nov 132012
 

O Papa Bento XVI publicou na manhã do último sábado, 10, um “motu proprio” no qual institui a Pontifícia Academia de Latinidade, indicando o professor Ivano Dionigi, como seu Presidente e o padre salesiano Roberto Spataro como Secretário. O pontífice afirmou que em nossos dias existe uma “generalizada depreciação” dos estudos humanísticos, com o “risco concreto” de que o conhecimento do latim seja cada vez mais superficial. Segundo ele, este fenômeno pode ser constatado no âmbito dos estudos filosóficos e teológicos dos seminaristas de hoje. É oportuno adotar métodos adequados às novas condições e promover uma rede de relações entre instituições acadêmicas e estudiosos, com o objetivo de valorizar o rico patrimônio da civilização latina, declara o Santo Padre no documento. Ivano Dionigi Um dos objetivos da nova Academia será o de “favorecer o conhecimento e o estudo da língua e da literatura latina, seja clássica como patrística, medieval e humanística, especialmente nas Instituições de formação católicas que formam seminaristas e sacerdotes; e promover o uso do latim em diversos âmbitos, seja como língua escrita, como falada”. “Este organismo deverá realizar publicações, encontros, congressos de estudo e representações artísticas; criar e manter cursos, seminários e iniciativas de formação; educar as jovens gerações ao conhecimento do latim; organizar atividades esportivas, mostras e concursos; e enfim, desenvolver atividades e iniciativas necessárias à obtenção dos fins institucionais”, conclui o Papa. (EPC) Com informações da Rádio Vaticana.

 

nov 052011
 

Palavras Latinas (O latim no colégio)

Schola, ae (f.)       Escola

Praecetor, oris (m.)     Preceptor

Magister, tri (m.)          Mestre

Discipulus, i (m)           Aluno, Discípulo

Disciplina, ar (f.)          Disciplina, matéria

Doctrina, ae (f.)            Doutrina

Studium, ii (n.)             Estudo

Praeceptum, i (n.)       Preceito

Litera, ae (f.)                  Letra, caractere da escrita

Scriptura, ae (f.)           Escrita

Charta, ar (f.)                 Folha de papel

Liber, libri (m.)             Livro

Volumen, -minis (n.)  Volume ou rolo

Stilus, i (m.)                     Marcador (Seria a caneta dos alunos romanos)

Tabula, ae (f.)                 Tabueta romana feita de cera na qual os Discipuli anotavam as aulas com o Stilus (seria o caderno dos alunos romanos).

Gymnasium, ii (n.)       Ginásio

Ludus, i (m.)                   Jogo ou brincadeira

Poeta, ae (m.)                 Poeta

Poesis, is e eos (f.)        Poesia

Poema, atis (n.)             Poema

Carmen, minis (n.)       Canto poético

Versus, us (m.)              Verso

Musa,ae (f.)                      Musa

Philosophus, I (m.)      Filósofo

Philosophia,ar (f.)        Filosofia

Eloquentia, ae (f.)        Eloquência

Facundia, ae (f.)           Eloquência

Orator, oris (m.)          Orador

JeanBruguesMonsArautosdoEvangelhoFaculdadeSeminarioTabor

nov 012011
 

Acqua alle funi!

Nesse momento de suprema aflição, um dos assistentes, desafiando temerariamente a pena capital, pôs-se a gritar com possante voz: “Água nas cordas!”. Era o único meio de impedir o desastre iminente.
Marcos Enoc Silva Antonio

Para ler em latim, clique aqui (latine)

Ao fiel peregrino ou ao curioso turista, impossível é passar despercebida a presença, bem no centro da Praça de São Pedro, do esguio obelisco encimado por uma cruz de bronze na qual se guarda, como a abençoar o mundo, um fragmento do Santo Lenho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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Modelado há cerca de 4 milênios em um só bloco de pedra vermelha de Assuão, foi ele transportado de Alexandria para Roma no ano 37 por ordem do imperador Calígula. Estava destinado a ornar a spina ou eixo central do Circo do Vaticano, cuja construção, começada por esse imperador, seria finalizada por Nero.

Foi nesse estádio hoje desaparecido, situado na lateral esquerda da atual Basílica Vaticana, que numerosos cristãos, entre os quais São Pedro, receberam a palma do martírio, tendo o ancestral monólito por muda testemunha dos seus suplícios.

Passaram-se os anos e o circo foi abandonado e transformado em cemitério. O obelisco, porém, manteve-se inamovível, indicando o lugar onde o primeiro Papa oferecera sua vida por Cristo. E assim permaneceu por quinze séculos, até que, em 1586, Sisto V decidiu transladá-lo para sua atual posição, frente à fachada principal da Basílica de São Pedro. Tarefa nada fácil, pois embora ambos locais distem apenas algumas centenas de metros, as proporções do monólito são monumentais: mede quase 25 metros de comprimento, descontados a base e a cruz, e ultrapassa as 350 toneladas de peso.

O planejamento e execução da colossal empresa ficaram a cargo do arquiteto Domenico Fontana, quem após gastar alguns meses fazendo cálculos e testes, fabricando instrumentos e maquinários, deu início às operações com ajuda de 900 homens, 140 cavalos, uma infinidade de roldanas e centenas de metros de corda.

No dia determinado para reerguer na Praça de São Pedro o grande bloco de pedra, 10 de setembro de 1586, os habitantes de Roma acorreram em massa para presenciar essa façanha de engenharia. Visando evitar vozerios e agitações prejudiciais às delicadas manobras, as autoridades impuseram a todos, espectadores e obreiros, a proibição de pronunciar qualquer palavra… sob pena de morte!

Domenico Fontana, o único autorizado a falar, deu ordem para pôr em ação a complexa aparelhagem de andaimes, cordas e roldanas. Ouviam-se apenas os gemidos de esforço dos trabalhadores, o relinchar dos cavalos, o tamborilar de suas patas sobre o solo e o ranger das cordas esticadas.

Vagarosa e solenemente, ia-se erguendo o obelisco… Mas, a certa altura, uma preocupante fumaça começou a desprender-se das cordas de cânhamo, aquecidas pelo esforço a que estavam sendo submetidas. Algumas já estavam prestes a se romper, tornando iminente o desastre. Embora todos sentissem o perigo, ninguém pronunciava palavra, temendo a sentença de morte.

Nesse momento de suprema aflição, um dos assistentes, o Capitão Benedetto Bresca, desafiando temerariamente a pena capital, pôs-se a gritar com possante voz: “Acqua alle funi! – Água nas cordas!”. Marinheiro experimentado, sabia que o cânhamo se enrijece e contrai ao ser molhado, e esse era o único meio de impedir a queda do monólito.

Enquanto a guarda prendia o Capitão Bresca, Domenico Fontana bradava ordens para jogar imediatamente água nas cordas, que logo recuperaram sua resistência. E o obelisco, para alegria dos romanos, endireitou-se sobre sua base coroando com êxito, os meses de planejamento e esforços do arquiteto.

