out 022011
 

Latim Básico: O caso dativo

O nome dativo deriva do verbo latino dare, que significa dar. Quem dá alguma coisa o faz para algo ou a alguém. Mas não somente o verbo dar pode significar uma relação de destinatário ou finalidade. Vários verbos, tanto em português com em latim, estabelecem esta relação de receptor ou destinatário. Fala-se a alguém, doa-se para alguém, etc.

Em português, o objeto que vem após as preposições a e para (de em alguns casos, mas distingui-se do complemento restritivo, do caso genitivo em latim, porque, no caso do objeto indireto, a ligação prepositiva é com o verbo e não com o nome) são chamados de objeto indireto, pois o verbo não age diretamente sobre ele, e ademais, se relacionam com o verbo através de uma preposição.  Estes verbos não possuem o sentido completo como os intransitivos (morreu, vive, etc).

Ex: A menina obedeceu ao pai. ( O sentido do verbo “obedeceu” ficaria incompleto sem a expressão “ao pai”. Esta é o objeto indireto, pedido pelo verbo obedecer. Está unido pela preposição a (ao = a + o).

Uma rosa para todas as Rosas do jardim de Maria, a Rosa das Rosas. Em latim: Rosa Rosis horti Mariae, Rosa rosarum.

Uma rosa para todas as Rosas do jardim de Maria, a Rosa das Rosas. Em latim: Rosa Rosis horti Mariae, Rosa rosarum.

Para conhecer o objeto (direto ou indireto) devemos fazer as perguntas usuais, depois do verbo. No caso do objeto indireto, pode-se fazer as seguintes: a quem? a quê? de quem? de quê? para quem? para quê?

Ex: Entreguei o livro ao aluno.

Pergunta: Entregue a quem?

Resposta: Ao aluno (objeto indireto ou dativo).

Em latim, o caso do objeto indireto é o dativo. Em vez de verificarmos as preposições a, para e de como sinais do objeto indireto, devemos procurar a terminação da palavra latina que caracteriza o caso dativo.

Na primeira conjugação (nomes femininos) o dativo singular sempre termina com ae. Exemplo:

Nominativo: a água, aqua

Dativo: para a água, à água, aquae

No plural, a terminação é is, aquis.

Na segunda conjugação (nomes masculinos ou neutros) o dativo singular sempre termina com o.

Nominativo: o Senhor, Dominus.

Dativo: para o Senhor, ao Senhor, Domino.

Nominativo: a cidade, oppidum

Dativo: à cidade, para a cidade, oppido.

No plural, a terminação é is, dominis e oppidis.

Na terceira conjugação iremos encontrar o dativo com as terminações em e (em alguns casos em i).

Nominativo: O rio, flumen.

Dativo: ao rio, para o rio, flumine.

No plural, a terminação é ibus, fluminibus.

Na quarta e quinta conjugação (que reúnem pouquíssimas palavras latinas, ao contrário das três primeiras que reúnem a imensa maioria), o dativo se caracteriza por ser igual ao nominativo ou terminar com a vogal i.

Nominativo: o joelho, genu.

Dativo: ao joelho, para o joelho, genui.

Nominativo: o dia, dies.

Dativo: para o dia, ao dia, diei.

No plural, a terminação e ibus para a quarta declinação (genibus) e ebus para a quinta declinação (diebus).

Tabela do caso dativo (objeto direto latino) no singular e plural

Declinação

Singular

ae

o

e ou i

u ou ui

ei

Plural

is

is

ibus

ibus

ebus

set 222011
 

Compartilhamos a sequência de orações do Rosário de Nossa Senhora com os mistérios em latim e português. A fim de que o leitor de Praecones Latine esteja mais ciente dos benefícios da recitação do terço segue abaixo um artigo da Revista Arautos do Evangelho.

Rosário em latim e português

São Domingos recebe o Rosário de Nossa Senhora, Catedral de Belém do Pará, Brasil

São Domingos recebe o Rosário de Nossa Senhora, Catedral de Belém do Pará, Brasil

Em Português (lusitane) Em Latim (latine)
Início Initium
Sinal da Cruz

Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amén

Signum Crucis

In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti. Amen.

Símbolo dos Apóstolos

Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;  padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos. Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja católica, na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne, na vida eterna. Amém.

Symbolum Apostolorum

Credo in Deum Patrem omnipotentem, Creatorem caeli et terrae. Et in Iesum Christum, Filium eius unicum, Dominum nostrum, qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria  Virgine, passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus, et sepultus, descendit ad inferos, tertia die resurrexit a mortuis, ascendit ad caelos, sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis, inde venturus est iudicare vivos et mortuos. Credo in Spiritum Sanctum, sanctam Ecclesiam catholicam, sanctorum communionem, remissionem peccatorum, carnis resurrectionem, vitam aeternam. Amen.

Nas contas maiores:

Oração dominical

Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, vem a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos daí hoje, perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, não nos deixei cair em tentação as livrai-nos do mal. Amém.

Ad grana maiora:

Oratio Dominica

Pater noster, qui es in caelis, sanctificetur nomen tuum. Adveniat regnum tuum. Fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra. Panem nostrum quotidianum da nobis hodie, et dimitte nobis debita nostra sicut et nos dimittimus debitoribus nostris. Et ne nos inducas in tentationem, sed libera nos a malo. Amen.

Nas contas menores:

Ave Maria

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém.

Ad grana minora:

Ave Maria

Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum. Benedicta tu in mulieribus, et benedictus fructus ventris tui, Iesus. Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus, nunc, et in hora mortis nostrae. Amen.

Ao final de cada dezena:

Glória ao Pai

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre, Amém.

Ad finem decadum:

Doxologia Minor

GLORIA Patri, et Filio, et Spiritui Sancto. Sicut erat in principio, et nunc, et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

Ó meu Jesus

Ó, Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o céu e socorrei principalmente as que mais precisarem. Amém

Oratio Fatima

O Iesu mi, dimitte nobis debita nostra, libera nos ab igne in- ferni, conduc in caelum omnes animas, praesertim illas quae maxime indigent misericordia tua.

