nov 252011
 

Paulus Kangiser

Vir Togatus

Vir togatus, Museum Vaticanum

Stanley F. Bonner, professor Anglus, de Romanorum institutione sive educatione indagationem, quae annos ad 300 amplectitur (a Catone maiore ad Plinium iuniorem), iampridem fecit Liverpulae, ubi Latinitatem docebat, et fere triginta annis abhinc edidit (Education in Ancient Rome, London, 1977).

Auctor in indagationis conclusione admiratur quod Romani adeo sint progressi, illis temporibus consideratis, ut reliquos populos multis rebus superarent; praeterea miratur quod, edoctis plurimis, in eum prosperitatis locum pervenerint sine institutis statalibus, sicut hodiernis pro educatione ministeriis, neve publicis sumptibus ac subsidiis, nisi in novissimis Imperii temporibus ubi perpauca atque rarissima fuerunt.

Alteram vero conclusionem de Romanis, ab egregio Bonneris opere, colligere possumus, scilicet: eximiae indolis educationem adeptos esse, eo demum quod nulla scriptocratia statali usi sunt, quam vero scriptocratiam valde pandere videmus in postremis Imperii diebus atque dilapsionis ruinaeque partim culpandam.

In temporis spatio a Bonnere indagato comperimus nullas fuisse aedes scholares et praeceptores dictata doctrinasque dixisse ubi commode potuissent, sive domi sive in cella domestica conducta vel etiam sub umbraculo in area plateave;  querebantur quoque praeceptores quod parentes pactam mercedem nonnumquam sero dedissent, quippe qui nullam aliunde pecuniam acciperent; cum autem cuiusvis praeceptoris educatio satis bona non esset, parentes alio liberos deducebant.

Pueros primo litteras lectionemque docebat ludimagister; deinde grammaticus ad intellegendum quod legerant discipulos inducebat; postremo apud rhetorem de rebus lectis, quam intellegerant, argute erat iudicandum declamationis causa, ita ut argumenta pro una parte aut contra alteram omnis discipulus excogitare deberet; ex hac studiorum diuturna ratione patricii necnon plebeii ad rempublicam, militiam, commercium apti fiebant, adeo ut per millenium historiam suam prae ceteris populis optime degerent; hic Romanorum prospectus differri potest vel a quadam ficta imagine quam cinema Hollywoodiense nobis quondam praebuit, vel a prava opinione quam prisci Christiani, ex ipsorum martyribus, de paganis non immerito vulgaverunt.

Certum est historiam remedia pro malis hodiernis nobis non proferre; immo: non quia ad usum cottidianum sit utilis sed quod animi culturae prodest eam iudicamus colendam; ab ea enim adducimur ad difficultates meditandas ac superandas non secundum novas aut dubias ideologias sed praesertim ad principia quae, saeculis transactis, etiam nunc aptiora et potiora esse videantur.


nov 112011
 

Lucretius, De rerum natura I.1-28 – Hino à Vênus

Marcos Eduardo Melo dos Santos

O texto do autor romano Lucrécio com que abrimos a seção de clássicos no Praecones Latine é cheio de surpresas. Com genialidade ou incoerência este texto engana o leitor inexperiente. Segundo os estudiosos que analisam este trecho da obra De Rerum Natura do filósofo latino Titus Lucretius Caro (94 a. C. a 50 a. C.), o poema sobre a natureza das coisas expõe a filosofia epicurista como a chave que poderia desvendar os segredos do universo e garantir a felicidade humana. O poema propõe libertar os romanos da crença em deuses através do conhecimento da filosofia epicurista. É um poema que defende o ateísmo. Embora o poema contenha hinos a deuses pagãos, Lucrécio tenta justamente negar a existência de deus atribuindo a criação do Universo e a harmonia do cosmos a uma espécie de força espiritual superior que se identifica  com a própria ordem natural das coisas. Por este lado o poema poderia ser chamado de naturalista. Por que Lucrécio uso deste artifício literário? Queira ele fugir das perseguições daqueles que defendiam a religião de estado do Império? Queria ele mostrar sua genialidade? Hesitam na resposta os especialista. Deixemos que o leitor conclua.