No meio da exultação geral, o Capitão Bresca compareceu diante do Papa, não para receber a sentença de morte, mas sim profundas manifestações de agradecimento. Com efeito, Sisto V, já informado do ocorrido, fez questão de recompensá-lo por sua ousadia e pela oportunidade de sua advertência.

Em prêmio à nobre e intrépida atitude deu-lhe o direito de hastear em seu navio a bandeira pontifícia. Além disso, concedeu à sua família e à sua cidade natal, Bordighera, o privilégio de fornecer, de modo exclusivo, as palmas para a celebração do Domingo de Ramos na Basílica do Vaticano, tradição que, 425 anos depois, ainda se conserva.

(Marcos Enoc Silva Antonio. Revista Arautos do Evangelho. N. 99, Out. 2011, p.50)

Obelisco da Praça de São Pedro, Vaticano

Obelisco da Praça de São Pedro, Vaticano

set 222011
 

Compartilhamos a sequência de orações do Rosário de Nossa Senhora com os mistérios em latim e português. A fim de que o leitor de Praecones Latine esteja mais ciente dos benefícios da recitação do terço segue abaixo um artigo da Revista Arautos do Evangelho.

Rosário em latim e português

São Domingos recebe o Rosário de Nossa Senhora, Catedral de Belém do Pará, Brasil

São Domingos recebe o Rosário de Nossa Senhora, Catedral de Belém do Pará, Brasil

Em Português (lusitane) Em Latim (latine)
Início Initium
Sinal da Cruz

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amén

Signum Crucis

In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti. Amen.

Símbolo dos Apóstolos

Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;  padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

Symbolum Apostolorum

Credo in Deum Patrem omnipotentem, Creatorem caeli et terrae. Et in Iesum Christum, Filium eius unicum, Dominum nostrum, qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria  Virgine, passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus, et sepultus, descendit ad inferos, tertia die resurrexit a mortuis, ascendit ad caelos, sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis, inde venturus est iudicare vivos et mortuos. Credo in Spiritum Sanctum, sanctam Ecclesiam catholicam, sanctorum communionem, remissionem peccatorum, carnis resurrectionem, vitam aeternam. Amen.

Nas contas maiores:

Oração dominical

Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, vem a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, não nos deixei cair em tentação as livrai-nos do mal. Amém.

Ad grana maiora:

Oratio Dominica

Pater noster, qui es in caelis, sanctificetur nomen tuum. Adveniat regnum tuum. Fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra. Panem nostrum quotidianum da nobis hodie, et dimitte nobis debita nostra sicut et nos dimittimus debitoribus nostris. Et ne nos inducas in tentationem, sed libera nos a malo. Amen.

Nas contas menores:

Ave Maria

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

Ad grana minora:

Ave Maria

Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum. Benedicta tu in mulieribus, et benedictus fructus ventris tui, Iesus. Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus, nunc, et in hora mortis nostrae. Amen.

Ao final de cada dezena:

Glória ao Pai

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre, Amém.

Ad finem decadum:

Doxologia Minor

GLORIA Patri, et Filio, et Spiritui Sancto. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

Ó meu Jesus

Ó, Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém

Oratio Fatima

O Iesu mi, dimitte nobis debita nostra, libera nos ab igne in- ferni, conduc in caelum omnes animas, praesertim illas quae maxime indigent misericordia tua.

Meditações do Rosário

Nas segundas e sábados

I. Mistérios gozosos

1o. Mistério – A anunciação do Anjo a Maria

2o. Mistério – A visita de Maria a sua prima Isabel

3o. Mistério – O Nascimento de Jesus

4o. Mistério – A apresentação de Jesus no Templo

5o. Mistério – A perda e o reencontro do menino Jesus em Jerusalém

Meditationes Rosarii

In feria secunda et sabbato

I. Mysteria Gaudiosa

1. Quem, Virgo, concepisti. [Mt

1:18, Lc 1:26-38]

2. Quem visitando Elisabeth

portasti. [Lc 1:39-45]

3. Quem, Virgo, genuisti. [Lc

2:6-12]

4. Quem in templo praesentasti.

[Lc 2:25-32]

5. Quem in templo invenisti. [Lc

2:41-50]

Quintas-feiras

II. Mistérios Luminosos

1o. Mistério – O Batismo no rio Jordão

2o. Mistério – A auto-revelação nas Bodas de Caná

3o. Mistério – O anúncio do Reino com o convite à conversão

4o. Mistério – A transfiguração no Monte Tabor

5o. Mistério – A instituição da Eucaristia

In feria quinta

II. Mysteria Luminosa

1. Qui apud Iordanem baptiza-

tus est. [Mt 3:13, Mc 1:9, Jn 1:29]

2. Qui ipsum revelavit apud Ca-

nense matrimonium. [In 2:1-11]

3. Qui Regnum Dei annuntiavit.

[Mc 1:15, Lc 10:8-11]

4. Qui transfiguratus est. [Mt

17:1-8, Mc 9:2-9]

5. Qui Eucharistiam instituit.[In

6:27-59, Mt 26:26-29, Mc 14:22-

24, Lc 22:15-20]

Terças e Sextas-feiras

III. Mistérios Dolorosos

1o. Mistério – A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras

2o. Mistério – A flagelação de Jesus atado à coluna

3o. Mistério – A coroação de espinhos

4o. Mistério – Jesus carrega a Cruz para o Calvário

5o. Mistério – Crucificação, sofrimento e morte de Jesus

In feria tertia et feria sexta

III. Mysteria dolorosa

1. Qui pro nobis sanguinem su-

davit. [Lc 22:39-46]

2. Qui pro nobis flagellatus est.

[Mt 27:26, Mc 15:6-15, In 19:1]

3. Qui pro nobis spinis corona-

tus est. [In 19:1-8]

4. Qui pro nobis crucem baiula-

vit. [In 19:16-22]

5. Qui pro nobis crucifixus est.

[In 19:25-30]

Quartas e Domingos

IV. Mistérios Gloriosos

1o. Mistério – A Ressurreição de Jesus

2o. Mistério – A Ascensão de Jesus ao Céu

3o. Mistério – A descida do Espírito Santo sobre os apóstolos

4o. Mistério – A assunção de Maria ao Céu

5o. Mistério – A coroação de Maria como Rainha do Céu

In feria quarta et Dominica

IV. Mysteria gloriosa

1. Qui resurrexit a mortuis. [Mc

16:1-7]

2. Qui in caelum ascendit. [Lc

24:46-53]

3. Qui Spiritum Sanctum misit.

[Acta 2:1-7]

4. Qui te assumpsit. [Ps 16:10]

5. Qui te in caelis coronavit.

[Apoc 12:1]

Orações para dizer no fim do rosário:

Salve, Rainha, Mãe misericordiosa, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva.  A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre,  ó clemente, ó piedosa,  ó doce sempre Virgem Maria. Amém.