Meditações do Rosário

Nas segundas e sábados

I. Mistérios gozosos

1o. Mistério – A anunciação do Anjo a Maria

2o. Mistério – A visita de Maria a sua prima Isabel

3o. Mistério – O Nascimento de Jesus

4o. Mistério – A apresentação de Jesus no Templo

5o. Mistério – A perda e o reencontro do menino Jesus em Jerusalém

Meditationes Rosarii

In feria secunda et sabbato

I. Mysteria Gaudiosa

1. Quem, Virgo, concepisti. [Mt

1:18, Lc 1:26-38]

2. Quem visitando Elisabeth

portasti. [Lc 1:39-45]

3. Quem, Virgo, genuisti. [Lc

2:6-12]

4. Quem in templo praesentasti.

[Lc 2:25-32]

5. Quem in templo invenisti. [Lc

2:41-50]

Quintas-feiras

II. Mistérios Luminosos

1o. Mistério – O Batismo no rio Jordão

2o. Mistério – A auto-revelação nas Bodas de Caná

3o. Mistério – O anúncio do Reino com o convite à conversão

4o. Mistério – A transfiguração no Monte Tabor

5o. Mistério – A instituição da Eucaristia

In feria quinta

II. Mysteria Luminosa

1. Qui apud Iordanem baptiza-

tus est. [Mt 3:13, Mc 1:9, Jn 1:29]

2. Qui ipsum revelavit apud Ca-

nense matrimonium. [In 2:1-11]

3. Qui Regnum Dei annuntiavit.

[Mc 1:15, Lc 10:8-11]

4. Qui transfiguratus est. [Mt

17:1-8, Mc 9:2-9]

5. Qui Eucharistiam instituit.[In

6:27-59, Mt 26:26-29, Mc 14:22-

24, Lc 22:15-20]

Terças e Sextas-feiras

III. Mistérios Dolorosos

1o. Mistério – A agonia de Jesus no Horto das Oliveiras

2o. Mistério – A flagelação de Jesus atado à coluna

3o. Mistério – A coroação de espinhos

4o. Mistério – Jesus carrega a Cruz para o Calvário

5o. Mistério – Crucificação, sofrimento e morte de Jesus

In feria tertia et feria sexta

III. Mysteria dolorosa

1. Qui pro nobis sanguinem su-

davit. [Lc 22:39-46]

2. Qui pro nobis flagellatus est.

[Mt 27:26, Mc 15:6-15, In 19:1]

3. Qui pro nobis spinis corona-

tus est. [In 19:1-8]

4. Qui pro nobis crucem baiula-

vit. [In 19:16-22]

5. Qui pro nobis crucifixus est.

[In 19:25-30]

Quartas e Domingos

IV. Mistérios Gloriosos

1o. Mistério – A Ressurreição de Jesus

2o. Mistério – A Ascensão de Jesus ao Céu

3o. Mistério – A descida do Espírito Santo sobre os apóstolos

4o. Mistério – A assunção de Maria ao Céu

5o. Mistério – A coroação de Maria como Rainha do Céu

In feria quarta et Dominica

IV. Mysteria gloriosa

1. Qui resurrexit a mortuis. [Mc

16:1-7]

2. Qui in caelum ascendit. [Lc

24:46-53]

3. Qui Spiritum Sanctum misit.

[Acta 2:1-7]

4. Qui te assumpsit. [Ps 16:10]

5. Qui te in caelis coronavit.

[Apoc 12:1]

Orações para dizer no fim do rosário:

Salve, Rainha, Mãe misericordiosa, vida, doçura e esperança nossa, salve! A vós bradamos os degredados filhos de Eva.  A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre,  ó clemente, ó piedosa,  ó doce sempre Virgem Maria. Amém.

V. Rogais por nós Santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Orationes ad Finem Rosarii Dicendae:

Salve, Regina, matermisericordiae, vita, dulcedo, et spes nostra, salve. Ad te clamamus exsules filii Hevae. Ad te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle. Eia, ergo, advocata nostra, illos tuos  misericordes oculos ad nos converte. Et Iesum,  benedictum fructum ventris tui, nobis post hoc exsilium ostende. O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria. Amen.

V. Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix.

R. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Ao fim do rosário reza-se a Ladainha de Nossa Senhora:

Ladainha de Nossa Senhora

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.

Pai Celeste que sois Deus, tende piedade de nós.

Filho Redentor do mundo que sois Deus, tende piedade de nós.

Espírito Santo que sois Deus, tende piedade de nós.

Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós

Santa Maria, rogai por nós.

Santa Mãe de Deus,

Santa Virgem das virgens,

Mãe de Jesus Cristo,

Mãe da Igreja,

Mãe da divina graça,

Mãe puríssima,

Mãe castíssima,

Mãe Imaculada,

Mãe intemerata,

Mãe amável,

Mãe admirável,

Mãe do bom conselho,

Mãe do Criador,

Mãe do Salvador,

Virgem prudentíssima,

Virgem venerável,

Virgem louvável,

Virgem poderosa,

Virgem clemente,

Virgem fiel,

Espelho de justiça,

Sede da sabedoria,

Causa da nossa alegria,

Vaso espiritual,

Vaso digno de honra,

Vaso insigne de devoção,

Rosa mística,

Torre de David,

Torre de marfim,

Casa de ouro,

Arca da aliança,

Porta do Céu,

Estrela da manhã,

Saúde dos enfermos,

Refúgio dos pecadores,

Consoladora dos aflitos,

Auxílio dos cristãos,

Rainha dos Anjos,

Rainha dos Patriarcas,

Rainha dos Profetas,

Rainha dos Apóstolos,

Rainha dos Mártires,

Rainha dos Confessores,

Rainha das Virgens,

Rainha de todos os santos,

Rainha concebida sem pecado original,

Rainha assunta ao Céu,

Rainha do sacratíssimo Rosário,

Rainha da família,

Rainha da Paz,

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V/ Rogai por nós, santa Mãe de Deus.