ArvoresOutono_Frace_Franca_Grand Canyon du VerdonMundovegetalplantasUm esclarecimento que me parece importante. Ele usa a imagem de Vênus não para evocar a presença da deusa ou fazer alusão ao instinto procriativo do homem, mas apenas para mostrar que a natureza é a mãe do universo e geradora da vida, e Vênus bem poderia representar para Lucrécio este papel: o da “mãe natureza”.

Claro que para nós católicos a doutrina epicurista se distancia da Fé Cristã pela qual acreditamos que a origem e a manunteção do cosmos se deve a Deus. Por mais que o poema seja pagão e epicurista, nele encontramos alguns atributos divinos que os antigos latinos chegaram a ver através da razão natural. O hino à Venus bem poderia louvar, com poucas adaptações, a Deus e a Nossa Senhora. Nestes versos vemos como Deus se revela aos pagãos através de suas obras como outrora o Apóstolo São Paulo explicou no primeiro capítulo de sua carta dirigida aos romanos. Neste hino se vê o desejo de Deus, do conhecimento do Criador, numa alma que não tem a Revelação; que não conheceu a Jesus e nem o ensinamento dos Patriarcas e Profetas do Antigo Testamento. É um poema contraditório, mas genial, que revela a profunda incoerência da alma pagã. É um poema ateu que fala de Deus, de alguém que tenta negar a existência da divindade, mas que relega à humanidade, querendo ou não,  belos versos sobre a grandeza divina. É o grito da alma pagã em busca do Deus desconhecido. Acompanhemos os versos latinos com a tradução de Agostinho da Silva.

Aeneadum genetrix, hominum divomque voluptas, alma Venus, caeli subter labentia signa quae mare navigerum, quae terras frugiferentis concelebras, per te quoniam genus omne animantum concipitur visitque exortum lumina solis: te, dea, te fugiunt venti, te nubila caeli adventumque tuum, tibi suavis daedala tellus summittit flores, tibi rident aequora ponti placatumque nitet diffuso lumine caelum. Ó mãe dos Enéadas, prazer dos homens e dos deuses, ó Vênus criadora, que por sob os astros errantes povoas o navegado mar e as terras férteis em searas, por teu intermédio se concebe todo o gênero de seres vivos e, nascendo, contempla a luz do sol: por isso de ti fogem os ventos, ó deusa; de ti, mal tu chegas, se afastam as nuvens do céu; e a ti oferece a terra diligente as suaves flores, para ti sorriem os plainos do mar e o céu em paz resplandece inundado de luz.
Nam simul ac species patefactast verna diei et reserata viget genitabilis aura favoni, aëriae primum volucris te, diva, tuumque significant initum perculsae corda tua vi.  Inde ferae pecudes persultant pabula laeta et rapidos tranant amnis: Ita capta lepore te sequitur cupide quo quamque inducere pergis. Denique per maria ac montis fluviosque rapacis frondiferasque domos avium camposque virentis omnibus incutiens blandum per pectora amorem efficis ut cupide generatim saecla propagent. Apenas reaparece o aspecto primaveril dos dias e o sopro criador do Favônio, já livre, ganha forças, primeiro te celebram e à tua vinda, ó deusa, as aves do ar, pela tua força abaladas no mais íntimo do peito; depois, os animais bravios e os rebanhos saltam pelos ledos pastos e atravessam a nado as rápidas correntes: todos, possessos do teu encanto e desejo, te seguem, aonde tu os queiras levar. Finalmente, pelos mares e pelos montes e pelos rios impetuosos, e pelos frondosos lares das aves, e pelos campos virentes, a todos incutindo no peito o brando amor, tu consegues que desejem propagar-se no tempo, por meio da geração.
Quae quoniam rerum naturam sola gubernas nec sine te quicquam dias in luminis oras exoritur neque fit laetum neque amabile quicquam, te sociam studeo scribendis versibus esse, quos ego de rerum natura pangere conor Memmiadae nostro, quem tu, dea, tempore in omni omnibus ornatum voluisti excellere rebus.  quo magis aeternum da dictis, diva, leporem. Visto que sozinha vais governando a natureza e que, sem ti, nada surge nas divinas margens da luz e nada se faz de amável e alegre, eu te procuro, ó deusa, para que me ajudes a escrever o poema que, sobre a natureza das coisas, tento compor para o nosso Mêmio, a quem tu, ó deusa, sempre quiseste conceder todas as qualidades, para que excedesse aos outros. Dá pois a meus versos, ó Vênus divina, teu perpétuo encanto.
nov 112011
 