V. Rogais por nós Santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Orationes ad Finem Rosarii Dicendae:

Salve, Regina, matermisericordiae, vita, dulcedo, et spes nostra, salve. Ad te clamamus exsules filii Hevae. Ad te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle. Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos  misericordes oculos ad nos converte. Et Iesum,  benedictum fructum ventris tui, nobis post hoc exsilium ostende. O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria. Amen.

V. Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix.

R. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Ao fim do rosário reza-se a Ladainha de Nossa Senhora:

Ladainha de Nossa Senhora

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai Celeste que sois Deus, tende piedade de nós.

Filho Redentor do mundo que sois Deus, tende piedade de nós.

Espírito Santo que sois Deus, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós

Santa Maria, rogai por nós.

Santa Mãe de Deus,

Santa Virgem das virgens,

Mãe de Jesus Cristo,

Mãe da Igreja,

Mãe da divina graça,

Mãe puríssima,

Mãe castíssima,

Mãe Imaculada,

Mãe intemerata,

Mãe amável,

Mãe admirável,

Mãe do bom conselho,

Mãe do Criador,

Mãe do Salvador,

Virgem prudentíssima,

Virgem venerável,

Virgem louvável,

Virgem poderosa,

Virgem clemente,

Virgem fiel,

Espelho de justiça,

Sede da sabedoria,

Causa da nossa alegria,

Vaso espiritual,

Vaso digno de honra,

Vaso insigne de devoção,

Rosa mística,

Torre de David,

Torre de marfim,

Casa de ouro,

Arca da aliança,

Porta do Céu,

Estrela da manhã,

Saúde dos enfermos,

Refúgio dos pecadores,

Consoladora dos aflitos,

Auxílio dos cristãos,

Rainha dos Anjos,

Rainha dos Patriarcas,

Rainha dos Profetas,

Rainha dos Apóstolos,

Rainha dos Mártires,

Rainha dos Confessores,

Rainha das Virgens,

Rainha de todos os santos,

Rainha concebida sem pecado original,

Rainha assunta ao Céu,

Rainha do sacratíssimo Rosário,

Rainha da família,

Rainha da Paz,

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V/ Rogai por nós, santa Mãe de Deus.

R/ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos. Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos Vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da tristeza do século e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

In finem Rosarii dicitur Litaniae Laurtanae:

Litaniae Lauretanae

Kyrie, eleison.

Christe, eleison.

Kyrie, eleison.

Christe, audi nos.

Christe, exaudi nos.

Pater de caelis, Deus, miserere nobis.

Fili, Redemptor mundi, Deus,  miserere nobis.

Spiritus Sancte Deus, miserere nobis.

Sancta Trinitas, unus Deus, miserere nobis.

Sancta Maria,

Sancta Dei Genetrix,

Sancta Virgo virginum,

Mater Christi,

Mater Ecclesiae,

Mater Divinae gratiae,

Mater purissima,

Mater castissima,

Mater inviolata,

Mater intemerata,

Mater amabilis,

Mater admirabilis,

Mater boni Consilii,

Mater Creatoris,

Mater Salvatoris,

Virgo prudentissima,

Virgo veneranda,

Virgo praedicanda,

Virgo potens,

Virgo clemens,

Virgo fidelis,

Speculum iustitiae,

Sedes sapientiae,

Causa nostrae laetitiae,

Vas spirituale,

Vas honorabile,

Vas insigne devotionis,

Rosa mystica,

Turris Davidica,

Turris eburnea,

Domus aurea,

Foederis arca,

Ianua caeli,

Stella matutina,

Salus infirmorum,

Refugium peccatorum,

Consolatrix afflictorum,

Auxilium Christianorum,

Regina Angelorum,

Regina Patriarcharum,

Regina Prophetarum,

Regina Apostolorum,

Regina Martyrum,

Regina Confessorum,

Regina Virginum,

Regina Sanctorum omnium,

Regina sine labe originali concepta,

Regina in caelum assumpta,

Regina Sanctissimi Rosarii,

Regina familiae,

Regina pacis,

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis, Domine.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,  exaudi nobis, Domine.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,  miserere nobis.

V. Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix,

R. Ut digni efficiamur  promissionibus Christi.

Oremus. Concede nos famulos tuos, quaesumus, Domine Deus, perpetua mentis et corporis sanitate gaudere: et gloriosa beatae Mariae semper Virginis intercessione, a praesenti liberari tristitia, et aeterna perfrui laetitia. Per Christum Dominum nostrum. Amen.

Origem e benefícios do Rosário

O Rosário, meio fácil e seguro de salvação

“Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus (…) Não te deixaremos nunca mais!” Esta exclamação do Papa João Paulo II constitui o fecho de ouro de uma esplendorosa cerimônia em homenagem ao santo Rosário, realizada pelos Arautos do Evangelho na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em São Paulo, no dia 15 de agosto último. O texto abaixo foi proclamado ao longo da cerimônia, entremeado por peças musicais executadas pelo Coro e Orquestra Internacional dos Arautos.

Por especial desígnio da infinita misericórdia de Deus, Maria Santíssima revelou ao grande São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos, um meio fácil e seguro de salvação: o santo Rosário.

Sempre que os homens o utilizam, tudo floresce na Igreja, na terra passa a reinar a paz, as famílias vivem em concórdia e os corações são abrasados de amor a Deus e ao próximo.

Quando dele se esquecem, as desgraças se multiplicam, implanta-se a discórdia nos lares, o caos se estabelece no mundo…

A Ave-Maria, base do Novo Testamento

São Domingos viveu numa época de grandes tribulações para a Igreja. A terrível heresia dos albigenses se espalhara no sul da França e ameaçava toda a Europa. A profunda corrupção moral dela decorrente abalava os fundamentos da própria sociedade temporal.

Por meio de ardorosas pregações, durante anos tentou ele reconduzir ao seio da Igreja aqueles infelizes que se tinham desviado da verdade. Mas suas eloqüentes e inflamadas palavras não conseguiam penetrar aqueles corações empedernidos e entregues aos vícios.

O Santo intensificou suas orações… Aumentou suas penitências… Fundou um instituto religioso para acolher os convertidos… De pouco ou nada adiantaram seus esforços. As conversões eram poucas e de efêmera duração.

O que fazer?

Certo dia, decidido a arrancar de Deus graças superabundantes para mover à conversão aquelas almas, Frei Domingos entrou numa floresta perto de Toulouse e entregou-se à oração e à penitência, disposto a não sair dali sem obter do Céu uma resposta favorável.

Após três dias e três noites de incessantes súplicas, quando as forças físicas já quase o abandonavam, apareceu-lhe a Virgem Maria, dizendo com inefável suavidade:

— Meu querido Domingos, sabes de que meio se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?

— Senhora, sabeis melhor do que eu, porque, depois de vosso Filho Jesus Cristo, fostes Vós o principal instrumento de nossa salvação.

— Eu te digo, então, que o instrumento mais importante foi a Saudação Angélica, a Ave-Maria, que é o fundamento do Novo Testamento. E, portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu Rosário.