R/ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos. Senhor Deus, nós Vos suplicamos que concedais aos Vossos servos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da tristeza do século e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

In finem Rosarii dicitur Litaniae Laurtanae:

Litaniae Lauretanae

Kyrie, eleison.

Christe, eleison.

Kyrie, eleison.

Christe, audi nos.

Christe, exaudi nos.

Pater de caelis, Deus, miserere nobis.

Fili, Redemptor mundi, Deus,  miserere nobis.

Spiritus Sancte Deus, miserere nobis.

Sancta Trinitas, unus Deus, miserere nobis.

Sancta Maria,

Sancta Dei Genetrix,

Sancta Virgo virginum,

Mater Christi,

Mater Ecclesiae,

Mater Divinae gratiae,

Mater purissima,

Mater castissima,

Mater inviolata,

Mater intemerata,

Mater amabilis,

Mater admirabilis,

Mater boni Consilii,

Mater Creatoris,

Mater Salvatoris,

Virgo prudentissima,

Virgo veneranda,

Virgo praedicanda,

Virgo potens,

Virgo clemens,

Virgo fidelis,

Speculum iustitiae,

Sedes sapientiae,

Causa nostrae laetitiae,

Vas spirituale,

Vas honorabile,

Vas insigne devotionis,

Rosa mystica,

Turris Davidica,

Turris eburnea,

Domus aurea,

Foederis arca,

Ianua caeli,

Stella matutina,

Salus infirmorum,

Refugium peccatorum,

Consolatrix afflictorum,

Auxilium Christianorum,

Regina Angelorum,

Regina Patriarcharum,

Regina Prophetarum,

Regina Apostolorum,

Regina Martyrum,

Regina Confessorum,

Regina Virginum,

Regina Sanctorum omnium,

Regina sine labe originali concepta,

Regina in caelum assumpta,

Regina Sanctissimi Rosarii,

Regina familiae,

Regina pacis,

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis, Domine.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,  exaudi nobis, Domine.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi,  miserere nobis.

V. Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix,

R. Ut digni efficiamur  promissionibus Christi.

Oremus. Concede nos famulos tuos, quaesumus, Domine Deus, perpetua mentis et corporis sanitate gaudere: et gloriosa beatae Mariae semper Virginis intercessione, a praesenti liberari tristitia, et aeterna perfrui laetitia. Per Christum Dominum nostrum. Amen.

Origem e benefícios do Rosário

O Rosário, meio fácil e seguro de salvação

“Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus (…) Não te deixaremos nunca mais!” Esta exclamação do Papa João Paulo II constitui o fecho de ouro de uma esplendorosa cerimônia em homenagem ao santo Rosário, realizada pelos Arautos do Evangelho na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em São Paulo, no dia 15 de agosto último. O texto abaixo foi proclamado ao longo da cerimônia, entremeado por peças musicais executadas pelo Coro e Orquestra Internacional dos Arautos.

Por especial desígnio da infinita misericórdia de Deus, Maria Santíssima revelou ao grande São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos, um meio fácil e seguro de salvação: o santo Rosário.

Sempre que os homens o utilizam, tudo floresce na Igreja, na terra passa a reinar a paz, as famílias vivem em concórdia e os corações são abrasados de amor a Deus e ao próximo.

Quando dele se esquecem, as desgraças se multiplicam, implanta-se a discórdia nos lares, o caos se estabelece no mundo…

A Ave-Maria, base do Novo Testamento

São Domingos viveu numa época de grandes tribulações para a Igreja. A terrível heresia dos albigenses se espalhara no sul da França e ameaçava toda a Europa. A profunda corrupção moral dela decorrente abalava os fundamentos da própria sociedade temporal.

Por meio de ardorosas pregações, durante anos tentou ele reconduzir ao seio da Igreja aqueles infelizes que se tinham desviado da verdade. Mas suas eloqüentes e inflamadas palavras não conseguiam penetrar aqueles corações empedernidos e entregues aos vícios.

O Santo intensificou suas orações… Aumentou suas penitências… Fundou um instituto religioso para acolher os convertidos… De pouco ou nada adiantaram seus esforços. As conversões eram poucas e de efêmera duração.

O que fazer?

Certo dia, decidido a arrancar de Deus graças superabundantes para mover à conversão aquelas almas, Frei Domingos entrou numa floresta perto de Toulouse e entregou-se à oração e à penitência, disposto a não sair dali sem obter do Céu uma resposta favorável.

Após três dias e três noites de incessantes súplicas, quando as forças físicas já quase o abandonavam, apareceu-lhe a Virgem Maria, dizendo com inefável suavidade:

— Meu querido Domingos, sabes de que meio se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo?

— Senhora, sabeis melhor do que eu, porque, depois de vosso Filho Jesus Cristo, fostes Vós o principal instrumento de nossa salvação.

— Eu te digo, então, que o instrumento mais importante foi a Saudação Angélica, a Ave-Maria, que é o fundamento do Novo Testamento. E, portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu Rosário.

Raios e trovões para reforçar a pregação

Com novo ânimo, o zeloso Dominicano dirigiu-se imediatamente à Catedral de Toulouse, para fazer uma pregação. Mal ele transpôs a porta do templo, os sinos começaram a repicar, por obra dos anjos, para reunir os habitantes da cidade.

Assim que ele começou a falar, nuvens espessas cobriram o céu e desabou uma terrível tempestade, com raios e trovões, agravada por um apavorante tremor de terra.

O pavor dos assistentes aumentou quando uma imagem de Nossa Senhora, situada em local bem visível, levantou os braços três vezes para pedir a Deus vingança contra eles, se não se convertessem e pedissem a proteção de sua Santíssima Mãe.

