jul 212011
 

Latim básico: o caso acusativo e as cores em latim

O caso acusativo é o caso do objeto direto.

Para identificar o objeto direto em uma frase deve-se colocar depois do verbo, as interrogativas quem? O que?

Ex: Pedro encontrou teu irmão

Pergunta: Encontrou (quem)?

Resposta: teu irmão (acusativo, objeto direto)

Em português o objeto direto localiza-se na frase após o verbo, mas em latim, como a ordem das palavras não estabelece a função sintática do vocábulo, as palavras sofrem uma alteração em sua desinência.

Museus Capitolinos, Roma

Museus Capitolinos, Roma (Itália)

Palavra em português

Nominativo singular

Acusativo singular

Nominativo plural

Acusativo plural

Marinheiro

Nauta

Nautam

Nautae

Nautas

Filho

Filius

Filium

Filii

Filios

Água

Aqua

Aquam

Aquae

Aquas

Flor

Flos

Florem

Flores

Flores

Mãe

Mater

Matrem

Matri

Matres

Curiosidade: Notou que o acusativo singular sempre termina em “m” e que o acusativo plural sempre termina em “s”. Nossa língua portuguesa é conhecida pelos linguistas como uma língua românica acusativa, pois as palavras lusas derivam em sua maioria do caso acusativo latino.

Singular e plural

Em português acrescentamos geralmente o “s” ao final das palavras para colocá-la no plural. Em latim isto ocorre de modo geral no caso acusativo, mas no caso nominativo, ocorre uma mudança na vogal final da palavra.

Nauta (marinheiro) no plural nominativo torna-se nautae.

Filius (Filho) no plural nominativo torna-se filii.

Veja a tabela abaixo da 1ª e 2ª classe de substantivos nos dois casos já estudados.

Nominativo singular

Nominativo plural

Acusativo singular

Acusativo plural

Lupus (lobo)

Lupi

Lupum

Lupos

Pluma (pluma)

Plumae

Plumam

Lupum

Atendendo o pedido de um de nossos leitores oferecemos lista das cores em latim

As cores em latim

Branco

Albus, a, um

Branco brilhante

Candidus, a, um

Vermelho

Ruber, rubra, rubrum

Vermelho brilhante

Purpureus, a, um

Negro

Niger, nigra, nigrum

Sombra

Ater, atra, atrum

Roxo

Rufus, a, um

Azul

Caerúleus, a, um

Louro

Flavus, a, um

Claro

Clarus, a, um

Brilhante

Fulgens, entis

Transparente

Pellúcidus, a, um

Verde

Viridis, is, e

Marrom-amarelado

Fulvus, a, um

Escuro

Obscurus, a, um

Pálido

Pállidus, a, um  (pallens, entis)

Opaco

Opacus, a, um

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jul 042011
 

A família em latim

Em nosso curso básico de latim veremos pois como se diz os membros da família em latim. Como dizer, pai, mãe, filho, sogra e primo em latim?

Familia_Sagrada_Family_familie_famiglia_sacred

Não estranhe o leitor a presença de escravos e senhores em nossa lista de palavras latinas relativas à família. Isto se deve pelo fato de que os romanos consideravam servos ou escravos como membros da família.

Em português Em latim
Pai Pater, patris
Parentes Parentes,um
Filho Filius, i
Avô Avus,i
Ancestrais Maiores, um
Irmão Frater, ris
Tios paternos Patruus,i
Tios maternos Avunculus, i
Esposo (a) Coniux,ugis
Sogro Socer, eri
Parentes de nascimento Cognati,orum
Senhor Dominus,i
Servidor Famulus,i
Família Família,ae
Mãe Mater,tris
Prole (filhos e filhas) Liberi,orum
Filha Filia,ae
Netos ou sobrinhos Nepos, Otis
Descentes Posteri, orum
Irmã Soror, oris
Tia paterna Amita,ae
Genro Gener, eri
Próximos Propinqui,orum
Afins (parentesco legal) Affines,ium
Escravo Servus,i
Serva Ancilla,ae
Serva Famula,ae
Matrimônio Matrimonium,ii
Núpcias Nuptiae,arum

Caso nominativo

O caso nominativo em latim corresponde ao caso do sujeito da oração e do predicativo do sujeito. Sujeito é o termo do qual se diz alguma coisa ou que pratica a ação.

Sujeito Verbo Complemento
Maria conversa (ação) sobre a escola.
Sujeito Verbo Predicativo (qualidade do sujeito)
Maria é estudiosa.

Interessante notar que o predicativo aponta uma característica ou qualidade do sujeito. Em português se usa o verbo ser. Também em latim se usa o verbo correspondente, esse, mas este pode ser oculto.

Sujeito Verbo Predicativo
Dominus est Deus.
Dominus (Verbo oculto) Deus
Tradução
O Senhor é Deus

Conhecemos o sujeito, colocando, antes do verbo da oração, as interrogativas: quem? (quando se trata de uma pessoa que age);  Que? (quando se refere a uma coisa que age).

