nov 132012
 

O Papa Bento XVI publicou na manhã do último sábado, 10, um “motu proprio” no qual institui a Pontifícia Academia de Latinidade, indicando o professor Ivano Dionigi, como seu Presidente e o padre salesiano Roberto Spataro como Secretário. O pontífice afirmou que em nossos dias existe uma “generalizada depreciação” dos estudos humanísticos, com o “risco concreto” de que o conhecimento do latim seja cada vez mais superficial. Segundo ele, este fenômeno pode ser constatado no âmbito dos estudos filosóficos e teológicos dos seminaristas de hoje. É oportuno adotar métodos adequados às novas condições e promover uma rede de relações entre instituições acadêmicas e estudiosos, com o objetivo de valorizar o rico patrimônio da civilização latina, declara o Santo Padre no documento. Ivano Dionigi Um dos objetivos da nova Academia será o de “favorecer o conhecimento e o estudo da língua e da literatura latina, seja clássica como patrística, medieval e humanística, especialmente nas Instituições de formação católicas que formam seminaristas e sacerdotes; e promover o uso do latim em diversos âmbitos, seja como língua escrita, como falada”. “Este organismo deverá realizar publicações, encontros, congressos de estudo e representações artísticas; criar e manter cursos, seminários e iniciativas de formação; educar as jovens gerações ao conhecimento do latim; organizar atividades esportivas, mostras e concursos; e enfim, desenvolver atividades e iniciativas necessárias à obtenção dos fins institucionais”, conclui o Papa. (EPC) Com informações da Rádio Vaticana.

 

out 122011
 

Gnosticismo

O maior perigo para a Igreja nos primeiros séculos de sua História, de fato, consistiu numa subtil e venenosa heresia chamada Gnosticismo. Gnose é uma palavra grega que significa conhecimento, este pretende negar a Revelação divina que é o fato de Deus se dar a conhecer às criaturas humanas e lhes revelar seus eternos desígnios de salvação. A Igreja, como guardiã da Revelação, é também a guardiã e mestra do verdadeiro conhecimento a respeito de Deus. Santo Irineu ensinava que a verdadeira gnose é a doutrina dos Apóstolos (Santo Irineu, Contra as heresias, IV, 33,8). A Religião Cristã, por outro lado, é religião de mistério, e nela há uma dimensão infinita da verdade divina que não é alcançável pela inteligência humana, mas ante à qual, a razão deve se inclinar reverente e submissa. Entretanto, em todos os tempos, houve espíritos insatisfeitos ante essa contingência humana nos quais fervia o desejo de perscrutar, com seus meros recursos de inteligência, horizontes que só a Revelação nos pode descortinar.

Santo Irineu de Lyon

Santo Irineu de Lyon

Deste modo também em todos os tempos, a posse de pretensos conhecimentos secretos, a respeito da origem do mundo e da vida, do bem e do mal, revelados apenas a iniciados, cativou certos espíritos. O gnosticismo tem nisso sua origem.

Com existência muita antiga — há quem diga que ela se perde na noite dos tempos — o gnosticismo permanece, ele mesmo, um mistério. Pode-se, em todo caso, distinguir uma gnose pagã, manifestada no Egito, na Índia, na Grécia na Pérsia, e em muitos outros lugares, de uma gnose judaica e de outra “cristã”, ou seja, impregnações do gnosticismo, no judaísmo e no cristianismo.

O Gnosticismo é uma doutrina extremamente complexa, imprecisa, confusa, e nem sequer se pode dizer que é uma corrente doutrinária. São, na verdade, muitas correntes, adaptadas aos mais diversos tipos de psicologias, com diferentes graus de segredo. Pode-se, entretanto, discernir nelas algumas linhas gerais.

O que sobretudo move os gnósticos é a preocupação de explicar a origem do mal. Se Deus é bom e só pode criar coisas boas, como explicar o aparecimento de seres  imperfeitos e do mal, sobretudo do mal moral? Recusando eles os divinos ensinamentos sobre a criação e o pecado, engendram fantasiosas e contraditórias explicações: O Deus único e perfeito é na origem um Pan (tudo), posto num estado de perfeita harmonia e felicidade. Em determinado momento, deste tudo, destacou-se uma partícula, que tomando consciência de sua individualidade, se afirmou como um princípio do mal, e determinou uma explosão, neste tudo divino, provindo daí o que nós chamamos Criação. Tal explosão propiciou a existência de seres diferenciados e desiguais, resultando a concepção de que, não só a criação é um mal, mas sobretudo é má a existência de seres individuais e desiguais. E a desigualdade, por ser a mais expressiva manifestação da diferenciação, se afigura aos gnósticos como um mal sumamente rejeitável. Os seres individuais, que teriam resultado desta fragmentação do “deus”, são denominados eons, e foram aprisionados à matéria, produto do “deus mau”. Razão pela qual os gnósticos tem a matéria —  e portanto o corpo humano —,  em oposição ao espírito, como essencialmente má.