Raios e trovões para reforçar a pregação

Com novo ânimo, o zeloso Dominicano dirigiu-se imediatamente à Catedral de Toulouse, para fazer uma pregação. Mal ele transpôs a porta do templo, os sinos começaram a repicar, por obra dos anjos, para reunir os habitantes da cidade.

Assim que ele começou a falar, nuvens espessas cobriram o céu e desabou uma terrível tempestade, com raios e trovões, agravada por um apavorante tremor de terra.

O pavor dos assistentes aumentou quando uma imagem de Nossa Senhora, situada em local bem visível, levantou os braços três vezes para pedir a Deus vingança contra eles, se não se convertessem e pedissem a proteção de sua Santíssima Mãe.

O santo Pregador implorou a misericórdia de Deus, e a tempestade cessou, permitindo-lhe falar com toda calma sobre as maravilhas do Rosário.

Os habitantes de Toulouse arrependeram-se de seus pecados, abandonaram o erro, e começaram a rezar o Rosário. Em conseqüência, grande foi a mudança dos costumes nessa cidade.

A partir de então, São Domingos, em seus sermões, passou a pregar a devoção ao Rosário, convidando seus ouvintes a rezá-lo com fervor todos os dias. Assim, obteve que a misericórdia de Nossa Senhora envolvesse as almas e as transformasse profundamente.

Maria foi a verdadeira vencedora dos erros dos albigenses.

Um sermão escrito pela Santíssima Virgem

Relata o Beato Alano uma aparição de São Domingos, na qual este lhe narrou o seguinte episódio:

Rezando o Rosário, estava ele preparando-se para fazer na Catedral de Notre Dame de Paris um sermão sobre São João Evangelista. Apareceu-lhe então Nossa Senhora e lhe entregou um pergaminho, dizendo: “Domingos, por melhor que seja o sermão que decidiste pregar, trago aqui outro melhor”.

Muito contente, leu o pergaminho, agradeceu de todo coração a Maria e se dirigiu ao púlpito para começar a pregação. Diante dele estavam os professores e alunos da Universidade de Paris, além de grande número de pessoas de importância.

Sobre o Apóstolo São João, apenas afirmou o quanto este merecera ter sido escolhido para guardião da Rainha do Céu. Em seguida, acrescentou: “Senhores e mestres ilustres, estais acostumados a ouvir sermões elegantes e sábios, porém, eu não quero dirigir-vos as doutas palavras da sabedoria humana, mas mostrar-vos o Espírito de Deus e sua virtude”.

E então São Domingos passou a explicar a Ave-Maria, como lhe tinha ensinado Nossa Senhora, comovendo assim, profundamente, aquele auditório de homens cultos.

O Beato Alano de la Roche

As próprias graças e milagres concedidos por Deus através da recitação do Rosário encarregaram-se de propagá-lo por toda parte, tornando-se esta a devoção mais querida dos fiéis cristãos.

Enquanto ela foi praticada, a piedade florescia nas Ordens religiosas e no mundo católico.

Mas, cem anos depois de ter sido divulgada por São Domingos, já ela havia caído quase no esquecimento. Como conseqüência, multiplicaram-se os males sobre a Cristandade: a peste negra devastou a Europa, dizimando um terço da população, surgiram novas heresias, a Guerra dos Cem Anos espalhou desordens por toda parte, e o Grande Cisma do Ocidente dividiu a Igreja durante longo período.

Para atalhar o mal e, sobretudo, preparar a Igreja para enfrentar os embates futuros, suscitou Deus o Beato Alano de la Roche, da Ordem Dominicana, com a missão de restaurar o antigo fervor pelo Rosário.

Um dia em que ele celebrava Missa, em 1460, perguntou-lhe Nosso Senhor: “Por que me crucificas tu de novo? E me crucificas, não só por teus pecados, mas ainda porque sabes quanto é necessário pregar o Rosário e assim desviar muitas almas do pecado. Se não o fazes, és culpado dos pecados que elas cometem”.

A partir de então, o Beato Alano tornou-se um incansável divulgador desta devoção, e assim converteu grande número de almas.

Fator decisivo de grandes vitórias

Foi, sobretudo, nos momentos de grandes perigos e provações para a Igreja, que o Rosário teve um papel decisivo, propiciou a perseverança dos católicos na Fé e levantou uma barreira contra o mal.

Ao ver a Europa ameaçada pelos exércitos do império otomano, que avançavam por mar e por terra, devastando tudo e perseguindo os cristãos, o Papa São Pio V mandou rezar o Rosário em toda a Cristandade, implorando a proteção de Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, com o auxílio da Espanha e de Veneza, reuniu uma esquadra no Mar Mediterrâneo para defender os países católicos.

A sete de outubro de 1571, a frota católica encontrou a poderosa esquadra otomana no golfo de Lepanto. E apesar da superioridade numérica do adversário, os cristãos saíram triunfantes, afastando definitivamente o risco de uma invasão.

Antes de travar-se o combate, todos os soldados e marinheiros católicos rezaram o Rosário com grande devoção. A vitória, que parecia quase impossível, deveu-se à proteção da Virgem Santíssima, a qual — segundo testemunho dado pelos próprios muçulmanos — apareceu durante a batalha, infundindo-lhes grande terror.

No século XVIII, para comemorar a vitória do Príncipe Eugênio de Saboya sobre o exército otomano, devida também à eficácia do Rosário, o Papa Clemente XI ordenou que a festa de Nossa Senhora do Rosário fosse celebrada universalmente.

São Luís Grignion de Montfort

A Igreja seria ainda sacudida por muitas tempestades.

Visando fortalecer seus filhos e prepará-los para suportar as grandes provações futuras, suscitou Deus uma alma de fogo com a missão de reacender a chama da devoção ao Rosário, o qual mais uma vez tinha caído no esquecimento.

São Luís Maria Grignion de Montfort, o grande doutor da devoção à Mãe de Deus, exerceu sua missão profética um século antes da Revolução Francesa. As regiões nas quais se deram ouvidos à sua pregação foram as que melhor resistiram aos erros de sua época e conservaram íntegra a Fé.

Fátima, 1917:
“Sou a Senhora do Rosário”

Já no século XX, quando a Primeira Guerra Mundial estava em seu auge, Nossa Senhora veio, Ela mesma, em pessoa, lembrar aos homens que a solução para seus males estava ao alcance das mãos, nas contas do Rosário: “Rezai o Terço todos os dias para alcançar a paz e o fim da guerra”, repetiu Ela maternalmente aos três pastorzinhos, em Fátima.

Na última aparição, em outubro de 1917, a Virgem Maria disse quem era: “Sou a Senhora do Rosário”. E para atestar a autenticidade das aparições e a importância do Rosário, operou um milagre de grandeza nunca vista, presenciado pela multidão de 70.000 pessoas que estavam no local: o sol girou no céu, ao meio-dia, parecendo precipitar-se sobre a terra, retomando depois sua posição habitual no firmamento.

Milagres dessa magnitude, só no Antigo Testamento encontramos. Mas nem assim o mundo deu ouvidos à Mãe de Deus. E nunca se abateram sobre a Terra tantas desgraças, nunca houve tantas guerras, nunca a desagregação moral chegou tão baixo.