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jun 212011
 

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP,
Fundador dos Arautos do Evangelho

Mons. João Scognamiglio Clás Dias elevando o Santíssimo Sacramento na Igreja Nossa Senhora do Rosário, Brasil

Mons. João Scognamiglio Clás Dias elevando o Santíssimo Sacramento na Igreja Nossa Senhora do Rosário, Brasil

Como nasceu a comemoração de “Corpus Christi”

A festa litúrgica em louvor ao Santíssimo Sacramento foi instituída em 1264 por Urbano IV. Ela deveria marcar os tempos futuros da Igreja, tendo como finalidade cantar a Jesus Eucarístico, agradecendo-Lhe solenemente por ter querido ficar conosco até o fim dos séculos sob as espécies de pão e vinho. Nada mais adequado do que a Igreja comemorar esse dom incomparável.
Logo nos primeiros séculos, a Quinta-Feira Santa tinha o caráter eucarístico, segundo mostram documentos que chegaram até nós. A Eucaristia já era o centro e coração da vida sobrenatural da Igreja. Todavia, fora da Missa não se prestava culto público a esse sacramento. O pão consagrado costumava ficar guardado numa espécie de sacristia, e mais tarde lhe foi reservado um nicho num ângulo obscuro do templo, onde se punha um cibório em forma de pomba, suspenso sobre o altar, sempre tendo em vista a eventual necessidade de atender a algum enfermo.
Mas durante a Idade Média, os fiéis foram sendo cada vez mais atraídos pela sagrada humanidade do Salvador. A espiritualidade passou a considerar de modo especial os episódios da Paixão. Criou-se por isso um clima propício para que se desenvolvesse a devoção à Sagrada Eucaristia.
O último impulso veio das visões de Santa Juliana de Monte Cornillon, uma freira agostiniana belga, a quem Jesus pediu a instituição de uma festa anual para agradecer o sacramento da Eucaristia. A religiosa transmitiu esse pedido ao arcediago de Liège, o qual, sendo eleito Papa 31 anos depois, adotou o nome de Urbano IV.
Pouco depois esse Pontífice instituía a festa de Corpus Christi, que acabou por se tornar um dos pontos culminantes do ano litúrgico em toda a Cristandade.

O “Lauda Sion”

A seqüência da Missa de Corpus Christi é constituída por um belíssimo hino gregoriano, intitulado Lauda Sion. Belíssimo por sua variada e suave melodia, e muito mais pela letra, ele canta a excelsitude do dom de Deus para conosco e a presença real de Jesus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, no pão e no vinho consagrados.
A própria origem desse cântico é envolta no maravilhoso tipicamente medieval. Urbano IV encontrava-se em Orvieto, quando decidiu estabelecer a comemoração de Corpus Christi. Estavam coincidentemente naquela cidade dois dos mais renomados teólogos de todos os tempos, São Boaventura e São Tomás de Aquino. O Papa os convocou, assim como a outros teólogos, encomendando-lhes um hino para a seqüência da Missa dessa festa.

Apoteose de São Tomás de Aquino por Zurbarán

Apoteose de São Tomás de Aquino por Zurbarán


Conta-se que, terminada a tarefa, apresentaram-se todos diante do Papa e cada um devia ler sua composição. O primeiro a fazê-lo foi São Tomás de Aquino, que apresentou então os versos do Lauda Sion. São Boaventura, ato contínuo àquela leitura, queimou seu próprio pergaminho, não sem causar espanto em São Tomás, que perguntou “por quê?”. O santo franciscano, com toda a humildade, explicou-lhe que sua consciência não o deixaria em paz se ele causasse qualquer empecilho, por mínimo que fosse, à rápida difusão de tão magnífica Seqüência escrita pelo dominicano.

Síntese teológica, em forma de poesia

Aquilo que São Tomás ensinou em seus tratados de Teologia a respeito da Sagrada Eucaristia, ele o expôs magistralmente em forma de poesia no Lauda Sion.
Trata-se de verdadeira peça de literatura, que brilha pela profundidade do conteúdo e pela beleza da forma, elevação da doutrina, acurada precisão teológica e intensidade do sentimento. O ritmo flui de modo suave, até mesmo nas estrofes mais didáticas. A melodia — cujo autor é desconhecido — combina belamente com o texto. A unção é inesgotável.
São Tomás se revela como filósofo e místico, como teólogo da mente e do coração, realizando sua própria exortação: “Seja o louvor pleno, retumbante, alegre e cheio do brilhante júbilo da alma”.

Letra em latim e português do Louva Sião (Lauda Sion)

Em Português (lusitane)
Em latim (latine)
Para ouvir o hino, clique aqui.

1. Louva Sião, o Salvador, louva o guia e pastor com hinos e cânticos.
1. Lauda Síon Salvatórem, láuda dúcem et pastórem, in hymnis et cánticis.

2. Tanto quanto possas, ouses tu louvá-lo, porque está acima de todo o louvor e nunca o louvarás condignamente.
2. Quantum pótes tantum áude: quia máior ómni láude, nec laudáre súfficis.