Temos, deste modo, a concepção gnóstica chamada dualismo, ou seja a existência de dois deuses: um “mau” outro “bom”. Esses dois deuses estariam em oposição, e a vitória do “bom” consistiria em alcançar — pelo desprezo crescente das coisas inferiores, especialmente das ligadas à matéria — a aniquilação dos condicionamentos materiais, das características pessoais e até das próprias individualidades, para restabelecer o “Pleroma” (a unidade inicial). Isso se faria levando os seres “hilicos” (dominados pela matéria), a ascenderem à condição de “psíquicos” (que estão em luta com os seres inferiores e com a matéria); e estes últimos chegarem à condição de “gnósticos” perfeitos” ou “puros”, (que teriam aniquilado em si tudo o que é inferior e que os diferencia dos outros) alcançando assim a condição de “salvos”, prontos para se reintegrarem no “tudo” primitivo, ou seja, reconstituírem o Pleroma. O “Tudo” o “Pleroma”, para o qual se caminharia por uma ascese de aniquilação da própria individualidade, vem a ser também, logicamente, um “nada”, um abismo eterno, contradição na qual não se pode deixar de discernir o sinal “digital” do “pai da mentira”. 

Como foi dito acima, na ordem concreta, a gnose dissolvia essa “tintura mãe” em muitos coloridos e muitos matizes diversos, e se beneficiava da atração natural que o espírito humano tem pelos conhecimentos secretos, para comunicá-la gradualmente a seus neófitos.

O contato de tais doutrinas com o Evangelho suscitou o gnosticismo “cristão”, ou seja uma concepção gnóstica do cristianismo. Assim, o deus mau vem a ser o Deus do Antigo Testamento, criador e justiceiro, que diferencia, discrimina,  premiando uns e punindo outros, e que subjugou o “deus” bom. Em revide uma emanação deste “deus” bom, o demiurgo, se impôs, e veio pregar o perdão, a união, a igualdade , a fraternidade, etc. Este demiurgo seria, para eles, Nosso Senhor Jesus Cristo, que teria vindo realizar obra oposta ao Deus do Antigo Testamento.

As sutilezas e camuflagens com que tais doutrinas eram apresentadas fizeram com que elas se transformassem, como foi dito, no maior perigo para a Igreja de Deus naqueles tempos.

Marcionismo e Maniqueísmo

Em contato com gnósticos sírios, um armeiro de nome Marcião, a quem São Policarpo qualificava de primogênito de Satanás — excomungado pelo próprio pai que era bispo — pôs-se a difundir uma doutrina impregnada de ideias gnósticas, que veio a chamar-se Marcionismo. Recusava todo o Antigo Testamento e do novo aceitava apenas alguns livros nos quais julgava encontrar apoio para suas doutrinas. Foi esta, precisamente, a mais perigosa heresia que o Cristianismo enfrentou naqueles primeiros tempos. Contra ela se levantou a invicta pena de São Justino, e mais tarde a brilhante ciência e erudição de Santo Irineu e Tertuliano, grande autor latino. Contido mas não morto, o marcionismo renasce no IV século com Manés, tomando por isso o nome de Maniqueísmo, chegando a colher em suas malhas, por algum tempo, aquele que veio a ser seu brilhante vencedor: Santo Agostinho. Mesmo vencido pela lógica e pela dialética desses grandes doutores, o gnosticismo marcionita, ressurgirá  peçonhento, no século XIII, com os cátaros (puros), como veremos mais adiante.

jul 042011
 

A família em latim

Em nosso curso básico de latim veremos pois como se diz os membros da família em latim. Como dizer, pai, mãe, filho, sogra e primo em latim?

Familia_Sagrada_Family_familie_famiglia_sacred

Não estranhe o leitor a presença de escravos e senhores em nossa lista de palavras latinas relativas à família. Isto se deve pelo fato de que os romanos consideravam servos ou escravos como membros da família.

Em português Em latim
Pai Pater, patris
Parentes Parentes,um
Filho Filius, i
Avô Avus,i
Ancestrais Maiores, um
Irmão Frater, ris
Tios paternos Patruus,i
Tios maternos Avunculus, i
Esposo (a) Coniux,ugis
Sogro Socer, eri
Parentes de nascimento Cognati,orum
Senhor Dominus,i
Servidor Famulus,i
Família Família,ae
Mãe Mater,tris
Prole (filhos e filhas) Liberi,orum
Filha Filia,ae
Netos ou sobrinhos Nepos, Otis
Descentes Posteri, orum
Irmã Soror, oris
Tia paterna Amita,ae
Genro Gener, eri
Próximos Propinqui,orum
Afins (parentesco legal) Affines,ium
Escravo Servus,i
Serva Ancilla,ae
Serva Famula,ae
Matrimônio Matrimonium,ii
Núpcias Nuptiae,arum

Caso nominativo

O caso nominativo em latim corresponde ao caso do sujeito da oração e do predicativo do sujeito. Sujeito é o termo do qual se diz alguma coisa ou que pratica a ação.

Sujeito Verbo Complemento
Maria conversa (ação) sobre a escola.
Sujeito Verbo Predicativo (qualidade do sujeito)
Maria é estudiosa.

Interessante notar que o predicativo aponta uma característica ou qualidade do sujeito. Em português se usa o verbo ser. Também em latim se usa o verbo correspondente, esse, mas este pode ser oculto.

Sujeito Verbo Predicativo
Dominus est Deus.
Dominus (Verbo oculto) Deus
Tradução
O Senhor é Deus

Conhecemos o sujeito, colocando, antes do verbo da oração, as interrogativas: quem? (quando se trata de uma pessoa que age);  Que? (quando se refere a uma coisa que age).

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jul 022011
 

Nem só em Roma se fala latim

A Finlândia (Suomen tasavalta, Republiken Finland) é o único país do mundo que transmite notícias oficiais em latim. Em sua página na internet da presidência da União Europeia (www.eu2006.fi), é possível até encontrar relatórios de reuniões nesse idioma.

