jun 302011
 

Como qualquer língua o latim também possui formas de cortesia úteis por ocasião das refeições.

mesa-de-Natal1

Eu como pão no café da manhã. In ientaculo sumo panem.
Posso te convidar para jantar/almoçar? Possum te invitare ad cenam/prandium?
Posso te levar para jantar? Possum te cena emere?
Preciso de comida. Cibo egeo.
Estou com fome. Esurio (famem experior)
Meu estômago está vazio. Vacuum in stomacho sentio.
Podemos reservar uma mesa? Possumus mensam praeoccupare?
Gostaria de beber vinho. Volo bibere vinum.
Posso ver sua carta de vinhos? Possum inspicere chartam vimorum vestrorum?
Sou alérgico a vinho, mas eu gostaria de experimentar. Sum impatiens in vino sed velim hoc experiri.
Gostaria de pedir água. Velim iussa emittere aquam.
Gostaria de uma cerveja. Velim birram.
O que você recomenda? Quid mihi suadete?
Vocês servem pescados? Servite pisces?
O peixe está fresco? Sitne recens piscis?
Que carnes vocês têm? Qualem carnem in mensam ponebitis?
Vou tomar quatro destes. De que é feito? Sumam quattuor ex illis. Quibus rebus compositus est?
Passe-me o  sal,  por favor. Possum habere salem, quaeso?
Eu não pedi isso. Non a me id iussum est.
Está uma delícia. Hoc nobis delicae est.
Não está bom. Hoc habet malum saporem.
Não consigo comer tudo. Neqeo haec omnia manducare.
Gostaria de pedir a sobremesa. Velim aliquid post-prandium
Eu vou tomar meia xícara de café. Sumam dimidiatum poculum Arabicae potionis.
A conta …  por gentileza. Possumus nummorum rationem habere? Quaeso.
Acho que a conta não está certa. Opinor non exactam expensae summam.
A gorjeta está incluída? Servitii praemium estne inclusum?
Você aceita _____ por isso? Vis sumere in locum huius rei?

Principais diferenças entre o latim e o português

O português possui 9 categorias gramaticais. O latim possui 8.

Substantivo Adjetivo Pronome Verbo Advérbio Preposição Conjunção Interjeição

O latim possui as mesmas categorias gramaticais da língua lusa exceto os artigos.

A palavra “aquila,ae” pode ser traduzida como: a águia, uma águia, ou apenas águia.

O português possui apenas dois gêneros, já o latim possui três:

Masculino

Feminino

Neutro

Como em nossa língua, o latim possui dois números:

Singular

Plural

Na palavra, encontramos os elementos seguintes:

Raiz

Tema

Desinência ou terminação

Esta é a parte irredutível, encontradas em todas as palavras da mesma família (Palavras cognatas)

Elemento da palavra que lhe dá sentido genérico

Parte variável da palavra

Em português, temos a palavra rosa

Rosa

Rosário, roseiral

Rosa

Em Latim, na palavra Rosarum temos:

Raiz: Rosarum

Tema: Rosarum

Desinência: Rosarum

O que são os casos latinos?

Para entender os casos latinos é preciso recordar que na língua portuguesa, para exprimir as funções sintáticas das palavras, temos os artigos, as preposições assim como a posição da palavra na frase.

Dependendo da posição em que se encontra uma palavra na oração portuguesa a realidade descrita pode ser bem diversa…

O caçador persegue o urso.

O urso persegue o caçador.

Em latim, no lugar destes elementos, usamos os casos com as respectivas desinências ou terminações. Assim os substantivos, os adjetivos, os pronomes e os  particípios, segundo as diversas funções sintáticas exercidas na oração, recebem terminações diferentes. Estas flexões ou mudanças de forma são chamadas de casos latinos.

Existem seis casos em latim.

Caso

Conceito

Exemplo em latim

Tradução portuguesa

Nominativo

Caso do sujeito e do predicativo do sujeito

Ursus

O urso

Vocativo

Caso da exclamação ou do chamado

Urse

Ó urso!

Genitivo

Caso do complemento restritivo

Ursi

do urso

Dativo

Caso do objeto indireto

Urso

Para o urso

Ablativo

Caso do complemento de causa eficiente e dos adjuntos adverbiais

Urso

Com o urso

Pelo urso

Acusativo

Caso do objeto direto

Ursum

o urso

Analisemos a frase:

Paulo de Tarso golpeia com a vara a porta para Pedro (entrar)

Paulus Tarsi pulsat virga portam Petro

Distinguindo os elementos da frase:

Caso

Conceito

Exemplo em latim

Tradução portuguesa

Nominativo

Caso do sujeito e do predicativo do sujeito

Paulus

Paulo

Genitivo

Caso do complemento restritivo

Tarsi

De Tarso (da cidade de Tarso e não de qualquer lugar)