O santo Pregador implorou a misericórdia de Deus, e a tempestade cessou, permitindo-lhe falar com toda calma sobre as maravilhas do Rosário.

Os habitantes de Toulouse arrependeram-se de seus pecados, abandonaram o erro, e começaram a rezar o Rosário. Em conseqüência, grande foi a mudança dos costumes nessa cidade.

A partir de então, São Domingos, em seus sermões, passou a pregar a devoção ao Rosário, convidando seus ouvintes a rezá-lo com fervor todos os dias. Assim, obteve que a misericórdia de Nossa Senhora envolvesse as almas e as transformasse profundamente.

Maria foi a verdadeira vencedora dos erros dos albigenses.

Um sermão escrito pela Santíssima Virgem

Relata o Beato Alano uma aparição de São Domingos, na qual este lhe narrou o seguinte episódio:

Rezando o Rosário, estava ele preparando-se para fazer na Catedral de Notre Dame de Paris um sermão sobre São João Evangelista. Apareceu-lhe então Nossa Senhora e lhe entregou um pergaminho, dizendo: “Domingos, por melhor que seja o sermão que decidiste pregar, trago aqui outro melhor”.

Muito contente, leu o pergaminho, agradeceu de todo coração a Maria e se dirigiu ao púlpito para começar a pregação. Diante dele estavam os professores e alunos da Universidade de Paris, além de grande número de pessoas de importância.

Sobre o Apóstolo São João, apenas afirmou o quanto este merecera ter sido escolhido para guardião da Rainha do Céu. Em seguida, acrescentou: “Senhores e mestres ilustres, estais acostumados a ouvir sermões elegantes e sábios, porém, eu não quero dirigir-vos as doutas palavras da sabedoria humana, mas mostrar-vos o Espírito de Deus e sua virtude”.

E então São Domingos passou a explicar a Ave-Maria, como lhe tinha ensinado Nossa Senhora, comovendo assim, profundamente, aquele auditório de homens cultos.

O Beato Alano de la Roche

As próprias graças e milagres concedidos por Deus através da recitação do Rosário encarregaram-se de propagá-lo por toda parte, tornando-se esta a devoção mais querida dos fiéis cristãos.

Enquanto ela foi praticada, a piedade florescia nas Ordens religiosas e no mundo católico.

Mas, cem anos depois de ter sido divulgada por São Domingos, já ela havia caído quase no esquecimento. Como conseqüência, multiplicaram-se os males sobre a Cristandade: a peste negra devastou a Europa, dizimando um terço da população, surgiram novas heresias, a Guerra dos Cem Anos espalhou desordens por toda parte, e o Grande Cisma do Ocidente dividiu a Igreja durante longo período.

Para atalhar o mal e, sobretudo, preparar a Igreja para enfrentar os embates futuros, suscitou Deus o Beato Alano de la Roche, da Ordem Dominicana, com a missão de restaurar o antigo fervor pelo Rosário.

Um dia em que ele celebrava Missa, em 1460, perguntou-lhe Nosso Senhor: “Por que me crucificas tu de novo? E me crucificas, não só por teus pecados, mas ainda porque sabes quanto é necessário pregar o Rosário e assim desviar muitas almas do pecado. Se não o fazes, és culpado dos pecados que elas cometem”.

A partir de então, o Beato Alano tornou-se um incansável divulgador desta devoção, e assim converteu grande número de almas.

Fator decisivo de grandes vitórias

Foi, sobretudo, nos momentos de grandes perigos e provações para a Igreja, que o Rosário teve um papel decisivo, propiciou a perseverança dos católicos na Fé e levantou uma barreira contra o mal.

Ao ver a Europa ameaçada pelos exércitos do império otomano, que avançavam por mar e por terra, devastando tudo e perseguindo os cristãos, o Papa São Pio V mandou rezar o Rosário em toda a Cristandade, implorando a proteção de Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, com o auxílio da Espanha e de Veneza, reuniu uma esquadra no Mar Mediterrâneo para defender os países católicos.

A sete de outubro de 1571, a frota católica encontrou a poderosa esquadra otomana no golfo de Lepanto. E apesar da superioridade numérica do adversário, os cristãos saíram triunfantes, afastando definitivamente o risco de uma invasão.

Antes de travar-se o combate, todos os soldados e marinheiros católicos rezaram o Rosário com grande devoção. A vitória, que parecia quase impossível, deveu-se à proteção da Virgem Santíssima, a qual — segundo testemunho dado pelos próprios muçulmanos — apareceu durante a batalha, infundindo-lhes grande terror.

No século XVIII, para comemorar a vitória do Príncipe Eugênio de Saboya sobre o exército otomano, devida também à eficácia do Rosário, o Papa Clemente XI ordenou que a festa de Nossa Senhora do Rosário fosse celebrada universalmente.

São Luís Grignion de Montfort

A Igreja seria ainda sacudida por muitas tempestades.

Visando fortalecer seus filhos e prepará-los para suportar as grandes provações futuras, suscitou Deus uma alma de fogo com a missão de reacender a chama da devoção ao Rosário, o qual mais uma vez tinha caído no esquecimento.

São Luís Maria Grignion de Montfort, o grande doutor da devoção à Mãe de Deus, exerceu sua missão profética um século antes da Revolução Francesa. As regiões nas quais se deram ouvidos à sua pregação foram as que melhor resistiram aos erros de sua época e conservaram íntegra a Fé.

Fátima, 1917:
“Sou a Senhora do Rosário”

Já no século XX, quando a Primeira Guerra Mundial estava em seu auge, Nossa Senhora veio, Ela mesma, em pessoa, lembrar aos homens que a solução para seus males estava ao alcance das mãos, nas contas do Rosário: “Rezai o Terço todos os dias para alcançar a paz e o fim da guerra”, repetiu Ela maternalmente aos três pastorzinhos, em Fátima.