Finlandia_Finland_Castle_Castelo_Fortress_Fortaleza

A página em questão possui versões em inglês e francês, o que é clássico na matéria, mas nela pode-se ler também o Conspectus rerum Latinus, ou seja, o Resumo das Notícias em Latim.

Segundo as estatísticas, mais pessoas assinam a newsletter em latim do que em francês.

O boletim de notícias em latim, divulgado pela rádio nacional da Finlândia, atrai 75 mil ouvintes de vários países do mundo, nos quais “o latim é mais conhecido do que o próprio finlandês”, explica o Prof. Tuomo Pekannen, que faz as traduções.

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Curso básico de latim em Praecones Latine

Conversar em latim

jun 152011
 
Visto no último post de nosso curso o alfabeto latino, passaremos hoje a considerar a sua pronúncia.

Quase três vezes milenar, o latim passou por certas transformações em sua pronúncia ao longo da História. No entanto, certas características gerais permaneceram perenes ao longo dos séculos.

Hoje predominam duas escolas de pronúncias do latim: a eclesiástica (romana), usada pelos clérigos católicos nas celebrações litúrgicas ou nos tribunais da Igreja, e a pronúncia reconstituída (pronuntiatio restituta), um intento realizado por alguns filólogos e latinistas com o objetivo de resgatar a pronúncia clássica. A forma reconstituída de pronunciar o latim procura harmonizar num denominador comum os diversos sons das línguas indoeuropeias. A diferença entre as duas pronúncias não é essencial, mas apenas em algumas consoantes.

Liturgia Catholica

Liturgia Catholica

Embora não se possa afirmar que qualquer uma das duas pronúncias sejam de fato a mesma usada na época do Senado ou do Império, todos os latinistas são concordes em afirmar que a defecção ou o relaxamento da pronúncia podem alterar completamente o sentido da frase.

Vogais

As vogais latinas são pronunciadas da mesma forma que em português, mas deve-se ter especial cuidado ao pronunciá-las, pois devem soar com o som próprio inclusive quando não são tônicas.

Os brasileiros não têm o costume de pronunciar as vogais finais das palavras exatamente como são escritas. A palavra “fidelidade”, por exemplo, soa como “fidelidadi”; em “triste”, ouve-se “tristi”. Em 
latim, 
a 
palavra
”Christe” pronuncia-se “kríste” e não ”krísti”. As vogais latinas devem ser pronunciadas todas sem exceção com o seu valor próprio. Na palavra “rupes” (pedras), temos a tendência de pronunciar “rupis”. Forma que altera o sentido da palavra na oração latina: “da pedra”.

Tanto na pronúncia eclesiástica como na reconstituída, as vogais latinas “e” e “o” devem ser pronunciadas como na região sul do Brasil. Os brasileiros do sudeste, norte e nordeste tem o costume de transformá-las em “i” e “u”. Por exemplo, canto (kantu); desitratado (disidratadu); depois (dipois), igualdade (igualdadi).

Os 
grupos
 vocálicos 
”oe” 
e 
”ae” 
são 
pronunciados
 como
 “e”
 aberto.
 Por exemplo, “coelum” pronuncia‐se “célum”. As vogais devem ser pronunciadas como no nordeste brasileiro, ou seja, abertas e com acentuada diferença entre si. O “a” deve soar como “a” e nunca demasiado fechado a maneira do “a” inglês ou de certos lugares do sudeste brasileiro.

No próximo post será apresentada as pronúncias eclesiástica e clássica reconstituída das consoantes latinas.

jun 072011
 

Introdução ao latim

Durante séculos o latim foi o idioma do mundo. Originário de um povo residente no Lácio, uma província da atual Itália, remonta-se sua origem ao século V ou VI antes de Cristo.

O primeiro escrito em latim data do século III antes de Cristo. Foi achado em uma pedra negra do fórum romano.

roman-forum-foro-romano-rome-italy

Ruínas do Fórum Romano

Com a conquista do Lácio pelos romanos esta língua de um povo subjugado passou a ser adotada pelos conquistadores. A expansão do Império consequentemente difundiu o latim por quase toda Europa, norte da África e parte do Oriente Médio. O grego permaneceu no oriente e o latim penetrou com mais profundidade no ocidente.

Após a queda do Império dos Césares e as províncias romanas cederem lugar aos reinos germânicos, o latim foi mantido como língua da cultura. Os mosteiros cultivavam o idioma de Cícero não somente nos ofícios litúrgicos, mas também na transmissão das ciências humanas. Durante toda a Idade Média e grande parte da época moderna, o latim foi usado como língua dos professores universitários. Os grandes pensadores escreviam tratados de medicina, física, teologia e direito em latim.

Com o advento da modernidade, especialmente com a consolidação dos movimentos nacionalistas, todos os povos ocidentais passaram a adotar a língua nacional para o magistério e administração estatal. Dir-se-ia que o latim entraria para o inglório ocaso de sua longa História. No entanto, o latim resistiu nas cátedras universitárias e permaneceu como língua oficial da Hungria até o século XIX.

No século XX o latim perdeu muito de seu antigo prestígio, mas ainda é objeto de interesse e possui grande influência em nossa cultura. Hoje, o latim não se restringe a ser apenas a língua oficial do pequeno estado do Vaticano, mas seu alfabeto é usado por mais da metade da população mundial. Não há continente que não possua países que usem uma língua românica – especialmente espanhol, português e francês – como idioma oficial ou cultural. O idioma é considerado por muitos autores como a principal fonte linguística da cultura ocidental.