Lucretius, De rerum natura I.1-28 – Hino à Vênus

Marcos Eduardo Melo dos Santos

O texto do autor romano Lucrécio com que abrimos a seção de clássicos no Praecones Latine é cheio de surpresas. Com genialidade ou incoerência este texto engana o leitor inexperiente. Segundo os estudiosos que analisam este trecho da obra De Rerum Natura do filósofo latino Titus Lucretius Caro (94 a. C. a 50 a. C.), o poema sobre a natureza das coisas expõe a filosofia epicurista como a chave que poderia desvendar os segredos do universo e garantir a felicidade humana. O poema propõe libertar os romanos da crença em deuses através do conhecimento da filosofia epicurista. É um poema que defende o ateísmo. Embora o poema contenha hinos a deuses pagãos, Lucrécio tenta justamente negar a existência de deus atribuindo a criação do Universo e a harmonia do cosmos a uma espécie de força espiritual superior que se identifica  com a própria ordem natural das coisas. Por este lado o poema poderia ser chamado de naturalista. Por que Lucrécio uso deste artifício literário? Queira ele fugir das perseguições daqueles que defendiam a religião de estado do Império? Queria ele mostrar sua genialidade? Hesitam na resposta os especialista. Deixemos que o leitor conclua.

ArvoresOutono_Frace_Franca_Grand Canyon du VerdonMundovegetalplantasUm esclarecimento que me parece importante. Ele usa a imagem de Vênus não para evocar a presença da deusa ou fazer alusão ao instinto procriativo do homem, mas apenas para mostrar que a natureza é a mãe do universo e geradora da vida, e Vênus bem poderia representar para Lucrécio este papel: o da “mãe natureza”.

Claro que para nós católicos a doutrina epicurista se distancia da Fé Cristã pela qual acreditamos que a origem e a manunteção do cosmos se deve a Deus. Por mais que o poema seja pagão e epicurista, nele encontramos alguns atributos divinos que os antigos latinos chegaram a ver através da razão natural. O hino à Venus bem poderia louvar, com poucas adaptações, a Deus e a Nossa Senhora. Nestes versos vemos como Deus se revela aos pagãos através de suas obras como outrora o Apóstolo São Paulo explicou no primeiro capítulo de sua carta dirigida aos romanos. Neste hino se vê o desejo de Deus, do conhecimento do Criador, numa alma que não tem a Revelação; que não conheceu a Jesus e nem o ensinamento dos Patriarcas e Profetas do Antigo Testamento. É um poema contraditório, mas genial, que revela a profunda incoerência da alma pagã. É um poema ateu que fala de Deus, de alguém que tenta negar a existência da divindade, mas que relega à humanidade, querendo ou não,  belos versos sobre a grandeza divina. É o grito da alma pagã em busca do Deus desconhecido. Acompanhemos os versos latinos com a tradução de Agostinho da Silva.