Na última aparição, em outubro de 1917, a Virgem Maria disse quem era: “Sou a Senhora do Rosário”. E para atestar a autenticidade das aparições e a importância do Rosário, operou um milagre de grandeza nunca vista, presenciado pela multidão de 70.000 pessoas que estavam no local: o sol girou no céu, ao meio-dia, parecendo precipitar-se sobre a terra, retomando depois sua posição habitual no firmamento.

Milagres dessa magnitude, só no Antigo Testamento encontramos. Mas nem assim o mundo deu ouvidos à Mãe de Deus. E nunca se abateram sobre a Terra tantas desgraças, nunca houve tantas guerras, nunca a desagregação moral chegou tão baixo.

Entretanto, o meio de obter a paz para o mundo, para as famílias, para os corações, continua ao alcance de nossas mãos, nas contas benditas do Rosário, que Maria Santíssima trazia suspenso de seu braço quando apareceu em Fátima.

Salvou-se porque levava o Terço à cintura

Não é possível expressar quanto a Santíssima Virgem estima o Rosário sobre todas as demais devoções, e como é generosa em recompensar os que trabalham para divulgá-lo.

Conta São Luís de Montfort o caso de Afonso IX, Rei de León, a quem Nossa Senhora protegeu particularmente, pelo simples fato de portar o Rosário à cintura.

Desejando que os seus súditos honrassem a Santíssima Virgem, e para animá-los com seu exemplo, ocorreu a esse monarca portar ostensivamente um grande Rosário, ainda que não o rezasse.

Isto bastou para incentivar os seus cortesãos a rezá-lo devotamente.

Algum tempo depois, o rei ficou às portas da morte, acometido por uma grave enfermidade. Foi então transportado em espírito ao tribunal de Deus, onde os demônios o acusaram de todos os seus crimes. E quando ia ser condenado às penas eternas, apresentou-se em sua defesa a Santíssima Virgem diante de Jesus.

Num prato da balança, foram colocados os pecados do Rei. No outro, a Virgem Maria colocou o grande Rosário que ele portara em honra d’Ela, juntamente com os Rosários que, devido ao seu exemplo, haviam rezado outras pessoas, e estes pesavam mais que todos os pecados por ele cometidos.

Depois, Maria Santíssima, olhando com misericórdia para o Rei, disse: “Consegui de meu Filho, como recompensa pelo pequeno serviço que Me fizeste, levando à cintura o Rosário, o prolongamento de tua vida por mais uns anos. Emprega-os bem, e faz penitência”.

Voltando a si, o rei exclamou: “Oh! Bendito Rosário da Santíssima Virgem, por ele é que fui livre da condenação eterna!” E, recuperando a saúde, passou a rezar o Rosário todos os dias até o fim da vida.

A palavra do Papa, porta-voz de Jesus

“O Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria (…) para que Ela nos eduque e nos plasme até que Cristo esteja formado em nós plenamente” — ensina o Papa João Paulo II. E acrescenta: “Nunca, como no Rosário, o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo”.

Recordemos suas inspiradas palavras na Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariæ”:

“O Rosário acompanhou-me nos momentos de alegria e nas provações. A ele confiei tantas preocupações; nele encontrei sempre conforto. O Rosário é minha oração predileta. Oração maravilhosa!

“Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral!

“Não te deixaremos nunca mais!

“Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último ósculo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em toda parte, hoje e sempre, na terra e no Céu. Amém.”

Nunca deixe de rezá-lo!

Sim, acatando fielmente essa exortação do Papa, nunca deixe de rezar o Rosário, sob pretexto de ter muitas distrações involuntárias, falta de gosto em rezá-lo, muito cansaço, insuficiência de tempo, ou qualquer outro. Para rezar bem o Rosário, não é necessário sentir gosto, ter consolações, nem conseguir uma aplicação contínua da imaginação. Bastam a fé pura e a boa intenção.

E veja quantos benefícios nos proporciona a recitação do Rosário!

• Eleva-nos ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo.

• Purifica nossas almas do pecado.

• Faz-nos vitoriosos contra todos os nossos inimigos.

• Torna-nos fácil a prática das virtudes.

• Abrasa-nos no amor de Jesus Cristo.

• Enriquece-nos de graças e méritos.

• Fornece-nos os meios de pagar todas as nossas dívidas com Deus e com os homens.

A tudo isso, acrescenta São Luís Maria Grignion de Montfort:

— “Ainda que te encontres à beira do abismo ou já com um pé no inferno, ainda que estejas endurecido e obstinado como um demônio, cedo ou tarde te converterás e salvarás, contanto que rezes devotamente todos os dias o santo Rosário, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de teus pecados”.

(Revista Arautos do Evangelho, n. 34, outubro de 2004)

ago 292011
 

Há emoções, belezas e realidades na vida que não são inteiramente exprimíveis pela linguagem humana. Dentre estas, uma nos deixa literalmente “sem palavras”: Deus.

Floresta_Boreal_Forest_Wald_automn_hervst_automno_Canada_USA_Bonitas_arvores_trees_Tronco_naturezaSim. Deus é inefável e o homem nem sempre encontra uma linguagem apropriada para definir sua essência e grandeza. A mente humana é extremamente limitada para poder entender toda a dimensão divina. Por mais que se esforce, jamais o homem poderá entender esta grandeza por suas próprias forças ou através do seu mero raciocínio. Como escreveu Santo Agostinho, “estes mistérios são grandes demais e contêm uma espécie de divino segredo, e se nós tentarmos desenvolvê-los como lhes convém, não teríamos nós nem tempo nem força para tal”[1].

Ao longo da sua história, o homem empreendeu uma admirável e rica epopeia para exprimir o ser divino usando todas as possibilidades da inteligência e de sua produção mais pura e sensível que é a palavra.

