquaria

Uruquarianus,a,um sive Uraquariensis,i

Mons videus

Venezuela

Venetiola

Venetiolanus,a,um

Caracae

Países da Europa

Alemanha

Germania

Germanus,a,um

Berolinum

Áustria

Austria

Austriacus,a,um

Vindobona

Bélgica

Belgium

Vallonis,e

Bruxellae

Dinamarca

Dania

Danicus,a,um

Hafnia

Espanha

Hispania

Hispanus,a,um sive hispanicus,a,um

Matritum

França

Francia

Francogallus,a,um

Lutetia

Holanda

Batavia

Batavicus,a,um sive Nederlandendis,e

Amstelodamum

Hungria

Hungarica

Hungaricus,a,um

Budapestinum

Itália

Italia

Italus,a,um sive italicus,a,um

Roma

Polônia

Polonia

Polonicus,a,um

Varsovia

Portugal

Portugallia sive Lusitania

Lusitanus,a,um

Olisipo

Alguns países da Ásia

Arábia Saudita

Arabia Saudiana

Arabicus,a,um

Riadum

China

Res Publica Popularis Sinarum

Sinensis,e

Pecinum

Coréia

Respublica Coreana

Coreanus,a,um

Seulum

Índia

India

Indianus,a,um

Bombaya

Israel

Israel

Iudaeus,a,um

Hierosolyma

Japão

Iaponia

Iaponicus,a,um

Tokium

Rússia

Russia

Russicus,a,um

Moscua

Timor Leste

Timoria Orientalis

Timorensis,e

Dilium

Vietnam

Vietnamia

Vietnamicus,a,um

Hanoi

Alguns países da África e Oceania

Angola

Angolia

Angolianus,a,um sive Angoliensis,e

Luanda

Austrália

Australia

Australianus,a,um

Canberra

Moçambique

Mozambicum

Mozambicanus,a,um

Maputo

Nova Zelândia

Nova Zelandia

Neozelandiensis,e

Velingtonia

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jun 262011
 

Provérbios Latinos (Parte III, Q-Z)

Ubi Petrus, ibi Ecclesia

Ubi Petrus, ibi Ecclesia

40. Qualis vita, finis ita: Tal vida, tal morte. Não pode morrer bem aquele que viveu mal, é o princípio aceito pelos mestres da vida espiritual.
41. Quia nominor leo: Porque me chamo leão. Trecho de Fedro usado para estigmatizar aqueles que abusam de sua posição ou força, para oprimir os fracos.
42. Qui potest capere, capiat: Quem é apto para o admitir, admita. Palavras com que Cristo conclui sua exortação à prática da castidade perfeita (Mateus, 19, 12).
43. Quot capita, tot sensus: Quantas cabeças, tantas sentenças.
44. Quo vadis?: Aonde vais? Pergunta que, segundo a tradição, teria feito Cristo a Pedro na Via Ápia, quando o apóstolo fugia da perseguição de Nero.
45. Similia similibus curantur: Os semelhantes curam-se pelos semelhantes. Med Lema da homeopatia que se opõe à alopatia cujo princípio é: contraria contrariis curantur.
46. Si vis pacem, para bellum: Se queres a paz, prepara a guerra. Aforismo ainda hoje seguido pelas nações, que procuram fortalecer-se a fim de evitar uma eventual agressão.
47. Tabula rasa: Tábua raspada. Expressão muito empregada em linguagem filosófica de origem aristotélica. Aristóteles admitia que o espírito humano era, antes de qualquer experiência, inteiramente vazio como as tabuinhas cobertas de cera em que nada fora escrito.
48. Tempus est optimus judex rerum omnium: O tempo é o melhor juiz de todas as coisas.
49. Timeo hominem unius libri: Temo o homem de um só livro. Santo Tomás de Aquino empregou esta expressão para dizer que temia aquele que não tinha uma cultura vasta, mas era adversário temível quando se aprofundava no estudo de uma especialidade.
50. Tua res agitur: Trata-se de coisa tua. É de teu interesse (Horácio, Epístola I, 18, 84).
51. Tulit alter honores: Outro teve as honras. Queixa de Virgílio por ver outros colherem os frutos do seu trabalho.
52. Tu quoque fili!: Tu também, filho! Exclamação de César ao ver Bruto, considerado seu filho, entre os conspiradores.
53. Ubi Petrus, ibi Ecclesia: Onde (está) Pedro aí (está) a Igreja. Provérbio muito citado pelos apologistas católicos que só consideravam verdadeira a igreja que estivesse em comunhão com o pontífice romano.
54. Vae soli!: lat Ai do solitário! Expressão com que o Eclesiastes (IV, 10) lamenta a fraqueza do homem abandonado à própria sorte.
55. Veni, vidi, vici: Vim, vi, venci. Palavras com que César anunciou, ao Senado Romano, sua vitória sobre Farnaces, rei do Ponto, no ano 47 a. C. São citadas como alusão a um êxito seguro e rápido em qualquer empreendimento.
56. Verba volant, scripta manent: As palavras voam, os escritos permanecem. Provérbio de grande atualidade que aconselha prudência em pronunciamentos comprometedores e na assinatura de contratos bilaterais.
57. Vincit omnia veritas: A verdade vence todas as coisas.
58. Volenti nihil difficile: Nada é difícil a quem quer; querer é poder.
59. Vox populi, vox Dei: Voz do povo, voz de Deus. O assentimento de um povo pode ser o critério de verdade.
60. Vulnerant omnes, ultima necat: Todas ferem, a última mata. Inscrição filosófica em mostradores de relógios. Cada hora fere a nossa vida até que a derradeira a roube.