Em muitos países o latim faz parte da grade curricular básica. Em alguns países europeus tem-se pelo menos dois anos de latim. Na Alemanha cerca de 15% dos estudantes aprendem latim, e, em certas regiões, 50% da população possui bons conhecimentos de gramática.

Também a Internet é um lugar propício para a difusão do latim. Finlandeses, alemães, italianos, norte-americanos, chilenos e poloneses procuram ainda hoje conservar o latim como língua viva. O Praecones latine é uma entre as diversas iniciativas brasileiras na rede mundial em prol da cultura latina.

Latim e as línguas românicas

O conjunto das línguas é considerado pelos filólogos como uma grande família. As semelhanças fonéticas das línguas entre si determinam como que “graus de parentesco”. Quando se analisa o português, o espanhol, o italiano e o francês, nota-se uma semelhança entre certas palavras destes idiomas.

Português

Espanhol

Italiano

Latim

Francês

Porta

Puerta

Porta

Porta

Porte

Na palavra “porta”, por exemplo, existe pouca variação entre estes idiomas. Se compararmos outras palavras destas línguas com o português e com o latim verificaríamos que isto aconteceria em milhares de casos.

Esta semelhança origina-se, como vimos, com as conquistas do Império Romano, mas e as diferenças? Estas por sua vez provêm do fato de que com a expansão do Império Romano, o latim começou a ser influenciado não somente pelo vocabulário dos povos conquistados, mas sobretudo pela fonética destas línguas. Os ditongos, as vogais e as consoantes começaram a não ser mais pronunciados conforme a pronúncia itálica. Assim o latim foi transformando-se paulatinamente nas línguas românicas ou romances, ou seja, os idiomas modernos derivantes do latim. O radical da palavra permanece o mesmo com alterações fonéticas que posteriormente passaram à escrita. Certas vezes esta semelhança se dá inclusive com o inglês e o alemão, os quais receberam grande influência do francês.

Português

Espanhol

Italiano

Latim

Francês

Inglês

Alemão

Espelho

espejo

specchio

speculum

Miroir

Mirror

Spiegel

Água

agua

acqua

aqua

Eau

Water

Wasser

Dente

diente

dente

dens

Dent

Tooth

Zanh

Cabelo

pelo

capelli

capillus

Cheveux

Hair

Haare

Mesa

(tábua)

mesa

tavola

Mensa

Mesa

tabula

Table

Table

Tisch

Pio

pío

Pio

pius

Pieux

Pious

Fromm

Vaso

Vaso

vaso

Vas

Vase

Vase

Vase

Do latim ao português

A princípio, o que existia era simplesmente o latim. Posteriormente o latim foi se estilizando transformando-se num instrumento literário. Passa ele então a apresentar duas formas que tenderam a se polarizar: o latim clássico e o vulgar.

Verifica-se também que muitas vezes certas palavras portuguesas derivaram do latim vulgar na forma acusativa:

Radical na forma acusativa do latim clássico

Latim vulgar

Português

Mulíere

muliére

Mulher

paríete

pariéte

Parede

ascíola

Ascióla

Enxó

lintéolu

linteólu

Lençol

Além disso, muitas vezes o português erudito é idêntico ao latim. Vejamos a comparação entre as formas portuguesas (popular e erudita) e o latim no quadro abaixo:

Português

Radical Latino na forma acusativa

Forma popular

Forma Erudita

Afeição

Afecção

Affectione

Alhear

alienar

Alienare

Alento

Anélito

Anhelitu

Anho

amplo

Amplu

Aveia

avena

Avena

Areia

anera

Arena

Adro

átrio

Atriu

Anjo

ângelo

Angelu

Aprender

apreender

Apprehendere

Auto

ato

Actu

Besta

balista

Balista

Bento

Benedito

Benedictu

Bicha

besta

Bestia

Cabido

capítulo

Capitulu

Caldo

cálido

Calidu

Catar

captar

Captare

Cardeal

cardinal

Cardinale

Chamar

clamar

Clamare

Chave

clave

Clave

Chama

flama

Flamma

Chaga

praga

Plaga

Feira

féria

Feria

Frio

frígido

Frigidu

Lagoa

lacuna

Lacuna

Ladainha

litania

Litania

Leal

legal

Legale

Olho

óculo

Oculu

Puir

polir

Polire

Pai

padre

Patre

Praia

plaga

Plaga

Ruído

rugido

Rugidu

Selo

sigilo

Sigillu

Selva

silva

Silva

Vigia

vigília

Vigilia

No próximo post veremos a continuação da introdução ao latim com uma explicação sobre a pronúncia e o alfabeto latino.Também será oferecido ao leitor um mapa com os estados e capitais do Brasil em língua latina.

maio 282011
 

Como iniciar uma conversa em latim?

Quomodo incipere colloquium in latine?

Sacerdos in colloquio cum iuvenibus
Sacerdos in colloquio cum iuvenibus

In Latine

In vernaculo

Faustum diem exopto vobis.

Bom Dia.

Optimas post meridianas horas exopto vobis.

Boa tarde.

Exopto faustam noctem.

Boa noite.

Qua es valetudine?      Ut vales?

Como vai você?

Optime,  gratias ago.

Muito bem,  obrigado.

Aliquid male in valetudine sentio.

Não me sinto bem.