3. É-nos hoje proposto um tema especial de louvor: o pão vivo que dá a vida.
3. Láudis théma speciális, pánis vívus et vitális hódie propónitur.

4. É Ele que na mesa da sagrada ceia foi distribuído aos doze, como na verdade o cremos.
4. Quem in sácrae ménsa coénae, túrbae frátrum duodénae dátum nom ambígitur.

5. Seja o louvor pleno, retumbante, que ele seja alegre e cheio de brilhante júbilo da alma.
5. Sit laus pléna, sit sonóra, sit iucúnda, sit decóra méntis iubilátio.

6. Porque celebramos o dia solene que nos recorda a instituição deste banquete.
6. Díes enim solémnis ágitur, in qua ménsae príma recólitur huius institútio.

7. Na mesa do novo Rei, a páscoa da nova lei põe fim à páscoa antiga.
7. In hac ménsa nóvi Régis, nóvum Páscha nóvae légis pháse vétus términat.

8. O rito novo rejeita o velho, a realidade dissipa as sombras como o dia dissipa a noite.
8. Vetustátem nóvitas, umbram fúgat véritas, nóctem lux elíminat.

9. O que o Senhor fez na Ceia, nos mandou fazê-lo em memória sua.
9. Quod in coéna Chrístus géssit, faciéndum hoc expréssit in súi memóriam.

10. E nós, instruídos por suas ordens sagradas, consagramos o pão e o vinho em hóstia de salvação.
10. Dócti sácris institútis, pánem, vínum in salútis consecrámus hóstiam.

11. É dogma de Fé para os cristãos que o pão se converte na carne e o vinho no sangue do Salvador.
11. Dógma dátur christiánis, quod in cárnem tránsit pánis, et vínum in sánguinem.

12. O que não compreendes nem vês, uma Fé vigorosa te assegura, elevando-te acima da ordem natural.
12. Quod non cápis, quod non vídes, animósa fírmat fídes, praeter rérum órdinem.

13. Debaixo de espécies diferentes, aparências e não realidades, ocultam-se realidades sublimes.
13. Sub divérsis speciébus, sígnis tantum, et non rébus, latent res exímiae.

14. A carne é alimento e o sangue é bebida; todavia debaixo de cada uma das espécies Cristo está totalmente.
14. Cáro cíbus, sánguis pótus: mánet tamen Christus tótus sub utráque spécie.

15. E quem o recebe não o parte nem divide, mas recebe-o todo inteiro.
15. A suménte non concísus, non confráctus, non divísus: integer accípitur.

16. Quer o recebam mil, quer um só, todos recebem o mesmo, nem recebendo-o podem consumi-lo.
16. Súmit únus, súmunt mílle: quantum ísti tantum ílle: nec súmptus consúmitur.

17. Recebem-no os bons e os maus igualmente, todos recebem o mesmo, porém com efeitos diversos: os bons para a vida e os maus para a morte.
17. Súmunt bóni, súmunt máli: sórte tamen inaequáli, vítae vel intéritus.

18. Morte para os maus e vida para os bons: vêde como são diferentes os efeitos que produz o mesmo alimento.
18. Mors est mális, víta bónis: víde páris sumptiónis quam sit díspar éxitus.

19. Quando a hóstia é dividida, não vaciles, mas recorda que o Senhor encontra-se todo debaixo do fragmento, quanto na hóstia inteira.
19. Frácto demum Sacraménto, ne vacílles, sed meménto tantum ésse sub fragménto, quantum tóto tégitur.

20. Nenhuma divisão pode violar a substância: apenas os sinais do pão, que vês com os olhos da carne, foram divididos! Nem o estado, nem as dimensões do Corpo de Cristo são alterados.
20. Núlla réi fit scissúra: sígni tantum fit fractúra, qua nec státus, nec statúra signáti minúitur.

21. Eis o pão dos Anjos que se torna alimento dos peregrinos: verdadeiramente é o pão dos filhos de Deus que não deve ser lançado aos cães.
21. Ecce pánis Angelórum, fáctus cíbus viatórum: vere pánis filiórum, non mitténdus cánibus.

22. As figuras o simbolizam: é Isaac que se imola, o cordeiro que se destina à Páscoa, o maná dado a nossos pais.
22. In figúris praesignátur, cum Isaac immolátur, agnus Páschae deputátur, dátur mánna pátribus.

23. Bom Pastor, pão verdadeiro, Jesus, de nós tende piedade. Sustentai-nos, defendei-nos, fazei-nos na terra dos vivos contemplar o Bem supremo.
23. Bóne Pástor, pánis vére, Jésu, nóstri miserére: Tu nos pásce, nos tuére, Tu nos bóna fac vidére in térra vivéntium.

24. Ó Vós que tudo sabeis e tudo podeis, que nos alimentais nesta vida mortal, admiti-nos no Céu, à vossa mesa e fazei-nos co-herdeiros na companhia dos que habitam a cidade santa.
24. Tu qui cúncta scis et váles, qui nos páscis hic mortáles: túos ibi commensáles, cohaerédes et sodáles fac sanctórum cívium.

Amém. Aleluia.