Entretanto, o meio de obter a paz para o mundo, para as famílias, para os corações, continua ao alcance de nossas mãos, nas contas benditas do Rosário, que Maria Santíssima trazia suspenso de seu braço quando apareceu em Fátima.

Salvou-se porque levava o Terço à cintura

Não é possível expressar quanto a Santíssima Virgem estima o Rosário sobre todas as demais devoções, e como é generosa em recompensar os que trabalham para divulgá-lo.

Conta São Luís de Montfort o caso de Afonso IX, Rei de León, a quem Nossa Senhora protegeu particularmente, pelo simples fato de portar o Rosário à cintura.

Desejando que os seus súditos honrassem a Santíssima Virgem, e para animá-los com seu exemplo, ocorreu a esse monarca portar ostensivamente um grande Rosário, ainda que não o rezasse.

Isto bastou para incentivar os seus cortesãos a rezá-lo devotamente.

Algum tempo depois, o rei ficou às portas da morte, acometido por uma grave enfermidade. Foi então transportado em espírito ao tribunal de Deus, onde os demônios o acusaram de todos os seus crimes. E quando ia ser condenado às penas eternas, apresentou-se em sua defesa a Santíssima Virgem diante de Jesus.

Num prato da balança, foram colocados os pecados do Rei. No outro, a Virgem Maria colocou o grande Rosário que ele portara em honra d’Ela, juntamente com os Rosários que, devido ao seu exemplo, haviam rezado outras pessoas, e estes pesavam mais que todos os pecados por ele cometidos.

Depois, Maria Santíssima, olhando com misericórdia para o Rei, disse: “Consegui de meu Filho, como recompensa pelo pequeno serviço que Me fizeste, levando à cintura o Rosário, o prolongamento de tua vida por mais uns anos. Emprega-os bem, e faz penitência”.

Voltando a si, o rei exclamou: “Oh! Bendito Rosário da Santíssima Virgem, por ele é que fui livre da condenação eterna!” E, recuperando a saúde, passou a rezar o Rosário todos os dias até o fim da vida.

A palavra do Papa, porta-voz de Jesus

“O Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria (…) para que Ela nos eduque e nos plasme até que Cristo esteja formado em nós plenamente” — ensina o Papa João Paulo II. E acrescenta: “Nunca, como no Rosário, o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo”.

Recordemos suas inspiradas palavras na Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariæ”:

“O Rosário acompanhou-me nos momentos de alegria e nas provações. A ele confiei tantas preocupações; nele encontrei sempre conforto. O Rosário é minha oração predileta. Oração maravilhosa!

“Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral!

“Não te deixaremos nunca mais!

“Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último ósculo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em toda parte, hoje e sempre, na terra e no Céu. Amém.”

Nunca deixe de rezá-lo!

Sim, acatando fielmente essa exortação do Papa, nunca deixe de rezar o Rosário, sob pretexto de ter muitas distrações involuntárias, falta de gosto em rezá-lo, muito cansaço, insuficiência de tempo, ou qualquer outro. Para rezar bem o Rosário, não é necessário sentir gosto, ter consolações, nem conseguir uma aplicação contínua da imaginação. Bastam a fé pura e a boa intenção.

E veja quantos benefícios nos proporciona a recitação do Rosário!

• Eleva-nos ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo.

• Purifica nossas almas do pecado.

• Faz-nos vitoriosos contra todos os nossos inimigos.

• Torna-nos fácil a prática das virtudes.

• Abrasa-nos no amor de Jesus Cristo.

• Enriquece-nos de graças e méritos.

• Fornece-nos os meios de pagar todas as nossas dívidas com Deus e com os homens.

A tudo isso, acrescenta São Luís Maria Grignion de Montfort:

— “Ainda que te encontres à beira do abismo ou já com um pé no inferno, ainda que estejas endurecido e obstinado como um demônio, cedo ou tarde te converterás e salvarás, contanto que rezes devotamente todos os dias o santo Rosário, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de teus pecados”.

(Revista Arautos do Evangelho, n. 34, outubro de 2004)

jul 222011
 

Os benefícios da leitura

Guy de Ridder

Ler envolve “o prazer de se desligar do mundo”, declara à agência Deutsche Welle Thomas Anz, professor de Psicologia na Universidade de Marburg, Alemanha, e autor de um livro sobre a leitura.
Mais ainda, podemos acrescentar que o hábito de ler enobrece nosso espírito e nos eleva a panoramas culturais mais universais.
A leitura é também a descoberta de afinidades intelectuais. “É como o prazer de jogar, mas neste caso se expressa através da relação que o leitor estabelece com o autor”, diz o Prof. Anz.

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No entanto, se ela é tão prazerosa, por que as pessoas lêem tão pouco? Responde o psicólogo: “Como os jogos, a leitura precisa ser treinada. Muitos desistem na fase de treinamento e não adquirem o verdadeiro prazer que ela proporciona”.
Aqui vai, então, um conselho para quem está na “fase do treinamento”: comece por temas que lhe interessem bastante, e não se preocupe em ler página por página. Se um trecho estiver muito árido, passe adiante. Faça como o beija-flor: de cada planta ele retira apenas o que lhe apetece. O importante é lançar-se na água… Logo, logo, virá o gosto dos grandes panoramas intelectuais, mais atraentes do que muitas viagens turísticas.
A leitura de um livro é um turismo feito, não com as pernas, mas com o espírito.
O hábito da leitura implica também um afastamento temporário dos problemas cotidianos. Um conhecido meu, grande intelectual e homem de ação, fazia questão de ler algum livro de História antes de se deitar, para “descansar a mente da vulgaridade do dia-a-dia”. Passeava, assim, um pouco por outros povos, outros costumes, outras concepções de vida.

Leitura e conversa

Dizia-se, em épocas passadas, que uma dia sem leitura equivalia a dois dias sem tema de conversa.
Eis outro assunto bem atual: sobre o que se conversa hoje? Há conversa em família? Quem lê, habitualmente tem algo interessante a contar. Sua mente vive povoada de fatos dignos de nota, gestos que deram celebridade a grandes homens ou ditos cheios de espírito que nunca perdem a atualidade.
Outra grande vantagem aufere quem tem o hábito da leitura: saber ortografia. A dificuldade de tantos jovens — e alguns já não tão jovens assim… — nessa matéria é conseqüência da absorção produzida pela TV hoje. Muitas vezes sabem o significado correto da palavra e a empregam adequadamente, mas desconhecem sua grafia por a terem ouvido centenas de vezes, e lido apenas em poucas oportunidades.
Por fim, vale ressaltar quanto a leitura auxilia no enriquecimento do vocabulário. Como este está hoje reduzido à sua mínima expressão, muitas pessoas encontram dificuldade em transmitir seus pensamentos ou sentimentos. Isto, por sua vez, gera insegurança e mal-estar interior. Assim como a abundância de tintas proporciona ao pintor a possibilidade de dar à sua obra a tonalidade desejada, a variedade de palavras com sentidos semelhantes, porém cada qual com o seu matiz próprio, fornece ao orador o instrumento adequado para exprimir o que deseja.
Quão salutar seria se nossas escolas estimulassem, como outrora, os exercícios de descrição, de narração e de redação que se praticavam desde os primeiros anos do ensino fundamental! Teríamos crianças mais desenvolvidas intelectualmente, mais seguras de si e, portanto, mais alegres e joviais.

jul 152011
 

A misteriosa origem da vida consagrada

Marcos Eduardo Melo dos Santos

Seriam os religiosos herdeiros dos profetas do Antigo Testamento? Seriam eles continuadores da missão de Santo Elias? Não será Santo Elias o fundador da Vida Consagrada?