É precisamente este o tema que o Prof. Dr. Wim Verbaal ministrará para os alunos do Instituto Filosófico Aristotélico Tomista (IFAT) em São Paulo entre os dias 12 a 16 de Setembro de 2011 (carga horária: 20 horas).

O curso tratará sobre o principal objeto dos estudos eclesiásticos filosóficos, ou seja, Deus.  Mais especificamente, o Prof. Verbaal abordará “o desenvolvimento e a mudança da língua latina em sua tentativa de exprimir o inexprimível”.  Através da leitura dos principais textos clássicos, será apresentado o que se tentou pensar, raciocinar e dizer sobre Deus, o Ser inefável.

O Curso seguirá uma sequência cronológica de autores latinos desde Lucrécio e Cícero até São Bernardo de Claraval, bem como outros autores cristãos do século XII dando um especial enfoque aos seus escritos sobre o conceito de Deus.

Dr. Wim Verbaal é membro do Departamento de Estudos literários da Universidade de Gent, Bélgica e especialista em literatura, latim e grego. Publicou várias obras sobre São Bernardo de Claraval e sobre a literatura latina da Idade Média, bem como de autores clássicos.

Prof. dr.Wim.M. Verbaal

Latijnsetaal en literatuur

Latin language and Literature

Universiteit Gent

Dpt.: Letterkunde

Ghent University

Dpt.: Literary Studies

Blandijnberg 2

B – 9000 GENT

tel : xx32 / (0)9 / 264.40.38

fax : xx32 / (0)9 / 264.41.64

e-mail :Wim.Verbaal@UGent.be


[1] Santo Agostinho. Sermão 7.

ago 252011
 

Mozart e o monge

Mozart, o compositor fecundo e genial, teria trocado toda sua obra pela autoria de uma simples melodia gregoriana.
Andreas Meran von Habsburg

Da capo!” (“voltemos ao início”), diz pacientemente Leopoldo, e os músicos retomam animados os compassos do quarteto de câmara. Nesse instante abre-se a porta e aparece um menino de seus 4 anos, empurrando com decisão uma cadeira para dentro da sala.
— Menino, que faz você? — pergunta Leopoldo, seu pai.
— Vou tocar junto.
Isto dito, senta-se, com um pequeno mas reluzente violino na mão. O pai manda-o retirar-se, dizendo que ele não tivera ainda nenhuma lição de violino.
— Mas, papai, para tocar a partitura do segundo violino não é preciso ter aprendido — insiste o pequerrucho.
Um dos músicos, Schachtner, intercede por ele:
— Ora, Leopoldo, deixe-o tocar a meu lado a partitura do segundo violino. Não nos incomodará.
— Bem, então você pode ficar, mas toque bem baixinho — concorda o pai, não de muito boa vontade…
O pequeno sorri alegremente, e começa a tocar. À medida que avança a música, Schachtner vai tocando cada vez mais baixo, até parar. Para surpresa geral, o menino continua executando a peça sozinho. Leopoldo emociona-se até as lágrimas.
Mas Wolfgang — este era seu nome — deixa todos mais admirados ainda, tocando em seguida a parte difícil do primeiro violino!
Fato espantoso? Sim, claro, mas, afinal de contas, a cena se passa em Salzburgo, Áustria, no século XVIII, onde a música era tão natural quanto o ar.

Monumento_a_Mozart_parque de Burggarten_musicos_talentos_Wolfgang_Amadeus_Mozart

Menino-prodígio, grande gênio musical

E talvez o leitor já tenha descoberto. Trata-se de Wolfgang Amadeus Mozart, der Wunderknabe, o “menino-prodígio”, que em tão tenra idade irrompe com seu incrível talento musical em meio ao mundo barroco de Salzburgo.
Pouco tempo depois, com “sua peruca e sua espadinha apertada à cintura” — como recordava Goethe — ele deslumbraria toda a Europa. Viena, Paris, Londres, Roma, em todas as partes, platéias entusiasmadas o aclamariam.
Inúmeras são as narrações de fatos que atestam seu portentoso gênio musical.
Menino ainda, Woferl — como era apelidado — ditava para seu pai minuetos espirituosos. Assistia a concertos que duravam horas, e de volta ao lar, os reconstituía de cor ao piano.
Compunha suas óperas — a primeira das quais, intitulada Bastião e Bastiana, aos 13 anos — sinfonias, missas, etc., em brevíssimo tempo e, sem revê-las sequer, as entregava a um copista para serem impressas. Escreveu de improviso a abertura de sua ópera Don Giovanni, vinte minutos antes da estréia, enquanto a orquestra treinava.
Dotado de uma inteligência vivíssima, falava e escrevia corretamente o latim, alemão, francês, italiano e inglês. Vestia-se sempre com pulcritude e elegância, costume conservado desde a infância.
Morreu jovem, com 34 anos, mas deixou uma obra monumental. Ainda não se acabou de inventariar suas composições: mais de 50 sinfonias, 20 óperas, 20 missas para orquestra, coro e solistas, inúmeros concertos.
Suas duas mais famosas óperas povoam os cenários dos grandes teatros: A flauta mágica e Dom Giovanni, cujas partituras melodiosas entusiasmam os ouvintes, mas constituem o terror dos regentes e solistas que têm de haver-se com elas….