Possum ad te producere…

Posso apresentar…

Mihi nomen est…

Meu nome é _____.

Quomodo te vocas?

Qual é o seu nome?

Felix ego.

O prazer é meu.

Unde es?

De onde você é?

Qua natione es?

Qual a sua nacionalidade?

Quid agis ut vitam degas?

Você trabalha em que?

Studeo.

Estou estudando ______.

Vou à universidade ______.

Ad Universitatem … me confero.

Sum in classe…

Estou no ____ ano.

Cupio discere linguam latinam

Quero aprender latim.

Permanet in proxima hebdomada.

Continua na próxima semana.

est?

Wo ist die Cafeteria? Où est la cafétéria ?

Onde você mora? Ubi habitas?

Wo wohnen Sie? Où habitez-vous ?

De onde você é? Unde es?

Wo kommen Sie her? D’où êtes-vous?

abr 292011
 

CONSTITUTIO DOGMATICA DE ECCLESIA LUMEN GENTIUM

Caput I

DE ECCLESIAE MYSTERIO

1. Lumen gentium cum sit Christus, haec Sacrosancta Synodus, in Spiritu Sancto congregata, omnes homines claritate Eius, super faciem Ecclesiae resplendente, illuminare vehementer exoptat, omni creaturae Evangelium annuntiando (cf. Mc 16,15). Cum autem Ecclesia sit in Christo veluti sacramentum seu signum et instrumentum intimae cum Deo unionis totiusque generis humani unitatis, naturam missionemque suam universalem, praecedentium Conciliorum argumento instans, pressius fidelibus suis et mundo universo declarare intendit. Condiciones huius temporis huic Ecclesiae officio urgentiorem vim addunt, ut nempe homines cuncti, variis hodie vinculis socialibus, technicis, culturalibus arctius coniuncti, plenam etiam unitatem in Christo consequantur.

2. Aeternus Pater, liberrimo et arcano sapientiae ac bonitatis suae consilio, mundum universum creavit, homines ad participandam vitam divinam elevare decrevit, eosque lapsos in Adamo non dereliquit, semper eis auxilia ad salutem praebens, intuitu Christi, Redemptoris, “qui est imago Dei invisibilis, primogenitus omnis creaturae” (Col 1,15). Omnes autem electos Pater ante saecula “praescivit et praedestinavit conformes fieri imaginis Filii sui, ut sit ipse primogenitus in multis fratribus” (Rom 8,29). Credentes autem in Christum convocare statuit in sancta Ecclesia, quae iam ab origine mundi praefigurata, in historia populi Israel ac foedere antiquo mirabiliter praeparata(1), in novissimis temporibus constituta, effuso Spiritu est manifestata, et in fine saeculorum gloriose consummabitur. Tunc autem, sicut apud sanctos Patres legitur, omnes iusti inde ab Adam, “ab Abel iusto usque ad ultimum electum”(2) in Ecclesia universali apud Patrem congregabuntur.

3. Venit igitur Filius, missus a Patre, qui nos in Eo ante mundi constitutionem elegit ac in adoptionem filiorum praedestinavit, quia in Eo omnia instaurare sibi complacuit (cf. Eph 1,4-5 et 10). Christus ideo, ut voluntatem Patris impleret, regnum caelorum in terris inauguravit nobisque Eius mysterium revelavit, atque oboedientia sua redemptionem effecit. Ecclesia, seu regnum Christi iam praesens in mysterio, ex virtute Dei in mundo visibiliter crescit. Quod exordium et incrementum significantur sanguine et aqua ex aperto latere Iesu crucifixi exeuntibus (cf. Io 19,34), ac praenuntiantur verbis Domini de morte sua in cruce: “Et ego, si exaltatus fuero a terra, omnes traham ad meipsum” (Io 12,32 gr.). Quoties sacrificium crucis, quo “Pascha nostrum immolatus est Christus” (1Cor 5,7), in altari celebratur, opus nostrae redemptionis exercetur. Simul sacramento panis eucharistici repraesentatur et efficitur unitas fidelium, qui unum corpus in Christo constituunt (cf. 1Cor 10,17). Omnes homines ad hanc vocantur unionem cum Christo, qui est lux mundi, a quo procedimus, per quem vivimus, ad quem tendimus.

4. Opere autem consummato, quod Pater Filio commisit in terra faciendum (cf. Io 17,4), missus est Spiritus Sanctus die Pentecostes, ut Ecclesiam iugiter sanctificaret, atque ita credentes per Christum in uno Spiritu accessum haberent ad Patrem (cf. Eph 2,18). Ipse est Spiritus vitae seu fons aquae salientis in vitam aeternam (cf. Io 4,14; 7,38-39), per quem Pater homines, peccato mortuos, vivificat, donec eorum mortalia corpora in Christo resuscitet (cf. Rom 8,10-11). Spiritus in Ecclesia et in cordibus fidelium tamquam in templo habitat (cf. 1Cor 3,16; 6,19), in eisque orat et testimonium adoptionis eorum reddit (cf. Gal 4,6; Rom 8,15-16 et 26). Ecclesiam, quam in omnem veritatem inducit (cf. Io 16,13) et in communione et ministratione unificat, diversis donis hierarchicis et charismaticis instruit ac dirigit, et fructibus suis adornat (cf. Eph 4,11-12; 1Cor 12,4; Gal 5,22). Virtute Evangelii iuvenescere facit Ecclesiam eamque perpetuo renovat et ad consummatam cum Sponso suo unionem perducit(3). Nam Spiritus et Sponsa ad Dominum Iesum dicunt: Veni! (cf. Apoc 22,17).