Verbo

Ação

pulsat

Golpeia (bate)

Dativo

Caso do objeto indireto

Petro

para Pedro (entrar)

Acusativo

Caso do objeto direto

Portam

a porta

Ablativo

Caso do complemento de causa eficiente e dos adjuntos adverbiais

Virga

com a vara

Assim a ordem das palavras em latim não é tão fixa com em português. A mesma frase poderia ser escrita na ordem inversa sem o auxílio de vírgulas e sem alterar o sentido da frase. No entanto, o latim costuma apresentar o verbo no final da frase. A ordem preferida pelo latim seria:

Sujeito

Objetos e complementos

Verbo

A mesma palavra em latim possui diversas desinências segundo a função que exerce na frase. Assim a palavra rosa pode ser escrita como: rosa, rosae, rosam, rosas, rosarum, rosis, etc. Declinar uma plavra é enumerar todos os seus casos ou flexões no singular e no plural.

Não se preocupe, nem todas as palavras latinas são declináveis. São declináveis apenas:

Substantivos

Adjetivos

Alguns pronomes

Particípios

O restante é invariável.

Veremos nos próximos posts sobre a gramática do latim cada caso em especial.

jun 212011
 

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP,
Fundador dos Arautos do Evangelho

Mons. João Scognamiglio Clás Dias elevando o Santíssimo Sacramento na Igreja Nossa Senhora do Rosário, Brasil

Mons. João Scognamiglio Clás Dias elevando o Santíssimo Sacramento na Igreja Nossa Senhora do Rosário, Brasil

Como nasceu a comemoração de “Corpus Christi”

A festa litúrgica em louvor ao Santíssimo Sacramento foi instituída em 1264 por Urbano IV. Ela deveria marcar os tempos futuros da Igreja, tendo como finalidade cantar a Jesus Eucarístico, agradecendo-Lhe solenemente por ter querido ficar conosco até o fim dos séculos sob as espécies de pão e vinho. Nada mais adequado do que a Igreja comemorar esse dom incomparável.
Logo nos primeiros séculos, a Quinta-Feira Santa tinha o caráter eucarístico, segundo mostram documentos que chegaram até nós. A Eucaristia já era o centro e coração da vida sobrenatural da Igreja. Todavia, fora da Missa não se prestava culto público a esse sacramento. O pão consagrado costumava ficar guardado numa espécie de sacristia, e mais tarde lhe foi reservado um nicho num ângulo obscuro do templo, onde se punha um cibório em forma de pomba, suspenso sobre o altar, sempre tendo em vista a eventual necessidade de atender a algum enfermo.
Mas durante a Idade Média, os fiéis foram sendo cada vez mais atraídos pela sagrada humanidade do Salvador. A espiritualidade passou a considerar de modo especial os episódios da Paixão. Criou-se por isso um clima propício para que se desenvolvesse a devoção à Sagrada Eucaristia.
O último impulso veio das visões de Santa Juliana de Monte Cornillon, uma freira agostiniana belga, a quem Jesus pediu a instituição de uma festa anual para agradecer o sacramento da Eucaristia. A religiosa transmitiu esse pedido ao arcediago de Liège, o qual, sendo eleito Papa 31 anos depois, adotou o nome de Urbano IV.
Pouco depois esse Pontífice instituía a festa de Corpus Christi, que acabou por se tornar um dos pontos culminantes do ano litúrgico em toda a Cristandade.

O “Lauda Sion”

A seqüência da Missa de Corpus Christi é constituída por um belíssimo hino gregoriano, intitulado Lauda Sion. Belíssimo por sua variada e suave melodia, e muito mais pela letra, ele canta a excelsitude do dom de Deus para conosco e a presença real de Jesus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, no pão e no vinho consagrados.
A própria origem desse cântico é envolta no maravilhoso tipicamente medieval. Urbano IV encontrava-se em Orvieto, quando decidiu estabelecer a comemoração de Corpus Christi. Estavam coincidentemente naquela cidade dois dos mais renomados teólogos de todos os tempos, São Boaventura e São Tomás de Aquino. O Papa os convocou, assim como a outros teólogos, encomendando-lhes um hino para a seqüência da Missa dessa festa.

Apoteose de São Tomás de Aquino por Zurbarán

Apoteose de São Tomás de Aquino por Zurbarán


Conta-se que, terminada a tarefa, apresentaram-se todos diante do Papa e cada um devia ler sua composição. O primeiro a fazê-lo foi São Tomás de Aquino, que apresentou então os versos do Lauda Sion. São Boaventura, ato contínuo àquela leitura, queimou seu próprio pergaminho, não sem causar espanto em São Tomás, que perguntou “por quê?”. O santo franciscano, com toda a humildade, explicou-lhe que sua consciência não o deixaria em paz se ele causasse qualquer empecilho, por mínimo que fosse, à rápida difusão de tão magnífica Seqüência escrita pelo dominicano.