Aeneadum genetrix, hominum divomque voluptas, alma Venus, caeli subter labentia signa quae mare navigerum, quae terras frugiferentis concelebras, per te quoniam genus omne animantum concipitur visitque exortum lumina solis: te, dea, te fugiunt venti, te nubila caeli adventumque tuum, tibi suavis daedala tellus summittit flores, tibi rident aequora ponti placatumque nitet diffuso lumine caelum. Ó mãe dos Enéadas, prazer dos homens e dos deuses, ó Vênus criadora, que por sob os astros errantes povoas o navegado mar e as terras férteis em searas, por teu intermédio se concebe todo o gênero de seres vivos e, nascendo, contempla a luz do sol: por isso de ti fogem os ventos, ó deusa; de ti, mal tu chegas, se afastam as nuvens do céu; e a ti oferece a terra diligente as suaves flores, para ti sorriem os plainos do mar e o céu em paz resplandece inundado de luz.
Nam simul ac species patefactast verna diei et reserata viget genitabilis aura favoni, aëriae primum volucris te, diva, tuumque significant initum perculsae corda tua vi.  Inde ferae pecudes persultant pabula laeta et rapidos tranant amnis: Ita capta lepore te sequitur cupide quo quamque inducere pergis. Denique per maria ac montis fluviosque rapacis frondiferasque domos avium camposque virentis omnibus incutiens blandum per pectora amorem efficis ut cupide generatim saecla propagent. Apenas reaparece o aspecto primaveril dos dias e o sopro criador do Favônio, já livre, ganha forças, primeiro te celebram e à tua vinda, ó deusa, as aves do ar, pela tua força abaladas no mais íntimo do peito; depois, os animais bravios e os rebanhos saltam pelos ledos pastos e atravessam a nado as rápidas correntes: todos, possessos do teu encanto e desejo, te seguem, aonde tu os queiras levar. Finalmente, pelos mares e pelos montes e pelos rios impetuosos, e pelos frondosos lares das aves, e pelos campos virentes, a todos incutindo no peito o brando amor, tu consegues que desejem propagar-se no tempo, por meio da geração.
Quae quoniam rerum naturam sola gubernas nec sine te quicquam dias in luminis oras exoritur neque fit laetum neque amabile quicquam, te sociam studeo scribendis versibus esse, quos ego de rerum natura pangere conor Memmiadae nostro, quem tu, dea, tempore in omni omnibus ornatum voluisti excellere rebus.  quo magis aeternum da dictis, diva, leporem. Visto que sozinha vais governando a natureza e que, sem ti, nada surge nas divinas margens da luz e nada se faz de amável e alegre, eu te procuro, ó deusa, para que me ajudes a escrever o poema que, sobre a natureza das coisas, tento compor para o nosso Mêmio, a quem tu, ó deusa, sempre quiseste conceder todas as qualidades, para que excedesse aos outros. Dá pois a meus versos, ó Vênus divina, teu perpétuo encanto.
jul 082011
 

Memória 11 de julio

P. Juan Croisset, S.J.

San Benito, tan célebre en todo el orbe cristiano, luz del desierto, apóstol del monte Casino, restaurador de la vida monástica en el Occidente, uno de los más ilustres y de los mayores santos de la Igle­sia, nació por los años de 480 en las cercanías de Nursia, del ducado de Espoleto. Su nobilísima casa, una de las más distinguidas de Ita­lia, se hacía respetar en toda ella, así por sus enlaces como por su grande riqueza. El padre, que se llamaba Eupropio, se cree que fue de la casa de los Anicios, y su madre, llamada Abundancia, era condesa de Nursia. San Gregorio, que escribió la vida de nuestro Santo, dice que no sin misterio le llamaron Benito, por las grandes bendi­ciones con que le previno el Señor desde su nacimiento.

Nada hubo que hacer en inclinarle á la piedad, porque las prime­ras lecciones que se le dieron hallaron ya un corazón formado para la virtud. Desde luego se descubrió en él un buen ingenio, nobles in­clinaciones, un natural tan dócil y tales señales de devoción, que á los siete años de su edad le enviaron sus padres á Roma para que se criase en aquella corte á vista del Papa Félix II, que también se cree haber sido de la misma familia.

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Hizo asombrosos progresos en las ciencias humanas por espacio de siete años que se dedicó á ellas; pero fueron mucho más asombrosos los que hizo en la ciencia de la salvación. Ya desde entonces se mi­raba como especie de prodigio su frecuente oración, su inclinación al retiro, su circunspección y las penitencias que hacía en una edad que sólo toma gusto á las diversiones y á los entretenimientos.

Pero sobre todo sobresalía en Benito la tierna devoción que profe­saba á la Madre de Dios. Venérase todavía en el oratorio de San Be­nito de Roma la imagen de la Santísima Virgen, en cuya presencia pasaba muchas horas en oración todos los días; y asegura el beato Alano que delante de ella recibió del Cielo extraordinarios favores.

Habiendo observado las licenciosas costumbres de los jóvenes de su edad y de su esfera, y conociendo los grandes peligros á que es­taba expuesta su salvación quedándose en el mundo, resolvió buscar seguro asilo á su inocencia en el retiro del desierto, y, lleno del espí­ritu de Dios que le guiaba, salió de Roma, siendo de solos quince años; llegó cerca de una aldea llamada Afilo, donde, habiendo hecho un milagro con el ama que le había criado y no había querido apar­tarse de él, halló medio para escaparse secretamente de ella, y por sendas descaminadas se fue á esconder en el desierto de Sublago, á quince leguas de Roma.