Sic apparet universa Ecclesia sicuti “de unitate Patris et Filii et Spiritus Sancti plebs adunata”(4).

5. Ecclesiae sanctae mysterium in eiusdem fundatione manifestatur. Dominus enim Iesus Ecclesiae suae initium fecit praedicando faustum nuntium, adventum scilicet Regni Dei a saeculis in Scripturis promissi: “Quoniam impletum est tempus, et appropinquavit regnum Dei” (Mc 1,15; cf. Mt 4,17). Hoc vero regnum in verbo, operibus et praesentia Christi hominibus elucescit. Verbum nempe Domini comparatur semini, quod in agro seminatur (cf. Mc 4,14): qui illud cum fide audiunt et Christi pusillo gregi (cf. Lc 12,32) adnumerantur, regnum ipsum susceperunt; propria dein virtute semen germinat et increscit usque ad tempus messis (cf. Mc 4,26-29). Miracula etiam Iesu Regnum iam in terris pervenisse comprobant: “Si in digito Dei eicio daemonia, profecto pervenit in vos Regnum Dei” (Lc 11,20; cf. Mt 12,28). Ante omnia tamen Regnum manifestatur in ipsa Persona Christi, Filii Dei et Filii hominis, qui venit “ut ministraret et daret animam suam redemptionem pro multis” (Mc 10,45).

Cum autem Iesus, mortem crucis pro hominibus passus, resurrexerit, tamquam Dominus et Christus Sacerdosque in aeternum constitutus apparuit (cf. Act 2,36; Hebr 5,6; 7,17-21), atque Spiritum a Patre promissum in discipulos suos effudit (cf. Act 2,33). Unde Ecclesia, donis sui Fundatoris instructa fideliterque eiusdem praecepta caritatis, humilitatis et abnegationis servans, missionem accipit Regnum Christi et Dei annuntiandi et in omnibus gentibus instaurandi, huiusque Regni in terris germen et initium constituit. Ipsa interea, dum paulatim increscit, ad Regnum consummatum anhelat, ac totis viribus sperat et exoptat cum Rege suo in gloria coniungi.

6. Sicut in Vetere Testamento revelatio Regni saepe sub figuris proponitur, ita nunc quoque variis imaginibus intima Ecclesiae natura nobis innotescit, quae sive a vita pastorali vel ab agricultura, sive ab aedificatione aut etiam a familia et sponsalibus desumptae, in libris Prophetarum praeparantur.

Est enim Ecclesia ovile, cuius ostium unicum et necessarium Christus est (cf. Io 10,1-10). Est etiam grex, cuius ipse Deus pastorem se fore praenuntiavit (cf. Is 40,11; Ez 34,11 ss.), et cuius oves, etsi a pastoribus humanis gubernantur, indesinenter tamen deducuntur et nutriuntur ab ipso Christo, bono Pastore Principeque pastorum (cf. Io 10,11; 1Pt 5,4), qui vitam suam dedit pro ovibus (cf. Io 10,11-15).

Est Ecclesia agricultura seu ager Dei (cf. 1Cor 3,9). In illo agro crescit antiqua oliva, cuius radix sancta fuerunt Patriarchae, et in qua Iudaeorum et Gentium reconciliatio facta est et fiet (cf. Rom 11,13-26). Ipsa plantata est a caelesti Agricola tamquam vinea electa (cf. Mt 21,33-43 par.; Is 5,1ss.). Vitis vera Christus est, vitam et fecunditatem tribuens palmitibus, scilicet nobis, qui per Ecclesiam in ipso manemus, et sine quo nihil possumus facere (cf. Io 15,1-5).

Saepius quoque Ecclesia dicitur aedificatio Dei (cf. 1Cor 3,9). Dominus ipse se comparavit lapidi, quem reprobaverunt aedificantes, sed qui factus est in caput anguli (cf. Mt 21,42 par.; Act 4,11; 1Pt 2,7; Ps 118,22). Super illud fundamentum Ecclesia ab Apostolis exstruitur (cf. 1Cor 3,11), ab eoque firmitatem et cohaesionem accipit. Quae constructio variis appellationibus decoratur: domus Dei (cf. 1Tim 3,15), in qua nempe habitat eius familia, habitaculum Dei in Spiritu (cf. Eph 2,19-22), “tabernaculum Dei cum hominibus” (Apoc 21,3), et praesertim templum sanctum, quod in lapideis sanctuariis repraesentatum a Sanctis Patribus laudatur, et in Liturgia non immerito assimilatur Civitati sanctae, novae Ierusalem(5). In ipsa enim tamquam lapides vivi his in terris aedificamur (cf. 1Pt 2,5). Quam sanctam civitatem Ioannes contemplatur, in renovatione mundi descendentem de caelis a Deo, “paratam sicut sponsam ornatam viro suo” (Apoc 21,1s.).