Os 60 frasses mais famosas em latim (I)

As 60 frases mais famosas em latim (II)

jun 252011
 

Provérbios Latinos (Parte II, F-P)

Honos alit artes

Honos alit artes

23. Fama volat: A fama voa; a notícia se espalha rapidamente. (Virgílio, Eneida III, 121).
24. Felix culpa: Feliz culpa. Expressão de Santo Agostinho referindo-se ao pecado de Adão, que nos mereceu tão grande redentor.
25. Finis coronat opus: O fim coroa a obra. A obra está completa, de acordo com o seu planejamento.
26. Fugit irreparabile tempus: Foge o tempo irreparável. Virgílio lembra-nos que o tempo passa rapidamente e que não devemos desperdiçá-lo.
27. Hodie mihi, cras tibi: Hoje para mim, amanhã para ti. Usada nas inscrições tumulares e quando se deseja o mesmo mal a quem o causou.
28. Honos alit artes: A honra alimenta as artes. Máxima de Cícero que explica a necessidade de aplausos como incentivo aos artistas.
29. In dubio pro reo: Na dúvida, pelo réu. A incerteza sobre a prática de um delito ou sobre alguma circunstância relativa a ele deve favorecer o réu.
30. Inops, potentem dum vult imitare, perit: O pobre, quando quer imitar o poderoso, perece.
31. Libertas quae sera tamen: Liberdade ainda que tardia. Palavras de Virgílio, tomadas como lema pelos chefes da Inconfidência Mineira e que figuram na bandeira daquele Estado.
32. Medice, cura te ipsum: Médico, cura a ti próprio. Provérbio citado por Cristo e diz respeito àqueles que, esquecidos dos próprios defeitos, desejam corrigir os alheios.
33. Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris: Lembra-te, homem, que és pó e em pó te tornarás. Palavras pronunciadas pelo sacerdote enquanto impõe cinza na cabeça de cada fiel, na quarta-feira de cinzas.
34. Mens sana in corpore sano: Espírito sadio em corpo são. Frase de Juvenal, utilizada para demonstrar a necessidade de corpo sadio para serviços de ideais elevados.
35. Nascuntur poetae, fiunt oratores: Os poetas nascem, os oradores fazem-se.
36. Natura non facit saltus: A natureza não dá saltos. Leibniz quis com este aforismo mostrar que não existem gêneros ou espécies completamente isolados, mas são todos interligados.
37. Non nova, sed nove: Não coisas novas, mas (tratadas) de (modo) novo.
38. Non omne quod fulget aurum est: Nem tudo que brilha é ouro. Cuidado com as aparências.
39. Primum vivere, deinde philosophari: Primeiro viver, depois filosofar. Aplicado àqueles que, por especulações abstratas, deixam de conseguir o necessário para a subsistência.

Os 60 mais famosos ditados latinos (I)

Os 60 mais famosos ditados latinos (III)