O profetismo se sintetiza na emblemática figura de Santo Elias. Um homem capaz de dominar as chuvas, de ressuscitar mortos, de produzir milagrosamente durante três anos trigo e azeite, de fazer chover fogo do céu, etc.

Elias é o profeta. De tal maneira ele sintetiza a missão profética que foi escolhido pelo Senhor Transfigurado para representar o profetismo no monte Tabor.

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A palavra profeta deriva do grego, πρoφήτης, prophétes. É aplicada uma à pessoa imbuída de inspiração divina, capaz de pronunciar um oráculo, ou ainda, a um indivíduo apto a predizer acontecimentos futuros. (ROSSANO; RAVASI; GIRLANDA, 2005).

O Antigo Testamento, denomina-os primeiramente como videntes (I Sm 9,9). Ao profeta, Deus não apenas revelava os acontecimentos futuros, por meios de sonhos, visões ou aparições, mas o constituia como conselheiro e instrutor acerca da Lei de Deus. Gozava assim de enorme influência sobre as consciências de Israel.

A expressão “filhos dos profetas”, designava todos aqueles que se tornavam discípulos ou auxiliares dos profetas, os quais se constituiam em verdadeira comunidades (CANALS CASAS, 1994, p. 31).

De acordo com o texto bíblico, tais conglomerados surgiram em Israel já na época de Samuel (Cf. 1Sm 10,5-6.10-13; 19,20-24), seu apogeu se deu nos tempos de Santo Elias e Santo Eliseu (1 Rs 18,4.13.19-40; 2 Rs 2,13-16; 4,1.38-44; 6,1-7; 9,1); e parecem ter desaparecido na época do exílio (Zc 7,3; Ne 6,10-14). Seu carisma primava pelo caráter cultual, sua vida está vinculada aos santuários da época, como Ramá, Betel, Jericó e o Monte Carmelo (CANALS CASAS, 1994, p. 31).

Os filhos dos profetas viviam sobretudo no seguimento do Profeta, o qual portava uma graça ou um carisma semelhante aos fundadores na Nova Lei. Do profeta os discípulos auriam a doutrina, o espírito e o modo de viver.

Santo Elias é o herdeiro das antigas comunidades proféticas pré-exílicas. É considerado pelos Padres da Igreja como “fundador da vida consagrada” (SMET, 1987, p. 12). Santo Atanásio declara que “a vida ascética tem um modelo no qual pode refletir-se, como se fosse um espelho: o exemplo do grande Santo Elias” (ATHANASIUS. Vita Antonii, 7, PG, 854). Por sua vez, São Jerônimo não hesita em afirmar:

Cada modo de vida tem seu guia. Os bispos e sacerdotes têm aos apóstolos e aos homens apostólicos como modelos, aos que devem imitar para poder assim participar da dignidade deles. Nós esforçamo-nos em imitar a nossos Paulos, Antonios, Julianos, Macarios, e – se temos de recorrer à autoridade das Escrituras – nosso chefe é Elias, nosso é Eliseu, nossos são os filhos dos Profetas, que viveram nos campos e lugares solitários e plantam suas tendas nas margens do Jordão (SÃO JERÔNIMO. Epistula 58 ad Paulinum. PL 22, 583).

Outras comunidades religiosas se autodenominam herdeiros espirituais do carisma eliático, como os Hassidim e os Essênios, assim como no cristianismo com a ordem carmelitana.

Tal como os levitas, Santo Elias estava voltado ao serviço exclusivo de Deus; à repulsa de qualquer culto idolátrico; a seguir a voz de Deus conforme as inspirações e visões. O filhos dos profetas, por sua vez, deveriam seguir o profeta, servindo-o e obedecendo-o, hariundo no convívio com Mestre seu espírito e doutrina.

Jonadabe e os Recabitas

Segundo o livro de Jeremias (35,1ss), os recabitas eram descendentes de Jonadabe, filho de Recab, o queneu, o qual viveu por volta do nono século antes de Cristo. Ensinou a seus descendentes a se absterem de vinho, bem como não edificarem casas em cidades e praticarem a agricultura (COLOMBÁS, 2004, p. 28).

Os recabitas formavam um autêntico clã, algo semelhante a uma ordem religiosa nômade (cf. 2Rs10,15-33). Não lhes era próprio habitar em cidades, mas sim em tendas no deserto. Só se retiraram à Jerusalém por ocasião das invasões sírias e caldéias. Até a época da narrativa de Jeremias permaneciam fieis ao estilo de vida implantado pelo fundador Jonadabe. Em 250 anos de fidelidade os recabitas se constituíram numa comunidade ascética cuja existência e o mérito são referidos pelo profeta Jeremias (Cf. Jr 34,6-7ss; 2Rs 10,15-17; CANALS CASAS, 1994, p. 33). Na teologia dos fundadores, os recabitas são exemplo de como o carisma do fundador dado aos discípulos é dotado de uma potência capaz de transpor os séculos mesmo em épocas tão antigas.

Assideus

O nome assideu deriva do hebraico hassidim, e significa misericordioso (Sl 30:5 [A. V. 4], 31:24 [23], 37:28). No entanto, no primeiro livro dos Macabeus (1Mc 2,29.42-43), o termo se refere a um determinado grupo de pessoas no sentido de mártires. Os assideus caracterizam-se por um profundo amor a lei; pela busca da perfeição; como pessoas generosas no perdão, mas intransigentes diante da transgressão da lei; e que durante certas festas judaicas costumavam recolher-se por determinado tempo à oração e à abstinência (CANALS CASAS, 1994, p. 33).

Em épocas ulteriores, os ‘Hassidim são contados como um ideal do judaísmo, tornando-se inclusive um título de respeito no trato corrente. Devido a sua integridade gozaram de grande influência sobre o povo judeu, tornando-se símbolo da independência de Israel contra o domínio estrangeiro (2 Mac 16,6).

Com a consolidação do poderio romano na Palestina é provável que se tenham tornado uma associação de doutores da lei ou um partido político-religoso como os saduceus, mas para muitos autores a origem e o fim dos assideus permanecem ainda obscura. Há ainda outra corrente de exegetas e historiadores que os identificam com os essênios devido à aproximação linguística do radical das duas palavras tanto na língua hebraica como na grega. Ambos termos significam “piedosos” ou “santos”.