Todo conspira á inspirar horror en aquella soledad: los peñascos escarpados, cuyas puntas se escondían á la vista; los precipicios es­pantosos, y un terreno seco, estéril é infecundo; pero el animoso Be­nito halló en ella dulces atractivos. Habiéndole encontrado cierto monje llamado Romano, le preguntó qué buscaba por aquellos de­siertos, y respondióle Benito que un sitio donde sepultarse en vida para no pensar más que en Dios; admirado Romano, le enseñó cierta gruta abierta en una roca, parecida á una sepultura. En ella se en­terró Benito, y Romano le trajo de su monasterio un hábito de mon­je, cuidando también de traerle algunos mendrugos de pan una vez á la semana.

No se pueden comprender las excesivas penitencias que hizo aquel esforzado joven, hé­roe de la religión cristiana, desde los primeros pasos de su penosa carrera. Su ayuno era con­tinuo, su oración casi perpetua, y co­mo si no bastase para mortificación de aquel cuerpecito tierno y delicado no tener más cama que la dura peña, ni apenas otro ali­mento que insípidas y agrestes raíces, se echó á cuestas un áspero cilicio, de que no se desnudó en toda la vida.

Estremecióse el Infierno al ver tan­tas virtudes en el jo­ven solitario, y des­de luego comenzó el enemigo común á valerse de todo género de artificios para desalentarle. Dio principio  á la batalla haciendo pedazos una campanilla pendiente de una cuerda larga, con que Romano prevenía á Benito para que acudiese á reco­ger los mendrugos de pan que le descolgaba; pero la caridad, que es ingeniosa, halló arbitrio para continuar en su ejercicio. A esto se siguieron ruidos, fantasmas y otras cien estratagemas, que, habién­dolos experimentado igualmente inútiles, acudió por último recurso á la tentación más vehemente, y también más peligrosa.

Burlábase Benito, lleno de confianza en Jesucristo, de todos los vanos esfuerzos del demonio, cuando la memoria ó la imagen de una doncella que había visto en Roma se le imprimió tan vivamente en la imaginación, le inquietó tanto y le apuró con tal vehemencia, que para librarse de ella se desnudó el santo joven con animoso de­nuedo, y, corriendo á arrojarse entre una espinosa zarza, en ella se revolcó hasta que el extremo dolor que sentía mitigó del todo los ímpetus del deleite con que el tentador había querido derribarle. Quedó para siempre vencido y avergonzado el espíritu impuro, y premió el Cielo la generosa fidelidad de su siervo concediéndole el singular privilegio de que no volviese á experimentar en adelante semejantes tentaciones.

Hacía tres años que Benito vivía en el desierto, más como ángel que como hombre, cuando quiso el Señor darle á conocer al mundo.  A legua y media de su gruta ó de su cisterna habitaba un santo clérigo que en la víspera de Pascua había hecho disponer comida algo más abundante para el día siguiente, en honor de tanta festivi­dad. Aquella noche se le apareció el Señor en sueños, y le dijo que al otro día buscase á su siervo en el desierto y le llevase de comer; hízolo así el buen sacerdote, y quedó atónito cuando se halló con un mancebo tan delicado y vio la espantosa penitencia que hacía; y sin poderse contener, publicó lo que había visto; siendo ésta la ocasión de que comenzase la fama de Benito á divulgarse y hacer ruido en el mundo.

Murió por este tiempo el abad del monasterio de Vicovarre, entre Sublago y Tívoli; y habiendo nombrado los monjes á Benito por superior suyo, aunque se resistió cuanto pudo, alegando muchas razo­nes, no fue oído y le obligaron á encargarse del gobierno del mo­nasterio. Pero apenas comenzó el santo abad á querer enderezarlos por el camino estrecho de su profesión, cuando se arrepintieron de: la elección que habían hecho, negáronle la obediencia y aun inten­taron quitarle la vida con veneno que le echaron en la bebida; mas, al tiempo de sentarse el Santo á la mesa, echó la bendición como acostumbraba, y al punto se hizo pedazos el vaso que contenía el veneno.