Ecclesia etiam, “quae sursum est Hierusalem” et “mater nostra” appellatur (Gal 4,26; cf. Apoc 12,17), describitur ut sponsa immaculata Agni immaculati (cf. Apoc 19,7; 21,2 et 9; 22,17), quam Christus “dilexit… et se ipsum tradidit pro ea, ut illam sanctificaret” (Eph 5,25-26), quam sibi foedere indissolubili sociavit et indesinenter “nutrit et fovet” (Eph 5,29), et quam mundatam sibi voluit coniunctam et in dilectione ac fidelitate subditam (cf. Eph 5,24), quam tandem bonis caelestibus in aeternum cumulavit, ut Dei et Christi erga nos caritatem, quae omnem scientiam superat, comprehendamus (cf. Eph 3,19). Dum vero his in terris Ecclesia peregrinatur a Domino (cf. 2Cor 5,6), tamquam exsulem se habet, ita ut quae sursum sunt quaerat et sapiat, ubi Christus est in dextera Dei sedens, ubi vita Ecclesiae abscondita est cum Christo in Deo, donec cum Sponso suo appareat in gloria (cf. Col. 3, 1-4).

7. Dei Filius, in natura humana Sibi unita, morte et resurrectione sua mortem superando, hominem redemit et in novam creaturam transformavit (cf. Gal 6,15; 2Cor 5,17). Communicando enim Spiritum suum, fratres suos, ex omnibus gentibus convocatos, tamquam corpus suum mystice constituit.

In corpore illo vita Christi in credentes diffunditur, qui Christo passo atque glorificato, per sacramenta arcano ac reali modo uniuntur(6). Per baptismum enim Christo conformamur: “Etenim in uno Spiritu omnes nos in unum corpus baptizati sumus” (1Cor 12,13). Quo sacro ritu consociatio cum morte et resurrectione Christi repraesentatur et efficitur: “Consepulti enim sumus cum illo per baptismum in mortem”; si autem “complantati facti sumus similitudini mortis Eius, simul et resurrectionis erimus” (Rom 6,4-5). In fractione panis eucharistici de Corpore Domini realiter participantes, ad communionem cum Eo ac inter nos elevamur. “Quoniam unus panis, unum corpus multi sumus, omnes qui de uno pane participamus” (1Cor 10,17). Ita nos omnes membra illius Corporis efficimur (cf. 1Cor 12,27), “singuli autem alter alterius membra” (Rom 12,5).

Sicut vero omnia corporis humani membra, licet multa sint, unum tamen corpus efformant, ita fideles in Christo (cf. 1Cor 12,12). Etiam in aedificatione corporis Christi diversitas viget membrorum et officiorum. Unus est Spiritus, qui varia sua dona, secundum divitias suas atque ministeriorum necessitates, ad Ecclesiae utilitatem dispertit (cf. 1Cor 12,1-11). Inter quae dona praestat gratia Apostolorum, quorum auctoritati ipse Spiritus etiam charismaticos subdit (cf. 1Cor 14). Idem Spiritus per Se suaque virtute atque interna membrorum connexione corpus unificans, caritatem inter fideles producit et urget. Unde, si quid patitur unum membrum, compatiuntur omnia membra; sive si unum membrum honoratur, congaudent omnia membra (cf. 1Cor 12,26).

Huius corporis Caput est Christus. Ipse est imago Dei invisibilis, in Eoque condita sunt universa. Ipse est ante omnes et omnia in Ipso constant. Ipse est caput corporis quod est Ecclesia. Ipse est principium, primogenitus ex mortuis, ut sit in omnibus primatum tenens (cf. Col 1,15-18). Magnitudine virtutis suae caelestibus et terrestribus dominatur, et supereminenti perfectione et operatione sua totum corpus gloriae suae divitiis replet (cf. Eph 1,18-23)(7).

Omnia membra Ei conformari oportet, donec Christus formetur in eis (cf. Gal 4,19). Quapropter in vitae Eius mysteria adsumimur, cum Eo configurati, commortui et conresuscitati, donec cum Eo conregnemus (cf. Phil 3,21; 2Tim 2,11; Eph 2,6; Col 2,12; etc.). In terris adhuc peregrinantes, Eiusque vestigia in tribulatione et persecutione prementes, Eius passionibus tamquam corpus Capiti consociamur, Ei compatientes, ut cum Eo conglorificemur (cf. Rom 8,17).

Ex Eo “totum corpus per nexus et coniunctiones subministratum et constructum crescit in augmentum Dei” (Col 2,19). Ipse in corpore suo, scilicet Ecclesia, dona ministrationum iugiter disponit, quibus Ipsius virtute nobis invicem ad salutem servitia praestamus, ut veritatem facientes in caritate, crescamus in illum per omnia, qui est Caput nostrum (cf. Eph 4,11-16 gr.).

Ut autem in Illo incessanter renovemur (cf. Eph 4,23), dedit nobis de Spiritu suo, qui unus et idem in Capite et in membris exsistens, totum corpus ita vivificat, unificat et movet, ut Eius officium a sanctis Patribus comparari potuerit cum munere, quod principium vitae seu anima in corpore humano adimplet(8).

Christus vero diligit Ecclesiam ut sponsam suam, exemplar factus viri diligentis uxorem suam ut corpus suum (cf. Eph 5,25-28); ipsa vero Ecclesia subiecta est Capiti suo (ib. 5,23-24). “Quia in Ipso inhabitat omnis plenitudo divinitatis corporaliter” (Col 2,9), Ecclesiam, quae corpus et plenitudo Eius est, divinis suis donis replet (cf. Eph 1,22-23), ut ipsa protendat et perveniat ad omnem plenitudinem Dei (cf. Eph 3,19).