Essênios e Qumrã

Os Essênios (Issi’im) constituíam um grupo judaico ascético que teve existência entre 150 a.C. e 70 d.C. São comumente relacionados com outros grupos religioso-políticos, como os saduceus (COLOMBÁS, 2004, p. 21).

O nome essênio provém do termo sírio asaya, e do aramaico essaya ou essenoí, todos com o significado de médico, no grego therapeutés, e, finalmente, por esseni no latim. Não se sabe ao certo donde deriva este nome. Baseado em Filón de Alexandria e Flávio Josefo é provável que o vocábulo derive de hesén-hasaya, que significa “santo-venerável”. Se autodenominavam como “filhos do novo pacto”. São considerados herdeiros das comunidades proféticas e de Santo Elias (ROSSANO; RAVASI; GIRLANDA, 2005).

Na Bíblia não há qualquer menção sobre eles. Tudo que se sabe a seu respeito colhe-se do historiador judeu Flávio Josefo e do filósofo, também judeu, Filón de Alexandria. Outra fonte para o conhecimento da vida desta comunidade religiosa são os manuscritos de Qumrã. Todavia, os especialistas constatam que os essênios de Qumrã não são exatamente os mesmos daqueles descritos por Josefo e Filón, devido o fato evidente de que os dois escritores judeus possam idealizá-los em suas descrições. Entretanto, os essênios são de fato o grupo que oferece mais elementos da vida ascética veterotestamentária (SCHÜRER, 1985).

A História desde grupo religoso parece iniciar-se durante o domínio da Dinastia Hasmonéia, quando foram perseguidos e por esta razão refugiados nos desertos, vivendo em comunidades sob o estrito cumprimento da lei. Este isolamento os fez diferenciar-se do judaísmo comum que aliás estava corroído pela helenização. Acredita-se que a crise que desencadeou esse isolamento do judaísmo ocorreu quando os príncipes Macabeus, Jonathan e Simão, usurparam o ofício do Sumo Sacerdote dando-o a um ramo secundário da tribo de Levi, consternando os judeus conservadores. Alguns, entre os quais os essênios, não puderam tolerar a situação e denunciaram a Roma os novos governantes. Josefo refere, na ocasião, a existência de cerca de 4000 essênios, espalhados por aldeias e povoações rurais.

Gianfranco Ravasi afirma que o esenismo era “a forma mais original do judaismo desta época da História de Israel” (ROSSANO; RAVASI; GIRLANDA, 2005). Por tal motivo, os autores judeus demonstram a admiração ao seu estilo de vida como se evidencia no relato de Plinio, o Velho:

Ao oeste (do mar Morto) os essênios ocupam alguns lugares da costa, embora sejam agrestes. É um povo único em seu gênero e digno de admiração no mundo inteiro acima de todos os demais: não se casam, pois renunciam inteiramente o amor conjugal, não possuem dinheiro, são amigos das palmeiras. A cada dia crescem em igual número, graças à multidão de novos aderentes. Com efeito, acodem em grande número aqueles que, cansados das vicissitudes da fortuna, orientam a vida adaptando-a a sues costumes. Assim, durante séculos, ainda que pareça inacreditável, há um povo eterno do qual não nasce ninguém (Plinio el Viejo, Natur.histr. V, 15, 73, tradução minha).

Dentre as comunidades, tornou-se conhecida a de Qumran, pelos manuscritos em pergaminhos que levam seu nome. Os manuscritos do Mar Morto parecem ser anteriores a 68 d.C., os quais oferecem informações de diversos gêneros, com especial enfoque na vida religiosa especialmente nos documentos denominados como Regra da Comunidade (= 1QS), Regra da Guerra (= 1QM) ou ainda nos Hinos (= 1QH). Neles se verifica o gênero de vida, singularmente elevado e distinto desta comunidade (ROSSANO; RAVASI; GIRLANDA, 2005).

Os essênios eram uma verdadeira comunidade monástica. Dividiam-se em grupos de 12 com um encarregado da disciplina denominado “mestre da justiça”. A jornada se iniciava ao amanhecer com uma oração voltada ao oriente e se dividia entre trabalho manual – pois não possuiam amos nem escravos – e atividades espirituais, como orações, leituras e comentários da lei e de outros textos considerados sagrados; pela noite, divididos por turnos vigiavam em oração e estudo; vestiam-se sempre de branco; acreditavam em milagres e bençãos com as mãos, por esta razão eram chamados de terapeutas; sem propriedade privada partilhavam tudo em comum; vegetarianos e celibatários, aceitavam por períodos restritos o ingresso de pessoas casadas; cultivavam a higiene, tomando banhos antes das refeições sempre sujeitas a rígidas regras de purificação; primavam pela vida comunitária com a obrigação de comer, orar e deliberar os rumos da comunidade em conjunto; eram chamados de nazarenos por causa do voto nazarita; sua hierarquia se estabelecia de acordo com graus de pureza espiritual dos irmãos; suas doutrinas eram secretas; e nenhum estranho podia se unir a eles sem um complexo e cuidadoso processo de admissão. Um dos manuscritos apresenta a seguinte recomendação: “se for capaz de disciplina, o introduzirás no pacto…” (1QS VI, 14) (ROSSANO; RAVASI; GIRLANDA, 2005).

Seriam o carmelitas os diretos herdeiros de Santo Elias e da misteriosa comunidade de Qumrã? Este é mais um dos enigmas da História ainda não comprovados por historiadores e exegetas. No entanto, como afirmava São Jerônimo, Santo Elias pode ser considerado ainda hoje a remota origem e o perfeito modelo da vida consagrada.

Tópicos relacionados

  • Carmelitas ou Ordem do Carmo
  • História do Escapulário do Carmo
  • Bibliografia

    COLOMBÁS, Garcia M. El Monacato Primitivo. 2 ed. Madrid: Bac, 2004. 785 p.

    COLOMBÁS et alia. San Bento, su vida y su regla. Madrid: Bac, 1954. 730 p.

    ROSSANO, P; RAVASI, G; GIRLANDA, A. Nuevo diccionario de Teología Bíblica. 2. ed.San Pablo. Centro Iberoamericano de Editores Paulinos (CIDEP). In Biblia Clerus. CD-ROM. Congregatio pro clericis. 2005.

    SASTRE SANTOS, Eutimio. La vita Religiosa nella storia della Chiesa e della società. Milano: Ancora, 1997. 1061 p.

    SCHÜRER, Emil. Historia del pueble judio en tiempos de Jesús. T. II, 1985.

    SMET, Joaquim. Los carmelitas. História de La Orden Del Carmen. T. 1. Madrid: Bac, 1987. 400 p.

    jul 112011
     

    Qual a origem do latim da Igreja?

    O Latim é uma língua originária do Latium, (Lácio) região da Itália na qual está localizada a cidade de Roma. A história do latim e da Igreja se confluíram por um desígnio divino.

    Na época escolhida por Deus para Ele se fazer homem e habitar entre nós, os romanos dominavam todo o mundo dito civilizado, ou seja, toda a bacia do Mediterrâneo.