Síntese teológica, em forma de poesia

Aquilo que São Tomás ensinou em seus tratados de Teologia a respeito da Sagrada Eucaristia, ele o expôs magistralmente em forma de poesia no Lauda Sion.
Trata-se de verdadeira peça de literatura, que brilha pela profundidade do conteúdo e pela beleza da forma, elevação da doutrina, acurada precisão teológica e intensidade do sentimento. O ritmo flui de modo suave, até mesmo nas estrofes mais didáticas. A melodia — cujo autor é desconhecido — combina belamente com o texto. A unção é inesgotável.
São Tomás se revela como filósofo e místico, como teólogo da mente e do coração, realizando sua própria exortação: “Seja o louvor pleno, retumbante, alegre e cheio do brilhante júbilo da alma”.

Letra em latim e português do Louva Sião (Lauda Sion)

Em Português (lusitane)
Em latim (latine)
Para ouvir o hino, clique aqui.

1. Louva Sião, o Salvador, louva o guia e pastor com hinos e cânticos.
1. Lauda Síon Salvatórem, láuda dúcem et pastórem, in hymnis et cánticis.

2. Tanto quanto possas, ouses tu louvá-lo, porque está acima de todo o louvor e nunca o louvarás condignamente.
2. Quantum pótes tantum áude: quia máior ómni láude, nec laudáre súfficis.

3. É-nos hoje proposto um tema especial de louvor: o pão vivo que dá a vida.
3. Láudis théma speciális, pánis vívus et vitális hódie propónitur.

4. É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos.
4. Quem in sácrae ménsa coénae, túrbae frátrum duodénae dátum nom ambígitur.

5. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma.
5. Sit laus pléna, sit sonóra, sit iucúnda, sit decóra méntis iubilátio.

6. Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete.
6. Díes enim solémnis ágitur, in qua ménsae príma recólitur huius institútio.

7. Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga.
7. In hac ménsa nóvi Régis, nóvum Páscha nóvae légis pháse vétus términat.

8. O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite.
8. Vetustátem nóvitas, umbram fúgat véritas, nóctem lux elíminat.

9. O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua.
9. Quod in coéna Chrístus géssit, faciéndum hoc expréssit in súi memóriam.

10. E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação.
10. Dócti sácris institútis, pánem, vínum in salútis consecrámus hóstiam.

11. É dogma de Fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador.
11. Dógma dátur christiánis, quod in cárnem tránsit pánis, et vínum in sánguinem.

12. O que não compreendes nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural.
12. Quod non cápis, quod non vídes, animósa fírmat fídes, praeter rérum órdinem.

13. Debaixo de espécies diferentes, aparências e não realidades, ocultam-se realidades sublimes.
13. Sub divérsis speciébus, sígnis tantum, et non rébus, latent res exímiae.

14. A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente.
14. Cáro cíbus, sánguis pótus: mánet tamen Christus tótus sub utráque spécie.

15. E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro.
15. A suménte non concísus, non confráctus, non divísus: integer accípitur.

16. Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-o podem consumi-lo.
16. Súmit únus, súmunt mílle: quantum ísti tantum ílle: nec súmptus consúmitur.

17. Recebem-no os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte.
17. Súmunt bóni, súmunt máli: sórte tamen inaequáli, vítae vel intéritus.

18. Morte para os maus e vida para os bons: vêde como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento.
18. Mors est mális, víta bónis: víde páris sumptiónis quam sit díspar éxitus.

19. Quando a hóstia é dividida, não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quanto na hóstia inteira.
19. Frácto demum Sacraménto, ne vacílles, sed meménto tantum ésse sub fragménto, quantum tóto tégitur.

20. Nenhuma divisão pode violar a substância: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alterados.
20. Núlla réi fit scissúra: sígni tantum fit fractúra, qua nec státus, nec statúra signáti minúitur.

21. Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos: verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães.
21. Ecce pánis Angelórum, fáctus cíbus viatórum: vere pánis filiórum, non mitténdus cánibus.

22. As figuras o simbolizam: é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais.
22. In figúris praesignátur, cum Isaac immolátur, agnus Páschae deputátur, dátur mánna pátribus.

23. Bom Pastor, pão verdadeiro, Jesus, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.
23. Bóne Pástor, pánis vére, Jésu, nóstri miserére: Tu nos pásce, nos tuére, Tu nos bóna fac vidére in térra vivéntium.

24. Ó Vós que tudo sabeis e tudo podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa.
24. Tu qui cúncta scis et váles, qui nos páscis hic mortáles: túos ibi commensáles, cohaerédes et sodáles fac sanctórum cívium.

Amém. Aleluia.