Conociendo Benito la perversa intención de aquellos monjes, y pi­diendo á Dios los perdonase, renunció la abadía y se volvió á retirar á su amada soledad, aunque no estuvo solo mucho tiempo; porque á la fama de su rara santidad, concurrió de todas partes tan prodi­gioso número de gente con deseo de entregarse á su dirección y go­bierno, que sólo en el desierto de Sublago fundó doce monasterios, dándoles la regla que acababa de componer, dictada, digámoslo así, por el Espíritu Santo.

Creciendo cada día la reputación de su virtud, venían á verle y á consultarle los más autorizados senadores de Roma, entre los cuales Tertulo trajo consigo á su hijo primogénito Plácido, de edad de siete años, y Equicio á Mauro, que tenía doce, rogando á Benito que se encargase de educarlos. Aplicóse á ello con tanto cuidado, que en poco tiempo, de aquellos dos queridos discípulos suyos, hizo dos grandes santos, habiendo Plácido derramado su sangre por Jesucristo, y siendo Mauro como el segundo fundador de la religión benedictina en el reino de Francia.

No hay virtud sin persecución. Gobernaba la parroquia inmediata al desierto de Sublago un mal sacerdote llamado Florencio, que, no pudiendo sufrir tan heroicos ejemplos de virtud, como muda repren­sión de los desórdenes secretos de su estragada vida, no contento con desacreditar cuanto podía el nuevo instituto, ni con perseguir al padre y á los hijos, intentó con diabólicos artificios armar infames lazos á la pureza de los monjes. Juzgó el Santo que dictaba la pru­dencia ceder á la tempestad; y desamparando el desierto de Subla­go se fue al monte Casino, donde el Cielo le tenía prevenida una mies más abundante y donde, á título de fundador de una religión tan célebre entre todas las que ilustran á la Iglesia del Señor, había de añadir el de apóstol.

Habíanse como atrincherado entre las inaccesibles montañas del Casino algunas miserables reliquias de paganismo, adorando impu­ne y públicamente al dios Apolo, en cuyo honor se conservaba un templo y algunos bosques sagrados á vista de la misma Roma cris­tiana. Encendido Benito de aquel espíritu que anima y forma los héroes del Evangelio, ataca á la idolatría en sus mismas trincheras, derriba el templo, hace pedazos el ídolo, abrasa los bosques consa­grados á las mentidas deidades, levanta sobre las mismas ruinas del templo y del altar dos capillas, una en honra de San Juan Bautista y otra en la de San Martín, y en pocos días convierte á la fe á todos aquellos pueblos.

Armóse, dice San Gregorio, todo el Infierno junto para detener las rápidas conquistas de nuestro Santo. Espectros horribles, aullidos espantosos, terremotos, amenazas, incendio, granizo, piedra, de todo se valió el enemigo de la salvación; pero de todo inútilmente. Sobre la eminencia de aquella montaña fundó Benito el famoso mo­nasterio de Monte Casino, venerado siempre como solar y centro de aquella célebre religión que brilla tanto en la Iglesia de Dios más ha de mil doscientos años, habiendo dado á los altares más de tres mil santos, á las diócesis un número casi infinito de insignes prelados, al Sacro Colegio más de doscientos cardenales, á la Silla Apostólica cuarenta sumos pontífices, donde hasta el día de hoy se admiran y se veneran en las célebres congregaciones de Cluni, de Monte Casino, de San Mauro, de San Vanes, de San Columbano (sin que á ninguno ceda la de España é Inglaterra), tan grandes ejemplos de virtud y escritores tan hábiles y tan sobresalientes en todo género de letras.

Aun no se había acabado el nuevo monasterio, cuando fue menes­ter levantar otros muchos, siendo éste el tiempo en que San Benito, compuso, ó á lo menos perfeccionó aquella santa regla, cuya pru­dencia, sabiduría y perfección alaba tanto San Gregorio, habiendo merecido no sólo la aprobación, sino el respeto de toda la Iglesia.