8. Unicus Mediator Christus Ecclesiam suam sanctam, fidei, spei et caritatis communitatem his in terris ut compaginem visibilem constituit et indesinenter sustentat(9), qua veritatem et gratiam ad omnes diffundit. Societas autem organis hierarchicis instructa et mysticum Christi Corpus, coetus adspectabilis et communitas spiritualis, Ecclesia terrestris et Ecclesia coelestibus bonis ditata, non ut duae res considerandae sunt, sed unam realitatem complexam efformant, quae humano et divino coalescit elemento(10). Ideo ob non mediocrem analogiam incarnati Verbi mysterio assimilatur. Sicut enim natura assumpta Verbo divino ut vivum organum salutis, Ei indissolubiliter unitum, inservit, non dissimili modo socialis compago Ecclesiae Spiritui Christi, eam vivificanti, ad augmentum corporis inservit (cf. Eph 4,16)(11).

Haec est unica Christi Ecclesia, quam in Symbolo unam, sanctam, catholicam et apostolicam profitemur(12), quam Salvator noster, post resurrectionem suam Petro pascendam tradidit (cf. Io 21,17), eique ac ceteris Apostolis diffundendam et regendam commisit (cf. Mt 28,18ss.), et in perpetuum ut columnam et firmamentum veritatis erexit (cf. 1Tim 3,15). Haec Ecclesia, in hoc mundo ut societas constituta et ordinata, subsistit in Ecclesia catholica, a successore Petri et Episcopis in eius communione gubernata(13), licet extra eius compaginem elementa plura sanctificationis et veritatis inveniantur, quae ut dona Ecclesiae Christi propria, ad unitatem catholicam impellunt.

Sicut autem Christus opus redemptionis in paupertate et persecutione perfecit, ita Ecclesia ad eandem viam ingrediendam vocatur, ut fructus salutis hominibus communicet. Christus Iesus, “cum in forma Dei esset,… semet ipsum exinanivit formam servi accipiens” (Phil 2,6-7) et propter nos “egenus factus est, cum esset dives” (2Cor 8,9): ita Ecclesia, licet ad missionem suam exsequendam humanis opibus indigeat, non ad gloriam terrestrem quaerendam erigitur, sed ad humilitatem et abnegationem etiam exemplo suo divulgandas. Christus a Patre missus est “evangelizare pauperibus,… sanare contritos corde” (Lc 4,18), “quaerere et salvum facere quod perierat” (Lc 19,10): similiter Ecclesia omnes infirmitate humana afflictos amore circumdat, imo in pauperibus et patientibus imaginem Fundatoris sui pauperis et patientis agnoscit, eorum inopiam sublevare satagit, et Christo in eis inservire intendit. Dum vero Christus, “sanctus, innocens, impollutus” (Hebr 7,26), peccatum non novit (cf. 2Cor 5,21), sed sola delicta populi repropitiare venit (cf. Hebr 2,17), Ecclesia in proprio sinu peccatores complectens, sancta simul et semper purificanda, poenitentiam et renovationem continuo prosequitur.

“Inter persecutiones mundi et consolationes Dei peregrinando procurrit”(14) ecclesia, crucem et mortem Domini annuntians, donec veniat (cf. 1Cor 11,26). Virtute autem Domini resuscitati roboratur, ut afflictiones et difficultates suas, internas pariter et extrinsecas, patientia et caritate devincat, et mysterium Eius, licet sub umbris, fideliter tamen in mundo revelet, donec in fine lumine pleno manifestabitur.

abr 102011
 

Movidos pela beleza e precisão da língua latina, alguns estudantes do Instituto Teológico São Tomás de Aquino (ITTA), localizado em São Paulo, realizaram uma iniciativa inédita no Brasil: um site escrito em latim.

Durante séculos o latim foi o idioma do mundo. Originária de um povo residente no Lácio, uma província Italiana, a língua de um povo subjugado passou a ser adotada pelos conquistadores romanos.  O Império Romano, e consequentemente o latim, se difundiu por quase toda a Europa, norte da África e parte do Oriente Médio.

Após a queda do Império dos Césares e as províncias romanas cederem lugar aos reinos germânicos, o latim foi mantido como língua da cultura. Os mosteiros cultivavam o idioma de Cícero não somente nos ofícios litúrgicos, mas também na transmissão das ciências humanas. Durante toda a Idade Média e grande parte da época moderna, o latim foi usado como língua dos professores universitários. Os grandes pensadores escreviam tratados de medicina, física, teologia e direito em latim.

Com o advento da modernidade, especialmente com a consolidação dos movimentos nacionalistas, todos os povos ocidentais passaram a adotar a língua nacional para o magistério e administração estatal. Dir-se-ia que o latim entraria para o inglório ocaso de sua longa História.

No entanto, o latim resistiu nas cátedras universitárias e permaneceu como língua oficial da Hungria até o século XIX. Hoje, o latim não se restringe a ser apenas a língua oficial do pequeno estado do Vaticano, mas seu alfabeto é usado por mais da metade da população mundial. Não há continente que não possua países que usem uma língua românica – especialmente espanhol, português e francês – como idioma oficial. O idioma é considerado por muitos autores como a principal fonte linguística da cultura ocidental.

Também a Internet é um lugar propício para a difusão do latim. Finlandeses, alemães, italianos, norte-americanos, chilenos e poloneses procuram ainda hoje conservar o latim como língua viva.

Unindo-se aos esforços dos amantes da língua de Cícero, Horácio e Virgílio, alguns professores e estudantes residentes no Brasil e membros do Instituto Teológico São Tomás de Aquino (ITTA), procuram difundir na rede mundial artigos, notícias e escritos na língua dos Padres Latinos da Igreja.