Toda sua obra pelo “Dies irae”

Entretanto… este grande compositor, como quiçá outro igual não apareceu, numa bela tarde de inverno, entrou numa igreja pouco conhecida.
Contemplando a luz proveniente dos últimos raios de sol filtrados pelos lindos vitrais, deixou-se envolver pelo ambiente do templo sagrado. Mas sua atenção foi atraída, sobretudo, pela melodia de um majestoso órgão, no qual um músico solitário dedilhava o Dies irae, ensaiando esse belíssimo hino para uma Missa de finados. Wolfgang ouviu atentamente a música, e terminados os últimos ecos na penumbra da igreja, voltou-se para o seu acompanhante e lhe confidenciou emocionado: “Eu daria toda a minha obra só para ter composto esta melodia”.
“Dies irae, dies illa”. Quem terá sido o autor dessa sublime música que deixou comovido um compositor de tão grande porte como Mozart?
Ela é atribuída por muitos a Tomas de Celano, biógrafo e discípulo de São Francisco de Assis. Mas o autor pode ter sido também um simples monge anônimo que, no silêncio e no recolhimento de seu mosteiro, se pôs a rezar, a meditar… e a cantar.
Quem inspirou esta melodia foi o Divino Espírito Santo. Ela é fruto da graça de Deus, que Nosso Salvador no alto da Cruz para todos conquistou.
Que dom maravilhoso o gênio musical de Mozart! Mas quão pouca coisa, comparado com uma gota da graça divina! O próprio compositor reconhecia isto implicitamente, com seu comentário.
Bem dizia São Tomás de Aquino, afirmando que uma só gota de graça vale mais do que todo o universo.
“Ave, cheia de graça.” Assim foi saudada pelo Arcanjo a Virgem Maria. Peçamos, pois, a Ela, Mãe da Divina Graça, que nos obtenha, não somente uma gota, mas um oceano de graças.
E assim, melodias muito mais belas que as de Mozart povoarão a terra e os anjos nos acompanharão (como o menino-prodígio ao quarteto do pai Leopoldo) no grande concerto que constituirá a era do triunfo do Imaculado Coração de Maria.

ago 112011
 

Colégios mistos e colégios separados

Na Inglaterra, as meninas que frequentam colégios exclusivamente femininos concentram-se mais nos estudos e tiram melhores notas do que as alunas de colégios mistos. Esta é a conclusão de um estudo que analisou mais de 700 mil alunas britânicas do ensino médio, segundo notícia divulgada pelo jornal espanhol El País (www.elpais.com em 18/3/2009).

Concretamente, mais de 71 mil alunas que fizeram o ensino médio em colégios femininos obtiveram resultados melhores do que no ensino fundamental, feito em colégios mistos. Aconteceu o contrário com as cerca de 130 mil que passaram de colégios femininos para mistos.

“É muito interessante ver como as meninas progridem mais neste tipo de escolas. É inegável a evidência de que o fato de estarem sem a companhia dos meninos faz com que elas se concentrem mais em seus estudos” — declarou Alice Sullivan, do Instituto de Educação da Universidade de Londres.

Colegio Feminino Separado

jul 152011
 

Conversar em latim. Apresentar-se e conhecer alguém em latim.

Quando se fala em latim, nosso espírito se reporta ao tempo dos romanos ou das missas antigas celebradas na Igreja Católica a algumas décadas atrás. O latim parece assim estar ligado mais ao passado do que ao presente, de tal maneira que não poderia ser usado na vida cotidiana. No entanto, o latim possui fórmulas de apresentação e perguntas do dia a dia tal como os idiomas contemporâneos. É possível usá-lo para conhecer alguém e inclusive informar-se do número de telefone de nosso recém conhecido…

Praeco in colloquio cum discipulis.

Evangelii Praeco in colloquio cum discipulis suis.

Vejamos abaixo algumas fórmulas para conversação em língua latina neste curto diálogo entre Petrus (Pedro) e Iulius (Júlio):

Petrus Como é o seu nome? Quomodo te vocas?
Iulius Meu nome é Júlio. Mihi nomen est Iulius.
Petrus Quantos anos você tem? Quot annos habes?
Iulius Tenho vinte e cinco anos. Habeo quinque et viginti annos
Trinta e quatro anos de idade. Triginta quattuor annos natus(a).
Petrus De onde você é? Unde es?
Iulius Venho do Brasil, mas sou português. Venio a Brasilia sed lusitanus sum.
Petrus Onde você mora? No Brasil? Ubi habitas?In Brasilia?
Iulius Não moro no Brasil, mas na Argentina. Non in Brasilia sed in Argentina habito.
Petrus Qual é o número do seu telefone? Quale est tuum numerum telephonicum?
Iulius Meu número telefônico é 2345-6789. Numerum telephonicum meum est duo, tres, quattuor, quinque, sex, septem, octo, novem.
Petrus Você trabalha em que? Quid agis ut vitam degas?
Iulius Trabalho em um hospital. Sou médico. Laboro in valetudinário. Sum medicus
Petrus Para onde vais? Quo vadis?
Iulius Vou à universidade de São Paulo.  Estou estudando latim. Estou no quarto ano. Quero aprender latim. Ad Universitatem Urbis Paulistanae me confero. Studeo linguam latinam. Sum in classe quarta. Cupio discere linguam latinam.
Petrus Quando acabam as aulas? Quando finitur schola?
Iulius A escola acaba às dezoito horas. Schola finem habet duodeviginti horas.
Petrus Você se formou em quê? Qua in disciplina speciali modo incumbis?
Iulius Medicina. Medicina.
Petrus Onde fica a biblioteca? Ubinam est bibliotheca?
Iulius A biblioteca está próxima ao páteo da universidade. Bibliotheca prope plateam Universitatis est.
Petrus Onde fica o páteo? Ubi est platea?
Iulius O páteo fica no centro do terreno da universidade onde os alunos se encontram. Platea in centro areae universitatis est, ibi discipuli invicem inveniunt.
Petrus Por que os alunos se encontram aí? Quare in commune vivunt alumni adhic?
Iulius Porque querem comer pizza no refeitório. Quia placentulas in mensa posita volunt manducare.
Petrus Onde é o refeitório? Ubi mensa posita est?
Iulius Próximo ao páteo. Prope plateam.

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Curso básico de latim

O Praecones Latine publicou ao longo destes dias vários posts escritos em língua latina. Devido ao pedido de alguns leitores e a grande curiosidade demonstrada por eles serão disponibilizadas lições básicas de latim com explicações em português. A gramática latina será estudada passo a passo em posts periódicos.