Movida Santa Escolástica, hermana de San Benito, así de los grandes ejemplos de virtud como de las maravillas que obraba el Señor por medio de su santo hermano, determinó dejar el mundo; y encerrándose con otras doncellas en un monasterio distante algunas leguas de Monte Casino, fue también, con la dirección de nuestro Santo, fundadora de la vida monacal en el Occidente, respecto de las mujeres.

No es fácil referir todo lo que hizo Benito los trece ó catorce años que vivió en Monte Casino, ni todos los prodigios que se dignó Dios obrar por su ministerio. No sólo poseía el don de milagros, sino que lo comunicaba á sus monjes, como lo experimentó Mauro, que se metió por una laguna, sin hundirse en ella, á sacar á San Plácido por orden de su maestro.

De todas partes concurrían tropas de gente á venerarle. Y desean­do Totila, rey de los godos en Italia, conocer á un hombre de quien publicaba la fama tantas maravillas, vino á verle; pero al mismo tiempo, para probar si estaba dotado del don de profecía que tanto se celebraba, mandó á un caballerizo suyo que se vistiese de los adornos reales y de todas las insignias de la majestad; mas luego que Benito le vio con aquel equipaje, le dijo con dulzura: Deja, hijo mío, esas insignias que no te convienen, y no te finjas el que no eres. Asombrado Totila de la maravilla, corrió á arrojarse á los pies del Santo, á los que estuvo postrado hasta que Benito le levantó; y ha­biéndole reprendido respetuosamente los horribles estragos que ha­bía hecho en Italia, le pronosticó cuanto le había de suceder por espacio de nueve años, exhortándole á convertirse, y diciéndole que al décimo iría á dar cuenta á Dios de toda su vida. Verificó el suceso toda la profecía del Santo, y, procediendo Totila en adelante con ma­yor moderación y humanidad, no cesaba de publicar la virtud del siervo de Dios.

Siendo San Benito la admiración de todo el mundo, y respetándole los sumos pontífices, los emperadores y los reyes como el asombro de su siglo, vivía en el monasterio como si fuera el último de los mon­jes. Sólo se valía de su autoridad para ejercitarse en los oficios más humildes, y para exceder en mucho la austeridad de la regla. No obstante que el Señor parece había puesto debajo de su dominio á todo el Infierno, y que la misma muerte le obedecía, era, con todo eso, humildísimo, teniéndose por el más mínimo de todos los monjes, y acreditando con su proceder que así lo creía. Pronosticó el día de su muerte, y se dispuso para ella con nuevo fervor y ejercicios de penitencia. Seis días antes mandó abrir la sepultura; y, en fin, el sá­bado antes de la Dominica de Pasión, á los 21 de Marzo del año 543, siendo de solos sesenta y tres años no cumplidos, pero consumido de los trabajos y mortificaciones; lleno de méritos, y logrando el con­suelo de ver extendida su religión en Sicilia por San Plácido, en Francia por San Mauro, y en España, Portugal, Alemania y hasta en el mismo Oriente por otros discípulos suyos, rindió tranquilamen­te el espíritu en manos de su Criador, en la misma iglesia de Monte Casino, donde se había hecho conducir para recibir el Santo Viático.

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En el mismo punto que expiró, dos monjes que vivían en dos monasterios muy distantes vieron un camino muy resplandeciente que daba principio en Monte Casino y terminaba en el Cielo, y al mismo tiempo oyeron una voz que decía: Este es el camino por donde Beni­to, siervo amado de Dios, subió á la Gloria. El cuerpo del Santo estuvo por algunos días expuesto á la veneración de sus hijos y de todo el pueblo, y después fue enterrado en la sepultura que él mis­mo había mandado abrir, donde se conservó hasta el año 580, en que fue destruido el monasterio de Monte Casino por los lombardos, como lo había profetizado el mismo Santo, quedando sepultadas en­tre sus ruinas aquellas preciosas reliquias. Dícese que el año 660, habiendo pasado á visitar el Monte Casino San Algulfo por orden de San Momol, segundo abad del monasterio de Fleuri, llamado hoy San Benito sobre el Loyva, tuvo la dicha de desenterrar aquel teso­ro, y, trayéndole á Francia, le colocó en su monasterio, donde se tiene con singular veneración, honrando el Señor las sagradas reli­quias con los innumerables milagros que hace cada día.