     Jesus nasceu no tempo em que o Império Romano estava em seu apogeu. Por quê? Para usar dele como de uma plataforma de lançamento da Igreja Católica. Esta unidade linguística facilitou muito a ação dos apóstolos. A própria liturgia numa antiga oração para a comunhão reconhece que Deus preparou o Império Romano para a pregação do Evangelho: “Deus, qui ad praedicandum Evangelium, Romanum imperium praeparisti” (Missal Romano promulgado por Bento XV em 1920).

    Rômulo e Remo salvos pela loba.

    Rômulo e Remo salvos pela loba.

    O latim recebeu grande influência do grego antigo. Pouco antes do nascimento de Nosso Senhor, o grego era a língua que exercia o papel que teve nos séculos passados o francês e, atualmente o inglês como língua universal. O latim muito se enriqueceu com a civilização grega. Prof. Plinio Corrêa de Oliveria afirmava que “a Grécia era a França da época”. Inúmero vocábulos latinos derivam diretamente do grego inclusive o próprio alfabeto.

    Mas aos poucos, pela força das armas, o latim se tornou obrigatório em todos os países conquistados pelo Império Romano. A língua latina era um dos fatores de unidade para aquele imenso território que abrangia cerca de 60 milhões de habitantes de etnias muito diversas.

    Os jurisconsultos, os senadores, os poetas, enfim, a classe alta falava um latim melhor, erudito: era o “latim clássico”. E o povo — especialmente os soldados — não se  esmerava  tanto em ter uma comunicação mais perfeita: era o “latim vulgar” (vulgus, povo).

    Os primeiros séculos da Igreja se passaram; as primeiras heresias surgiram e foram combatidas vigorosamente pelos Padres da Igreja que tinham santidade, sabedoria, conhecimento das Escrituras e começaram, assim, a construir o castelo da teologia católica. Os padres do Oriente costumavam escrever em grego; os do Ocidente, em latim.

    No século V, São Jerônimo, a pedido do Papa São Dâmaso, traduziu a Bíblia para o latim, a fim de que ela fosse compreendida por todo o povo (‘vulgus’),  por isso chamamos esta tradução de“Vulgata”, embora empregue uma linguagem ao mesmo tempo elevada e acessível.

    Ao ler os textos traduzidos do grego, do hebraico e aramaico por São Jerônimo temos contato com textos latinos tão belos e sonoros como certos clássicos. Exemplos disso são os Evangelhos: “Estote perfecti sicut et Pater vester coelestis perfectus est” (Mateus, 5,48); “Quaerite primum regnum Dei et iustitiam eius et omnia haec adjicientur vobis” (Mateus, 6, 33).

    Intrinsecamente pagão, o mundo greco-romano levava em si os germes da sua  própria destruição. A queda do Império Romano se deu no ano 476 (século V), Odoacro, rei dos hérulos depôs a Rômulo Augústulo, último imperador do Ocidente. O fato é considerado por muitos historiadores como o ocaso do pujante Império.

    Cresceram as invasões bárbaras que se estenderam até o século IX. Com a entrada de novos e belicosos povos, com idioma próprio, o latim quase desapareceu, exceto nas bibliotecas dos monges que civilizaram os bárbaros. Da mistura  das linguagens, nasceram  na Europa as línguas românicas: português, espanhol, francês, ilatiano, romeno e diversos dialetos europeus.

    Aliás, é de origem latina cerca de 50% do vocabulário inglês, língua consolidada no século XIV, sobretudo na época da invasão da França pelos ingleses, expulsos por iniciativa de Santa Joana d’Arc.

    Praça de São Pedro em solene celebração

    Praça de São Pedro em solene celebração

    O Pe. Júlio Comba bem resume a utilidade do estudo do latim na atualidade:

    “Em nossos dias o latim não é mais falado em parte alguma, mas é a lingua oficial da Igreja e é estudado em quase todas as nações do mundo, por ser, com razão, considerado elemento precípuo e fator eficiente de cultura, instrumento indispensável para o conhecimento profundo das linguas neolatinas e meio incomparável para a educação da inteligência, disciplina do raciocínio e formação do caráter” (Gramática Latina, Pe. Julio Comba).

     

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     Caso nominativo

    jun 152011
     
    Visto no último post de nosso curso o alfabeto latino, passaremos hoje a considerar a sua pronúncia.

    Quase três vezes milenar, o latim passou por certas transformações em sua pronúncia ao longo da História. No entanto, certas características gerais permaneceram perenes ao longo dos séculos.

    Hoje predominam duas escolas de pronúncias do latim: a eclesiástica (romana), usada pelos clérigos católicos nas celebrações litúrgicas ou nos tribunais da Igreja, e a pronúncia reconstituída (pronuntiatio restituta), um intento realizado por alguns filólogos e latinistas com o objetivo de resgatar a pronúncia clássica. A forma reconstituída de pronunciar o latim procura harmonizar num denominador comum os diversos sons das línguas indoeuropeias. A diferença entre as duas pronúncias não é essencial, mas apenas em algumas consoantes.

    Liturgia Catholica

    Liturgia Catholica

    Embora não se possa afirmar que qualquer uma das duas pronúncias sejam de fato a mesma usada na época do Senado ou do Império, todos os latinistas são concordes em afirmar que a defecção ou o relaxamento da pronúncia podem alterar completamente o sentido da frase.

    Vogais

    As vogais latinas são pronunciadas da mesma forma que em português, mas deve-se ter especial cuidado ao pronunciá-las, pois devem soar com o som próprio inclusive quando não são tônicas.

    Os brasileiros não têm o costume de pronunciar as vogais finais das palavras exatamente como são escritas. A palavra “fidelidade”, por exemplo, soa como “fidelidadi”; em “triste”, ouve-se “tristi”. Em 
latim, 
a 
palavra
”Christe” pronuncia-se “kríste” e não ”krísti”. As vogais latinas devem ser pronunciadas todas sem exceção com o seu valor próprio. Na palavra “rupes” (pedras), temos a tendência de pronunciar “rupis”. Forma que altera o sentido da palavra na oração latina: “da pedra”.

    Tanto na pronúncia eclesiástica como na reconstituída, as vogais latinas “e” e “o” devem ser pronunciadas como na região sul do Brasil. Os brasileiros do sudeste, norte e nordeste tem o costume de transformá-las em “i” e “u”. Por exemplo, canto (kantu); desitratado (disidratadu); depois (dipois), igualdade (igualdadi).

    Os 
grupos
 vocálicos 
”oe” 
e 
”ae” 
são 
pronunciados
 como
 “e”
 aberto.
 Por exemplo, “coelum” pronuncia‐se “célum”. As vogais devem ser pronunciadas como no nordeste brasileiro, ou seja, abertas e com acentuada diferença entre si. O “a” deve soar como “a” e nunca demasiado fechado a maneira do “a” inglês ou de certos lugares do sudeste brasileiro.

    No próximo post será apresentada as pronúncias eclesiástica e clássica reconstituída das consoantes latinas.