O método de estudo será o assimilativo, ou seja, o mesmo usado por todas as crianças de todos os tempos. Os meninos não recebem aulas de gramática, mas sim tomam contato direto com a língua. As explicações da gramática são dadas posteriormente após adquirirem certo vocabulário.

Em nosso curso a gramática latina será dada no decorrer das lições de forma que ao final de alguns posts o leitor possa ter noções básicas da gramática latina de forma esquemática.

Na primeira fase do estudo serão apresentados aos leitores assíduos do Praecones Latine um breve histórico da língua como introdução ao latim; em seguida noções básicas da evolução das línguas a fim de constatar como nosso idioma luso é muito semelhante à língua latina; e por fim a utilidade prática de aprender latim tanto para a formação do raciocínio quanto para a formação cultural do ser humano.

Após esta breve introdução, entraremos nas considerações sobre a pronúncia e a gramática sempre reportando ao já estudado nos posts anteriores ou introduzindo o leitor em outras fórmulas ou textos latinos clássicos tanto de autores pagãos como de autores católicos.

Os redatores do Praecones Latine esperam que os leitores possam beneficiar-se ao máximo do conhecimento da “língua da cultura e da Igreja”. Perguntas e sugestões certamente serão de muita valia.

jun 152011
 
Visto no último post de nosso curso o alfabeto latino, passaremos hoje a considerar a sua pronúncia.

Quase três vezes milenar, o latim passou por certas transformações em sua pronúncia ao longo da História. No entanto, certas características gerais permaneceram perenes ao longo dos séculos.

Hoje predominam duas escolas de pronúncias do latim: a eclesiástica (romana), usada pelos clérigos católicos nas celebrações litúrgicas ou nos tribunais da Igreja, e a pronúncia reconstituída (pronuntiatio restituta), um intento realizado por alguns filólogos e latinistas com o objetivo de resgatar a pronúncia clássica. A forma reconstituída de pronunciar o latim procura harmonizar num denominador comum os diversos sons das línguas indoeuropeias. A diferença entre as duas pronúncias não é essencial, mas apenas em algumas consoantes.

Liturgia Catholica

Liturgia Catholica

Embora não se possa afirmar que qualquer uma das duas pronúncias sejam de fato a mesma usada na época do Senado ou do Império, todos os latinistas são concordes em afirmar que a defecção ou o relaxamento da pronúncia podem alterar completamente o sentido da frase.

Vogais

As vogais latinas são pronunciadas da mesma forma que em português, mas deve-se ter especial cuidado ao pronunciá-las, pois devem soar com o som próprio inclusive quando não são tônicas.

Os brasileiros não têm o costume de pronunciar as vogais finais das palavras exatamente como são escritas. A palavra “fidelidade”, por exemplo, soa como “fidelidadi”; em “triste”, ouve-se “tristi”. Em 
latim, 
a 
palavra
”Christe” pronuncia-se “kríste” e não ”krísti”. As vogais latinas devem ser pronunciadas todas sem exceção com o seu valor próprio. Na palavra “rupes” (pedras), temos a tendência de pronunciar “rupis”. Forma que altera o sentido da palavra na oração latina: “da pedra”.

Tanto na pronúncia eclesiástica como na reconstituída, as vogais latinas “e” e “o” devem ser pronunciadas como na região sul do Brasil. Os brasileiros do sudeste, norte e nordeste tem o costume de transformá-las em “i” e “u”. Por exemplo, canto (kantu); desitratado (disidratadu); depois (dipois), igualdade (igualdadi).

Os 
grupos
 vocálicos 
”oe” 
e 
”ae” 
são 
pronunciados
 como
 “e”
 aberto.
 Por exemplo, “coelum” pronuncia‐se “célum”. As vogais devem ser pronunciadas como no nordeste brasileiro, ou seja, abertas e com acentuada diferença entre si. O “a” deve soar como “a” e nunca demasiado fechado a maneira do “a” inglês ou de certos lugares do sudeste brasileiro.

No próximo post será apresentada as pronúncias eclesiástica e clássica reconstituída das consoantes latinas.

jun 092011
 
Certos nomes de estados brasileiros não possuem uma raiz latina, mas sim indígena. Para transcrever estes nomes do tupi-guarani, os latinistas usam o “y”, que não é uma letra do alfabeto latino clássico. Embora exista discordâncias entre os latinistas brasileiros sobre a grafia e os nomes dos estados, predomina certo consenso. Veja abaixo o mapa do Brasil com o nome dos estados e capitais em latim.
Mapa dos estados e capitais do Brasil em latim Mapa dos estados e capitais do Brasil em latim

O alfabeto latino

O alfabeto português possui 26 letras, já o latino clássico possui apenas 21. Embora alguns renomados autores do latim tardio, medieval e moderno tenham de fato usado as letras “u” e “j”, estas não são consideradas próprias ao latim clássico. Hoje é comum encontrarmos o “j” nas palavras “justitia” ou “Jus”. Isto é considerado por muitos latinistas como impróprio.

Na antiguidade clássica não havia distinção entre “u” e “v”. Por esta razão não encontramos o “U” maiúsculo e o “v” minúsculo nos documentos dos autores da época áurea do latim. Hoje encontramos inclusive dicionários de latim com as letras ‘j” e “u” que apresentam um latim considerado “moderno”.

O “Y” faz parte do alfabeto grego e só era usado no latim em palavras de origem helênica. O “W” e o “K” não existiam no latim clásssico.

Alfabeto Latino (Letras maiúsculas)

A B C D E F G H I L M N O P Q R S T V X Z

Alfabeto Latino (Letras minúsculas)

a b c d e f g h i l m n o p q r s t u x z

 

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Para aprender mais sobre a gramática latina, clique aqui.

Para aprender o modo correto de pronunciar as palavras latinas, clique aqui.

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Mapa dos estados norte-americanos em latim

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